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terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Economia Climática

Estudo sobre economia climática superestimou a queda projetada na renda global devido mudanças climáticas, com pesquisadores reconhecendo erros de dados econômicos falhos do Uzbequistão e levando a revista Nature retirar o artigo pós meses de escrutínio sobre os enganos discutidos, quer dizer, pesquisadores do Instituto Potsdam de Pesquisa em seu estudo de abril de 2024 sobre Impacto Climático da Alemanha originalmente projetaram que as mudanças climáticas reduziriam a renda global em 19 % até 2050, ao passo que, análise revisada coloca esse número em 17 %. No entanto, vale dizer que, apesar dos erros, o autor principal Maximilian Kotz avalia que a mensagem fundamental do estudo permanece intacta, ao dizer que, "a mudança climática será enormemente prejudicial à economia mundial se não for controlada e o impacto atingirá com mais força áreas de menor renda que contribuem com menores emissões". Leonie Wenz, coautora, observa que as estimativas revisadas mostram danos globais de US$ 32 trilhões em termos ajustados pelo poder de compra, abaixo dos US$ 38 trilhões originais, enquanto Gernot Wagner, economista climático da Columbia Business School que não participou da pesquisa, avalia que as conclusões principais permanecem significativas independente do valor específico, literalmente diz, "a mudança climática já atinge os lares, cujos prêmios de seguro residencial nos EUA já registraram, em parte, duplicação apenas na última década". Os dados do estudo haviam sido incorporados aos cenários climáticos usados pela Rede ao Esverdeamento do Sistema Financeiro, com bancos centrais do mundo confiando à testes de estresse climático, daí, os autores buscaram revisar e reenviar o artigo. A retratação decorre após economistas da Universidade de Stanford liderados por Solomon Hsiang, descobrirem anomalias nos dados subjacentes do estudo, em que, o conjunto de dados do Uzbequistão mostrava PIB nacional despencando 90% em 2000, em seguida, se recuperando em mais de 90% em regiões até 2010, no entanto, tais números são inconsistentes com dados do Banco Mundial que mostravam crescimento anual real entre -0,2% e 7,7% nesse período, daí, Hsiang dizer, "quando removemos Uzbequistão, tudo mudou". Para finalizar, ao remover um único país da análise reduziu o impacto estimado pelo estudo das mudanças climáticas no PIB mundial de 62% à 23% até 2100 e, de 19% à 6% até 2050, com pesquisadores de Potsdam revisando estimativa que custos dos danos excederiam custos de construção de resiliência reduzindo a probabilidade de 99% à 91%.

Considerando melhores instrumentos visando estimativas e impactos futuros, John Martinis, Prêmio Nobel de Física de 2025 que alcançou supremacia quântica no Google em 2019, falando à Bloomberg News em Tel Aviv, nos alerta que a China fechou o que antes era lacuna de 3 anos na tecnologia da computação quântica estando atrás dos EUA por meros "nanossegundos", quer dizer, "é definitivamente muito competitiva nisso," concluiu. Alerta ainda que "as pessoas devem estar preocupadas que há uma corrida real" e o agora professor na Universidade da Califórnia, Santa Barbara, enquanto ambas as nações competem para construir computadores quânticos com aplicações práticas, marco que, especialistas dizem ainda estar entre 5 e 10 anos de distância, sendo que seus comentários ecoam preocupações similares levantadas pelo CEO da Nvidia, Jensen Huang, ao alertar que a China está "nanossegundos atrás dos EUA em IA". Vale a nota que, Martinis, liderou a equipe de desenvolvimento de computação quântica do Google, esclarecendo que cientistas chineses replicam rapidamente avanços ocidentais e, diz, "eu leio seus artigos, eles entendem o que estão fazendo muito claramente" e, conclui, "quando pessoas no Ocidente publicam artigos sobre avanços recentes, frequentemente em alguns meses publicam artigo com capacidades similares" e o progresso da China é evidente em desenvolvimentos de hardware. Para finalizar, em março de 2025, cientistas chineses revelaram o Zuchongzhi 3.0, processador quântico supercondutor de 105 qubits que supostamente opera 10^15 vezes mais rápido que os principais supercomputadores clássicos à tarefas específicas, daí, as métricas de desempenho do sistema incluindo 99,90% de fidelidade rivalizam de perto com as do chip Willow do Google, anunciado em dezembro de 2024. Quer dizer, a China mobilizou investimento em escala estatal para dominar tecnologias quânticas e, com apoio governamental, totalizou US$ 15,3 bilhões em 2023, mais que o dobro do apoio combinado dos setores público e privado norte americano e já lidera globalmente em comunicações quânticas com rede quântica se estendendo por mais de 10 km através de 17 províncias e 80 cidades.

Moral da Nota: a União Europeia acordou adiar a lei de desmatamento do bloco por um ano, estendendo o prazo à grandes empresas cumprirem até 30 de dezembro de 2026 e, o acordo, entre a Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho da UE, marca o 2º adiamento da regulamentação pela pressão da indústria e estados membros em encargos burocráticos e impactos comerciais. Duplica a proposta original da Comissão de um período de carência de 6 meses e elimina necessidade de fase de transição adicional, com pequenas e microempresas tendo até 30 de junho de 2027 para atender requisitos que proíbem venda de produtos vinculados a desmatamento pós dezembro de 2020 com especialistas avaliando que, proteger florestas, deveria ser do interesse de todos, mas as regras da UE sobre desmatamento colocam Estados-membros, ambientalistas e grupos de interesse uns contra os outros e, por enquanto, aqueles que são a favor da simplificação e de regras mais brandas levam vantagem. Para ambientalistas europeus, este é mais um revés pós término da COP30 que não apresentou plano de ação à conter desmatamento, enquanto o Parlamento Europeu votava pela simplificação do regulamento da UE sobre produtos livres de desmatamento, EUDR, apoiado no Partido Popular, PPE, e grupos de extrema-direita, desenvolvimento que repercutirá políticas duradouras. Além do adiamento da lei, requisitos de reporte às empresas serão flexibilizados,  incluindo obrigações em relação à apresentação de declaração de due diligence ao colocar produto no mercado da UE. A Diretiva de Desenvolvimento da UE, EUDR, adotada em 2023, foi saudada por ambientalistas como avanço na luta à proteger a natureza e combater mudanças climáticas, sendo que a lei proíbe produção de bens em áreas desmatadas pós dezembro de 2020 incluindo itens como café, cacau, soja, madeira, óleo de palma, papel de impressão e borracha, além de gado. Por fim, a indecisão em relação às regras irritou defensores do meio ambiente e empresas que já investiram para se adequarem, com a Ferrero e a Nestlé entre as que alertaram que o novo adiamento “prolonga incerteza jurídica e de mercado, penaliza pioneiros e recompensa inação”, com Pierre-Jean Sol Brasier, do grupo ambientalista Fern, dizer que a medida envia “sinal desastroso em todos os níveis”, com as idas e vindas sobre a lei como “caricatura da incompetência política da UE”, alertando que, “estamos criando instabilidade às empresas que investiram milhões” na adequação às normas e acrescentou que agora a porta está aberta “à que legisladores esvaziem” o texto.

domingo, 30 de novembro de 2025

O Nosso Tempo

Na França, o rio Loire atinge níveis mínimos com a seca envolvendo afluentes em região famosa por castelos, Patrimônio Mundial da UNESCO, sofre com níveis de água baixos sem precedentes colocando em risco a ecologia do rio, com bancos de areia se estendendo por kms, barcos encalhados, além de 4 usinas nucleares dependentes do fluxo de água à resfriamento, um rio com características rasas mesmo em seus melhores momentos que  deságua no Atlântico permitindo caminhar de uma margem a outra. Eric Sauquet,chefe de hidrologia do Instituto Nacional de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da França, INRAE, avalia que o vale do Loire, Patrimônio Mundial da UNESCO, famoso por castelos como Chambord, Chenonceau e Azay-le-Rideau já sofreu níveis de água baixos antes, mas a seca deste ano deve ser sinal de alerta, concluindo, "os afluentes do Loire estão completamente secos, sem precedentes" e, sob o olhar dos peixes do rio, os baixos níveis de água são desastrosos, considerando que a água rasa perde oxigênio à medida que esquenta, tornando-os presas fáceis às garças e outros predadores, nos esclarecendo que "os peixes precisam de água para viver, água fria e quando seus níveis ficam baixos, o ambiente encolhe e ficam presos em poças". A vazão está em 40 m³/segundo menos de um vigésimo dos níveis médios anuais e seria menor se as autoridades não liberassem água das barragens de Naussac e Villerest, da década de 1980, para garantir abastecimento de água de resfriamento à 4 usinas nucleares construídas ao longo do rio, Belleville, Chinon, Dampierre e Saint-Laurent, têm capacidade combinada de 11,6 gigawatts respondendo por um quinto da produção de eletricidade francesa, com o detalhe que, várias usinas da EDF fora de operação por motivos técnicos e outras com capacidade reduzida devido à baixa vazão do rio, o fechamento de uma ou mais usinas pode elevar os preços da energia na Europa.  Grandes incêndios florestais, chuvas torrenciais no metrô de Paris e tempestades no sul da França, com vilas no sul tendo água trazida por caminhões pois as fontes naturais secaram, daí, "mudança climática em andamento".

Em paralelo,os rios Danúbio, Reno, Yangtze e Colorado se reduzem, com o problema que não apenas os rios estão com níveis baixos, mas seus reservatórios levam à escassez de água em partes do mundo, incluindo o Reino Unido, no entanto, inundações causaram estragos em muitos desses rios na última década, em alguns casos meses antes da recente seca. O sistema terrestre é interdependente, quando algo muda, repercute, quando temperaturas atmosféricas aumentam os padrões climáticos afetam onde, quando e quanta chuva cairá, em consequência, a distribuição da água muda entre regiões e os rios se adaptam o que afeta a quantidade de água doce disponível à consumo humano, considerando ser pequena fração da água do planeta e grande parte retida no gelo, embora seja verdade desde que a humanidade existe, as mudanças climáticas alteram locais onde a água doce é encontrada, de modo que, em geral, lugares com abundância recebem mais, enquanto lugares com pouca água, menos. A intensidade do rio reflete a quantidade de água disponível, que depende do clima embora possa ter vazões maiores ou menores por períodos mais longos ainda pode transportar o mesmo volume de água ao longo de um ano, daí, estratégias de gestão são elaboradas conforme o comportamento do rio no passado, havendo necessidade de levar em conta as possibilidades de fluxo dos rios porque a aparência atual não é como sempre foi, nem sempre será. Dois terços dos rios do mundo estão em condições precárias, secando ou sobrecarregados com águas de enchentes, conforme relatório sobre a emergente crise global da água pela OMM, Organização Meteorológica Mundial, órgão que soou o alerta oficial sobre mudanças climáticas, em 1979, agora é a voz anunciando catástrofe iminente no suprimento de água doce do mundo em que metade da população mundial enfrenta escassez de água pelo menos um mês do ano, de acordo com a ONU Água e, até 2050, três quartos da humanidade enfrentarão seca e escassez no abastecimento de água. O planeta possui 2,5% de água doce, 2% na forma de gelo ou neve e 0,5% é líquida, disponível à uso, sendo que os seres humanos usam 4 trilhões de toneladas de água anuais, taxa pródiga de consumo, má gestão e desperdício que quadruplicou desde meados do século XXI com a produção de alimentos respondendo por 72% dessa água, aí, se inserem demandas conflitantes de megacidades, mineração, agricultura, manufatura e energia se combinando com perturbações climáticas para desencadear escassez de água em regiões semiáridas e áridas, enquanto inundações explodem em regiões tropicais e temperadas, junte a isso, a população global devendo aumentar 21%, dos atuais 8 bilhões à 9,7 bilhões em 2050, em demanda global por água podendo aumentar de 20% a 30% no mesmo período. Por fim, a OMM nos alerta que "ao longo do ciclo da água, os extremos são evidentes", rios, lagos, reservatórios, águas subterrâneas e geleiras apresentam desvios do normal, partes da África, Europa e Ásia inundadas por enchentes, América do Sul e sul da África sofrendo secas severas, enquanto geleiras continuam perder gelo recorde, contribuindo à elevação do nível do mar, eventos que trouxeram custos humanos e econômicos generalizados.”

Moral da Nota: o Paquistão está entre os mais vulneráveis ​​ao clima do mundo e luta contra condições climáticas extremas mais frequentes e intensas, embora produza menos de 1% das emissões globais de gases efeito estufa, enfrenta ondas de calor recorrentes, chuvas fortes, inundações de lagos glaciais e aguaceiros repentinos que devastam comunidades em horas, em que inundações repentinas e deslizamentos de terra são característica regular das monções, especialmente no noroeste do país onde aldeias ficam em encostas e margens de rios. Em 2022, o país sofreu sua pior temporada de monções registrada, matou mais de 1.700 pessoas e causou US$ 40 bilhões em danos, 12 anos antes, inundações semelhantes afetaram pelo menos 20 milhões de pessoas, dados oficiais, com a maioria das vítimas na província montanhosa de Khyber Pakhtunkhwa, noroeste, onde vilas inteiras foram varridas pela enchente, deslizamentos de terra e casas desabando deixando famílias soterradas pelos escombros. Em Buner, distrito em Khyber Pakhtunkhwa, 100 km a noroeste da capital, Islamabad, pelo menos 207 pessoas morreram em 2 dias com inundações e deslizamentos varrendo vilas e destruindo casas, com autoridades relatando que Buner foi atingida por uma tempestade, fenômeno raro em que mais de 100 mm de chuva caem em 1 hora em uma área, em Buner, houve mais de 150 mm de chuva em 1 hora, valendo a ressalva que, tempestades ocorrem em regiões montanhosas na estação das monções quando condições climáticas podem produzir chuvas repentinas e localizadas, levando a deslizamentos de terra e tendem ocorrer em pequena área de 20 a 30 km² e geralmente são acompanhadas por trovões, relâmpagos e, às vezes, granizo. Por fim, no Paquistão, a temporada de monções normalmente vai de julho a setembro com pico de chuvas em agosto e, desde o final de junho, chuvas torrenciais de monções atingem o país, provocando deslizamentos de terra e enchentes repentinas que mataram mais de 650 pessoas e feriram quase mil, dados oficiais, com o presidente da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, afirmando que o Paquistão estava passando por mudanças em padrões climáticos por mudanças climáticas, concluindo que, "a intensidade das monções de 2025 é 50 % a 60% maior que 2024", com a província mais atingida, Khyber Pakhtunkhwa, registrando 425 mortes, seguida por 164 em Punjab, sendo inundações repentinas e deslizamentos de terra, característica regular da temporada de monções.

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Clima Global

A OMM prevê que a temperatura média global deverá permanecer em níveis recordes ou próximo nos 5 anos seguintes, podendo subir 2ºC acima dos níveis pré-industriais, 1850-1900, com o relatório prevendo que a temperatura média anual global à cada ano entre 2025 e 2029 deverá ser entre 1,2 ºC e 1,9 ºC superior aos níveis de 1850-1900, com 80% de chance que pelo menos um ano entre 2025 e 2029 seja mais quente que o ano mais quente já registrado, atualmente 2024. O relatório afirma que embora o aumento de temperatura esperado de 1,5°C e 2°C esteja próximo ao limite do Acordo de Paris, não equivale a violação do limite, visto que é normalmente medido ao longo de um período mais longo de pelo menos duas décadas, com o secretário-geral adjunto da OMM, Ko Barrett, prevendo riscos crescentes nas sociedades, economias e desenvolvimento sustentável decorrente ao aquecimento global constante. No Acordo de Paris países concordaram manter o aumento na temperatura média global da superfície a longo prazo abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais, com esforços para limitar o aumento a 1,5 ºC considerando que a comunidade científica alertou que um aquecimento de mais de 1,5 ºC pode levar a impactos severos nas mudanças climáticas e a condições meteorológicas extremas, importando cada fração de grau de aquecimento. Sobre o estado do clima global 2024, o relatório confirmou que 2024 foi o primeiro ano civil a ficar mais de 1,5 ºC acima da média de 1850-1900, com temperatura média global próxima à superfície de 1,55 ºC ± 0,13 ºC acima do nível pré-industrial, quer dizer, o ano mais quente nos 175 anos de registro observacional.

As mudanças climáticas estão levando fungos aprenderem se adaptar representando ameaça à saúde humana, considerando que infecções fúngicas variam de condições menores, pé de atleta, a doenças respiratórias fatais e infecções da corrente sanguínea com os fungos conhecidos pela capacidade de se ajustar e prosperar em ambientes mutantes. Considerando o aumento das temperaturas, mudanças nos padrões de precipitação e eventos climáticos extremos caracterizando planeta em aquecimento, aumenta sua capacidade de colonizar e causar doenças, no entanto, há falta de diagnósticos, tratamentos e vacinas disponíveis à infecções fúngicas aumentando resistência aos medicamentos existentes. Na agricultura há aumento nas infecções fúngicas causado pelas mudanças climáticas em plantações e ameaçando segurança alimentar, considerando que são um dos 5 "reinos" da vida na Terra colocados em categoria distinta separada de animais ou plantas e, históricamente, a maioria não causa doenças, significando que não são "patogênicos" por conta do fato que ao contrário de vírus e bactérias a maioria dos fungos sobrevive ou se espalha em temperaturas corporais de 37 °C, aí, por conta do aumento das temperaturas globais, alguns fungos estão se adaptando para sobreviver em ambientes mais quentes, incluindo o corpo humano. A Candida auris, por exemplo, surgiu simultaneamente em 3 continentes em fins de 2000, infecta pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos tornando-se preocupação real, podendo invadir a corrente sanguínea e tornando-se resistente a medicamentos, com estudo em Omã, por exemplo, registrando taxa de mortalidade acima de 50%. Por conta de deficiências sanitárias, vigilância e monitoramento de rotina, não se conhecem quantas pessoas são afetadas por infecções por Candida auris, daí, o OMS-GLass, Sistema Global de Vigilância da Resistência e Uso de Antimicrobianos da Organização Mundial da Saúde,OMM, programa que fornece abordagem padronizada para coletar e analisar dados à vigilância da resistência antimicrobiana, incluiu protocolo à Candida auris, com pesquisadores apontando à probabilidade que o surgimento seja impulsionado pelo aumento das temperaturas causado pelo clima. Estudo de 2022 observou que temperaturas mais altas podem ter adicionado "pressão seletiva" sobre a Candida auris levando à disseminação de cepas "adaptadas à salinidade e temperaturas mais altas semelhantes às condições encontradas no organismo humano" e estudo em revisão por pares sugere que sem estratégias eficazes para combater mudanças climáticas, a família Aspergillus, outro tipo de fungo, poderia expandir alcance à áreas mais ao norte da Europa, Ásia e Américas expondo pessoas a infecções respiratórias fatais à medida que aumentam as temperaturas.  Mudança nos padrões de precipitação, aumento da umidade e agravamento dos eventos  extremos estão levando patógenos fúngicos à novas áreas, por conta do aumento do crescimento de mofo interno,considerando que abrange um grupo diverso de espécies de fungos podendo causar impactos na saúde quando inalado por pacientes com condições de saúde subjacentes,como asma. Incêndios florestais e inundações, transportam patógenos fúngicos à novas regiões, espalhando esporos além de onde seriam encontrados aumentando a ameaça que representam à saúde humana e à agricultura, por exemplo, o coccidioides, fungo encontrado em solos no sudoeste dos EUA e partes da América Central e do Sul, causa a febre do vale ou infecção pulmonar que pode ser fatal à humanos e animais, estimando-se que causem de 206 mil a 360 mil casos por ano nos EUA. Por fim, estudo de 2019 utilizando modelos climáticos para projetar que o alcance da febre do vale poderia se expandir à estados mais ao norte dos EUA, como Idaho, Wyoming e Nebraska, estima que, até 2100, os casos nos EUA podem aumentar em 50% à medida que mais regiões desenvolvem climas adequados à transmissão.

Moral da Nota: estudo publicado na Nature Communications de pesquisa do Brasil e do Instituto Max Planck de Química, na Alemanha, quantifica, impactos do desmatamento local e alterações climáticas no clima da amazônia, como principal causa da redução das chuvas na estação seca que diminuiu quase 8% desde 1985. A floresta Amazônica desempenha papel fundamental no sistema climático global, no entanto, são observadas alterações nos ciclos hídrico, do carbono e da energia na região, influenciando, por exemplo, os níveis de precipitação, com estudos anteriores não conseguindo diferenciar quantitativamente a contribuição dos principais fatores, o aumento da temperatura global provocado pelas emissões de gases efeito estufa e o aumento da desmatamento local. O investigador climático da Universidade de São Paulo e autor do novo estudo, Luiz Machado, explica na Nature Climate Change que “o desmatamento explica quase 75% da redução da precipitação na estação seca”, concluindo que, “mesmo pequenas alterações na precipitação na estação seca pode ter impacto desproporcional na saúde da vegetação”, considerando que na estação seca ocorre 26% da precipitação média, 281 mm, comparados com 1.097 mm na estação chuvosa. Por fim,o estudo analisa o clima futuro da Amazônia em 2035 com Christopher Pohlker, do Instituto Max Planck de Química, alertando que “se o desmatamento persistir os dados indicam que pode ocorrer aumento adicional da temperatura de 0,6ºC e redução da precipitação de 7 mm na estação seca, comparada com a atual”.

Tempo real: relatório sobre a Lacuna de Produção de 2025 afirma que planos de produção dos governos ao carvão, petróleo e gás estão 120% acima dos níveis alinhados com 1,5 ºC e 77% acima dos consistentes com aumento de 2 ºC, planejam produzir mais que o dobro da quantidade de combustíveis fósseis em 2030 compatível com a limitação do aquecimento global. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

O Relatório

Aquecimento Global pode chegar a 2,5°C ainda neste século em prevalecendo as atuais políticas, é o que nos alerta o Relatório Climático da ONU podendo fazer diferença iniciativas de reflorestamento mais que cerimoniais, integradas a meios locais de subsistência além de criação de grupos comunitários de proteção florestal, empoderamento de jovens via programas de emprego verde e vinculação de incentivos ao plantio de árvores à proteção de bacias hidrográficas. Instituições de ensino devem, segundo o relatório, tornarem-se centros de aprendizagem ambiental através de campanhas na mídia, currículos escolares e estruturas de governança local promovendo responsabilidade ecológica, deste modo, a proteção ambiental fará parte da consciência social em vez de diretriz governamental. A meta de 1,5 º C será ultrapassada significando mais inundações mais secas e assim por diante, além de ameaça à pontos de inflexão com consequências irreversíveis, com o secretário geral enfatizando "triste verdade que não conseguimos manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC", com as emissões globais continuando aumentar em 2024, a OMM avisa que aumentaram ainda mais que em qualquer outro momento desde o início das medições em 1957. No que diz respeito ao Brasil, o diretor alemão do Greenpeace, Martin Kaiser, alerta que, se o desmatamento aumentar pontos percentuais, a floresta tropical se transformará em savana e "o clima global entrará em colapso e, sem proteger a Amazônia não há proteção climática, verdade científica quanto inconveniente" considerando que áreas florestais como da Amazônia são reservatórios naturais de gases efeito estufa e, o que está lá contido, não polui o clima.

Guerras e outras crises cresceram como prioridades de muitos governos e quase em todos os lugares os cofres estão apertados, além do lobby petrolero e gás buscando desacelerar transição energética, com o presidente norte americano como aliado e, com a saída dos EUA, há falta de dinheiro tanto às conferências da ONU quanto ao apoio à proteção climática e adaptação ao aumento das temperaturas e suas consequências, importante aos países mais pobres. Muitos não fizeram sua parte contrariando compromissos assumidos, apenas parte apresentou novos planos de proteção climática até 2035 insuficientes para conter a crise, com Simon Stiell, dizendom "precisamos agir, rápido". Laura Schafer, chefe do departamento de Política Climática Internacional da organização Germanwatch, avalia que a adaptação é o principal item da agenda oficial necessitando indicadores que tornem o progresso mensurável e, "para isso, países pobres e vulneráveis ​​precisam de clareza e confiabilidade sobre como receberão apoio financeiro às medidas de proteção climática para lidar com as consequências." A UE por muito tempo vista como defensora de maior ambição, só concordou com a meta climática para 2035 prevista no último minuto, agora quer atingir suas metas de redução de emissões de até 5 % até 2031 através de certificados climáticos emitidos no exterior, com Niklas Hohne, do Instituto NewClimate, descrevendo como retrocesso que torna menos provável que consigamos atingir neutralidade climática até 2050, agora a UE permite certificados que havia excluído da meta à 2030 devido dúvidas sobre confiabilidade. Por fim, especialistas concordam que, sem o acordo, o mundo estaria em situação pior, ou, seja, aquecimento global de 4º C a 5 º C, como previsto antes, com Hohne referindo-se à rápida expansão das energias renováveis dizendo que o mundo mudou e continuará mudando "o Acordo de Paris sobre o Clima colocou algo em movimento e não pode ser interrompido".

Moral da Nota: o aquecimento global impulsionado pela geração de energia a carvão nas principais economias industrializadas aqueceu o planeta além dos limites de segurança, com EUA, China e Índia entre os maiores emissores de carbono acelerando o derretimento das geleiras no Himalaia e adicionando umidade à atmosfera, excesso, que retorna na forma de tempestades, aumentando frequência e intensidade das inundações no sul da Ásia. No entanto, o Sul da Ásia oferece modelos de ação ambiental liderada pela comunidade como no Rajastão, Índia, a vila de Piplantri, planta 111 árvores à cada menina que nasce, transformando a paisagem árida em floresta viva e, ao mesmo tempo, empodera as mulheres, iniciativa que une proteção ambiental e responsabilidade social, levou ao plantio de mais de 350 mil árvores revitalizando águas subterrâneas e biodiversidade. O modelo de “Vila Inteligente ao Clima” do Nepal oferece exemplo de resiliência e, via reflorestamento, captação de água da chuva e agricultura sustentável, as comunidades nepalesas se adaptaram às mudanças climáticas melhorando meios de subsistência, que poderiam orientar o Paquistão no desenvolvimento de zonas rurais resilientes ao clima particularmente em regiões como Swat, onde a degradação ambiental ameaça subsistência e cultura. Embora contribua minimamente às emissões globais, o Paquistão está entre os mais vulneráveis ​as mudanças climáticas, com o Vale do Swat no noroeste do país, antigo reduto do Talibã, conhecido como Suíça do Paquistão devido montanhas cobertas de neve, fica a 247 km da capital Islamabad. Swat é cidade natal da Prêmio Nobel, Malala Yousafzai, que sobreviveu a tiro disparado pelo Talibã em 2012 por ousar defender educação às meninas e, nos últimos anos, o rio se tornou fonte de destruição inundando vilarejos e levando solo fértil que antes sustentava famílias, decorrente desmatamento descontrolado despojou Swat de proteção natural com redução das florestas amplificando enchentes deslizamentos de terra e carregando lodo e detritos rio abaixo, com registro entre 249 e 306 incêndios florestais danificando 1.918 hectares de floresta. Por fim, Swat precisa de planejamento resiliente às mudanças climáticas com sistemas de alerta precoce, leis de zoneamento ecológico e projetos de restauração de bacias hidrográficas  para salvaguardar a população e seu patrimônio natural, embora os desafios enfrentados por Swat não sejam isolados refletindo padrão mundial.  

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Vulnerabilidade

Relatório do Banco Mundial apresenta quadro da economia paquistanesa examinando redução da pobreza, desigualdade, resiliência, proteção social e governança, identificando a reversão dos ganhos na redução da pobreza e  aumento da desigualdade como desafios, abrangendo domínios desde mercados de trabalho a transferências sociais, no entanto, o argumento climático exige atenção já que as soluções propostas demonstram aparência de soluções que carecem conhecimento aprofundado das vulnerabilidades climáticas do país. Classifica mudanças climáticas como potente multiplicador de ameaças, projeta que perdas induzidas pelo clima no país atingirão entre 4% e 8% do PIB até 2050, destaca que os impactos climáticos são suportados de modo desproporcional por pessoas que não possuem reservas financeiras, poupança ou acesso a redes de proteção social, reconhecendo que as mudanças climáticas exacerbam desigualdades existentes corroendo resiliência e forçando famílias mais pobres viverem em áreas de alto risco. Recomenda adaptação através da agricultura inteligente e sistema de proteção social adaptável ao clima, utilizando o Programa de Apoio à Renda Benazir à transferências rápidas de dinheiro em desastres, recomendações valiosas, mas, inseridas em perspectiva que reduz vulnerabilidade climática a choque econômico exigindo melhorias na eficiência, em consequência, a economia política que gera vulnerabilidade em 1º lugar permanece em parte inexplorada. Mercado agrícola e imobiliário operam de modo expulsar os pobres de terras resilientes e de alto valor, forçando-os viver em áreas vulneráveis, além disso, clientelismo leva a que suprimentos de socorro às vítimas das cheias sejam direcionados a grupos com ligações políticas, sendo que a apropriação do financiamento climático pelas elites desvia fundos de adaptação à projetos de fachada que trazem poucos benefícios às comunidades vulneráveis. A construção ou destruição de diques de proteção contra cheias, em muitos casos, é motivada por interesses de famílias com influência econômica ou política sendo que o relatório não demonstra que estes não são meras ineficiências administrativas, mas, resultados deliberados de estruturas enraizadas de poder.

Ameer Abdullah Baloch, doutorando na Universidade Nacional de Defesa, em Islamabad, em pesquisa que explora a relação entre mudanças climáticas, governança e segurança no Paquistão, avalia que compreensão localizada das crises climáticas do país revelam que, para famílias marginalizadas, a questão não é porcentagem da produção nacional mas sobrevivência, no entanto, o relatório do Banco Mundial, segundo o pesquisador paquistanês, enquadra custos climáticos em termos de perdas do PIB, negligenciando  aspecto crucial, mudança climática é, antes de tudo, questão de justiça que ameaça segurança alimentar, saúde, dignidade e direito a ambiente habitável, daí, o relatório coloca experiências vividas em estatísticas agregadas diluindo a urgência do problema. O relatório do Banco Mundial segundo o pesquisador paquistanês, enfatiza transferências de renda como principal ferramenta de adaptação e proteção social, afirmação que merece análise, já que, sem dúvida, pagamentos rápidos nas crises ajudam prevenir a fome, no entanto, fatores estruturais da vulnerabilidade permanecem em grande parte intocados, daí, o pesquisador sugere que reformas urgentes devem se concentrar no uso da terra, na gestão da água e no planejamento urbano e, considerando o ritmo decepcionante dos esforços globais de mitigação das mudanças climáticas, é provável que o Paquistão continue sofrer ciclos de inundações, secas e poluição atmosférica e, cada novo choque, empurraria milhões à pobreza, portanto, as redes de proteção social devem ser vistas como amortecedores para mitigar a queda mas não como escada para sair da situação. O País, segundo o pesquisador, precisa de modelo de governança climática baseado no conhecimento local, deve incorporar equidade e garantir que o financiamento à adaptação seja transparente e protegido da apropriação por elites, ao passo que o governo deve integrar avaliações de risco climático ao planejamento do desenvolvimento para que a conveniência política não se sobreponha aos imperativos climáticos. Resiliência em nível comunitário, reflorestamento, gestão de bacias hidrográficas e programas de moradia segura, exigem comunidades locais robustas e empoderadas, já que, dimensão internacional não pode ser ignorada pois a vulnerabilidade nacional está ligada a fluxos de água transfronteiriços e à dinâmica climática regional, considerando complexas relações de segurança do Paquistão com Afeganistão e Índia, ignorar essa dimensão pode transformar a escassez de água no próximo ponto crítico enquanto extremos climáticos se intensificam.

Moral da Nota: o relatório do Banco Mundial, conforme o pesquisador paquistanês, serve como lembrete que mudanças climáticas podem corroer avanços conquistados na redução da pobreza, no entanto, caso a resiliência climática seja reduzida a meras transferências de dinheiro e programas agrícolas fragmentados, o país oscilará de um desastre à outro e, para adquirir prosperidade, o estado deve confrontar interesses que lucram com a vulnerabilidade impedindo distribuição equitativa de recursos e, a menos que governança seja reestruturada para servir aos cidadãos, cada desastre climático arrastará milhões à miséria, daí, o alerta, recuperar a prosperidade por meio da justiça e equidade, ou arriscar recaída permanente na vulnerabilidade climática.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

O delta do Níger

Na Assembleia Geral Anual, AGA, da Oilwatch International, em Port Harcourt, Kentebe Ebiaridor lamentou impacto da poluição no ecossistema da região do Delta do Níger e, em sua população, pedindo ação para solucionar a crise destacando a dura realidade da vida onde a expectativa de vida é de 45 a 47 anos, apesar da contribuição da região à riqueza nigeriana. Esclarece que, “estamos insatisfeitos com o estado do meio ambiente nigeriano, deve haver transparência e responsabilidade no setor de petróleo e gás, exigimos limpeza do Delta do Níger”, ao citar riscos à saúde causados ​​pela queima de gás e poluição por petróleo, além de roubo da commodity com prisão de 62 suspeitos e confisco de 350 mil litros de produtos em julho de 2025, diz que, grupos da sociedade civil apoiam ação judicial contra a Shell em junho de 2025 e que “a queima de gás é uma das fontes de poluição do ar afetando milhões de pessoas na região”, insta o governo e empresas petrolíferas assumirem responsabilidade por suas ações. A Assembleia Geral Anual da Oilwatch International com o tema “Avançando Justiça Climática na Nigéria, do Combustível Fóssil à Liberdade Fóssil”, reflete compromisso em promover justiça climática, restauração ambiental e soluções de energia sustentável, observando que, pressionam por transição à fontes renováveis ​​e fim da exploração de combustíveis fósseis que devasta o Delta do Níger. A Diretora Executiva do Centro de Desenvolvimento e Recursos às Mulheres de Kebetkatche, Dra. Emem Okon, discursou enfatizando papel feminino na promoção da justiça climática, com as “mulheres tornando-se mais proativas no combate às mudanças climáticas e, por meio da Assembleia Climática das Mulheres,  capacitando em energias renováveis ​​para empoderá-las como empreendedoras verdes”. Acrescentou que as mulheres em áreas propensas a inundações no Delta do Níger são as que mais sofrem com impactos climáticos pedindo financiamento direcionado às mulheres e comunidades locais, com o encontro concluído com compromisso de defender energia sustentável, restauração ambiental e justiça às comunidades afetadas no Delta do Níger e demais regiões.

Previsões de cientistas da Exxon na década de 1980 mostram-se precisas, em que danos causados ​​por um mundo mais quente e caótico estão piorando e tornando-se mais caros, mesmo assim, países não conseguem cumprir metas de emissões, deixando lacunas entre compromissos e ações para limitar o aquecimento global a 1,5°C, expondo a Terra à trajetória perigosa. O Monitoramento anual dos sinais vitais do planeta mostrou em 2024 que 22 indicadores estavam em níveis recordes, ano mais quente em 125 mil anos, cujos níveis de CO2 na atmosfera e o calor dos oceanos atingiram recordes, assim como perda de árvores devido incêndios, ao passo que, o consumo de carne e combustíveis fósseis atingem níveis exponenciais. A inação climática é clara, em 2024, o branqueamento dos recifes de coral é mais generalizado afetando 84% da área de recifes do planeta entre janeiro de 2023 e maio de 2025, enquanto a massa de gelo da Groenlândia e Antártida caí à níveis recordes além de aumento dos desastres mortais e dispendiosos, incluindo inundações no Texas que mataram 135 pessoas, incêndios florestais em Los Angeles que custaram mais de US$ 380 bilhões e, desde 2000, os desastres globais ligados ao clima causaram mais de USD $ 27 trilhões de dólares em danos. Vale notar que o consumo combinado de energia solar e eólica atingiu recorde em 2024, mas, 31 vezes menor que o consumo de energia proveniente de combustíveis fósseis, ou, petróleo, carvão, gás, considerando energias renováveis​ a opção mais barata enfrentam subsídios contínuos aos combustíveis fósseis, sendo que até 2050, energia solar e eólica suprirão quase 70% da eletricidade global. No entanto, a transição exige restrição da influência da indústria  fóssil e controle da produção e consumo e, não a expansão observada globalmente, quer dizer, o aumento do consumo de combustíveis fósseis e as emissões relacionadas à energia cresceram 1,3% em 2024,recorde de 40,8 gigatoneladas de CO2 equivalente. Para concluir, em 2024, os maiores emissores de gases efeito estufa provenientes de combustíveis fósseis foram China, 30,7% do total, EUA,12,5%, a Índia, 8,0%, a UE, 6,1% e Rússia, 5,5%, juntos, responderam ​​por 62,8% das emissões globais, lembrando que parte do aumento na geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis pode ser atribuída às temperaturas mais altas e ondas de calor.

Moral da Nota: o Iraque vivencia o ano mais seco desde 1933, com o Tigre e Eufrates que desaguam no Golfo Pérsico vindos do oeste da Ásia mostrando níveis 27% menor decorrente escassez de chuvas e restrições de água a montante, com o sul do país exibindo crise humanitária causada pela seca e escassez de água se desenrolando em Basra, porto e centro petrolífero. Lar de 3,5 milhões de pessoas, Basra é a região do Iraque com maior escassez de água e mais vulnerável às mudanças climáticas afetada pela gestão inadequada de recursos hídricos, obrigando depender de entregas diárias para garantir sobrevivência e saúde, onde moradores são forçados viajar kms para garantir sua parte de água potável, dizendo que “em muitos casos, restringir mais o uso da água ao gado é a solução, já que, a água do mar perto das casas está poluída e causa doenças de pele.” A água salgada do  Golfo, através do Shatt Al-Arab que recebe os rios Tigre e Eufrates invade o rio aumentando níveis de salinidade na região de Basra, enquanto o fluxo de água doce diminui devido barragens a montante considerando que a qualidade da água do mar, já imprópria ao consumo humano, foi mais degradada por derrame de petróleo, escoamento agrícola e despejo de esgoto. A estação de dessalinização de Mihayla, no distrito de Abul Khaseeb, opera há mais de um ano para aliviar a crise hídrica de Basra utilizando método especial para tratar a água com alto teor de sal proveniente do rio Shatt Al-Arab, com Sa'dun Abbud, engenheiro sênior da Estação de dessalinização de água de Mihayla, dizendo que, “produzimos quase 72 mil m³ ou 19 milhões de galões de água tratada diariamente, que atende 50% do distrito de Abul Khaseeb”, esclarece que, “a salinidade no rio Shatt Al-Arab atingiu quase 40 mil sólidos totais dissolvidos e, após dessalinização, resíduos são devolvidos ao rio”. Alaa Al-Badrani, especialista em recursos hídricos, informa que “Basra perdeu de 26 a 30 espécies marinhas devido intrusão de água salgada”, continua, “isso criou ambiente híbrido, inadequado às espécies de água doce e de água salgada, com o aumento dos níveis de salinidade a água  está imprópria à agricultura.” Hayder Al-Shakeri, pesquisador do programa ao Oriente Médio e Norte da África da Chatham House, em artigo informa que,“embora a redução das chuvas e o aumento da temperatura sejam desafios, a crise hídrica iraquiana resulta de restrições impostas a montante e negligência interna”, concluindo que, “a corrupção e  interesse próprio entre elite política iraquiana enfraquece a capacidade institucional”, cria oportunidades aos vizinhos, Turquia e Irã, que pressionam por acordos que não necessariamente beneficiam o Iraque.

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Longo Declínio

A Califórnia há muito tempo vista como Hollywood, sol e praias atraindo milhões, na realidade, o grande ímã de crescimento foi a produção, indústria aeroespacial, petróleo e agricultura, no entanto, a transição da manufatura acontecendo, exemplificada pelo Vale do Silício, produz ideias à dispositivos de alta tecnologia, mas deixa a produção real para outros, no exterior, e pelos portos de Los Angeles e Long Beach descarregam manufaturados. A Chevron, gigante petrolera fundada no estado há 145 anos, tempo que  se tornou um dos principais fornecedores de petróleo e derivados, anunciou transferência da Califórnia ao Texas decorrente transição de um estado de produção e manufatura ao mundo dos serviços, considerando que, nos últimos anos, a empresa se atrita com Sacramento sobre políticas de energia e clima, que agora parecem maiores que a fabricação na mente das pessoas, daí, a transferência de Bay Área à Houston. Mudança, parte de longo e constante êxodo não apenas das operações da Chevron, mas da grande indústria petrolera californiana, em seu auge no século passado produzia mais de um quinto do petróleo do mundo, embora continue como 7º maior produtor de petróleo entre os 50 estados, sua produção de petróleo bruto vem caindo desde a década de 1980 representando 2% do total dos EUA, dados da Administração de Informação de Energia dos EUA, redução que reflete o quanto o estado afastou-se dos combustíveis fósseis migrando às renováveis ​​de energia e, em particular, carros movidos a gasolina, para se tornar centro da indústria de veículos elétricos. O professor de engenharia de petróleo na Universidade de Dakota do Norte, nos fala que “petróleo e gás moldaram a Califórnia no que se tornou, mas, está em declínio”, sendo que a mudança da Chevron para fora do estado “é marco nesse declínio”, enquanto a professora de história da Universidade Estadual de San Diego questiona em voz alta se a Chevron estava deixando a Califórnia para fugir do escrutínio regulatório, dizendo, “é lamentável que as corporações realoquem forças de trabalho em lugares com menos regulamentações ambientais em vez de trabalhar de modo que levem à comunidades saudáveis ​​e vibrantes”. O procurador-geral da Califórnia processou a Chevron e outras grandes petrolíferas alegando que as operações de produção e refino causaram bilhões de dólares em danos e enganaram o público sobre riscos dos combustíveis fósseis no aquecimento global, com o presidente-executivo da Chevron, rejeitando o processo e a abordagem da Califórnia às mudanças climáticas, dizendo que o aquecimento do planeta é problema global e que ações legais fragmentadas não ajudam. O especialista em petróleo da Universidade de Dakota do Norte esclarece que o relacionamento da Califórnia com o negócio de petróleo e gás sobreviveu até a década de 1960 e, no final daquele período, o vazamento de óleo de Santa Barbara estimulou movimento ambiental e,com a busca do estado por políticas de carbono zero, a produção de petróleo bruto caiu para menos de 300 mil barris/dia, um quarto do que era em meados da década de 1980, valendo dizer que só o Condado de Los Angeles ainda tem milhares de poços de petróleo, concluindo que, “temos bilhões de barris de petróleo recuperável na Califórnia, mas, estão apenas no solo.”

O governo norte americano anterior reverteu políticas de desregulamentação do antecessor, dentre elas estava uma ordem revogando a licença ao controverso oleoduto Keystone XL, quer dizer, cancelar o projeto foi promessa de campanha para lidar com a crise climática, no entanto, sistema jurídico internacional puderia forçar os EUA pagar bilhões de dólares à desenvolvedora canadense do Keystone XL, a TC Energy, sistema que incorporado em milhares de tratados de comércio e investimento permite que corporações arrastem governos à painéis de árbitros a portas fechadas. Governos foram condenados pagar bilhões de dólares em danos a empresas de petróleo e mineração por violar esses tratados, mesmo tendo sido criado para proteger investidores estrangeiros de tratamento injusto ou apreensão de ativos, defensores ambientais, advogados e políticos dizem que é usado para ganhar prêmios de governos que promulgam regulamentações ambientais ou aumentam impostos sobre indústrias poluentes. No entanto, emissões indiretas dos investimentos podem ser difíceis de mensurar mas estudo coloca número na pegada de carbono oculta no setor de petróleo e gás, buscando estabelecer que, legisladores que elaboraram a Lei do Ar Limpo em 1970 sabiam que cientistas consideravam o CO2 poluente atmosférico.

Moral da Nota:  o fenômeno de resfriamento do oceano que molda o clima conhecido como La Niña, com meteorologistas afirmando que o mundo pode não obter alívio do calor escaldante do verão devido à paralisação ou desaceleração de La Niña, na Índia, pode resultar em baixa precipitação e diminuição da atividade ciclônica, considerando que o fenômeno deveria ter ocorrido em julho de 2024, visto que temperaturas da superfície do mar variam, sugerindo estagnação do fenômeno, que atrasado, pode enfraquecer monções indianas, afetando chuva e calor, valendo considerar que janeiro de 2025 foi o mais quente já registrado, com temperatura média na superfície de 13,2 °C, 0,79 °C acima da média de janeiro de 1991-2020, conforme o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, o Programa de Observação da Terra da UE. Temperaturas da Superfície do Mar, TSMs, estavam abaixo da média no Pacífico Equatorial Central, próximas ou acima da média no Pacífico Equatorial Oriental, sugerindo desaceleração ou estagnação do movimento em direção às condições de La Niña permanecendo altas em outras bacias oceânicas e mares, com o departamento meteorológico do Japão informando que não havia sinais claros de El Niño ou La Niña, embora algumas características La Niña estejam surgindo. Parte da Oscilação Sul El Niño, ENSO, caracterizada por temperaturas mais frias que o normal ao longo do Oceano Pacífico Equatorial, de acordo com a NOAA, o fenômeno é caracterizado por temperaturas oceânicas anormalmente frias no Pacífico Equatorial, comparado ao El Niño, caracterizado por temperaturas oceânicas anormalmente quentes no Pacífico Equatorial, e, na fase neutra, o lado oriental do Oceano Pacífico, regiões costeiras da América do Sul, é mais frio que o lado ocidental, Indonésia, Austrália, devido ao movimento de ventos quentes de superfície leste/oeste e à ressurgência de ventos mais frios oeste/leste, tornando o lado oriental mais frio e rico em nutrientes, ciclo, interrompido na fase do El Niño, quando ventos quentes da superfície movem do oeste a leste e os ventos mais frios do leste a oeste, causando condições de seca na Índia e África. O La Niña era esperado para ocorrer em julho de 2024, agora, meteorologistas sugerem que chances de desenvolvimento são de 57-60%, podendo levar à monções mais fracas, impactando intensidade e momento das chuvas na Índia e mais calor no verão, podendo levar à queda da atividade de ciclones tropicais na região da Baía de Bengala.

domingo, 2 de novembro de 2025

À Beira do Abismo

O relatório The 2025 state of the climate report: a planet on the brink Free, ou, Sobre o Estado do Clima em 2025: um Planeta à Beira do Bbismo, de William J Ripple e colegas, publicado na BioScience, Oxford Academic, busca apanhado geral sobre condições do clima em 2025, dizendo que, caminhamos a passos largos ao caos climático, com sinais vitais do planeta em alerta máximo. Avalia que alterações climáticas pela ação humana não são ameaças futuras, mas, realidade presente e que a emergência iminente decorre da falta de previsibilidade, inação política, sistemas econômicos insustentáveis ​​e desinformação, em que cantos da biosfera sofrem com o aumento do calor, tempestades, inundações, secas e incêndios, fechando a janela de oportunidade. A OMM, Organização Meteorológica Mundial, relatou no início de 2025, que 2024, foi o ano mais quente já registrado, provavelmente, a temperatura foi superior ao pico do último período interglacial há 125 mil anos e que o aumento dos níveis de gases efeito estufa continuam como força por trás da escalada, acontecimentos enfatizam a insuficiência dos esforços para reduzir emissões de gases marcando início de um sombrio capítulo à vida na Terra. Se dirige aos riscos globais agindo no enfrentamento com clareza e determinação, cujas evidências de aquecimento acelerado embasado em indicadores vitais da Terra que emitiram declaração de emergência climática com apoio de 15.800 cientistas signatários, com seções finais incluindo sugestões de mitigação climática e transformações sociais amplas e necessárias à garantir futuro habitável. 

Nos informa que o ano de 2024 estabeleceu novo recorde de temperatura média global da superfície, sinalizando escalada nas mudanças climáticas e, atualmente, 22 dos 34 sinais vitais planetários estão em níveis recordes, em aquecimento que pode estar acelerando provavelmente impulsionado pela redução do resfriamento por aerossóis, fortes retroalimentações das nuvens e um planeta cada vez mais escuro. A atividade humana causa sobrecarga ecológica, população, rebanho, consumo de carne e produto interno bruto estão em níveis recordes com acréscimo de 1,3 milhão de humanos e 0,5 milhão de ruminantes por semana e, em 2024, o consumo de energia fóssil atingiu recorde histórico, com carvão, petróleo e gás em níveis máximos enquanto o consumo combinado de energia solar e eólica estabeleceu novo recorde, mas 31 vezes menor que o consumo de energia de combustíveis fósseis. Em 2025, o CO2 atmosférico encontra-se em nível recorde, agravado por queda  na absorção de carbono pela terra, em parte devido ao El Niño e incêndios florestais em que a perda global de cobertura florestal relacionada a incêndios atinge nível recorde, com aumento de 370% nos incêndios em florestas primárias tropicais em relação a 2023, alimentando aumento de emissões e perda de biodiversidade. O calor do oceano atingiu nível recorde, contribuindo ao maior evento de branqueamento de corais registrado, afetando 84% da área dos recifes, em 2025, as massas de gelo da Groenlândia e Antártida estão em níveis historicamente baixos e as calotas polares podem estar ultrapassando pontos de inflexão e levar o planeta à elevação do nível do mar de vários metros. Desastres aumentaram com inundações no Texas matando 135 pessoas, incêndios florestais na Califórnia ultrapassam USD 250 bilhões em danos e desastres relacionados ao clima no mundo desde 2000 chegam a mais de USD 18 trilhões, sendo que mudanças climáticas colocam em risco espécies de animais selvagens, mais de 3.500 ameaçadas, com evidências de colapsos populacionais relacionados ao clima. A circulação meridional de inversão do Atlântico se enfraquece ameaçando com grandes perturbações climáticas que já afetam a qualidade e disponibilidade de água prejudicando produtividade agrícola, gestão sustentável dos recursos hídricos e aumento do risco de conflitos relacionados à água, com trajetória perigosa de aquecimento global extremo, agora mais provável devido ao aquecimento acelerado, aos ciclos de retroalimentação e pontos de inflexão. Mitigação das mudanças climáticas disponíveis, economicamente viáveis ​​e necessárias, de proteção florestal e energias renováveis ​​a dietas ricas em vegetais, podem limitar o aquecimento se agirmos com ousadia e rapidez, com pontos de inflexão social que podem impulsionar mudanças, mesmo movimentos pequenos e contínuos, alterando normas e políticas públicas, destacando caminho a seguir em meio ao impasse político e crise ecológica, necessitando mudança sistêmica que conecte abordagens técnicas individuais com transformação social ampla, governança, políticas e movimentos sociais.

Moral da Nota: um dos fatores de instabilidade global é a crise climática com eventos extremos impactando perda de vidas, provocando escassez de recursos, deslocamentos populacionais e agitação civil, desafios agravados pelo enfraquecimento da cooperação internacional e redução da ajuda externa em que pressões convergentes sobrecarregam  governos nacionais, instituições multilaterais e comunidades. A estratégia que incorpora resiliência climática às estruturas de defesa nacional e política externa é urgente e necessária, sem ela, riscos em cascata sobrecarregam sistemas, governança e saúde pública dos ecossistemas. Pontos de inflexão social, momentos de mudanças nas políticas e normas públicas se aceleram, oferecem caminho ao progresso e, para alcançá-los serão necessárias liderança, engajamento público e mudança institucional em que política climática deve coexistir com o científico e ético, independente de preocupações políticas, a demora só aumenta custo humano e ambiental. Mudanças climáticas são ameaça a ecossistemas e saúde humana, questão de justiça social que prejudica de modo desproporcional os mais vulneráveis ​​e marginalizados, que menos contribuíram à crise, a elevação do nível do mar, florestas em chamas e comunidades desestabilizadas, devem permanecer guiados por compromisso de justiça, dignidade e bem comum. Por fim, o futuro ainda está sendo escrito por escolhas em políticas públicas, investimentos, educação e cuidado mútuo com a Terra, permitindo criação de ponto de virada se abraçarmos a humanidade compartilhada e reconhecermos a profunda interconexão da vida no planeta. Assim termina o relatório. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Precedente

Pela 1ª vez uma empresa petrolífera é condenada por greenwashing, ou, uso enganoso de argumentos alegando boas práticas ecológicas, caso, da TotalEnergies condenada pela justiça francesa por "práticas enganosas de marketing", decisão, considerada histórica, por conta das alegações ambientais que "provavelmente alterariam o comportamento de compra dos consumidores", os, "induziriam ao erro", pela crença de, conforme declaração judicial, que a Total conseguiria atingir a neutralidade de carbono até 2050 mesmo com o aumento da produção de petróleo e gás,sendo que em maio de 2021, mudou seu nome para TotalEnergies em meio a campanha publicitária visando promover “compromisso de alcançar neutralidade de carbono até 2050”. Turbinas eólicas, painéis solares e estações de recarga à veículos elétricos, mensagens amplamente divulgadas, na França e exterior, em outdoors, imprensa, site, postos de gasolina, televisão e anúncios nas redes sociais, com o Greenpeace França, Amigos da Terra França e Notre Affaire à Tous, apoiados pela associação Client Eath, ingressaram com ação civil contra a empresa em 2022. Denunciaram que a multinacional não fundamentou alegações por conta de estratégia nã alinhada com o objetivo de "emissão zero" ou neutralidade de carbono até 2050 e, de acordo com as  organizações, a petrolera não apenas omitiu ao consumidor pelo menos 85% das emissões de gases efeito estufa em relação à meta declarada, apresentando planos de produção em conflito com requisitos mínimos para atingir neutralidade de carbono. O principais responsáveis pelas mudanças climáticas, os combustíveis fósseis,representam 90% da atividade da empresa e 80% dos investimentos, sendo que o tribunal francês ordenou à TotalEnergies e à TotalEnergies Electricité et Gaz France, responsáveis pela veiculação da publicidade, cessarem em um mês as alegações falsas, sob pena de multa provisória de 10 mil euros/dia de atraso, devendo publicar a decisão judicial no site, visível, por 180 dias. Trata-se, segundo as ONGs, de precedente importante na luta anti desinformação climática promovida por multinacionais petrolíferas,em comunicado, informam que "a vitória marca virada à proteção do consumidor, do clima e combate o greenwashing", concluindo que, "é a 1ª vez no mundo que uma empresa de petróleo e gás é condenada pela Justiça por enganar o público e fazer greenwashing da imagem em relação sua contribuição no combate às mudanças climáticas", no entanto, associações lamentam que o tribunal tenha rejeitado alegações sobre gás e biocombustíveis ao considerar que comunicações sobre esses produtos não estavam "diretamente relacionadas à promoção, venda ou fornecimento de energia da TotalEnergies aos consumidores". Vale dizer que, desde o início dos anos 2000, as empresas abandonaram em parte a negação das mudanças climáticas e se promoveram como partícipes da transição energética, e, em 12 de junho, foi solicitada a manifestação de interesse de “empresas globais de petróleo e gás para se juntarem como parceiras para firmar estratégia viável”, tendo sido cada vez mais alvo de ataques legais pelo papel na contribuição ao aquecimento global. Diferente de outros setores que enfrentam regulamentações mais rígidas, as corporações petrolíferas não abandonaram alegações de marketing climático, estratégia implementada desde o início dos anos 2000, na trilha do Protocolo de Kyoto visando redução das emissões de gases efeito estufa quando abandonaram em parte a negação das mudanças climáticas e se promoveram como partícipes da transição energética. Recentemente, as corporações petroleras têm elogiado investimentos em captura de carbono, biocombustíveis, energia solar e energia de hidrogênio, aos críticos, as alegações obscurecem a realidade considerando que a perfuração de petróleo e gás continua inabalável e, segundo Benjamin Franta, professor de litígios climáticos em Oxford,"estão dando falsas garantias, como, não se preocupe, não precisamos mudar nada", concluindo que, "o greenwashing é tão importante quanto a negação climática e, de certo modo, é mais importante porque é meio mais dominante de falsa garantia". Dados do Mediaradar, levaram Franta e colegas criarem um banco de dados que permitiu análise de mais de 2 mil anúncios nos EUA de 5 grandes empresas de petróleo desde 2006, revelando desaparecimento quase total, na década de 2020, de mensagens focadas em combustíveis fósseis em favor de alegações que os apresentavam como líderes em tecnologias de baixo carbono. A BP, por exemplo, incentiva pessoas "se juntarem a eles na jornada à futuro com menos carbono", a ExxonMobil, fala que a "tecnologia é um dos meios pelas quais promove soluções climáticas", sendo que, recentemente priorizaram tais mensagens em detrimento da linguagem sobre metas de neutralidade de carbono, mais proeminentes no início da década de 2020, auge da mobilização pública e política sobre desafios climáticos. Na Espanha, a Repsol venceu caso contra a Iberdrola que acusou de fazer publicidade enganosa com slogans como "uma empresa de energia comprometida com mundo sustentável", enquanto alegação de greenwashing contra empresas petrolíferas foi rejeitada por um tribunal de Nova York, na Austrália, o grupo de energia Santos aguarda veredito em caso movido por acionistas que dizem terem sido enganados pela alegação de atingir neutralidade de carbono até 2040. Por fim, a lei tornou-se mais clara em setores como aviação, alimentos ou vestuário, principalmente na Europa, com medidas anti-greenwashing forçando marcas controlar suas reivindicações ambientais, quer dizer, menos águas engarrafadas ou cafés, agora, oferecem garantias de "neutralidade em carbono" antes de uma diretiva da UE que os proíbe a partir de 2026. H&M e varejista de roupas on-line Zalando abandonaram rótulos vagos de sustentabilidade sob pressão dos reguladores, enquanto a KLM viu na Holanda, a publicidade climática ser considerada enganosa, com Sybrig Smit, do NewClimate Institute, Berlim, dizendo que, "há empresas que jogaram suas políticas climáticas pela janela", concluindo que, "há empresas que estão fazendo menos dessas afirmações ousadas, mas, na verdade, suas ambições são mais realistas." Produtores de combustíveis fósseis estão no olho do furacão, como alvo prioritário, acusados ​​de serem principal fonte do aquecimento global ao mesmo tempo que espalham desinformação sobre impactos climáticos, colocando-se em situação jurídica complicada com processos na Europa e EUA, com a Califórnia por exemplo,tentando fazê-los pagar ajudando custos das mudanças climáticas,do mesmo jeito que, como as empresas de tabaco foram forçadas pagar depois de anos minimizando impactos do tabagismo na saúde.

Relatório da ONU continua alertando que 900 milhões de pessoas enfrentam riscos de condições climáticas extremas e que a pobreza "alimenta" crises climáticas, e que estas pessoas estejam expostas a impactos cada vez mais severos da crise climática como, calor extremo, inundações, secas e poluição atmosférica tóxica. Divulgado antes da COP30, o Índice Global de Pobreza Multidimensional de 2025  mostra quadro evidente de como a pobreza e mudanças climáticas se relacionam e, pela 1ª vez, pesquisadores combinaram dados sobre riscos climáticos e indicadores multidimensionais de pobreza, mostrando que pobreza não é simplesmente questão econômica, mas, intimamente ligada às pressões ambientais e instabilidade global. O relatório informa que dos 887 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza expostas a pelo menos um perigo climático, 651 milhões delas enfrentam 2 ou mais ameaças climáticas simultaneamente e, de todas as crises climáticas, o calor extremo afeta mais de 608 milhões de pessoas pobres e a poluição do ar afeta outros 577 milhões, sendo que as inundações são grande perigo, ameaçam 465 milhões de pessoas e 207 milhões vivem em áreas afetadas pela seca. Por fim, destaca o Sul da Ásia e África Subsaariana como regiões mais vulneráveis, onde pobreza e impactos climáticos colidem, no Sul da Ásia, a exposição é quase universal, considerando que 99,1% das pessoas pobres, 380 milhões, vivem em áreas que enfrentam um ou mais perigos climáticos, na África Subsaariana, por exemplo, 344 milhões de pessoas enfrentam ameaças múltiplas semelhantes. Vale a nota que incêndios florestais e tempestades em Los Angeles em 2025 custaram US$ 101 bilhões, sendo o 1º semestre o mais caro já registrado à grandes desastres nos EUA impulsionado por incêndios florestais em Los Angeles e tempestades em grande parte do resto do país, considerando que em 6 meses houveram 14 desastres climáticos distintos, cada um causando US$ 1 bilhão em danos, conforme o grupo Climate Central, no total, custaram US$ 101 bilhões em danos, casas, empresas, rodovias e demais infraestruturas perdidas, número maior que em qualquer outro 1º semestre desde que os registros começaram em 1980. Por fim, o Climate Central tenta preencher o vazio de informações para recuperar parte da expertise e ferramentas perdidas às quais a sociedade precisa ter acesso, em espécie de triagem, tenta salvar e continuar", com a Fema, Agência Federal de Gestão de Emergências, que reduziu número de funcionários e a exigência de que os estados arquem com as consequências de grandes desastres.

Moral da Nota: relatório da FAO,Organização da ONU à Alimentação e Agricultura, informa que 60% dos solos usados ​​na produção de alimentos estão degradados, parecendo que a terra lentamente perde força e poder para nos alimentar e proteger. Perdeu micróbios, minerais e umidade que os torna fértil, que 1,38 bilhão de hectares de solo estão em risco devido salinidade, segundo a FAO, dificultando cultivo de alimentos pelos agricultores, por outro lado, mudanças climáticas como secas, ondas de calor e inundações alimentam a degradação do solo. A ONU alerta que, se a degradação continuar, 90% da camada superficial do solo mundial estará em risco, considerando que uma seca em um país causa inflação nos preços dos alimentos em outros países, se a colheita falha, ocorre migração em busca de vida melhor criando pressão sobre empregos e recursos. No Sahel, África, a desertificação tornou difícil aos agricultores cultivar alimentos básicos como o milheto,no Sul da Ásia, inundações arrastam camada fértil do solo, que ameaça a colheita de trigo, sendo que a saúde do solo se interliga à saúde humana e animal, no conceito de saúde única, quando o solo se degrada, perde capacidade de reter nutrientes e, acordos comerciais, projetos de pesquisa e programas de desenvolvimento  ajudam países aprender uns com os outros e disseminar ideias. 


quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Incêndios Florestais

Incêndios florestais canadenses percorreram mais de 5 mil km até Europa, com especialistas alertando ao aumento de eventos de fumaça transcontinental devido mudanças climáticas, fumaça, que atravessa o Atlântico atingindo partes do continente europeu cobrindo cidades com neblina e fuligem ou carbono negro, gerando preocupações sobre efeitos de longo alcance das emissões. A atividade de incêndios nos Territórios Central e Norte do Canadá, particularmente Manitoba, Saskatchewan e  Territórios do Noroeste, visto por modelos de satélite que confirmaram coluna de fumaça chegando à Europa Ocidental, com com mais de 6,6 milhões de hectares queimados, 140% a mais que a área queimada em 2024 e com meteorologistas dizendo que a corrente de jato e sistemas de alta pressão desempenharam papel no transporte da fumaça através do Atlântico em altitudes  de 9 mil metros, com o Met Office Reino Unido, em atualização nas redes sociais, reconhecendo a neblina, explicando que "não são apenas nuvens altas oriundas do oeste, a fumaça dos incêndios florestais canadenses viajaram milhares de kms afetando os céus da Europa, lembrete de como a atmosfera é interconectada." No entanto, não degradou gravemente a qualidade do ar na superfície, mas produziu efeitos visualmente dramáticos em cidades europeias, com moradores relatando nasceres e pores do sol laranja-avermelhados, incomuns, e queda perceptível na visibilidade devido neblina persistente, marcando o 2º grande evento de fumaça transatlântica em 2025 pós incursão semelhante em junho, com meses restantes na temporada de incêndios florestais em que especialistas alertam que 2025 pode se tornar um dos piores anos já registrados perdendo para os incêndios de 2023 em termos de área queimada e emissões de carbono. A NASA e o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus monitoram fumaça com altos níveis de carbono negro, fuligem, poluente que causa o aquecimento global, embora o impacto geral na qualidade do ar da superfície na Europa permaneça moderado com autoridades aconselhando grupos vulneráveis com problemas respiratórios, monitorar alertas locais de qualidade do ar e, à medida que eventos de fumaça tornam-se mais comuns, especialistas dizem que  refletem nova era na conectividade atmosférica onde a atividade de incêndios florestais em continente impacta outro, fenômeno que mostra  implicações globais das temporadas de incêndios causadas pelo clima destacando necessidade de respostas coordenadas à mitigação e resiliência climática.

Ainda relativo ao Canadá, a fumaça dos incêndios florestais se espalham por um terço dos EUA com má qualidade do ar em Nova York, Nova Inglaterra e Centro-Oeste, enquanto especialistas alertam que a fumaça contém partículas nocivas e o Canadá luta contra mais de 200 incêndios ativos, muitos,  fora de controle já que a fumaça se originou de centenas de incêndios florestais  desde o início de maio. A neblina trouxe perigosos níveis de poluição por partículas para Minnesota estendendo-se a Dakota, passando pelo Vale do Ohio até Nordeste chegando ao sul na Geórgia e, conforme, o Centro de Previsão do Tempo do Serviço Nacional de Meteorologia em College Park, Maryland, era especialmente espessa em Nova York e Nova Inglaterra, com Marc. Chenard, do Serviço Nacional de Meteorologia informando que "parte da fumaça está no ar, na atmosfera superior, então em muitas áreas não há problemas de qualidade do ar", concluindo, "mas há problemas de qualidade do ar em lugares tão ao sul quanto Nova York e Connecticut onde é mais denso e está na baixa atmosfera." Mais de 212 incêndios estavam ativos no Canadá desde maio, metade deles fora de controle, segundo o Centro Canadense Inter-agências de Incêndios Florestais com os piores nas províncias de Manitoba, Saskatchewan e Alberta e, até agora, 2 milhões de hectares foram queimados, com Yang Liu, professor de saúde ambiental da Universidade Emory, em Atlanta, dizendo que  "afetará todos em algum nível, em todas as esferas da vida", esclarece que contém partículas tóxicas menores que 1/40 de um fio de cabelo humano que podem entrar nos pulmões e atingir a corrente sanguínea, sendo pior que a qualidade em Williamstown, Massachusetts, perto da divisa de Vermont e Nova York, registrou pontuação "muito insalubre" de 228, conforme o IQAir, que monitora a qualidade do ar global e, uma pontuação abaixo de 50 é considerada boa enquanto qualquer pontuação acima de 100 é considerada insalubre, sendo que Ely, perto da fronteira de Minnesota com Manitoba, registrou leitura "moderada" de 65 e, Minneapolis, classificada como a 3ª pior cidade do mundo em qualidade do ar no pico dos incêndios com  leitura de 168.

Moral da Nota: em 2024, a Espanha perdeu mais de 42 mil hectares de floresta para incêndios, 7 vezes a área de Manhattan e uma melhoria em relação aos 89 mil hectares de 2023, ainda inaceitável, além disso, os incêndios tendem se concentrar nas mesmas áreas e, mais de 95% são causados por humanos, muitos deles intencionais. No exterior, em 2024, os EUA registraram 64.897 incêndios que queimaram 3,6 milhões de hectares, 127% acima da média dos últimos 10 anos, o Canadá, queimou como nunca, ou, 17 milhões de hectares em 2023, recorde histórico e, outros 5,3 milhões em 2024, apesar dos reforços mobilizados, a Carolina do Norte, por exemplo, tornou-se barril de pólvora climático em que a emergência climática prolonga estações, seca o combustível vegetal e transforma cada faísca em tempestade de fogo incontrolável e, pior, os mega-incêndios estão se tornando norma nos países com florestas densas, são, na maioria, evitáveis e, nos EUA entre 85% e 97% dos incêndios são causados pela atividade humana.

domingo, 5 de outubro de 2025

Governança Colaborativa

A medida que comunidades se envolvem com a crise climática, desde iniciativas locais de sustentabilidade a esforços de conservação, as estruturas decisórias nacionais e global nem sempre refletem engajamento, nem desenvolvem caminhos à incluir demais atores não tradicionais em resposta a crise, no entanto, estruturas e sistemas que moldam a governança climática, como marcos políticos, mecanismos de financiamento, normas institucionais e processos de coordenação, continuam centrais ou isolados limitando participação comunitária e interessados afetadas pela crise, ao mesmo tempo, vozes da elite e interesses corporativos dominam o processo de tomada de decisão. Isto é dito quando observamos resultados da COP29 que ressaltaram  tais lacunas, alimentando demanda para democratizar governança climática e garantir que vozes marginalizadas possam auxiliar moldar futuras negociações, inclusive na COP30 no Brasil, já que, historicamente, mulheres, povos indígenas, deficientes  e populações de baixa renda tiveram menos recursos para se adaptar às mudanças climáticas, ao mesmo tempo, jovens e gerações futuras correm riscos que não criaram, realidades que destacam necessidade de políticas climáticas que amplifiquem vozes dos mais afetados. A justiça climática se associa a lutas pelos direitos, direito a meio ambiente limpo, saudável e sustentável caminhando lado a lado com direito à moradia, alimentação, água e saúde, sendo que sua concretização no contexto de clima global em mudança exige mais que promessas políticas, com abordagens inclusivas que reflitam realidades na linha de frente, neste contexto, se insere a governança colaborativa, na qual governos, comunidades e grupos trabalham na resolução dos problemas e no enfrentamento dos desafios, com isto, surge a confiança, compartilhando poder e garantindo que os afetados sejam inseridos no processo de solução, reunindo autoridades públicas, pesquisadores, ativistas e cidadãos, buscando criar respostas justas, práticas e duradouras aos desafios, produzindo soluções que ninguém conseguiria alcançar sozinho garantindo que políticas sejam justas e respondam experiências vividas. O CPI, Centre for Public Impact, e, o R4D, Governance Action Hub  Results for Development, analisam grupo de trabalho sobre Justiça Climática, comunidade inter-regional de profissionais, formuladores de políticas, financiadores, pesquisadores e organizadores que testam modelos de governança climática focados em equidade, ação coletiva e justiça, do orçamento participativo à adaptação climática liderada pela comunidade, esforços que ampliam participação, enfrentam riscos de captura, exclusão ou impacto limitado, oportunidade de aprendizagem com a complexidade. 

No contexto de inovação, deficiência de ferro, DF, é questão nutricional generalizada que afeta milhões, causa de doenças que afetam crianças e mulheres na pré-menopausa e pessoas que vivem em países de baixa e média renda, conhecida com anemia ferropriva, pode levar a comprometimentos clínicos e funcionais e sua detecção precoce e avaliação precisa são cruciais à estratégias de intervenção e prevenção, já que, indivíduos afetados pela DF apresentam desempenho físico, produtividade no trabalho e função cognitiva, abaixo do ideal, no entanto,  a DF é sub-diagnosticada apesar dos métodos propostos às avaliações. A Hemaglobina, Hb, isoladamente para avaliar a DF está associada a baixas sensibilidade e especificidade, exigindo padronização adicional, o volume corpuscular médio, VCM, e do conteúdo de Hb dos reticulócitos são caracterizados por baixa especificidade, sendo relatado que um VCM aumentado pode resultar em valores falsamente normais do conteúdo de Hb dos reticulócitos, além desses, outros métodos apresentam alta sensibilidade mas não são amplamente adotados, como a protoporfirina de zinco eritrocitária, ZnPP, cujos valores são aumentados por infecções crônicas, inflamações e outras doenças levando à baixa especificidade, a adoção da ZnPP no uso clínico de rotina exige processo demorado bem como necessidade de padronizar o ponto de corte à  ZnPP ao usá-la para avaliar a DI, dadas as especificações variadas na literatura. Um método amplamente adotado é o  uso da saturação de transferrina para avaliar a DI com base no ferro plasmático e na razão de ligação do ferro, no entanto, é criticado devido aos efeitos de outros distúrbios nos níveis de transferrina, ainda em evidência a ferritina sérica, FS, para avaliar a DI demonstrando melhor desempenho comparada com outros métodos, como o VCM, ZnPP e saturação de transferrina, no entanto, suas estimativas podem ser enganosas na presença de doenças hepáticas ou doenças relacionadas e em caso onde há alta ingestão de álcool, sendo que atualmente, a biópsia da medula óssea é o método padrão-ouro para avaliar a DI quando realizada em condições padronizadas.  A introdução de métodos não invasivos como tecnologias computacionais surgem como ferramentas à avaliar deficiência de ferro oferecendo alternativas não invasivas e econômicas às abordagens diagnósticas tradicionais, sendo que a utilização de modelo para avaliar risco de baixos níveis de ferritina usando hemograma completo, HC, mínimo e proteína C reativa, PCR, é opção, com número significativo de ferramentas de ML, aprendizado de máquina, depende do uso de imagens radiológicas e outras imagens relacionadas como diferentes características na previsão da anemia ferropriva,  enquanto métodos como a rede neural foram usados ​​para atingir objetivo semelhante usando características de laboratoriais acessíveis. Um novo método de ML, aprendizado de máquina, avalia a verdadeira identidade, DI, com base em parâmetros de ferritina sérica, PCR e hemograma completo, baseado nas ideias dos modelos MSclassifie e no princípio de redução da variância do aprendizado estatístico, quer dizer, envolve a seleção de subamostras dos dados de modo que cada observação seja incluída em  amostra e combinação ou união das subamostras componha observações inteiras, construindo modelo MSclassifier em cada amostra e agregando desempenho de cada modelo para fazer previsões sobre os status de DI das instâncias. O novo método, Bamclassifier, explora propriedade de aprimorar conjuntos de dados à descoberta eficaz de conhecimento, ao mesmo tempo em que modela suposições subjacentes que acompanham atributos laboratoriais medidos da DI, por conta da probabilidade da modelagem que melhor se ajusta a experimentos aleatórios demonstrando que abordagens de ML, aprendizado de máquina, superam outras abordagens, além disso, os dados foram obtidos de medições laboratoriais de indivíduos aparentemente saudáveis ​​em Gana. Obteve sensibilidade, especificidade, precisão e exatidão ideais em comparação com outros métodos estabelecidos quando aplicado a grupos de homens, mulheres e conjuntos de dados de homens e mulheres, demonstrando que, embora outros métodos sejam aplicáveis ​​ao problema, o BamClassifier alcançou pontuações métricas de desempenho excepcionais e, além disso, obteve pontuações consideradas melhores em comparação a outras aplicações realizadas que superaram especialistas em medicina laboratorial. 

Moral da Nota: inventado em 1816 para ouvir sons internos do corpo, o estetoscópio tradicional foi "atualizado" e testado em piloto em mais de 200 clínicas em Londres, com a Sky News informando que pesquisadores desenvolveram estetoscópio com tecnologia IA que pode detectar problemas cardíacos em segundos, conduzido pelo Imperial College London e Imperial College Healthcare NHS Trust, sugere que estetoscópios com IA podem ser "divisor de águas",  permitindo tratamento mais precoce de pacientes com insuficiência cardíaca, doença da válvula cardíaca e ritmos cardíacos anormais como fibrilação atrial. Descobriram que pacientes que se beneficiaram da tecnologia tinham 2,3 vezes mais probabilidade de ter insuficiência cardíaca detectada nos 12 meses seguintes, comparados com aqueles que não se beneficiaram, sendo que o  uso dos estetoscópios aumentou detecção de padrões anormais de batimentos cardíacos, assintomáticos, mas que podem elevar o risco de acidente vascular cerebral  em 3,5 vezes aumentando detecção de doença da válvula cardíaca em 1,9. O professor Mike Lewis, diretor científico de inovação do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados, que apoiou o estudo, avalia que a ferramenta pode ser divisor de águas aos pacientes levando a inovação diretamente às mãos dos clínicos gerais, permitindo que médicos locais detectem problemas mais precocemente, diagnostiquem pacientes na comunidade e abordem alguns dos grandes males da sociedade.

Rodapé: a Exxon e o estado da Califórnia se enfrentam em processos judiciais conflitantes sobre plásticos, com a petrolífera acusando o Procurador-geral do estado da Califórnia e 4 grupos sem fins lucrativos, de difamação, pós entrarem com processo por alegações de reciclagem. A questão pairou em audiência no tribunal federal em Beaumont, Texas, onde a Exxon Mobil processou o Procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, e as organizações sem fins lucrativos, acusando-os de conspirar para destruir seu negócio de reciclagem sinalizando escalada da petrolífera que tenta evitar processos semelhantes no futuro. Na audiência em 20 de agosto de 2025, tentaram persuadir o juiz Michael J. Truncale arquivar o caso, ou, pelo menos transferi-lo à Califórnia para que pudesse ser julgado com os processos originais, ao passo que o advogado da Exxon, Michael P. Cash, respondeu que o "ataque" tinha como alvo direto o Texas e que o assunto deveria ser litigado lá, resumindo da seguinte maneira, "avançamos na reciclagem aqui, produzimos plásticos aqui, fazemos um bom trabalho, e vocês estão mexendo com nossos clientes e com o sustento deles no Texas mentindo sobre nós". Tudo começou quando a Exxon foi processada em tribunal estadual da Califórnia pelo Procurador e as ONGs Sierra Club, Baykeeper, Heal the Bay e Surfrider Foundation, sob acusação de enganar os californianos ao "prometer que a reciclagem poderia e resolveria a crescente crise de resíduos plásticos", sendo que as ações alegavam violações das leis estaduais de incômodo, concorrência desleal e buscavam indenizações que o Procurador da Califórnia estimou que chegariam a "vários bilhões de dólares". 

sábado, 4 de outubro de 2025

Poluente Tóxico

Pela primeira vez, cientistas detectam o poluente tóxico MCCP no ar de Oklahoma com concentrações superiores as conhecidas anteriormente, ou, 3 ng/m³ nas lavouras, com os bios-sólidos agrícolas como possível fonte de contaminação, suscitando urgente  regulamentação, monitoramento e inovação. A descoberta de MCCPs, parafinas cloradas de cadeia média, sobre Lamont, Oklahoma, representa marco pois é a primeira vez que são detectadas na atmosfera das Américas através da utilização de CIMS, espectrometria de massa por ionização química, que permite detectar concentrações da ordem de partes por quatrilhão, sendo que a equipe identificou picos de até 3 ng/m³, milhares de vezes superiores aos níveis remotos esperados, observando que, a distribuição diurna com picos ao meio-dia e quedas à noite sugere troca térmica entre o solo e o ar apontando à fonte próxima e não chaminés industriais distantes, possivelmente o próprio solo agrícola tratado com bios-sólidos. Presumia-se que os níveis de MCCP na América do Norte eram insignificantes antes do estudo em questão e, ao contrário de sua presença reconhecida em regiões polares e em cidades asiáticas, a descoberta inverte a expectativa sugerindo que modelos atuais de transporte atmosférico são incompletos, além do que, desde 2009, quando SCCPs, parafinas de cadeia curta, foram regulamentadas nos EUA devido propriedades persistentes e bio-cumulativas, indústrias buscaram substituir esses compostos por MCCPs com resultado em efeito "whack-a-mole", ou, a solução do problema apenas leva ao surgimento de outro, sendo que uma foi regulamentada, surgindo outra, sem abordar a raiz da questão, no entanto, a proposta de eliminação global está sendo considerada pela Convenção de Estocolmo inserida em pressão para fechar essa brecha regulatória. O modo como as parafinas voláteis chegam ao ar sobre os campos de trigo está nos bios-sólidos, ou, lodo de esgoto urbano usado como fertilizante em que mais da metade dos CPs acabam nesses lodos no tratamento de águas residuais transformando-os em reservatórios tóxicos e, quando espalhados no solo, o vento carrega partículas que liberam MCCPs à medida que se aquecem durante o dia, recordando que concentrações de até 3.600 ng/g foram observadas em lodo seco na Austrália, se replicado nos EUA, explicaria os picos medidos. Estudos em animais associam PCAs ao estresse hepático, desregulação endócrina e danos no desenvolvimento, embora dados em humanos sejam limitados, demonstrou-se que ambientes industriais apresentam maior sobrecarga em humanos e, sua persistência semelhante aos PFAS, permite acúmulo no tecido gorduroso percorrendo cadeias alimentares e alcançando populações distantes sem contato direto, não existindo padrão federal de qualidade do ar para MCCP, nem monitoramento individual sistemático, sendo que a descoberta de Lamont exige que autoridades criem diretrizes e controles claros abordando a crescente preocupação pública. A espectrometria de massa utilizada no estudo registra emissões a cada segundo, identificando assinaturas isotópicas de moléculas de cloro, carbono e hidrogênio e, ao observar padrões inesperados, espectros de referência e análises manuais foram utilizados confirmando pelo menos 18 variantes do MCCP, deixando evidente a relação entre concentração e temperatura e reforçando a hipótese do solo como fonte sendo que chuvas recentes não eliminaram completamente a pluma aérea, indicando emissão contínua da superfície tratada. Por fim, a equipe planeja monitorar durante o ano todo para observar variações sazonais e localizar pontos críticos, complementado por amostragem de solo e bios-sólidos, enquanto isso, legisladores estaduais ajustam regulamentações sobre a aplicação agrícola de bios-sólidos e debates semelhantes surgem em outros estados agrícolas norte americanos com a indústria considerando opções sem cloro para lubrificantes e plastificantes prevendo possível proibição total.

Em relação ao quesito poluição do ar, emissões de aerossóis causadas pelo homem, ou, micro partículas que dispersam a luz e produzidas pela queima de combustíveis fósseis atuam como freio invisível ao aquecimento global, em parte porque absorvem ou refletem luz solar incidente e influenciam formação e brilho das nuvens, efeitos que atuam para diminuir temperaturas regionais e globais. Os aerossóis impactam na saúde humana com má qualidade do ar externo decorrente partículas em suspensão contribuindo à mortes prematuras por ano, sendo que esforços nas últimas décadas para melhorar qualidade do ar no mundo reduziram emissões de aerossóis beneficiando saúde, no entanto, embora a redução de aerossóis limpe o ar, desmascara o aquecimento causado pelo CO2 e outros gases efeito estufa, GEE. Regras de ar limpo impulsionam declínio nas emissões de enxofre no mundo sendo que emissões globais de SO2, dióxido de enxofre, caíram 40% desde os anos 2000, atualmente, há 0,5ºC de aquecimento "escondido" pelos aerossóis e, sem o resfriamento causado pelo sulfato e outros aerossóis, a temperatura global atual já estaria 2°C acima dos níveis pré-industriais em vez dos 1,4°C que o mundo experimenta hoje, por exemplo, emissões de SO2 chinesas caíram mais de 70% entre 2006 e 2017 graças à implementação de medidas de combate à poluição do ar pelo governo, reduções que adicionaram 0,06°C ao aquecimento global desde 2006.  Em relação aos combustíveis com baixo teor de enxofre no transporte marítimo nota-se que contribuíram ao aquecimento recente, cujo limite de enxofre estabelecido pela OMI, Organização Marítima Internacional, para 2020 aqueceu o planeta em  0,04°C embora com variação de estimativas entre estudos publicados em que aproximadamente um quarto do aumento da temperatura global nas últimas 2 décadas decorre da revelação do calor causado pelo homem, no total, os cortes recentes de aerossóis podem ter contribuído com 0,14°C dos 0,5°C de aquecimento que o mundo experimenta desde 2007. Os aerossóis passaram de redutores da taxa de aquecimento decenal à crescentes da taxa de aquecimento pós 2005, com sulfato e outros aerossóis como componente importante da poluição atmosférica por PM2,5 associada a mortes prematuras anualmente, com a maioria das trajetórias futuras de emissões projetando declínios contínuos nos aerossóis a menos que o metano e outros GEE de curta duração diminuam simultaneamente, a taxa de aquecimento poderá acelerar nas próximas décadas mesmo que emissões de CO2 se estabilizem.

Moral da Nota: aerossóis podem ser fonte de confusão, pois evocam imagens de latas de spray e preocupações com a destruição da camada de ozônio, no entanto, são ampla categoria que se refere a partículas sólidas ou líquidas finas o suficiente para permanecer suspensas na atmosfera por longos períodos de tempo, sendo que os mais relevantes ao clima incluem SO2, nitrato, NO3, amônia, NH4, poeira mineral, spray marinho e aerossóis carbonáceos, como carbono negro e aerossóis orgânicos. Variam em tamanho, de nanômetros a micrômetros, geralmente têm curto tempo de residência na baixa atmosfera, dias ou semanas antes de retornarem à superfície ou serem levados pela chuva, significando que, ao contrário dos GEE, gases efeito estufa, de longa duração como o CO2 ou o óxido nitroso, N2O, os aerossóis só impactam o clima enquanto são liberados e, se as emissões cessarem, seus impactos climáticos se dissipam rapidamente. Afetam o clima absorvendo ou refletindo luz solar incidente ou influenciando formação e brilho das nuvens com a maioria tendo efeito de resfriamento pois dispersa luz solar da Terra de volta ao espaço, no entanto, outros, incluindo o carbono negro, causam aquecimento ao absorver a luz solar incidente e aquecem a atmosfera inferior, daí, aquecimento associado às emissões de GEE e o resfriamento associado às emissões de aerossóis são os maiores fatores que impulsionam mudanças na temperatura global nos últimos 70 anos e, na ausência de emissões de aerossóis, a melhor estimativa do aquecimento atual seria 0,5°C maior com o mundo mais próximo  dos 2°C em vez dos 1,4°C que experimentamos hoje, enquanto o resfriamento causado pelos aerossóis provavelmente mascarou parte do aquecimento que o mundo teria experimentado de outro modo. Por fim, há diversos tipos de aerossóis cujos impactos climáticos variam com base nas propriedades das partículas e magnitude das emissões humanas, destes, o SO2, "enxofre", tem o maior impacto climático e responde pela maior parte do mascaramento de aerossóis, -0,5 °C,  que atualmente ocorre enquanto o  carbono negro, fuligem, tem efeito modesto de aquecimento no clima global, 0,1°C, mas, impacto maior nas temperaturas do Ártico onde pode escurecer a neve e o gelo aumentando a luz solar que absorve do sol, já, emissões de carbono orgânico têm efeito de resfriamento modesto, -0,1 °C, enquanto emissões de amônia e nitrato têm efeito de resfriamento menor, -0,02 °C, outros, como poeira e sal marinho são naturais e as mudanças tiveram efeito insignificante nas temperaturas globais. O IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, no relatório de avaliação AR aumentou a magnitude estimada da força indireta de aerossóis comparado ao quinto relatório de avaliação, AR5, aumento que se baseou em melhor compreensão e modelagem dos ajustes aerossóis-nuvens, valendo notar que, ao contrário do CO2 e outros GEE os aerossóis na baixa atmosfera não são "bem misturados", ou, seja, não são distribuídos uniformemente pela atmosfera, quer dizer, regiões como o leste ou sudeste da Ásia que apresentam altas emissões de enxofre experimentam resfriamento de aerossóis maior que regiões com emissões mais baixas. A poluição do ar externo associada ao enxofre e outras emissões de aerossóis contribui à milhões de mortes prematuras anualmente, como resultado, reduzir aerossóis advém de preocupações com a saúde pública apesar da contribuição à aquecimento mais acelerado a redução dos aerossóis representa melhoria na saúde e bem-estar humano no mundo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Apendizado Profundo

Pesquisadores usando modelo de aprendizado profundo poderão prever aumento do estresse térmico urbano durante o dia até o final do século, comparado aos nossos dias, considerando que as cidades são particularmente vulneráveis ​​ao estresse térmico porque áreas pavimentadas e densamente construídas tendem armazenar calor, ao passo que ondas de calor mais frequentes e intensas são desafio à saúde pública e infraestrutura urbana. Modelo baseado em aprendizado profundo desenvolvido pela Universidade de Freiburg e Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, KIT, calcula em alta resolução e por longos períodos de tempo como o estresse térmico se desenvolve no futuro em cada metro quadrado de uma cidade, sendo que o modelo publicado no Urban Climate, apoia cidades nos esforços de se adaptarem às mudanças climáticas fornecendo estímulos ao planejamento urbano favorável ao clima. O sistema de aprendizado profundo combina dados geográficos, como alturas de edifícios e estruturas de vegetação, com previsões meteorológicas ou dados de projeção climática como temperatura do ar e radiação, adequado para prever diversos cenários climáticos desde um clima cujo aquecimento é reduzido devido medidas eficazes de proteção a clima significativamente mais quente decorrente altas emissões de gases efeito estufa. Através do modelo de aprendizado profundo pesquisadores simularam o futuro clima urbano em Freiburg no período de 2070 a 2099 com base em 3 cenários, no cenário mais pessimista, seriam possíveis até 307 horas/ano com forte estresse por calor de mais de 32 °C de temperatura "percebida" durante o dia, usando o período de referência entre 1990 e 2019, houve apenas 135 horas/ano, cujo número de horas com estresse térmico muito forte, acima de 38 °C de temperatura "percebida", pode aumentar por um fator de 10, ou, 71 horas/ano no período entre 2070 e 2099 comparado com 7 horas/ano no período de referência e, em comparação, o número de horas de estresse térmico forte no cenário de menor aquecimento aumenta para apenas 149/ano, nesse cenário, o número de horas com estresse térmico muito forte é de 12. O Dr. Ferdinand Briegel, autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Meteorologia e Pesquisa Climática do KIT, avalia que "fatores como densidade de desenvolvimento, vegetação e circulação de ar determinam se determinada área permanecerá relativamente fria ou se o calor se acumulará", sendo que o objetivo do estudo é medir o estresse térmico que afeta áreas urbanas representativas de Freiburg, ou seja, uma zona industrial, uma área residencial com árvores centenárias e o centro histórico da cidade com edifícios de médio porte e pouca vegetação com resultados mostrando que o número de horas de calor aumenta particularmente em zonas industriais devido à grande quantidade de superfícies pavimentadas e pouca sombra. Daí, áreas densamente urbanizadas com árvores centenárias projetam sombras durante o dia de modo que as horas de calor aumentam moderadamente e, à noite, no entanto, essa estrutura de edifícios e árvores retarda o processo de resfriamento mantendo o calor", segundo o autor do estudo, "o modelo de aprendizado profundo analisa o desenvolvimento do calor virtualmente na escala do bairro",  com o  Professor Andreas Christen, Catedrático de Meteorologia Ambiental da Universidade de Freiburg informando que  "como cada cidade apresenta seu próprio desenvolvimento, arborização e localização geográfica, portanto, possui uma estrutura individual, sendo crucial calcular o estresse térmico da forma mais granular possível, única maneira de desenvolver medidas personalizadas que possam proteger os habitantes efetivamente do calor extremo" e, após validação e adaptação às condições específicas, o modelo pode ser personalizado e utilizado em qualquer outra cidade.

Vale ainda considerar que o desmatamento tropical está associado a mortalidade considerável relacionada ao calor induzindo aquecimento local, risco potencial à saúde humana, associado ao elevado estresse térmico humano e à redução das horas seguras de trabalho ao ar livre, estando associado a 28 mil mortes, intervalo de confiança de 95% entre 23.610–33.560 mortes, relacionadas ao calor por ano usando avaliação pan-tropical.  Análise de dados de satélite mostra que o desmatamento tropical entre 2001–2020 expôs 345 milhões de pessoas ao aquecimento da superfície terrestre diurna ponderada pela população de 0,27 °C, em que as taxas estimadas de mortalidade relacionada ao calor são maiores no Sudeste Asiático, 8–11 mortes para cada 100 mil pessoas vivendo em áreas desmatadas seguidas pelas regiões tropicais da África e Américas, enquanto em regiões de perda de floresta o aquecimento local causado pelo desmatamento pode responder por mais de um terço da mortalidade total relacionada ao calor climático, destacando a contribuição do desmatamento tropical no aquecimento contínuo e os riscos à saúde relacionados ao calor no contexto das mudanças climáticas. Considerando que nas últimas décadas, florestas tropicais enfrentaram desmatamento e degradação impulsionados pela expansão agrícola e exploração madeireira, os impactos da perda de florestas tropicais são profundos afetando biodiversidade, clima global, ciclo hidrológico e comunidades humanas, com estudos anteriores demonstrando associação entre perda de florestas tropicais e aumento da temperatura da superfície em escalas locais e regionais, sendo o aquecimento local associado ao desmatamento ser imediato e de magnitude, equivalente ou maior que o projetado à um século de mudanças climáticas globais em cenário de altas emissões. A exposição humana a temperaturas elevadas representa risco potencial à saúde em que o estresse térmico pode afetar o humor e a saúde mental, prejudicar desempenho físico e reduzir a produtividade do trabalho, além disso, a exposição ao calor se associa a risco aumentado de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares e outras causas, sendo que mortalidade considerável relacionada ao calor tem sido atribuída às mudanças climáticas recentes cujos  efeitos na saúde são agravados por fatores socioeconômicos e demográficos em que a vulnerabilidade da população às mudanças climáticas está ligada aos gastos com saúde e proporções de obesos e idosos.  Com esses fatores, efeitos do calor na saúde humana podem ser modulados pelo grau de adaptação tecnológica que pode estar ligado ao status socioeconômico e, em países de baixa renda com capacidade adaptativa limitada, incluindo países tropicais, as perdas de capacidade de trabalho relativas ao estresse térmico podem ter consequências econômicas substanciais e aumentar a pobreza enquanto o desmatamento tropical se associa a aumentos na exposição humana ao calor.  Experimentos de campo mostram que a exposição ao calor induzida pelo desmatamento demonstrou reduzir o desempenho cognitivo e produtividade do trabalho, nos trópicos, o aquecimento devido ao desmatamento entre 2003 e 2018 foi associado a perdas em condições seguras de trabalho térmico à 2,8 milhões de trabalhadores ao ar livre, na Indonésia por exemplo, a combinação de mudanças climáticas e desmatamento entre 2002 e 2018 aumentou temperaturas médias ponderadas pela população em 0,86 °C,  respondendo por estimativa de 7,3–8,5% da mortalidade por todas as causas, ou, 101–118 mortes adicionais/ano. 

Moral da Nota: o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Espanha mostra recorde de emissões de incêndios florestais em apenas uma semana, crescendo a taxa sem precedentes nos registros de dados do CAMS, Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus que monitora emissões de incêndios florestais no mundo, durante todo o ano sendo que até 14 de agosto de 2025, quando grandes incêndios florestais na Espanha e Portugal estão fora de controle, dados mostram incêndios ativos importantes e, em apenas uma semana, emissões à Espanha aumentaram drasticamente para atingir as maiores totais anuais de incêndios nos dados que remontam a 2003. O crescimento das emissões de incêndios florestais na Espanha totais cumulativas de carbono é quase vertical, resultando nas maiores emissões totais anuais de incêndios em pelo menos 23 anos refletindo aumento extremo das emissões totais cumulativas estimadas de carbono de incêndios florestais à Espanha de 1 de janeiro a 18 de agosto de 2025 do Sistema Global de Assimilação de Fogo, GFAS, do CAMS.  Pelo menos 3 pessoas morreram na última onda de incêndios e milhares evacuadas, a linha de trem de alta velocidade entre Madri e Galícia foi fechada além de várias estradas considerando que os incêndios queimaram 120 mil hectares em agosto de 2025, com previsões do CAMS às partículas finas PM2,5 mostrando concentrações aumentadas na Península Ibérica com qualidade do ar degradada em centenas de kms dos incêndios mostrando concentrações acima das diretrizes de qualidade do ar da OMS. Portugal, enfrenta incêndios florestais de intensidade excepcional desde o final de julho de 2025, exigindo presença de mais de 3.600 bombeiros, principalmente no norte do país, com um óbito combatendo as chamas e o governo declarando estado de emergência em 2 de agosto renovando desde então, além de dados de emissões de incêndios do CAMS mostrando claro aumento nos últimos dias com emissões anuais se aproximando dos maiores totais anuais de 2003 e 2005. A fumaça dos incêndios florestais da Península Ibérica chegou à França, Reino Unido e Escandinávia somada à fumaça dos incêndios florestais canadenses que cruzam o Atlântico, causando condições nebulosas em algumas áreas, considerando que, a França estava sob onda de calor persistente que aumentou exponencialmente riscos de incêndios florestais, queimando 17 mil hectares considerado o pior incêndio em 50 anos à área do Mediterrâneo francês. Incêndios florestais de menor intensidade queimam na costa europeia da bacia do Mediterrâneo, em particular Grécia, que viu incêndios florestais graves no início do verão, Albânia e Montenegro, onde os incêndios devastaram várias casas visto em análises de profundidade óptica de aerossóis de matéria orgânica entre 1 e 19 de agosto de 2025 com vários transportes de fumaça de longo alcance do Canadá e fumaça emitida da Península Ibérica. Na América do Norte a fumaça afeta a qualidade do ar nos estados vizinhos e ocasionalmente cruzam o oceano  atingindo a Europa re-circulando sobre o Atlântico Norte via Islândia, enquanto no Canadá, os maiores incêndios estão nas províncias de Saskatchewan e Manitoba com emissões de incêndios florestais consideradas as segundas maiores abaixo apenas da temporada catastrófica de 2023 e, nos EUA grandes incêndios declarados em julho de 2025 continuaram até agosto em estados de Nevada, Arizona, Utah e Colorado. A potência radiativa do fogo, FRP, derivada das medições de satélite, está relacionada à quantidade de vegetação queimada e pode ser usada para fornecer estimativas quase em tempo real das emissões de incêndios florestais e queima de biomassa, incluindo gases de carbono, material particulado e outros poluentes pirogênicos, com o sistema global de composição atmosférica do CAMS assimilando os dados e, combinando-os com os dados de circulação atmosférica, produz previsões do transporte transfronteiriço de aerossóis e poluentes globalmente.