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sábado, 13 de abril de 2024

Circularidade do Aço

Estudo revela que, na Tailândia, a economia circular do aço reduz risco de mudanças climáticas, informado no Research Day Bangkok, com poupança de C02 correspondente à pegada anual de quase todos os habitantes do distrito de Muang Chachoengsao, na Tailândia particularmente afetada pelas alterações climáticas, ou, 9º lugar no índice global de risco de alterações climáticas a longo prazo. Realizado por cientistas tailandeses e alemães, em nome da Oryx Stainless, Thailand, Co, Ltd, que analisou  benefícios de bem-estar social da reciclagem de aço inoxidável no país em que o Centro Fraunhofer para Gestão Internacional e Economia do Conhecimento IMW de Leipzig, Alemanha, planejou e coordenou com apoio da Embaixada Alemã, concluindo que para cada tonelada de sucata de aço inoxidável utilizada para produzir aço inoxidável novo, são economizadas 6,71 toneladas de CO2 comparados ao uso de matérias-primas primárias. O resultado da análise científica realizada pela Fraunhofer UMSICHT em exemplo dos processos de reciclagem na Oryx Stainless na Tailândia, um dos principais fornecedores mundiais de aço inoxidável reciclado, com 5 unidades na Ásia e  Europa e, com base na sucata de aço inoxidável manuseada pela Oryx Stainless na Tailândia no ano de referência de 2021, cientistas calcularam poupança de CO2 de 556 mil toneladas correspondendo à pegada anual de CO2 dos habitantes do distrito de Muang Chachoengsao, perto da localização tailandesa de Oryx Stainless, ou, 1,45% do total de emissões de gases efeito  estufa dos processos industriais no país, sendo que o potencial à Tailândia e ao clima torna-se claro quando se constata que quase 3,6 milhões de toneladas de CO2 foram poupadas no Grupo Oryx Stainless no ano de referência.

A Tailândia sofre com efeitos do aquecimento global ocupando 9º lugar no índice global de risco de alterações climáticas a longo prazo, abrangendo anos de 2000 a 2019 e altamente exposta a riscos naturais como ondas de calor, secas, inundações, ciclones e tempestades, considerando ainda que inundações representam a maior ameaça ao país em termos de frequência e danos um dos 10 mais afetados pelas enchentes do mundo. Levando em conta custos econômicos causados pelas alterações climáticas, o volume de sucata de aço inoxidável que a Oryx Stainless Thailand Co, Ltd, retornou no ciclo de produção poupou 1,9 bilhões de baht tailandeses equivalente a US$ 50 bilhões e, segundo cálculos de Cientistas tailandeses e alemães, corresponde ao rendimento médio anual nacional combinado de  7 mil tailandeses. O cálculo se insere no indicador "Scrap Bonus" desenvolvido pelo Centro Fraunhofer para Gestão Internacional e Economia do Conhecimento IMW, adaptado às condições tailandesas pela equipe internacional de pesquisa no estudo considerando que o indicador é calculado em 2 etapas, na primeira etapa é quantificado o impacto ambiental evitado com utilização de 1 tonelada de sucata de aço inoxidável na produção de aço e na segunda etapa são utilizadas estimativas econômicas e referências de preços provenientes de sistemas de comércio de emissões para converter o impacto ambiental evitado em baht tailandês. Quer dizer, é atribuído preço à poluição evitada com o CFO da Oryx Stainless Tailândia, Co, Ltd, esclarecendo que "o estudo mostra que a utilização inteligente da reciclagem de matérias-primas como sucata de aço inoxidável, e sua utilização na produção de novos produtos, dá contributo tangível à luta contra alterações climáticas, sendo que a sucata de aço inoxidável é  matéria-prima secundária e valiosa devido à elevada reciclabilidade em aço inoxidável que pode ser reciclado sem qualquer perda de qualidade e, no mundo, 95% do aço inoxidável é reciclado no final da vida útil e 70%  reciclado como aço inoxidável, daí,  sucata representar 48% das matérias-primas à produção de aço inoxidável e, na Europa, produtores de aço inoxidável buscam limites do tecnicamente viável utilizando até 95% de misturas de matérias-primas secundárias à produção de novos aços inoxidáveis".

Moral da Nota: a Ásia, excluindo China e Coreia do Sul, é ator importante na produção do aço considerando mercado em crescimento com produção de 7,79 milhões de toneladas em 2023 e esperando que incluindo o setor do aço inoxidável, aumente a  capacidade de produção nos próximos anos com países como Malásia e Indonésia acumulando milhões de toneladas em capacidade ao passo que a Tailândia produziu 366 mil toneladas de aço inoxidável em 2022 e é, simultaneamente, o 2º maior consumidor de aço inoxidável no Sudeste Asiático. O investigador do Fraunhofer IMW como porta-voz do consórcio na pesquisa relata que "a perspectiva de crescimento no Sudeste Asiático e, portanto, Tailândia, sublinha necessidade de utilização inteligente dos recursos tendo em conta alterações climáticas em curso causadas pela emissão de gases efeito de estufa e que a reciclagem inteligente cria benefícios econômicos e ambientais à sociedade e, para tirar o máximo proveito dos benefícios, decisores políticos devem garantir condições de concorrência equitativa à matérias-primas e proporcionar condições operacionais favoráveis à indústria de reciclagem". De modo concreto, investigadores internacionais propõem considerar a fixação de preços das emissões de CO2 na Tailândia, além disso, há sugestão para expandir o Modelo de Economia Bio-Circular-Verde, BCG, tailandês, para incluir sucata metálica recomendando criação de condições operacionais propícias à indústria de reciclagem, por fim, é feito apelo ao governo para  apoiar iniciativas de investigação, desenvolvimento e educação nestas áreas. 

Rodapé: Oryx Stainless Group é grupo empresarial líder no comércio e processamento de sucata metálica como matéria-prima à produção de aço inoxidável, com clientes como produtores de aços inoxidáveis longos e planos no mundo com ampla base de compras internacionais em expansão. O Centro Fraunhofer para Gestão Internacional e Economia do Conhecimento IMW tem mais de 17 anos de pesquisa socioeconômica aplicada em Leipzig apoiando clientes e parceiros no uso da globalização, digitalização e mudança estrutural como motor de inovação. Desde 2020 o Centro de Economia e Gestão de Tecnologias CEM em Halle, Saale, acompanha empresas, organizações, instituições, estados, municípios e regiões com projetos internacionais, atividades em rede e análises com base em processos estratégicos de tomada de decisão, desenvolvendo estratégias, processos e ferramentas visando transferência de conhecimento e tecnologia convertendo em produtos e serviços inovadores, além de avaliações de sustentabilidade de cenários futuros incluindo quantificação de efeitos ambientais, de valor agregado e soluções ecológicas socialmente equilibradas economicamente viáveis com perspectiva global. Pioneiro no caminho à mundo sustentável com pesquisas sobre gestão de carbono, economia circular, hidrogênio verde e sistemas energéticos locais, contribui para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, da ONU além de desenvolver tecnologias, produtos e serviços industrialmente viáveis à economia circular focado no equilíbrio entre desenvolvimentos bem-sucedidos, socialmente equitativos e sustentáveis. Em 2022, o Fraunhofer UMSICHT gerou volume de negócios de 58 milhões de euros com força de trabalho de 600 colaboradores interligados globalmente em cooperação internacional.


sexta-feira, 12 de abril de 2024

Blockchain e ambiente

A tecnologia blockchain busca obter estabilidade e diminuir a crise climática e inserida na ONU no evento "Estocolmo+50, um planeta são à prosperidade de todos, nossa responsabilidade, nossa oportunidade", busca implementar a Década de Ação para cumprir Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a Agenda 2030, o Acordo de Paris e o Marco de Biodiversidade Post-2020, fomentando recuperação verde da pandemia, sendo que o ato aconteceu 50 anos após a 1ª Conferência da ONU sobre Meio Ambiente Humano,  em 1972, que ofereceu oportunidade de refletir sobre 5 décadas de ação ambiental na luta contra a crise do clima, a naturalidade e a contaminação por CO2. Oceanos atuam como reservatórios de carbono absorvendo 25% das emissões anuais de CO2 e armazenando 80% da vida, ao mesmo tempo  fornecem taxa de oxigênio do planeta e, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, "mais de 90 % do calor que ocorreu na Terra nos últimos 50 anos ocorreu no oceano" e o ritmo de aquecimento dos oceanos equivale ao lançamento de 5 bombas atômicas de Hiroshima por segundo. 

O Future Thinkers esboça soluções sobre como blockchain ajuda proteger o ambiente através das cadeias de suprimento para melhorar a capacidade de pesca detendo práticas ilegais e insustentáveis com o Fishcoin, um projeto de rastreamento de produtos do mar em blockchain que "incentiva partes interessadas da cadeia de suprimentos compartilhar dados desde o ponto de coleta ao ponto de consumo" em indústria do mar aberta, transparente e responsável. Segue a contaminação plástica como crise ecológica global e, em movimento histórico, a Asambléia da ONU ao Meio Ambiente criou um tratado internacional para pôr fim a contaminação plástica e, segundo a ONU, o esforço poderia resultar na redução de 80% no volume de plásticos que chegam aos oceanos até 2040, redução de 55% na produção de plástico virgem e  redução de 25% nas emissões de gases efeito estufa, economia aos governos de US$ 70 bilhões até 2040 criando 700 mil postos de trabalho adicionais, principalmente no Sul Global. Nesta ideia emerge o Diatom DAO, que propôs marco tokenizado de créditos de eliminação de plástico cujo objetivo é aproveitar recursos das finanças descentralizadas, DeFi, para construir cadeia de suprimentos de eliminação de plástico confiável, verificável e eficiente aumentando reciclagem, reduzindo uso, financiando projetos de eliminação estabelecendo canais de circularidade e inovação em novos materiais. O oceano experimenta aumento de 30% na acidez graças à absorção de CO2 sendo que a captura utiliza plantas flutuantes que funcionam com energia solar para extrair CO2 do oceano, enquanto o Protocolo Tucano constrói infraestrutura à mercado de carbono para financiar soluções climáticas em esforço para acelerar transição à carbono zero líquido em linha com o Acordo de Paris. A OceanDrop é projeto de token no fungible da Open Earth Foundation, organização sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento de tecnologia de código aberto à ação climática através de ingressos das vendas de NFT, vinculados às compensações de carbono, respaldando projeto piloto destinado expandir áreas marinhas protegidas da Ilha do Coco e Costa Rica. O Crypto Coral Tribe é projeto  NFT que dirige 50% dos ingressos à iniciativas de conservação marinha e de vida silvestre cujo objetivo é formar centro criativo que aproveita arte e tecnologia restaurar o mundo natural, esperando plantar 3 mil corais no mundo através da rede de sócios de conservação marinha, incluindo Coral Guardian, Coral Triangle Center e Turks and Caicos Reef Fund. Vale lembrar que o atual presidente dos EUA assumiu plano à que os norte americanos deixassem de usar combustíveis fósseis demonstrando a intenção com agenda regulatória que incluía impostos sobre o carbono, no entanto, a Suprema Corte e a guerra na Ucrânia priorizam aos planos climáticos.

Moral da nota: a presidente da Comissão Europeia anunciou criação de um banco especial ao financiamento de projetos no mercado de hidrogênio, além do investimento de US$ 3 bilhões no setor, tal anúncio foi feito durante o discurso de estado da união da liderança diante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na França. Afirmou que a UE tem como objetivo criar um mercado de massa de hidrogênio, segundo ela, com potencial de mudar a situação no setor energético e econômico da Europa e, em 2020, a Comissão Europeia adotou estratégia voltada ao hidrogênio e criar ecossistema às necessidades energéticas da Europa, sendo que a implementação da estratégia foi concluída em maio de 2022, de acordo com a UE, em consequência a questão na Ucrânia, decidiu reduzir importações de combustíveis fósseis russos, nesse sentido, o bloco adotou o plano REPowerEU cujo objetivo é acelerar a transição da Europa dos combustíveis fósseis às energias renováveis, incluindo o hidrogênio verde. Por fim, UE e Marrocos firmaram "parceria verde" com o Marrocos passando por período de seca sem precedentes, motivo para tentar avançar ao lado do bloco europeu, o combate às alterações climáticas, sendo que o projeto, parte da implementação do Acordo de Paris, lançado em 2021 em Bruxelas e, com ele, o Marrocos, principal parceiro econômico da UE no continente africano, reforça a cooperação em energia, a luta contra alterações climáticas, proteção do ambiente e estímulo à "economia verde", através da mobilização do setor privado que  "visa promover transição à indústria descarbonizada através de investimento em tecnologia verde, produção de energia renovável, mobilidade sustentável e produção limpa na indústria".


quinta-feira, 11 de abril de 2024

Infraestrutura verde

A Transport for London, TfL, tornou público o Plano de Infraestrutura Verde e Biodiversidade, na ambição do prefeito municipal de ser neutra em carbono até 2030 e no enfrentamento da emergência natural, alinhado com o Plano Ambiental Corporativo de 2021 da TfL e definindo como melhorar e cuidar da infraestrutura verde e biodiversidade. Desenvolvido envolvimentos dentro e fora da TfL, incluindo bairros de Londres, define como a TfL melhorará e cuidará da infraestrutura verde nas propriedades e redes, captura metas existentes, requisitos legais e  compromissos políticos em um único lugar pela primeira vez estabelecendo ações estratégicas que a TfL tomará para alcançá-los. Garantirá que a TfL cumpra compromissos para melhorar e apoiar a infraestrutura verde e a biodiversidade em Londres, incluindo alcançar ganho líquido de biodiversidade de 10% em esquemas aplicáveis, por exemplo, projetos de sistemas de planejamento e infraestruturas de importância nacional a partir de fevereiro de 2024, além de proporcionar ganho líquido em biodiversidade na propriedade da TfL até 2030, comparada com o mapa de base da biodiversidade de 2018. Aumentar a cobertura da copa das árvores em TfL em 10% até 2050, comparada com a linha de base de 2016 e guplicar o número de flores silvestres para 260 mil mts² em 2024 e desenvolver plano de longo prazo para continuar sua introdução em Londres garantindo que 5 mil mts² de Sistemas de Drenagem Sustentáveis, SuDS, como jardins de chuva, sejam instalados na rede rodoviária da TfL, reduzindo uso de pesticidas na TfL,além de eliminar onde for operacional e financeiramente viável. Sendo um dos maiores proprietários de terras de Londres, com mais de 2.300 hectares na capital, um terço das terras da TfL está coberto por vegetação incluindo terrenos que cruzam 2 Zonas Especiais de Conservação, 6 Sítios de Especial Interesse Científico, 8 Reservas Naturais Locais e 139 Sítios de Importância à Conservação da Natureza, sendo que a  grande variedade de habitats da TfL, de florestas a zonas húmidas, suporta mais de mil espécies de animais tais como variedade de  de borboletas e 8 espécies diferentes de morcegos num túnel ferroviário abandonado em Highgate bem como quase 700 espécies de plantas em Londres encontradas na propriedade do TfL, ou perto, legalmente protegidas e, portanto, é importante proteger o seu habitat. Em 2022, a TfL foi primeiro fornecedor de transportes no Reino Unido a realizar uma conta de capital natural ao seu patrimônio, conforme padrões do Protocolo de Capital Natural e da Norma Britânica relevante, enquanto a conta concluiu que os benefícios dos ativos de capital natural da TfL que podem ser monetizados têm valor atual estimado de ativo bruto de 328 milhões de libras, embora significativo,  provável que seja subestimação, e a TfL planeja projetos de investigação e inovação em biodiversidade para preencher lacunas de dados e melhorar contas futuras.

Neste ambiente, a Bloomberg anuncia compromisso de US$ 200 milhões à ação climática local, iniciativa Bloomberg American Sustainable Cities que apoia 25 cidades dos EUA liderando o caminho na redução de emissões e  construção de comunidades mais prósperas, sendo a mais nova iniciativa da Bloomberg Philanthropies para apoiar a ação climática local nos EUA. A Bloomberg Philanthropies anunciou iniciativa de 3 anos à “turbinar” esforços  na redução de emissões e construção de comunidades mais prósperas e, conforme a Bloomberg Philanthropies, o compromisso garante que as cidades aproveitem a oportunidade de aceder milhares de milhões de dólares federais disponíveis para implementar soluções  transformadoras. Em 2019, Mike Bloomberg, fundador da Bloomberg LP e da Bloomberg Philanthropies, lançou o American Cities Climate Challenge para fornecer recursos e apoio a 25 das maiores cidades dos EUA e dimensionar soluções climáticas urbanas comprovadas de alto impacto nos setores de edifícios e transportes e, através do apoio da Bloomberg Philanthropies, as cidades do Desafio Climático aprovaram 54 importantes políticas relativas a edifícios, energia e transportes e lançaram 71  programas e iniciativas climáticas, que reduzirão 74 milhões de toneladas métricas de emissões de carbono até 2030. Com mais de US$ 400 bilhões em financiamento federal disponível aos governos locais através da Lei Bipartidária de Infraestruturas e Lei de Redução da Inflação, as cidades dos EUA têm oportunidade de aceder e implementar investimentos que combatam alterações climáticas e melhorem vidas, além de projetos, incluem o desenvolvimento de habitações acessíveis e energeticamente eficientes, aumento do acesso à energia limpa, investimento em veículos eléctricos e em infra-estruturas. As cidades selecionadas para participar da iniciativa Bloomberg American Sustainable Cities são, Akron, Ohio; Atlanta, Geórgia, Birmingham, Alabama; Búfalo, Nova York; Charlotte, Carolina do Norte, Chattanooga, Tennessee, Cincinnati, Ohio, Cleveland, Colombo,Dayton, Hampton,Vancouver, Jackson, Mississipi, Cidade de Kansas, Missouri, Lansing, Michigan, Memphis, Tennessee, Montgomery, Alabama, Nashville, Tennessee, Notícias de Newport, Vancouver, Oakland, Califórnia, Filadélfia, Pensilvânia, Pittsburgh, Pensilvânia, Raleigh, Carolina do Norte, Rochester, Nova York, Savannah, Geórgia, St Louis e Missouri. As cidades selecionadas já estão em processo de inscrição, enviaram ou receberam mais de 100 subsídios federais alinhados com metas da Bloomberg American Sustainable Cities, visando garantir que representam coletivamente 10 milhões de pessoas alavancando e implementando fundos federais para promover projetos locais, especialmente em comunidades desfavorecidas, historicamente sobrecarregadas pela poluição, sendo que o impacto desproporcional das alterações climáticas nas comunidades negras nos EUA amplia desigualdades históricas de longa data em que famílias negras, hispânicas e nativas americanas gastam 20-45 % mais do seu rendimento em custos de energia comparado com famílias brancas não hispânicas. O Black Wealth Data Center mostra que nos condados do sudeste dos EUA com populações negras e hispânicas superiores a 30 %, as famílias aumentaram a exposição e risco a perigos naturais enfatizando sua vulnerabilidade a impactos das alterações climáticas e ação climática eficaz não deve apenas reduzir emissões mas resolver as disparidades.

Moral da Nota: no planeamento urbano, a integração de tecnologias de aprendizagem profunda emerge como transformadora, revolucionando a forma como cidades são projetadas, geridas e otimizadas enquanto pesquisa embarca em exploração multifacetada combinando poder do aprendizado profundo com técnicas de regularização bayesiana para melhorar desempenho e confiabilidade de redes neurais adaptadas para aplicações de planejamento urbano.  A aprendizagem profunda, caracterizada pela capacidade de extrair padrões complexos de vastos conjuntos de dados urbanos, tem potencial de oferecer informações sobre a dinâmica urbana, redes de transporte e sustentabilidade ambiental,  no entanto, a complexidade destes modelos conduz  a desafios como o sobre ajuste e a interpretabilidade limitada e, para resolver esses problemas, métodos de regularização Bayesiana são empregados para imbuir redes neurais com estrutura que aprimora a generalização enquanto quantifica a incerteza preditiva. O objetivo é melhorar o desempenho do modelo em termos de precisão e fiabilidade, fornecendo informações probabilísticas sobre resultados de intervenções urbanas ao lado de análise gráfica, ferramenta crucial para visualizar funcionamento dos modelos de aprendizagem profunda no contexto do planejamento urbano e, por meio de representações gráficas, visualizações de rede e análise de limites de decisão, descobrimos como a regularização Bayesiana influencia a arquitetura da rede neural e melhora a interpretabilidade. A capacidade de prever e responder proativamente necessidades de manutenção é crucial para manter a funcionalidade e durabilidade das infraestruturas críticas, aumentando resiliência urbana global enquanto as descobertas sublinham  potencial transformador da aprendizagem profunda no domínio do desenvolvimento de cidades inteligentes, demonstrando capacidade de enfrentar desafios e, em última análise, contribuir à melhor qualidade de vida dos residentes das cidades.


sexta-feira, 29 de março de 2024

Clima e saúde mental

Estudo realizado no Nepal, mostra que a crise ambiental amplia problemas de nutrição e saúde mental feminina que, por razões culturais, comem por último em casa com 4 vezes mais probabilidades de sofrer “provável depressão”, costume mantido, nas zonas rurais em investigação baseiando-se em entrevistas com 200 mulheres recém-casadas, de idades entre 18 e 25 anos, do distrito de Nawalparasi, região sul de Madhesh, fronteira com o norte da Índia. O estatuto inferior de algumas mulheres nos agregados familiares nepaleses significa que comem menos ou pior e, como resultado, não têm nutrição adequada com especialistas analisando como isto afeta a saúde mental e se os impactos crescentes das alterações climáticas amplificam o fenômeno com o crise climática e, segundo o pesquisador Lakshmi Gopalakrishnan, “quando mulheres são as últimas a comer em sinal de respeito ou devido ao baixo estatuto em casa, ficam com últimos restos de comida e podem comprometer a quantidade de alimentos necessária, o que poderia afetar negativamente sua saúde mental”. O estudo intitulado 'Relação entre a norma de gênero de comer por último e a saúde mental de mulheres recém-casadas no Nepal, descobriu que sempre que comiam por último em casa tinham 4 vezes mais probabilidade de sofrer “provável depressão” já que comer por último simboliza a posição da mulher em casa, e, no contexto dos recém-casados, as mulheres “não têm autonomia para tomar decisões e nem liberdade para sair de casa”. Estudos concluem que insegurança alimentar em casa é o principal fator que determina padrões alimentares das mulheres, embora mudanças como gravidez ou obtenção de emprego remunerado melhoram a situação do agregado familiar e, portanto, a situação alimentar pelo menos temporariamente, não haveria mudança se o agregado familiar continuasse em situação de insegurança alimentar ao passo que publicação na revista Nutrição Materna e Infantil intitulado “As mudanças na situação familiar das mulheres melhoram o acesso à alimentação e nutrição no Nepal esclarece que “em geral, as mulheres que vivem em agregados familiares com insegurança alimentar têm maior probabilidade de serem as últimas a comer sempre ou na maior parte do tempo” acrescentando que “análise de dados da Índia descobriu que mulheres que comem por último têm pior saúde mental, sugerindo que a prática pode ter impactos adicionais na saúde”. Avaliação da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho concluiu que “é provável que os problemas de saúde mental aumentem no Nepal devido às alterações climáticas”, “por exemplo, estão destruindo terras agrícolas, fazendo com que agricultores procurem empregos sazonais e migrem para escapar à insegurança alimentar deixando esposas na comunidade, o que causa stress e doenças mentais nas mulheres” e conclui que “famílias pobres, rurais e chefiadas por mulheres enfrentarão maiores vulnerabilidades à medida que o clima continua mudar”. “Estudo de intervenção” mostra que meninas e rapazes na escola foram ensinados sobre igualdade de gênero durante 2 anos, “isso levou a apoio às oportunidades para mulheres e mudou suas atitudes em relação ao gênero, aí, “exemplos onde é possível mudar as atitudes de gênero das pessoas”.

Em relação ao clima, estudo que mede o sentimento através da análise de grandes quantidades de dados das redes sociais, mostra o impacto psicológico dos incêndios florestais no sudeste asiático que resultam em poluição atmosférica substancial ao quantificar a fumaça dos incêncios, em altura que tais incêndios se tornam marcador de destaque das alterações climáticas afetando o humor das pessoas, especialmente se tiverem origem fora do próprio país e, de acordo com professor do MIT e coautor de artigo que detalha os resultados, “este é um grande efeito e tem impacto negativo no bem-estar subjetivo das pessoas”. O artigo “Fumaça de incêndio em vegetação transfronteiriça e sentimento expresso, evidências do Twitter”, publicado online no Journal of Environmental Economics and Management dos autores Zheng, Professor de Sustentabilidade Urbana e Imobiliária no Centro de Imóveis e no Departamento de Estudos e Planejamento Urbano do MIT, Du, professor assistente de economia na Spears School of Business da Oklahoma State University, Ajkel Mino, Departamento de Ciência de Dados e Engenharia do Conhecimento da Universidade de Maastricht e Jianghao Wang, do Instituto de Ciências Geográficas e Pesquisa de Recursos Naturais da Academia Chinesa de Ciências, mostra investigação baseada na análise dos acontecimentos de 2019 no Sudeste Asiático nos quais incêndios florestais na Indonésia, relacionados as alterações climáticas e desmatamento à indústria do óleo de palma, produziram neblina na região afetando 7 países, Brunei, Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã. Conclui que a exposição diária a níveis típicos de fumaça de incêndios florestais na região produz mudança no sentimento e que a magnitude do efeito é a mesma de outra descoberta através de estudos em larga escala sobre o sentimento expresso online de que o fim de semana termina e a semana de trabalho começa, quando as publicações online das pessoas refletem queda acentuada no humor. O ex-pós-doutorado do MIT agora economista na Oklahoma State University, co-autor Rui Du, diz que “as pessoas ficam ansiosas ou tristes quando têm de ir trabalhar na segunda-feira e o que descobrimos com os incêndios é que isto é, de fato, comparável a queda de sentimento de domingo para segunda-feira” e, para conduzir o estudo, pesquisadores produziram análise em larga escala das postagens de 2019 no X para obter amostra do sentimento público. Compilaram dados com um programa web crawler e aplicativos multilíngues de processamento de linguagem natural que analisam conteúdo dos tweets e os classificam em termos afetivos com base no vocabulário utilizado e utilizaram dados de satélite da NASA e NOAA para criar mapa de incêndios e neblina ao longo do tempo, vinculando-os a dados das redes sociais. Separaram a mudança de sentimento devida à fumaça dos incêndios florestais e a devida a outros fatores, afinal, as pessoas vivenciam mudanças de humor o tempo todo por eventos naturais e socioeconômicos sendo que incêndios florestais podem estar correlacionados com alguns deles, difícultando desvendar o efeito singular da fumaça e, ao comparar a diferença na exposição à fumaça do incêndio florestal, soprada pelo vento, nos mesmos locais ao longo do tempo, o estudo isola o impacto da neblina local do incêndio florestal no humor, filtrando influências não poluidoras. Revelou que as pessoas que vivem perto das fronteiras internacionais têm mais probabilidade de se perturbarem quando afetadas pela fumaça de um incêndio florestal proveniente de país vizinho, quando condições semelhantes têm origem no seu próprio país existindo probabilidade de reação silenciosa, no entanto, Zheng foi coautor de estudo de 2022 que utilizou metodologia relacionada para estudar impacto da pandemia de Covid-19 no humor dos residentes em 100 países, nesse caso, a investigação mostrou que a pandemia global deprimiu o sentimento 4,7 vezes mais que o turno normal de domingo para segunda-feira.

Moral da Nota: permafrost é gelo misturado com partículas minerais e orgânicas e, em áreas frias do mundo, forma camada que repousa no subsolo protegido dos raios solares em que grande parte do material permanece ininterruptamente congelado por milhares de anos e, se grandes quantidades desse antigo permafrost derreter conduzirá a emissões significativas de gases efeito de estufa. O permafrost cobre considerável parte das terras expostas do hemisfério norte e a equipe liderada por Evan Thaler, do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos EUA, usa IA para fazer mapas de permafrost e decobriu que IA consegue fazer os melhores mapas do permafrost do Ártico que “aquece 4 vezes mais rapidamente que o resto do planeta e, o permafrost, é componente que está mudando rapidamente o futuro".


domingo, 24 de março de 2024

Climate target

A Gartner faz previsões às práticas de logística e adoção de tecnologia sendo que até 2029, a representação sindical na logística duplicará, consolidando mudança de poder que favorece o trabalhador da linha da frente em que 14,5% dos funcionários de logística e armazenamento são membros de sindicatos, acima da taxa de adesão de 6,0% nas outras profissões do setor privado. Estes números resultam de elevado contingente de caminhoneiros e trabalhadores portuários sindicalizados, com percentagem de sindicalização dos trabalhadores dos armazéns podendo ser inferior à percentagem global de 6%, no entanto, os fatores movem-se a favor dos trabalhadores, segundo a Gartner, com inflação persistente, aumento da complexidade e criação global de “palco aos sindicatos organizados atraírem nova geração de membros”. A filiação sindical do setor privado na Califórnia aumentou um ponto percentual nos últimos 5 anos, com alguns vendo como precursor fornecendo prévia do que pode vir nos EUA em geral, ao passo que a Gartner faz referência ao desafio que empresas enfrentam para atrair e manter trabalhadores de logística e produção, com menos trabalhadores “dispostos preencher funções devido, em parte, ao aumento das cargas de trabalho e baixos salários” sendo provável que um número crescente de trabalhadores logísticos se organize com implicações, incluindo aumento nos custos salariais e de benefícios. A Gartner avisa que que veremos risco maior de futuras paralisações de trabalho, lentidão e greves que impeçam operações, com analistas esperando taxas de sindicalização mais elevadas resultando em resistência crescente à utilização de soluções de automação e autônomas tanto nos transportes como no armazenamento, atrasando esforços de digitalização. A consultoria não mostra otimismo quanto perspectivas de curto prazo no rastreamento autônomo, prevendo que, até 2029, a taxa de adoção de caminhões comerciais sem motorista representará menos de 5% das frotas globais, com pouco impacto na redução da escassez de unidades e, até à data, existem poucas implementações comerciais de caminhões autônomos sem motoristas com a empresa na vanguarda em termos de implementações reais, TuSimple, fechou as portas nos EUA para se concentrar na China em circunstâncias questionáveis. “Requisitos regulamentares locais, regionais e nacionais, desafios comerciais, resistência e restrições sindicais criam obstáculos e atrasos na implantação de caminhões autônomos” limitando o desenvolvimento e com pouco impacto nos caminhões de carga em ambiente de segurança mais desafiante, uma vez que são, em média, 75% mais largos, 5 vezes mais longos e 20 vezes mais pesados que os veículos de passageiros o que “exige que os sistemas de veículos autônomos sejam mais precisos no posicionamento do veículo na estrada à evitar acidentes, obstáculo significativo à adoção.

O papel mais ativo na transição energética pode elevar comunidades, proporcionar crescimento econômico inclusivo e atingir emissões líquidas zero nos EUA à medida que avançam na direção à descarbonização, determinando se o carbono zero será alcançado e se a transição energética eleva as comunidades para proporcionar futuro mais próspero. Desde a concepção de sistema energético acessível e eficiente em termos de capital à aceleração da inovação tecnológica para garantir implementação de novas tecnologias limpas, os estados têm oportunidade de promover transição, melhorar acessibilidade energética e apoiar crescimento econômico inclusivo e, tradicionalmente, têm influenciado criação de novas fontes de energia através de políticas formais, construções regulamentares e autoridades de planeamento e licenciamento, no entanto, o panorama energético americano sofre mudanças tectônicas. A McKinsey estima que serão necessários mais de US$ 27 bilhões em despesas de capital até 2050 ou US$ 900 bilhões por ano, em média, para implementar soluções climáticas nos EUA em grande escala em que atos legislativos incluem investimentos para fazer progressos na consecução destes objetivos com a  Lei de Redução da Inflação, IRA, direcionando US$ 400 bilhões em financiamento federal à energia limpa e financiamento do IRA amplificando US$ 70 bilhões em tecnologia de energia limpa e projetos de demonstração financiados ao abrigo da Lei Bipartidária de Infra-estruturas, BIL. Alguns estados podem executar seus planos de descarbonização ao passo que outros podem estar procurando espaço para começar e, com base nesta experiência, áreas de ação ajudam líderes iniciar ou acelerar os planos dos estados, naqueles que se encontram nas fases iniciais da descarbonização, os líderes podem considerar medidas para obter compreensão básica do papel do estado na transição energética avaliando pegada de carbono como potencial de progresso, ao passo que os que estão mais avançados na descarbonização poderão se beneficiar destas ações, uma vez que fatores contínuos como trajetórias de custos em tecnologias emergentes, por exemplo, podem afetar avaliações anteriores. As métricas podem incluir  intensidade das emissões em nível estadual, lacunas de investimento, porcentagem de produção de energia limpa e impactos em comunidades de alto risco com obstáculos incluindo escassez de capital privado no setor de energias limpas, falta de soluções e investimentos com boa relação custo-eficácia, licenças, riscos na cadeia de abastecimento e falta de esforços coordenados entre partes interessadas. Confiabilidade, resiliência e acessibilidade em mudanças potenciais no sistema de energia, da geração a rede de distribuição e, como ponto de partida, modelos de correspondência horária entre oferta e procura para compreender requisitos do sistema energético do estado, a partir daí, analisar custos das tecnologias limpas com vistas sobre o papel das tecnologias emergentes, como captura, utilização e armazenamento de hidrogênio e carbono sob cenários políticos e econômicos. Até 2050,  90% do total das emissões globais poderão ser reduzidas com tecnologias climáticas existentes, no entanto, muitas destas tecnologias não são competitivas em termos de custos e apenas 10% são consideradas comercialmente maduras e, as disponíveis e emergentes, o potencial de expansão em cenários de descarbonização podem ter em conta considerações específicas do estado tais como infra-estrutura energética existente e  recursos naturais.

Moral da Nota:  investigação apoiada por legisladores Verdes da UE esclarece que a União Europeia precisará de US$1,6 bilhões de dólares por ano em investimentos para cumprir a meta de emissões líquidas zero até 2050, sendo que a Comissão Europeia recomenda que a UE reduza as emissões líquidas em 90% até 2040, em relação aos níveis de 1990, e delineia aumento inicial nos investimentos necessários para colocar a Europa no caminho para ter zero emissões líquidas até 2050.


quarta-feira, 20 de março de 2024

Frequência e Intensidade

Ondas de calor, inundações, incêndios florestais, lesões, doenças, mortes e consequências à saúde mental associadas, aumentam em frequência e intensidade cujas alterações na temperatura média, precipitação e subida do mar causam aumento da insegurança alimentar e hídrica, prevalência de doenças infecciosas e respiratórias induzidas por aeroalergenos, daí, alterações climáticas contribuem ao deslocamento e migração de populações com efeitos negativos na saúde e bem-estar. As alterações climáticas não são apenas ameaça futura à saúde sendo possível quantificar morbidade e mortalidade resultante, cujos fenômenos meteorológicos extremos afetam comunidades causando morbidade e mortalidade excessivas, mesmo em locais que reconhecem as ameaças e trabalham para implementar respostas eficazes, por exemplo, em 2021, o Noroeste do Pacífico, área incluindo a Colúmbia Britânica com menos de 20 milhões de habitantes, sofreu dias de calor extremo sem precedentes em que temperaturas em Seattle foram superiores a 37,8 °C com pico de 42,3 °C, antes, a alta temperatura média no final de junho era de 23,4 °C e, em 28 de junho de 2021, houve 1.090 visitas ao departamento de emergência, DE, relacionadas ao calor no Alasca, Oregon e Washington comparados as 9 visitas relacionadas ao calor nos mesmos estados em 28 de junho de 2019, além de King County com o maior volume de chamadas ao 911, com 441 mortes em excesso no estado de Washington excluindo as relacionadas à COVID. Estudo formal de detecção e atribuição, análise estatística feita para avaliar em que grau mudanças climáticas antropogênicas respondem por evento climático extremo, determinou que não teria sido possível sem causas induzidas pelo homem, embora o calor extremo do Noroeste do Pacífico de 2021 fosse inesperado, suas consequências à saúde, incluindo morbidade e mortalidade e elevado volume de visitas ao pronto-socorro e chamadas ao 911 não foram surpreendentes e consistentes com eventos de calor extremo noutras regiões, incluindo onda de calor europeia de 2003, onda de calor argentina de 2013 e onda de calor indiana de 2015, sendo que a preparação local aos fenômenos relacionados ao calor foi inadequada, apesar do calor extremo sejam mais frequentes e graves sabendo que forte onda de calor é devastadora a idosos, sem-abrigo, os que não têm ar condicionado e os que sofrem doenças crônicas , incluindo saúde mental.

O JAMA alerta que os efeitos das alterações climáticas na saúde e infra-estruturas de cuidados de saúde serão provavelmente maiores que os da pandemia e, com o tempo, exigirão investimentos em ordem de grandeza semelhante à gestão do VIH/SIDA, embora a sensibilização aos efeitos das alterações climáticas na saúde aumente, a preparação é limitada e as ações, até à data, representam pequena fração do que é necessário. Inquérito online às agências de saúde estaduais e territoriais dos EUA sobre atividades e prioridades de adaptação às alterações climáticas revelou que 19 de 41 tinham programa climático e de saúde e a maioria era financiada pelo governo federal, sendo que as preocupações mais prevalentes eram doenças infecciosas não transmitidas por vetores, 66%, como Vibrio parahemolyticus vulnificus e Febre do Vale, coccidioidomicose, doenças transmitidas por vetores, 61%, como dengue, Nilo Ocidental e Lyme e calor extremo, 61%, com a capacidade de saúde pública e cuidados de saúde se prepararem e responder a riscos das alterações climáticas aumentando capacidade de avaliar e quantificar condições sensíveis ao clima e desenvolver políticas e programas de adaptação eficazes, melhorando sistemas de vigilância e monitorização, desenvolvendo e implantando sistemas de alerta precoce ao calor, condições meteorológicas extremas perigos sensíveis ao clima vinculando sistemas a planos de ação que incluam comunicação de riscos e atividades que comprovadamente reduzem impactos na saúde, além de parcerias dentro e fora da comunidade de saúde apoiando mudanças na produção de energia, transportes e edifícios que aumentarão a eficiência energética, reduzirão emissões de gases efeito estufa e proporcionarão proteções contra o calor, inundações e subida do nível do mar. Nos EUA, cuidados de saúde respondem por 8% das emissões de gases efeito estufa e poluição atmosférica associada às atividades de saúd responde pela perda de 388 mil anos de vida ajustados por incapacidade por ano, comparável à perda causada por erros médicos, no entanto, emissões de gases efeito de estufa e poluição atmosférica nos cuidados de saúde não são comunicadas ou monitorizadas, ao passo que energia renovável é mais barata que energia proveniente de combustíveis fósseis, já que, o sistema de saúde americano deve comprometer-se com ações que reduzam emissões de gases efeito de estufa provenientes de cuidados médicos reduzindo poluição atmosférica e impactos associados à saúde.

Moral da Nota: o secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, em Baku, capital do Azerbaijão que acolherá a COP29, descreveu como seria o mundo em 2050 se o aquecimento global fosse limitado a 1,5°C, tendo como pano de fundo relatório climático global indicando que 2023 foi não só o ano mais quente no registro climático de 174 anos e que temperaturas recordes, combinadas ao El Nino, empurraram nações vulneráveis ​​e pobres do Sul global à linha da frente de fenômenos meteorológicos extremos e severos. Em 2023, houve “carnificina climática” na África, continente que representa paradigma dos impactos do aquecimento global com inundações na República Democrática do Congo e Quênia, tempestades e inundações na Líbia que devastaram um quarto de uma cidade, bem como ciclones mortais em países como o Malawi. Ao lado destes fenômenos juntou-se grave seca no Quênia e onda de calor no Inverno austral que durou meses nos países da África Austral, neste contexto, o secretário executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, UNFCCC, fez o discurso em Baku, em que o político e diplomata de Granada, país insular nas Caraíbas, colocou sobre a mesa questões e ações necessárias nos períodos cruciais que se avizinham com base nos progressos alcançados na COP28 em Dubai. Abordou questões no caminho global à descarbonização do mundo até 2050, em linha com o Acordo de Paris, adotado em 2015 na COP21 da UNFCCC, considerou que líderes mundiais chegaram a acordo que oferece estrutura para alcançar objetivos climáticos e preservar o meio ambiente, pessoas e a vida na Terra, estimando que a África produz 3,8% das emissões globais de gases efeito de estufa e 2% da parcela do investimento em energias renováveis ​​foi ao continente em 2023. Em relação às energias renováveis disse que a “energia renovável tornou energia acessível e previsível à todos significando que evitamos crises e desigualdades que moldaram tendências econômicas e conflitos no passado, sendo que o sistema financeiro global priorizou o bem-estar humano em detrimento do serviço” destacando que “os trilhões antes gastos em subsídios aos fósseis estão disponíveis para fins melhores em cuidados de saúde, educação e redes de segurança à aqueles que ficaram para trás”. Limitar o aquecimento a 1,5°C exige redução de 43% nas emissões de gases efeito de estufa até 2030, conforme estimativas do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, enquanto queima de combustíveis fósseis para eletricidade, transporte e aquecimento responde pela maioria das emissões nocivas, ou, 73,2% e, neste contexto, líderes da descarbonização são os com maiores investimentos em energias renováveis ​​para abandonar combustíveis fósseis incluindo China com investimento global de US$ 758 bilhões em capacidade renovável entre 2010 e 2019, EUA com US$ 356 bilhões, Japão com US$ 202 bilhões, Alemanha com US$ 179 bilhões e Reino Unido com US$ 122 bilhões. Por fim, prometeu que na próxima COP e as seguintes não haverá descanso na promoção das ambições climáticas de acordo com a ciência, trabalhando lado a lado com governos, empresas e líderes comunitários.


quarta-feira, 13 de março de 2024

Mobilidade sustentável

Líder mundial em veículos elétricos, com um quarto dos carros em circulação, elétricos, a Noruega recebe críticas por se tornar o 1º país a aprovar exploração mineral em águas profundas, cobalto e níquel, utilizados em baterias de veículos elétricos, sendo que a nação de 5,3 milhões de habitantes fez mudanças políticas para aumentar vendas de EVs, parte do esforço em reduzir emissões de gases efeito estufa a nível interno. O governo renunciou impostos de importação de veículos, bem como impostos de registro e vendas cobrados de veículos movidos a gás, isentou proprietários de VE do pagamento de portagens e permitiu utilizar faixas de veículos em centros congestionados das cidades, enquanto novos EVs tornaram-se escolha mais popular que veículos movidos a gás. O professor de energia elétrica da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, que acompanhou a transformação dos VE, disse que impostos sobre veículos movidos a gás são a razão da escolha em VEs, “em combinação com acesso a corredores de ônibus, balsas e estacionamento gratuitos, tudo conveniente às pessoas”. A secretária-geral da Associação Norueguesa de EV, grupo de defesa de proprietários EV,  esclarece que “conseguir esta transição rápida refere-se à políticas e capacidade, ou, vontade de mantê-las em vigor por muito tempo.” Deve ser considerado que a situação tarifária na Noruega melhorou na última década, em que veículos têm agora alcance maior havendo mais estações de carregamento, quase 8 mil estações de carregamento rápido, equivalente a 100 carros por carregador rápido, aumento impulsionado em grande parte pelo investimento privado pós impulso inicial do governo. Carros elétricos lotam a faixa de ônibus na hora do rush em direção a Oslo já que motoristas de veículos elétricos estão autorizados usar faixas de trânsito, com outras vantagens, por exemplo, postos de gasolina costumam ter 2ª fila de carregadores rápidos e, postos mais novos apresentam carregadores como 1ª opção e as bombas de gasolina atrás deles, enquanto áreas mais rurais no norte da Noruega o governo investiu mais para alargar a rede onde empresas relutam em fazê-lo.

Já o Canadá na busca por acabar venda de automóveis a gasolina e diesel até 2035 levantou questões sobre se o país está preparado ao desafio e o que significaria aos condutores, em comparação a Noruega, no bom caminho em atingir esse objetivo com veículos elétricos representando 82 % dos veículos vendidos em 2023 na pretensão em se tornar a primeira nação acabar com a venda de carros a gasolina e diesel até 2025. Com abordagem diversa na meta para 2035, o Canadá anunciou plano do governo federal em fins de 2023, centrando-se em obrigar montadoras aumentar o número de VEs disponíveis até que a venda de veículos movidos a gás seja eliminada gradualmente em 2035. Ofereceu desconto de US$ 5 mil à veículos elétricos e US$ 2.500 à híbridos em vez de impor imposto sobre veículos movidos a gás, enquanto Quebec, Colúmbia Britânica e províncias do Atlântico ofereceram descontos que variam de US$ 500 a US$ 8 mil, dependendo da província e das condições. O país precisa de milhares de postos públicos de carregamento de veículos elétricos, com o chefe da Electric Mobility Canada, grupo industrial que visitou a Noruega há 18 meses esclarecendo que a abordagem do país em relação às estações de carregamento deveria ser imitada, explicando que “devemos colocar ênfase em garantir que o maior número possível de canadenses instale carregadores em casa, ou, em centros de carregamento, ou, em edifícios residenciais com várias unidades e, portanto, tenham menos necessidade de carregadores públicos". A procura de VE na Noruega representa 1% da procura total na rede, com a Direção Norueguesa de Energia e Água estimando que mesmo que todos os veículos, passageiros e comerciais, fossem elétricos, a procura representaria 10 % do total, já que o país tem vantagem de já ter rede forte instalada uma vez que depende quase exclusivamente da energia hidrelétrica para aquecer as casas. O desafio surge quando a maioria dos VEs são carregados no mesmo horário, geralmente à noite, depois que as pessoas retornam, no entanto, escolhas políticas poderiam resolver este problema, por exemplo, impondo tarifas de eletricidade mais elevadas à carregamento nas horas de ponta e, tal como o Canadá, a Noruega tem dias muito frios e estudos demonstram que o tempo frio reduz a autonomia de um VE em até 30 %, com modos de mitigar seus efeitos como pré-aquecer o veículo antes de entrar e carregar com mais frequência evitando que a bateria fique muito fraca. A Noruega com 8 mil estações de carregamento rápido, muitas financiadas por investimento privado e, do ponto de vista das emissões, a política foi vitoriosa já que emissões de carbono provenientes do tráfego rodoviário caíram 15% desde o pico de 2015 até 2021, de acordo com o governo norueguês, agora, focado em incentivar transição dos caminhões de transporte à elétricos esclarecendo que “ainda há muito o que fazer na área de emissões zero quando se trata de veículos pesados”.

Moral da Nota: o Plano de Desenvolvimento da Economia Circular de Tallinn 2035 dá contributo à alcançar o objetivo estratégico da “Virada Verde” na estratégia Tallinn 2035, ampliando visão do que é a economia circular para além da gestão de resíduos, quando o Governo da Cidade apresentou projeto à Câmara Municipal para iniciar preparação do Plano de Desenvolvimento da Economia Circular Tallinn 2035 e introduzir novo campo de atividade dedicado à economia circular na estratégia de Tallinn 2035. O plano de desenvolvimento visa consecução do objetivo estratégico “Gira Verde” da estratégia Tallinn 2035 e será preparado de fevereiro de 2024 a junho de 2025 em oportunidade de esclarecer o significado de economia circular na governança para que as opiniões não se limitem à gestão de resíduos. Será desenvolvido capítulo intitulado “Economia Circular” na estratégia Tallinn 2035, descrevendo novo campo de atividade e submetido à Câmara Municipal para consideração e aprovação com o plano de desenvolvimento estabelecendo a forma como a economia circular contribui para alcançar objetivos de outros domínios e vice-versa, além disso, explora como o domínio da economia circular apoia redução das emissões de carbono em 40 % comparado aos níveis de 2007 e a consecução da neutralidade climática até 2050. Aborda o aumento da percentagem de materiais reciclados à mais de 65 % dos resíduos domésticos, a redução do volume de resíduos domésticos mistos, a diminuição da proporção de resíduos enviados à aterros e a promoção da prevenção de resíduos, além disso, examina o aumento da percentagem de critérios ecológicos nos contratos públicos e a contribuição ao turismo sustentável, sendo que as discussões públicas sobre o Plano de Desenvolvimento da Economia Circular serão realizadas em Novembro-Dezembro de 2024.


     

terça-feira, 12 de março de 2024

Crise na saúde

O Paquistão, país com capacidade nuclear militar se insere na intersecção entre mudanças climáticas, urbanização e doenças infecciosas enfrentando crise sanitária crescente, impulsionada por alterações climáticas, urbanização e saneamento inadequado e, à medida que  temperaturas globais aumentam e padrões climáticos mudam, doenças infecciosas acompanham o crescimento necessitando ação no combater a este desafio. Inserido no elo entre humanidade e ambiente, o país está precarizado em panorama da saúde a ser remodelado pela força das alterações climáticas, urbanização e saneamento inadequado e, à medida que temperaturas globais aumentam e padrões climáticos mudam, doenças infecciosas representam desafio ao já sitiado sistema de saúde nacional. A distribuição das doenças infecciosas é equação complexa, com fatores sociais, demográficos, ambientais e meteorológicos, desempenhando papel cujas atividades humanas, pelo crescimento populacional, urbanização e mudanças ambientais, contribuem ao ressurgimento de doenças enquanto alterações climáticas marcadas por aumento dos níveis de CO2 atmosférico e temperatura global, se associam a mudanças nos padrões de doenças e surtos. Fenômeno evidente no aumento da incidência de doenças transmitidas pela água, como cólera e diarreia, bem como doenças transmitidas por vetores, como malária, ao passo que temperaturas mais altas aumentam a sobrevivência e reprodução de bactérias, levando ao aumento de doenças diarreicas, já, um grande problema de saúde no país inserido em  rápida urbanização que impulsiona crescimento econômico exacerbando riscos à saúde em cidades sobrelotadas, com escassez de água e saneamento inadequado criando terreno fértil à doenças infecciosas. A malária é preocupante já que afetada pela temperatura, precipitação e desmatamento esperando-se que se expanda geograficamente à regiões mais temperadas do Sul da Ásia além da febre Chikungunya, dengue e doenças transmitidas por roedores sofrendo mudanças nos padrões de transmissão pelos impactos climáticos em vetores e hospedeiros. Neste quadro, urge abordagem multifacetada em que sistemas de alerta precoce à doenças infecciosas, além da preparação dos prestadores de cuidados de saúde e prontidão dos serviços de emergência com recomendações à preparação do sistema incluindo auditorias energéticas, esforços de conservação, planos de contingência para energia nos cortes de energia, redução de resíduos e utilização de vegetação nativa para mitigar calor e reduzir formação de poluição atmosférica, melhorando saúde humana em geral. A luta contra alterações climáticas, urbanização e degradação ambiental se insere na luta contra doenças infecciosa à medida que a comunidade global se debate com estas questões e, o Paquistão, na linha da frente, dá testemunho do impacto das forças da natureza na saúde humana e, à medida que navegamos neste cenário epidemiológico, fica claro que antigas regras já não se aplicam com nossa saúde indissociavelmente ligada à saúde do planeta.

Nos avanços tecnológicos, o negócio da saúde passou por transição  nos últimos anos com Machine Learning, ML, na vanguarda desta revolução em que o subconjunto de aprendizado de máquina da IA revoluciona o setor de saúde com promessa de melhores diagnósticos, planos de tratamento individualizados e sistemas mais eficazes, com o aprendizado de máquina fazendo avanços significativos, um dos quais sua velocidade e precisão incomparáveis na análise de grandes volumes de dados médicos, em que algoritmos de aprendizado de máquina têm capacidade de classificar dados genômicos, imagens médicas e registros eletrônicos revelando padrões e conexões que olhos humanos não perceberiam, capacidade particularmente importante no diagnóstico e detecção precoce de doenças. Em radiologia, algoritmos de ML melhoram precisão das interpretações de imagens médicas analisando imagens complexas como ressonância magnética e tomografia computadorizada, auxiliando radiologistas na detecção de anormalidades e identificação de problemas, não apenas agilizando o processo diagnóstico mas melhorando precisão de diagnósticos médicos. A ideia de medicina individualizada é revolucionada pelo aprendizado de máquina com uso da análise de dados individuais incluindo fatores de estilo de vida, informações genéticas e respostas terapêuticas sendo que os algoritmos de aprendizado de máquina personalizam terapias para atender necessidades específicas de cada paciente, método, mais focado, reduzindo efeitos colaterais e maximizando eficácia do tratamento. No tratamento do câncer, ML é empregado para prever como tipos específicos de câncer respondem a opções de tratamento em marcadores genéticos permitindo que oncologistas recomendem planos de tratamento personalizados, aumentando chances de resultados bem-sucedidos e reduzindo necessidade de abordagens de tentativa e erro e, além do diagnóstico e tratamento, Machine Learning desempenha papel na otimização dos sistemas de saúde em que análise preditiva prevê taxas de admissão de pacientes permitindo que hospitais aloquem recursos de modo eficiente enquanto algoritmos de ML identificam tendências nos dados dos pacientes para antecipar surtos de doenças permitindo medidas proativas de saúde pública. Os chatbots com tecnologia ML e auxiliares de saúde virtuais revolucionam o relacionamento com pacientes, soluções que promovem serviços de saúde mais disponíveis e convenientes com monitorização em tempo real à pacientes com doenças crônicas, agendamento de consultas e respostas rápidas a questões relacionadas a saúde, embora o aprendizado de máquina tenha futuro brilhante na saúde, existem obstáculos e questões morais a serem abordadas em questões como viés de algoritmo, privacidade de dados e interpretabilidade de modelos de aprendizado de máquina e garantia de implementação adequada na saúde exigindo encontrar equilíbrio entre inovação e princípios éticos.

Moral da Nota: a IA continua focada na inovação, atraindo atenção de acadêmicos, indústrias e público em geral, em 2024,  espera-se que seu avanço atinja ritmo significativo em áreas-chave, marcando mudança na forma como interagimos com a tecnologia e como afeta nossas vidas, esperando-se que técnicas de aprendizagem profunda e aprendizagem automática sejam  mais avançadas e eficientes incluindo algoritmos mais rápidos e precisos capazes de processar grandes volumes de dados sem precedentes, melhorias que permitirão aplicações mais sofisticadas em áreas como diagnóstico médico, previsão climática e personalização da experiência do usuário em plataformas digitais. A PNL, processamento de linguagem natural, verá melhorias na compreensão e geração de linguagem natural permitindo interação mais fluida e natural com assistentes virtuais e chatbots capazes de compreender melhor o contexto, o sarcasmo e a complexidade da linguagem humana, facilitando comunicação mais eficaz entre humanos e máquinas. No setor da saúde IA está preparada para revolucionar diagnóstico e tratamento de doenças com sistemas capazes de analisar dados médicos em grande escala identificando padrões e ajudando no diagnóstico precoce de doenças como o câncer, além disso, a personalização dos tratamentos com base na genética do paciente será mais acessível graças a avanços da IA. Em 2024, prevê-se foco na regulação IA, buscando garantir utilização responsável evitando preconceitos e discriminação, aspecto crucial para ganhar confiança do público e garantir que beneficie a sociedade como um todo e, por fim, a fusão IA ​​com IoT é área promissora em que dispositivos inteligentes, de eletrodomésticos a veículos autônomos, tornar-se-ão mais sofisticados e capazes de decisões autônomas com base em dados em tempo real melhorando eficiência e conveniência na vida quotidiana e abrindo possibilidades na gestão de cidades inteligentes e sistemas de transporte.


terça-feira, 5 de março de 2024

Descarbonização

Emissões do setor industrial poderiam reduzir no mundo em até 85%, conforme investigação, o setor, que inclui ferro e aço, produtos químicos, cimento, alimentos e bebidas, emite um quarto das emissões de gases efeito de estufa, GEE, que aquecem o planeta e resultam em alterações climáticas e condições meteorológicas extremas. O estudo, liderado pela Universidade de Leeds e parte da contribuição ao Centro de Investigação Energética do Reino Unido, UKERC, em colaboração com investigadores da Universidade de Bath e do Imperial College London, avaliou potencial técnico de poupança de emissões e energia das mais importantes tecnologias de redução de emissões, analisando investigações publicadas e outras fontes de dados para encontrar opções de redução aplicável nos setores e seu nível de preparação tecnológica e, o valor de 85% se insere no potencial de redução de emissões à tecnologias mais promissoras em cada setor analisado em ferro e aço, produtos químicos, cimento e cal, comida e bebida, polpa e papel, vidro, alumínio, refino e cerâmica. A investigação publicada na revista Joule concluiu que a descarbonização do setor é tecnicamente possível com combinação de tecnologias de "alta e baixa maturidade", experimentado e testado, com tecnologias futuras à serem usadas na indústria e, ao analisar meios de conseguir captura e armazenamento de carbono, ou, mudança de combustível à hidrogênio ou biomassa, poupando, em média, 85% das emissões na maioria dos setores  sugere que tecnologias elétricas de baixa maturidade, como crackers elétricos a vapor, equipamentos essenciais à produção de produtos petroquímicos, teoricamente descarbonizam entre 40% e 100% das emissões diretas do setor, além de novas tecnologias de eletrificação que reduzem emissões provenientes de processos com utilização intensiva de energia, como aço, cimento e cerâmica, em alguns casos, não pensava antes ser possível. Descreve a descarbonização do setor como "tecnicamente possível" porque, embora investigadores revisem tecnologias aplicáveis, não tiveram em conta outras barreiras, como relacionadas a questões sociais, econômicas ou de infra-estruturas, ao passo que a adoção de tecnologias de descarbonização industrial é afetada por elevados custos de capital e operacionais, mesmo que desafios técnicos possam ser resolvidos, enquanto tecnologias de eletrificação normalmente têm custos operacionais 2 a 3 vezes mais elevados comparadas as tecnologias em combustíveis fósseis devido custo mais elevado. O autor do estudo, Ahmed Gailani, pesquisador em descarbonização industrial na Escola de Engenharia Química e de Processos de Leeds, esclarece que  "a descarbonização é  prioridade à governos, empresas e sociedade pois desempenha papel vital na limitação do aquecimento global, concluindo que “as descobertas representam passo em frente na ajuda à concepção de estratégias de descarbonização industrial, perspectiva encorajadora quando se trata da saúde futura do planeta”. O Diretor do UKERC disse que "a descarbonização industrial é prioridade de pesquisa ao UKERC, pois soluções adequadas requerem abordagem de sistemas completos, sendo que muitas das opções de redução industrial mais promissoras dependem do acesso a infraestruturas de apoio, hidrogênio e gasodutos de CO2, ou, conexões elétricas melhoradas", considerando que o Reino Unido ao comprometer-se reduzir emissões de GEE para zero até 2050, retirará da atmosfera a mesma quantidade de gases nocivos que introduzir.

A Votorantim Cimentos, empresa de materiais de construção e soluções sustentáveis, reconhecida por transparência corporativa e desempenho em mudanças climáticas pelo CDP,  organização internacional sem fins lucrativos que administra sistema de divulgação global para empresas, cidades, estados e regiões para gerenciar impactos ambientais e, com base nos dados reportados por meio do Questionário CDP Mudanças Climáticas 2023, concedeu nota A a Votorantim Cimentos, colocando a empresa em  número restrito de organizações no topo da lista exemplificando melhores práticas do mercado. O CDP detém a maior base de dados ambiental do mundo e suas pontuações são utilizadas para informar decisões de investimento em apoio à economia zero emissões de carbono, sustentável e resiliente e, em 2023, mais de 740 instituições financeiras que detinham mais de US$ 136 bilhões em ativos apelaram para divulgar seus impactos, riscos e oportunidades ambientais através da plataforma CDP, recorde de 23 mil empresas respondendo ao questionário em 2023 sendo que o CDP utiliza metodologia detalhada e independente para pontuar empresas de A a D com base no nível de abrangência na divulgação, conscientização e gestão de riscos ambientais e incorporação de melhores práticas, como estabelecimento de metas ambiciosas e significativas, enquanto empresas que não divulgam os impactos ou fornecem informações insuficientes recebem nota F. A estratégia de descarbonização da Votorantim Cimentos se baseia em como coprocessamento, substituição de combustíveis fósseis utilizados na produção de cimento por outros materiais, biomassa e resíduos, utilização de materiais cimentícios, incluindo subprodutos de outras indústrias em substituição do clínquer principal fonte de emissões de CO2 no processo de produção de cimento, eficiência energética e utilização de fontes renováveis, alavancando hidrelétricas próprias e investimentos em  solar e eólica e em desenvolvimento de tecnologias, utilização de processos inovadores, novos materiais, captura, utilização e armazenamento de carbono, desmaterialização da cadeia de valor, parcerias com empresas e organizações acadêmicas para otimizar recursos e reduzir a intensidade carbônica. A Votorantim Cimentos anunciou em 2022 meta para 2030 de descarbonização, aprovada pela iniciativa Science Based Target, SBTi, de 475 kg de CO2 por tonelada de cimento, sendo que a nova meta é 8,7% inferior a anunciada no âmbito dos Compromissos de Sustentabilidade para 2030, 520 kg de CO2 por tonelada de cimento, com a empresa ambicionando  produzir concreto neutro em carbono até 2050. A nível mundial, a fabricação de cimento une areia e rocha para formar betão emitindo 8% da poluição de CO2 na atmosfera, contribuindo às alterações climáticas que causam incêndios florestais, furacões e ondas de calor, sendo que a fabricação de cimento e concreto emite tanto CO2 quanto a Índia em que calcário e outros ingredientes são adicionados ao forno, no processo atual, combustíveis fósseis são queimados para aquecer, emitindo CO2 sendo que o calor decompõe o calcário liberando o carbono da rocha, emitindo mais CO2, tornando o cimento fonte de emissões de gases efeito de estufa que aceleram alterações climáticas prevendo-se que sua utilização continue aumentar até 2050, impulsionada pelo crescimento da população mundial, urbanização, riqueza e necessidade de infraestrutura. A Califórnia por exemplo, produz mais cimento que qualquer outro estado americano, exceto o Texas e, em 2022, fábricas de cimento emitiram mais de 9 milhões de toneladas métricas de CO2 equivalente à emissões de 2 milhões de carros e SUVs ou 22 centrais elétricas a gás, sendo que fornos de cimento aquecidos eletricamente e alternativas de calcário reduzem a poluição climática, por exemplo, empresa sediada em Oakland comercializa cimento oriundo de rocha de silicato de cálcio isenta de carbono que não emite CO2 e, quando processado em forno e ao combinar calor limpo com minerais ou equipamentos isentos de carbono para capturar emissões de carbono da decomposição do calcário, a produção de cimento deverá se tornar neutra em carbono até 2045.

Moral da Nota: relatório do Centro de Investigação sobre Energia e Ar Limpo, CREA, avisa que o setor de energia registrou mais de metade dos ganhos em 2023, à medida que emissões de CO2 dos combustíveis fósseis da UE caíram à níveis vistos pela última vez no início da década de 1960 e  que eletricidade limpa responde por 56% do declínio num único ano e o setor energético reduziu suas emissões em 25% entre 2022 e 2023 e a UE reduziu  emissões de carvão à metade desde 2015 e as relacionadas ao gás em 11% num único ano. O analista do CREA em comunicado, esclarece que  “no entanto, neste período, a economia triplicou, mostrando que alterações climáticas podem ser combatidas sem renunciar crescimento económico”, descobriu que, a queda de 8% nas emissões entre 2022 e 2023, a segunda mais rápida desde que a procura de energia atingiu o nível mais baixo nos confinamentos devido à pandemia em 2020, a mudança no setor da energia foi impulsionada pelo crescimento contínuo da implantação da energia solar e eólica, bem como recuperação da capacidade hidrelétrica e nuclear, o consumo de carvão na UE caiu abaixo dos níveis anteriores à pandemia, mesmo quando o continente lutava para acabar com a a dependência ao gás russo pós invasão da Ucrânia enquanto emissões de carvão caíram 25% entre 2022 e 2023 e emissões de petróleo apenas 2% e, por fim, reduções em outros setores, indústria e transportes, responderam por 36% do declínio das emissões, enquanto queda na procura de electricidade contribuiu com 8% e condições climáticas favoráveis representaram 19% do total. O Conselho Consultivo Científico Europeu sobre Alterações Climáticas alertou que os 27 membros da UE terão de duplicar o ritmo das reduções de emissões para atingir a meta climática para 2030 e segundo seu presidente, Prof. Ottmar Edenhofer, economista alemão que dirige o Instituto Mercator de Investigação sobre Bens Comuns Globais e Alterações Climáticas,  “a UE fez progressos nos últimos anos para fortalecer o quadro de política climática”, no entanto, “alcançar neutralidade climática até 2050 é corrida contra o relógio.” Vale dizer que a Lei de Redução da Inflação, IRA, de 2022 nos EUA levou a aumento nos investimentos em energia limpa, com custos aumentando em US$ 428 bilhões prevendo mais de US$ 720 milhões em financiamento à iniciativas de energia limpa no país, permitindo que nações tribais beneficiem de créditos e deduções fiscais, ao passo que o IRA continua remodelar a indústria energética americana, promovendo alternativas não fósseis e estimulando investimento privado em energia limpa. Viu custos aumentarem de US$ 428 bilhões devido elevada procura de incentivos à energia limpa, inicialmente prevista para gastar US$ 369 bilhões ao longo de uma década, deverá exceder esse montante à medida que créditos fiscais ilimitados levam empresas e investidores a projetos de longo prazo no setor da energia limpa, sendo um exemplo a Freyr, empresa norueguesa, que mudou o foco à criação de fábrica na Geórgia em vez de concluir suas instalações na Noruega seguindo promessa do IRA de US$ 369 bilhões em incentivos fiscais e subsídios à tecnologia de energia limpa,  mudança, que reflete concorrência global por empresas e tecnologias que moldam o futuro da energia à medida que países oferecem subsídios para atrair indústrias verdes como veículos elétricos, armazenamento, energia solar e hidrogênio. A lei inclui programas que permitem que nações tribais se beneficiem de créditos fiscais e deduções fiscais através de processo online implementado pelo IRS, sendo que as comunidades tribais podem contrair empréstimos para financiar projetos energéticos e utilizar créditos e deduções fiscais para compensar custos enquanto Conselheiros e CPAs da REDW estão disponíveis para ajudar Nações Tribais navegar e maximizar  benefícios desses programas. O impacto do IRA na redução das emissões de gases efeito de estufa é indireto, uma vez que as empresas podem manter atividades principais poluentes, ao mesmo tempo que acrescentam linhas de negócios com baixo teor de carbono e, apesar das preocupações, o aumento dos custos mostra que o IRA promove utilização de energia limpa, no entanto, a sensibilização do público ao IRA continua baixa podendo prejudicar seu potencial como conquista.


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Modelos 3D

Precisão e rapidez nos diagnósticos médicos significam diferença entre vida e morte, emergindo na Espanha tecnologia capaz de transformar como médicos visualizam o coração através do CARDIA by Apolo, ferramenta que por meio da IA, converte ecocardiogramas 2D padrão em reconstruções 3D detalhadas, avanço que muda o diagnóstico cardiovascular, posicionando-se como solução para melhorar a eficiência do sistema de saúde. Associada ao CARDIA está a Apolo AI, empresa espanhola que assumiu o desafio de liderar o projeto e com o apoio de equipe multidisciplinar em biomedicina e informática, além da colaboração de cardiologistas, o CARDIA atualmente em fase de desenvolvimento e validação médica facilita diagnósticos mais rápidos e precisos de doenças cardiovasculares e valvares, tornando ao mesmo tempo, utilização eficiente dos recursos humanos e econômicos nos centros de saúde. A importância da inovação é mais evidente quando  considera que doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte no mundo com quase 19 milhões de mortes em 2019, neste contexto, o CARDIA surge como ferramenta para obter diagnósticos em menos tempo, contribuindo para salvar vidas, sendo o financiamento do projeto originário  de investidores privados e comercialização prevista para 2025 além de  expectativa que a tecnologia se torne padrão no diagnóstico cardiovascular a nível mundial.

Neste contexto, estudo longitudinal nacional na China sugere que a exposição à inundações tem efeito adverso no longo prazo na saúde cardiovascular entre a população idosa, decorrente inundações frequentes e envelhecimento da população chinesa, conclusões que enfatizam urgência  de medidas para mitigar vulnerabilidade às inundações e melhorar saúde dos residentes idosos. As inundações representaram 44% dos eventos de catástrofe a nível mundial entre 2000 e 2019 afetando 1,6 bilhão de pessoas, com perdas econômicas em US$ 651 bilhões e, devido mudanças no clima, uso do solo, infraestruturas e demografia da população, aumentam em termos de gravidade duração e frequência ocorrendo 37% mais inundações em 2021 que a frequência média de inundações das últimas 2 décadas e, a Ásia foi a região mais gravemente afetada, sofrendo 35,9% dos eventos de inundação e representando 77,4% do número de afetados conforme o Asian Disaster Reduction Centro, 2022.  A China é mais propensa a inundações com mais de 941 milhões de afetados e US$ 263 bilhões em perdas econômicas em 2000–2021 e, no curto prazo, a exposição às inundações aumenta mortalidade humana e doenças infecciosas como diarreia, pneumonia e doenças de pele, amplamente estudadas e, no longo prazo,  associadas a risco de desnutrição, distúrbios psicológicos e doenças crônicas afetando sistemas ambientais ou sócio econômicos das áreas expostas, efeito mais duradouro e generalizado na saúde humana, no entanto, o longo prazo de exposição à inundações são negligenciados e insuficientemente estudados na literatura. Pesquisa apoiada pela Fundação Nacional de Ciências Naturais da China e Fundação de Energia mostrou associação entre anomalias eletrocardiográficas e exposição a inundações entre pessoas de meia-idade e idosos decorrente inundações tornarem-se frequentes e intensas devido alterações climáticas, especialmente na Ásia, no entanto, evidências sobre efeitos a longo prazo na saúde provenientes de estudos em grande escala sobre a população idosa vulnerável na China são insuficientes sendo que o estudo analisa efeitos de longo prazo da exposição a inundações nas anormalidades eletrocardiográficas, ECG, indicador usado na triagem de doenças cardiovasculares, DCV, em pessoas de meia-idade e idosas. Dados da Pesquisa Nacional Chinesa de Triagem de AVC de 80.711 registros de acompanhamento de 38.375 participantes com idade de 40 anos com 2 ou mais consultas entre 2013 e 2018, foi avaliada exposição às inundações como a presença de uma área inundada detectada por satélite num raio de 500 m da residência no prazo de 5 anos antes da data da pesquisa, sendo que a associação entre anormalidades no ECG e exposição a inundações foi analisada utilizando modelo de efeitos aleatórios com múltiplos ajustes e como a idade é importante fator de risco para DCV, uma variável derivada para estimar o efeito modificador não linear da idade na associação entre anormalidades no ECG e exposição a inundações. O modelo ajustado sugeriu que a exposição às inundações estava associada a risco aumentado de anomalias no ECG entre a população de meia-idade e idosa sugerindo fibrilação atrial, depressão do segmento ST e hipertrofia ventricular esquerda, associações, robustas em várias subpopulações, enquanto uma curva sublinear ao efeito modificador negativo da idade foi observada na vulnerabilidade da população às cheias, daí, a exposição às inundações foi associada a risco aumentado a longo prazo de anomalia no ECG, necessitando medidas à mitigar vulnerabilidade às inundações não negligenciável na China.

Moral da Nota: evidências epidemiológicas sugerem que idosos são mais vulneráveis às inundações com dificuldades em receber avisos precoces de desastres naturais e responder rapidamente, por outro lado, a maioria dos idosos tem uma ou mais doenças crônicas e depende de cuidados médicos regulares interrompidos durante e após as cheias. Um estudo de coorte relatou que durante inundação em França, a evacuação de emergência levou a aumento de 3 vezes na mortalidade entre idosos que vivem em lares de idosos por propensão ao stress pós-catástrofe, insônia e depressão, que  aumenta o risco de doenças crônicas, particularmente cardiovasculares, DCV. Estudo no Japão relatou mudanças significativas nos níveis de medidas físicas relacionadas a DCV, por exemplo, pressão arterial e colesterol de lipoproteína de alta densidade entre a população com idade 65 anos após exposição a desastre natural sendo que a DCV é causa primária de mortalidade na população idosa agravada por desastres naturais, no entanto,  estudos investigaram o efeito da exposição às inundações nas DCV entre idosos. Um estudo global analisou 761 comunidades em 35 países e relatou aumento de 2,6% no risco de mortalidade cardiovascular após um dia de inundação e descobriram que a ocorrência de DCV aumentou nas 2 semanas imediatamente após a catástrofe da cheia, além de relato de risco aumentado de hospitalização por DCV entre pessoas com idade 65 anos em Louisiana, EUA. Outro estudo no Japão mostra que a taxa de incidência padronizada de enfarte do miocárdio, EM, fatal em áreas impactadas por inundação quase duplicou, no entanto, estudo de corte no Canadá concluiu que a exposição à inundações estava associada a aumento de 25% na incidência de DCV e a associação não foi estatisticamente significativa, da mesma forma, estudo de caso-controle em Nagano, Japão, relatou associação não significativa entre exposição a inundações e incidência sendo que a maioria dos estudos avaliou o efeito da exposição às inundações nas DCV através de dados recolhidos num único centro e os resultados foram mistos. As inundações ocorrem frequentemente na China com população cada vez mais envelhecida e elevada carga de DCV sendo que a prevalência de DCV é de 26,1% entre adultos com idade de 55 anos  sendo doença evitável e tratável com diagnóstico e intervenção precoces reduzindo danos causados pelas DCV com o eletrocardiograma como exame físico na triagem clínica de DCV, método rápido e não invasivo para identificar disfunções cardíacas precoces cujas anomalias do ECG foram reconhecidas como marcador precoce em muitos estudos. Para concluir, estudo realizado por irlandeses e dinamarqueses revela que no sistema de saúde da Dinamarca o fardo financeiro colocado sobre os adultos que vivem com multimorbilidade, ou, a presença de 2 ou mais doenças crônicas quando se trata de despesas do próprio bolso para medicamentos prescritos. Destacando a pressão econômica concluiu que indivíduos com 5 ou mais doenças gastam 320 euros anualmente, comparado com 44 euros à aqueles sem quaisquer doenças crônicas, aumento que preocupa em relação a desigualdades do modelo de bem-estar dinamarquês, àqueles com multimorbidade e geralmente com rendimentos familiares mais baixos. O estudo avaliou despesas com medicamentos prescritos da população adulta dinamarquesa ao ano 2020, revelando que à medida que o número de doenças crônicas aumentava, aumentavam despesas correntes, mesmo depois de contabilizados fatores demográficos e socio econômicos refletindo padrões observados a nível mundial, indicando que a Dinamarca não está imune aos desafios de acessibilidade dos cuidados de saúde que permeiam outros países.  Ainda não se sabe como as conclusões deste estudo influenciarão políticas de bem-estar e estratégias de saúde da Dinamarca, mas o fardo da multimorbilidade vai além das implicações à saúde, um peso financeiro em país com quase um quarto da população adulta afetada, com soluções farmaco econômicas que abordam tanto a adesão à medicação como a barreiras econômicas agora mais essenciais.


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Relatório ambiental

A EPA, Agência de Proteção Ambiental dos EUA avisa que rios e córregos do país permanecem contaminados com nutrientes que poluem a água potável e alimentam uma gigantesca zona morta à vida aquática no Golfo do México e, que metade das milhas fluviais estavam em más condições para caracóis, minhocas, besouros e demais  espécies que vivem no fundo. Situação que se concentra nas regiões agrícolas que desaguam no rio Mississippi em que mais da metade dos kms de rios e riachos da bacia estavam em más condições de nitrogênio e fósforo provenientes dos fertilizantes que fluem aos cursos de água e, durante décadas, as autoridades federais e estaduais lutam para controlar o escoamento agrícola, maior fonte de poluição por nutrientes que não é regulamentada a nível federal. Questão difícil de controlar à medida que alterações climáticas produzem tempestades mais intensas nas regiões centro-norte e sul dos EUA inundando campos agrícolas, recolhendo fertilizantes comerciais e transportando-os à rios próximos, com a diretora de restauração de rios do grupo conservacionista American Rivers esclarecendo que “é preocupante que claramente não estejamos cumprindo as metas que estabelecemos”, avaliação baseada em amostras recolhidas em 2018 e 2019 permitindo especialistas comparar condições dos rios em rondas de amostragem anteriores, embora tenham sido utilizados diferentes locais de amostragem, a agência leva anos para compilar os resultados e publicar o relatório avaliação abrangente da situação dos rios e riachos do país em que níveis de fósforo diminuíram ligeiramente e níveis de nitrogênio permanecem inalterados.

Pesquisa financiada por doação discricionária ao Centro de Saúde Costeira e Humana da Flórida da Fundação Harbor Branch Oceanographic Institute, de coautoria  deTara A. Peterson, coordenadora de biologia celular cancerígena, FAU Harbor Branch; Priscilla Winder, Ph.D., pesquisadora associada em química, FAU Harbor Branch; Kirstie T. Francis, Ph.D., graduada pela FAU e atual pós-doutora em microbiologia molecular, Mote Marine Laboratory; Malcolm McFarland, Ph.D., professor assistente de pesquisa em ecologia do fitoplâncton, FAU Harbor Branch; Jill C. Roberts, cientista química, FAU Harbor Branch; e Jennifer Sandle, cientista química da FAU Harbor Branch, pesquisadores do Instituto Oceanográfico Harbour Branch da Florida Atlantic University, coletaram amostras de água de 20 locais na Indian River Lagoon, IRL, da Flórida, com 156 milhas de extensão, fronteira com 5 condados diferentes e 5 enseadas conectando a lagoa ao Oceano Atlântico, que nos últimos anos sofreu eventos de floração de fitoplâncton devido aumento das temperaturas sazonais com impactos ambientais sendo que a proliferação de algas produz moléculas orgânicas, muitas das quais tóxicas à humanos e animais, nas estações chuvosa e seca em período de 3 anos, sendo as amostras extraídas para concentrar moléculas orgânicas e os extratos utilizados em testes  para identificar presença de toxinas conhecidas ou emergentes. Usando painel de linhas celulares humanas imortalizadas correspondentes a fígado, rim e cérebro para medir citotoxicidade, cujas  linhas celulares humanas projetadas para expressar transportadores de íons, glóbulos vermelhos e atividade contra enzima proteína fosfatase, foram utilizadas no estudo com resultados mostrando que cada toxina de controle induziu padrão consistente de citotoxicidade no painel de linhas celulares humanas testadas, daí, toxinas conhecidas foram vistas nas florações e como a toxicidade celular foi observada na ausência de florescimentos, sugerindo que pode haver toxinas emergentes ou combinação de toxinas presentes nesses momentos cujos resultados mostram que outras toxinas com potencial para serem prejudiciais à saúde humana podem estar presentes na lagoa. Dentre os produtores de ficotoxinas está Microcystis aeruginosa, cianobactéria de água doce encontrada no sul da IRL em quantidades mensuráveis de microcistinas nos esfregaços nasais de pessoas que vivem e trabalham na área, embora a descoberta de microcistinas nas membranas mucosas possa ser evidência de que o corpo está tentando eliminá-las. Os resultados publicados na revista Toxins, mostram que cada toxina de controle induziu padrão consistente de citotoxicidade no painel de linhas celulares humanas testadas, nas florações a citotoxicidade era devido a um único tipo de toxina  e na ausência de florações, a citotoxicidade observada refletiu mistura de toxinas ou foi causada por toxina não identificada. Dentre as conclusões do estudo, os locais mais ao norte da lagoa exibiram menos toxicidade que os locais ao sul enquanto flores citotóxicas foram observadas tanto no sul, Microcystis, quanto no norte, Pyrodinium, da lagoa e, na ausência de florações, South Fork, South Fork 2, North Fork e Middle Estuary, locais um a quatro, sul da IRL e no rio Banana e North Banana River, NASA, mostraram maior citotoxicidade no momento da avaliação. Os pesquisadores observam que as microcistinas são ameaça à saúde humana na lagoa nas florações e, devido à necessidade de transporte ativo, a toxina precisaria ser ingerida ou inalada para representar ameaça aos seres humanos sendo que a “ingestão pode ser evitada filtrando a água com carvão ativado”, concluindo que "da mesma forma, os efeitos devidos à inalação são bloqueados pela membrana mucosa que retém toxinas eliminadas na tosse, no entanto, podem ocorrer exposições a animais de estimação e animais selvagens."

Moral da Nota: um novo sistema de previsão de risco baseado em IA ajuda detectar precocemente casos mortais de câncer de pâncreas através do  sistema PRISM AI, utilizando dados de  de pacientes para ajudar identificar aqueles com probabilidade de desenvolver a forma mais comum da doença. O câncer de pâncreas é doença de difícil detecção sendo que o próprio pâncreas fica escondido por outros órgãos do abdômen, dificultando detecção de tumores nos exames com pacientes raramente apresentando sintomas nas fases iniciais, significando que a maioria dos casos é diagnosticada em fase avançada uma vez que já se espalhou à outras partes do corpo dificultando a cura.  Pesquisa publicada na revista eBioMedicine desenvolvida pela equipe de pesquisadores do Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial, CSAIL, do MIT, trabalhou com Limor Appelbaum, cientista do departamento de oncologia de radiação do Beth Israel Deaconess Medical Center em Boston, para desenvolver sistema IA que prevê a probabilidade de um paciente desenvolver adenocarcinoma ductal pancreático, PDAC, forma mais comum de câncer. O sistema superou os padrões de diagnóstico e poderá ser utilizado em ambiente clínico para identificar pacientes que poderiam se beneficiar do rastreamento ou testes precoces, ajudando detectar a doença mais cedo cujo objetivo era um modelo capaz de prever risco do paciente ser diagnosticado com PDAC nos próximos 6 a 18 meses, tornando mais provável detecção em estágio inicial e cura e, para desenvolvê-lo, examinaram registros eletrônicos de saúde existentes. O sistema resultante, conhecido como PRISM, consiste em 2 modelos I, com o primeiro usando redes neurais artificiais para detectar padrões nos dados incluindo idade dos pacientes, histórico médico e resultados laboratoriais, em seguida, calcula pontuação de risco do paciente individualmente, enquanto o segundo modelo IA foi alimentado com dados para gerar pontuação usando algoritmo mais simples. Os pesquisadores alimentaram os 2 modelos com dados anonimizados de 6 milhões de registros eletrônicos de saúde, 35.387 dos quais casos de PDAC, de 55 organizações de saúde nos EUA, usando os modelos para avaliar risco de PDAC dos pacientes a cada 90 dias até que não houvesse mais dados suficientes, ou, o paciente fosse diagnosticado com câncer de pâncreas e acompanharam os inscritos desde 6 meses após a primeira avaliação de risco até 18 meses após a última avaliação de risco para ver se foram diagnosticados com PDAC naquele período. Entre os que desenvolveram cancer do pâncreas a rede neural identificou 35% como de alto risco 6 a 18 meses antes do diagnóstico, o que os autores dizem ser melhoria  em relação aos atuais sistemas de rastreamento e, para maior parte da população em geral, não existe rotina de rastreamento recomendada no cancer do pâncreas como existe no cancer da mama ou cólon e os atuais critérios de rastreamento detectam 10% dos casos. Dada a importância de detectar a doença na fase mais precoce possível, o sistema parece promissor, diz Michael Goggins,  professor de patologia e especialista em cancer do pâncreas na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, que não esteve envolvido no projeto, embora o estudo seja retrospectivo, analisando dados existentes e incumbindo modelos de fazer previsões hipotéticas a equipe começou trabalhar em estudo que reunirá dados sobre pacientes existentes, calculará fatores de risco e esperará quão precisas são as previsões. No futuro, o PRISM poderá ser implantado de 2 maneiras, ajudando selecionar pacientes à testes de câncer de pâncreas e, em 2º lugar,  ofereceria tipo mais amplo de rastreamento, levando o paciente sem sintomas fazer teste de sangue ou saliva que indicaria se necessita de mais testes.


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Capacidade renovável

A Agência Internacional de Energia avisa que a meta da COP28 de triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030, caminha de forma robusta caso governos ajam para aparar lacuna entre as atuais boas intenções e as políticas de investimentos necessários para realizar o trabalho, em trilha que países adicionam 50% mais capacidade de energia renovável em 2023 que em 2022, ao passo que energia solar fotovoltaica, PV, responsável por três quartos dos 510 gigawatts instalados no mundo teve aumento impulsionado por instalações recordes de renováveis na China, seguida pela Europa, EUA e  Brasil, com a China aumentando adições de eólica em dois terços e encomendando tanta energia solar nova em 2023 como o mundo inteiro o fez em 2022. Energias renováveis atingirão recorde de 7.300 gigawatts nos próximos 5 anos, 95% provenientes de solar e eólica, com China fornecendo 60% do total, enquanto a AIE afirma que a atividade só será suficiente para proporcionar aumento de 2,5 vezes na capacidade global e não a triplicação acordada pelos países nas negociações da COP28, pedra angular do esforço de manter vivo limite médio de aquecimento global de 1,5°C inserida em financiamento insuficiente ao desenvolvimento de energias limpas nos países em desenvolvimento como enorme obstáculo. O relatório da AIE prevê que a geração solar e eólica ultrapassará hidrelétrica em 2024, que as renováveis ultrapassarão o carvão em 2025 para se tornar a maior fonte mundial de geração de energia e eólica e solar ultrapassarão a nuclear em 2025 e 2026 enquanto renováveis responderão por 42% da geração global de eletricidade em 2028, no entanto, nenhuma das atividades será suficiente para que as renováveis atinjam 11 mil gigawatts de capacidade instalada, equivalente triplicar desde 2022 e, como acontece com a maioria das análises da AIE, o relatório apresenta um caso base à expansão das  renováveis e “ritmo acelerado” mostrando 21% mais capacidade, apenas suficiente para aumentar o total de 7.300 à 8.833 GW, aquém da meta da COP28. O relatório lista obstáculos para atingir a meta como Incertezas sobre o apoio às políticas governamentais, gargalos na rede provocados por investimento insuficiente em infra-estrutura, atrasos administrativos e de licenciamento, “aceitação social” de projetos locais e financiamento insuficiente nos países em desenvolvimento e, por fim, o relatório prevê que veículos eléctricos e biocombustíveis se desenvolvam em “poderosa combinação complementar para reduzir procura de petróleo”, com a procura de biocombustíveis crescendo 70% nos próximos 5 anos ao passo que o crescimento adicional é dificultado por questões na cadeia de suprimentos  e falta de apoio político.

O Canadá busca economizar através de plano do governo para rastrear plásticos que colocaria dinheiro no bolso dos consumidores e manteria os resíduos plásticos fora dos aterros, ao buscar informações sobre novo registro nacional de plásticos com especialistas dizendo que criaria sistema lucrativo que incentivasse empresas recuperar resíduos plásticos e reembolsar o cidadão e varejistas pela entrega de restos. O cientista e pesquisador da Faculdade de Mudanças Ambientais e Urbanas da Universidade de York, avalia que “o lixo plástico é mercadoria como qualquer outra” e, “no momento, não estamos fazendo bom trabalho de reciclagem dos plásticos” e o registro rastrearia itens plásticos produzidos no Canadá, tudo, de recipientes de alimentos e bebidas a eletrodomésticos, roupas, pneus e equipamentos de pesca, enquanto documentos governamentais dizem que requisitos de comunicação provavelmente se aplicariam aos produtores de plástico e não aos consumidores. Comunicado de imprensa do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá informa que “o governo utilizaria esta informação para medir o progresso em direção ao desperdício zero de plástico e informar ações para acelerar a transição à economia circular” dizendo que caberia aos produtores de itens plásticos responsabilidade de informar quantos itens entram no mercado e o que acontece no final, quando os canadenses jogaram fora 4,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos em 2019 reciclando 9%.  O governo afirma que ajudaria empresas "tomar decisões de investimento que melhorariam concepção, fabrico, recolha e gestão de plásticos" enquanto estudo econômico avalia que o plástico que acabou como lixo ou em aterros representou oportunidade perdida de  US$ 7,8 bilhões em 2016 ao Canadá embora o objetivo central do registro seja reduzir poluição e danos causados pelos resíduos plásticos. Na Colúmbia Britânica, regulamentos provinciais de gestão de resíduos rigorosos responsabilizam fabricantes, distribuidores e retalhistas pelo que acontece aos produtos que vendem, enquanto solução que a indústria desenvolveu para controlar resíduos é uma rede de mais de 160 depósitos Return-It espalhados que pagam depósitos em troca de garrafas de vidro e plástico, caixas de bebidas com canudos, bolsas de bebidas e sacos de vinho vazios. Os colombianos britânicos não receberão mais talheres e sacolas plásticas descartáveis ao passo que o sistema rastreia resíduos plásticos há 30 anos e recuperou mais de 25 bilhões de recipientes de bebidas, com o presidente e CEO da Return-It dizendo que “administra um registro de plásticos” com  “a maior parte dos dados que o registro  procura” e, para cumprir as regulamentações do governo federal, os fabricantes de outras partes do país podem adotar modelo semelhante de incentivo de retorno. Em comunicado à imprensa, o Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá disse que o registro “complementaria requisitos de relatórios existentes como dos programas provinciais e territoriais” esperando-se que seja implementado a partir de 2025, antes de entrar em vigor em 2028 enquanto o governo federal apoiaria a meta de atingir zero desperdício plástico até 2030.

Moral da Nota: estudo avisa que somente em 2018 produtos químicos plásticos são associados a US$ 249 bilhões em custos de saúde nos EUA, contribuindo no desenvolvimento de doenças crônicas e morte, sendo que um grupo de produtos químicos plásticos que perturbam hormonios custam bilhões ao sistema de saúde americano mais de US$ 249 bilhões só em 2018. A pesquisadora de ecotoxicologia e ciências ambientais da Universidade de Gotemburgo, Suécia, avisa que embora estimativas dos custos dos plásticos à saúde tenham sido feitas no passado, o estudo fornece "melhor compreensão das possíveis rotas de exposição, dos possíveis alvos à soluções”, na esperança que inicie discussão social sobre utilização de plásticos e riscos à saúde relacionados, segundo a diretora-gerente e diretora científica do Food Packaging Forum, fundação sem fins lucrativos de Zurique focada na comunicação e investigação científica. A pesquisa analisou o impacto de 4 grupos de produtos químicos utilizados na produção de produtos plásticos, retardadores de chama chamados éteres difenílicos polibromados, ou PBDE, ftalatos, usados para tornar o plástico mais durável, bisfenóis como BPA e BPS usados para criar plásticos duros e resinas e substâncias per e polifluoroalquil, conhecidas como PFAS, apenas fração dos produtos químicos usados para fazer plásticos. Relatório da ONU revelou que mais de 13 mil produtos químicos são utilizados na produção de plásticos enquanto o FDA propõe proibição de ingrediente potencialmente prejudiciais encontrado em  refrigerantes sendo que “existem mais de 16 mil produtos químicos usados para fazer plásticos ou presentes em produtos plásticos acabados e “se houvesse dados disponíveis sobre todos esses 16 mil produtos químicos plásticos, os custos reais de saúde associados seriam mais elevados”, sendo que desses 16 mil produtos químicos mais de 3 mil são conhecidos por terem propriedades perigosas e 10 mil carecem de dados.


domingo, 18 de fevereiro de 2024

Desperdício e IoT

Na Irlanda, a Positive Carbon desenvolveu sistema de sensores que colocados em caixotes do lixo, registram tipo e quantidade de alimentos descartados, sendo que a integração desta tecnologia com softwares de compras das empresas permite gestão de estoques mais precisa, reduzindo desperdício. Os sensores que combinam tecnologias de câmera e método de detecção remota que utiliza luz para medir distâncias, fornece dados sobre hábitos de desperdício, resultando em decisões informadas sobre quantidade de alimentos a comprar e preparar, sinergia entre tecnologia e gestão culinária, beneficiando finanças das empresas e contribuindo à conservação ambiental. O líder da Positive Carbon enxerga futuro onde a tecnologia expande horizontes com planos que incluem análise de conteúdo nutricional e sugestão de ajustes de cardápio conforme padrões de consumo, sendo que o sistema promete ser pilar na automatização e otimização da indústria culinária e, com a recente injeção de 2,3 milhões de euros na Positive Carbon, a coloca em posição para investigação e desenvolvimento sendo que o capital não só reforça o desenvolvimento atual, mas abre portas à futura implementação IA, com potencial de prever e aconselhar sobre gestão alimentar antes que se transforme em desperdício.

O desperdício tornou-se problema global crítico com quase 10% das 8 bilhões de pessoas subnutridas e quase um terço dos alimentos descartados antes de consumidos, com a Positive Carbon desenvolvendo sistema em sensores que rastreia e reduz o desperdício de alimentos,  tecnologia, que provocou reduções de 50% no desperdício economizando mais de 4 mil toneladas e projetada para cozinhas comerciais, reduz custos e lixo. A Positive Carbon usa câmeras e sensores no teto, acima das caixas de alimentos que rastreiam de modo autônomo o que entra na caixa ao passo que os sensores estão conectados ao software de compras do cliente, como resultado, o sistema monitora o que a empresa compra e conecta a informação ao desperdício sendo que os dados são agregados para gerar intervenções direcionadas, enquanto os planos de compras são ajustados podendo significar comprar menos de um ingrediente específico, preparar menos porções de um prato específico ou simplesmente colocar menos comida nos pratos. Os resíduos sólidos são preocupação crescente e, dentro desta área as fraldas descartáveis ​​ocupam um lugar de destaque, com o Programa da ONU ao Meio Ambiente informando que mais de 300 mil fraldas são jogadas fora a cada minuto no mundo, muitas vezes acabando em aterros sanitários ou incineradores, contribuindo no impacto ambiental, tendo como principal obstáculo à reciclagem o polímero superabsorvente conhecido como poliacrilato de sódio, utilizado no revestimento. A reciclagem do poliacrilato de sódio envolvia imersão do material em ácido forte e aquecimento a 80°C por 16 horas, método ineficiente que consome energia, tornando-o impraticável para uso extensivo, com cientistas do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, na Alemanha, desenvolvendo  técnica que utiliza luz ultravioleta para decompor o poliacrilato de sódio em 5 minutos, mais rápido e eficiente em termos energéticos. O processo envolve umedecer forros das fraldas com água e expô-los à luz ultravioleta  de mil watts, cujo resultado é a dissolução do polímero num líquido que pode ser convertido em agente espessante ou adesivo, além  de ser  método 200 vezes mais rápido que a abordagem ácida tradicional enquanto o agente resultante poderia ser usado em outras tarefas, embora não tenham sido especificadas quais.

Moral da Nota: a indústria alimentar é dominada por multinacionais que incentivam padrões de produção e consumo insustentáveis e pouco saudáveis como principal motor da perda de biodiversidade no planeta, na verdade, só a agricultura é a ameaça identificada à 24 mil das 28 mil, 86%, espécies em risco de extinção. Responde por 30% das emissões globais de CO2 e 80% do desmatamento decorrente a expansão agrícola, ainda assim, o sistema não consegue erradicar a fome e inanição sendo que o “sistema alimentar falha no fornecimento de nutrição às pessoas” com “900 milhões passando fome,” segundo a diretora do KM ZERO Food Innovation Hub. Até 2050 a tarefa será alimentar 9,8 bilhões de pessoas, além disso, doenças relacionadas a alimentação são uma das 3 principais causas de morte no mundo colocando sistemas de saúde públicos sob pressão com grandes custos à sociedade. A KM ZERO facilita e acelera mudança através da inovação aberta e investimento analisando necessidades da indústria alimentar que assumem a forma de desafios de sustentabilidade, estando relacionados com embalagens, utilização de água, emissões de carbono, qualidade do solo, etc, essencialmente, o que a ONG faz é procurar soluções de startups à novos materiais e produtos e ligá-las a investidores, à indústria alimentar e aos retalhistas para que dimensionem suas ideias. Trabalha com educação através da iniciativa Gastro Genius Lab, oferecendo as crianças oportunidade de mudar sua relação com a comida e, talvez, aprender a amar um ou dois vegetais no processo, sendo um exemplo de startup que busca fazer sua parte para reduzir o desperdício de alimentos é a Mimica,  sediada em Londres, que desenvolveu etiqueta sensível à temperatura para colocar nas embalagens de alimentos e ajudar discernir quando um produto realmente estragou, em vez de depender de uma data de validade muitas vezes conservadora e, quando a comida começa a estragar, o adesivo, chamado Bump, passa da textura lisa à textura acidentada. Outra empresa é a Trazable que usa  blockchain com software que digitaliza registros de rastreabilidade do fornecimento de alimentos, sendo os contaminados  rastreados até a origem, acelerando tempos de resposta aos alertas e permitindo fornecedores controlarem o ciclo de vida de um produto internamente ou ao longo de toda a cadeia de valor do campo ao prato.