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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

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Pela 1ª vez uma empresa petrolífera é condenada por greenwashing, ou, uso enganoso de argumentos alegando boas práticas ecológicas, caso, da TotalEnergies condenada pela justiça francesa por "práticas enganosas de marketing", decisão, considerada histórica, por conta das alegações ambientais que "provavelmente alterariam o comportamento de compra dos consumidores", os, "induziriam ao erro", pela crença de, conforme declaração judicial, que a Total conseguiria atingir a neutralidade de carbono até 2050 mesmo com o aumento da produção de petróleo e gás,sendo que em maio de 2021, mudou seu nome para TotalEnergies em meio a campanha publicitária visando promover “compromisso de alcançar neutralidade de carbono até 2050”. Turbinas eólicas, painéis solares e estações de recarga à veículos elétricos, mensagens amplamente divulgadas, na França e exterior, em outdoors, imprensa, site, postos de gasolina, televisão e anúncios nas redes sociais, com o Greenpeace França, Amigos da Terra França e Notre Affaire à Tous, apoiados pela associação Client Eath, ingressaram com ação civil contra a empresa em 2022. Denunciaram que a multinacional não fundamentou alegações por conta de estratégia nã alinhada com o objetivo de "emissão zero" ou neutralidade de carbono até 2050 e, de acordo com as  organizações, a petrolera não apenas omitiu ao consumidor pelo menos 85% das emissões de gases efeito estufa em relação à meta declarada, apresentando planos de produção em conflito com requisitos mínimos para atingir neutralidade de carbono. O principais responsáveis pelas mudanças climáticas, os combustíveis fósseis,representam 90% da atividade da empresa e 80% dos investimentos, sendo que o tribunal francês ordenou à TotalEnergies e à TotalEnergies Electricité et Gaz France, responsáveis pela veiculação da publicidade, cessarem em um mês as alegações falsas, sob pena de multa provisória de 10 mil euros/dia de atraso, devendo publicar a decisão judicial no site, visível, por 180 dias. Trata-se, segundo as ONGs, de precedente importante na luta anti desinformação climática promovida por multinacionais petrolíferas,em comunicado, informam que "a vitória marca virada à proteção do consumidor, do clima e combate o greenwashing", concluindo que, "é a 1ª vez no mundo que uma empresa de petróleo e gás é condenada pela Justiça por enganar o público e fazer greenwashing da imagem em relação sua contribuição no combate às mudanças climáticas", no entanto, associações lamentam que o tribunal tenha rejeitado alegações sobre gás e biocombustíveis ao considerar que comunicações sobre esses produtos não estavam "diretamente relacionadas à promoção, venda ou fornecimento de energia da TotalEnergies aos consumidores". Vale dizer que, desde o início dos anos 2000, as empresas abandonaram em parte a negação das mudanças climáticas e se promoveram como partícipes da transição energética, e, em 12 de junho, foi solicitada a manifestação de interesse de “empresas globais de petróleo e gás para se juntarem como parceiras para firmar estratégia viável”, tendo sido cada vez mais alvo de ataques legais pelo papel na contribuição ao aquecimento global. Diferente de outros setores que enfrentam regulamentações mais rígidas, as corporações petrolíferas não abandonaram alegações de marketing climático, estratégia implementada desde o início dos anos 2000, na trilha do Protocolo de Kyoto visando redução das emissões de gases efeito estufa quando abandonaram em parte a negação das mudanças climáticas e se promoveram como partícipes da transição energética. Recentemente, as corporações petroleras têm elogiado investimentos em captura de carbono, biocombustíveis, energia solar e energia de hidrogênio, aos críticos, as alegações obscurecem a realidade considerando que a perfuração de petróleo e gás continua inabalável e, segundo Benjamin Franta, professor de litígios climáticos em Oxford,"estão dando falsas garantias, como, não se preocupe, não precisamos mudar nada", concluindo que, "o greenwashing é tão importante quanto a negação climática e, de certo modo, é mais importante porque é meio mais dominante de falsa garantia". Dados do Mediaradar, levaram Franta e colegas criarem um banco de dados que permitiu análise de mais de 2 mil anúncios nos EUA de 5 grandes empresas de petróleo desde 2006, revelando desaparecimento quase total, na década de 2020, de mensagens focadas em combustíveis fósseis em favor de alegações que os apresentavam como líderes em tecnologias de baixo carbono. A BP, por exemplo, incentiva pessoas "se juntarem a eles na jornada à futuro com menos carbono", a ExxonMobil, fala que a "tecnologia é um dos meios pelas quais promove soluções climáticas", sendo que, recentemente priorizaram tais mensagens em detrimento da linguagem sobre metas de neutralidade de carbono, mais proeminentes no início da década de 2020, auge da mobilização pública e política sobre desafios climáticos. Na Espanha, a Repsol venceu caso contra a Iberdrola que acusou de fazer publicidade enganosa com slogans como "uma empresa de energia comprometida com mundo sustentável", enquanto alegação de greenwashing contra empresas petrolíferas foi rejeitada por um tribunal de Nova York, na Austrália, o grupo de energia Santos aguarda veredito em caso movido por acionistas que dizem terem sido enganados pela alegação de atingir neutralidade de carbono até 2040. Por fim, a lei tornou-se mais clara em setores como aviação, alimentos ou vestuário, principalmente na Europa, com medidas anti-greenwashing forçando marcas controlar suas reivindicações ambientais, quer dizer, menos águas engarrafadas ou cafés, agora, oferecem garantias de "neutralidade em carbono" antes de uma diretiva da UE que os proíbe a partir de 2026. H&M e varejista de roupas on-line Zalando abandonaram rótulos vagos de sustentabilidade sob pressão dos reguladores, enquanto a KLM viu na Holanda, a publicidade climática ser considerada enganosa, com Sybrig Smit, do NewClimate Institute, Berlim, dizendo que, "há empresas que jogaram suas políticas climáticas pela janela", concluindo que, "há empresas que estão fazendo menos dessas afirmações ousadas, mas, na verdade, suas ambições são mais realistas." Produtores de combustíveis fósseis estão no olho do furacão, como alvo prioritário, acusados ​​de serem principal fonte do aquecimento global ao mesmo tempo que espalham desinformação sobre impactos climáticos, colocando-se em situação jurídica complicada com processos na Europa e EUA, com a Califórnia por exemplo,tentando fazê-los pagar ajudando custos das mudanças climáticas,do mesmo jeito que, como as empresas de tabaco foram forçadas pagar depois de anos minimizando impactos do tabagismo na saúde.

Relatório da ONU continua alertando que 900 milhões de pessoas enfrentam riscos de condições climáticas extremas e que a pobreza "alimenta" crises climáticas, e que estas pessoas estejam expostas a impactos cada vez mais severos da crise climática como, calor extremo, inundações, secas e poluição atmosférica tóxica. Divulgado antes da COP30, o Índice Global de Pobreza Multidimensional de 2025  mostra quadro evidente de como a pobreza e mudanças climáticas se relacionam e, pela 1ª vez, pesquisadores combinaram dados sobre riscos climáticos e indicadores multidimensionais de pobreza, mostrando que pobreza não é simplesmente questão econômica, mas, intimamente ligada às pressões ambientais e instabilidade global. O relatório informa que dos 887 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza expostas a pelo menos um perigo climático, 651 milhões delas enfrentam 2 ou mais ameaças climáticas simultaneamente e, de todas as crises climáticas, o calor extremo afeta mais de 608 milhões de pessoas pobres e a poluição do ar afeta outros 577 milhões, sendo que as inundações são grande perigo, ameaçam 465 milhões de pessoas e 207 milhões vivem em áreas afetadas pela seca. Por fim, destaca o Sul da Ásia e África Subsaariana como regiões mais vulneráveis, onde pobreza e impactos climáticos colidem, no Sul da Ásia, a exposição é quase universal, considerando que 99,1% das pessoas pobres, 380 milhões, vivem em áreas que enfrentam um ou mais perigos climáticos, na África Subsaariana, por exemplo, 344 milhões de pessoas enfrentam ameaças múltiplas semelhantes. Vale a nota que incêndios florestais e tempestades em Los Angeles em 2025 custaram US$ 101 bilhões, sendo o 1º semestre o mais caro já registrado à grandes desastres nos EUA impulsionado por incêndios florestais em Los Angeles e tempestades em grande parte do resto do país, considerando que em 6 meses houveram 14 desastres climáticos distintos, cada um causando US$ 1 bilhão em danos, conforme o grupo Climate Central, no total, custaram US$ 101 bilhões em danos, casas, empresas, rodovias e demais infraestruturas perdidas, número maior que em qualquer outro 1º semestre desde que os registros começaram em 1980. Por fim, o Climate Central tenta preencher o vazio de informações para recuperar parte da expertise e ferramentas perdidas às quais a sociedade precisa ter acesso, em espécie de triagem, tenta salvar e continuar", com a Fema, Agência Federal de Gestão de Emergências, que reduziu número de funcionários e a exigência de que os estados arquem com as consequências de grandes desastres.

Moral da Nota: relatório da FAO,Organização da ONU à Alimentação e Agricultura, informa que 60% dos solos usados ​​na produção de alimentos estão degradados, parecendo que a terra lentamente perde força e poder para nos alimentar e proteger. Perdeu micróbios, minerais e umidade que os torna fértil, que 1,38 bilhão de hectares de solo estão em risco devido salinidade, segundo a FAO, dificultando cultivo de alimentos pelos agricultores, por outro lado, mudanças climáticas como secas, ondas de calor e inundações alimentam a degradação do solo. A ONU alerta que, se a degradação continuar, 90% da camada superficial do solo mundial estará em risco, considerando que uma seca em um país causa inflação nos preços dos alimentos em outros países, se a colheita falha, ocorre migração em busca de vida melhor criando pressão sobre empregos e recursos. No Sahel, África, a desertificação tornou difícil aos agricultores cultivar alimentos básicos como o milheto,no Sul da Ásia, inundações arrastam camada fértil do solo, que ameaça a colheita de trigo, sendo que a saúde do solo se interliga à saúde humana e animal, no conceito de saúde única, quando o solo se degrada, perde capacidade de reter nutrientes e, acordos comerciais, projetos de pesquisa e programas de desenvolvimento  ajudam países aprender uns com os outros e disseminar ideias. 


quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Incêndios Florestais

Incêndios florestais canadenses percorreram mais de 5 mil km até Europa, com especialistas alertando ao aumento de eventos de fumaça transcontinental devido mudanças climáticas, fumaça, que atravessa o Atlântico atingindo partes do continente europeu cobrindo cidades com neblina e fuligem ou carbono negro, gerando preocupações sobre efeitos de longo alcance das emissões. A atividade de incêndios nos Territórios Central e Norte do Canadá, particularmente Manitoba, Saskatchewan e  Territórios do Noroeste, visto por modelos de satélite que confirmaram coluna de fumaça chegando à Europa Ocidental, com com mais de 6,6 milhões de hectares queimados, 140% a mais que a área queimada em 2024 e com meteorologistas dizendo que a corrente de jato e sistemas de alta pressão desempenharam papel no transporte da fumaça através do Atlântico em altitudes  de 9 mil metros, com o Met Office Reino Unido, em atualização nas redes sociais, reconhecendo a neblina, explicando que "não são apenas nuvens altas oriundas do oeste, a fumaça dos incêndios florestais canadenses viajaram milhares de kms afetando os céus da Europa, lembrete de como a atmosfera é interconectada." No entanto, não degradou gravemente a qualidade do ar na superfície, mas produziu efeitos visualmente dramáticos em cidades europeias, com moradores relatando nasceres e pores do sol laranja-avermelhados, incomuns, e queda perceptível na visibilidade devido neblina persistente, marcando o 2º grande evento de fumaça transatlântica em 2025 pós incursão semelhante em junho, com meses restantes na temporada de incêndios florestais em que especialistas alertam que 2025 pode se tornar um dos piores anos já registrados perdendo para os incêndios de 2023 em termos de área queimada e emissões de carbono. A NASA e o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus monitoram fumaça com altos níveis de carbono negro, fuligem, poluente que causa o aquecimento global, embora o impacto geral na qualidade do ar da superfície na Europa permaneça moderado com autoridades aconselhando grupos vulneráveis com problemas respiratórios, monitorar alertas locais de qualidade do ar e, à medida que eventos de fumaça tornam-se mais comuns, especialistas dizem que  refletem nova era na conectividade atmosférica onde a atividade de incêndios florestais em continente impacta outro, fenômeno que mostra  implicações globais das temporadas de incêndios causadas pelo clima destacando necessidade de respostas coordenadas à mitigação e resiliência climática.

Ainda relativo ao Canadá, a fumaça dos incêndios florestais se espalham por um terço dos EUA com má qualidade do ar em Nova York, Nova Inglaterra e Centro-Oeste, enquanto especialistas alertam que a fumaça contém partículas nocivas e o Canadá luta contra mais de 200 incêndios ativos, muitos,  fora de controle já que a fumaça se originou de centenas de incêndios florestais  desde o início de maio. A neblina trouxe perigosos níveis de poluição por partículas para Minnesota estendendo-se a Dakota, passando pelo Vale do Ohio até Nordeste chegando ao sul na Geórgia e, conforme, o Centro de Previsão do Tempo do Serviço Nacional de Meteorologia em College Park, Maryland, era especialmente espessa em Nova York e Nova Inglaterra, com Marc. Chenard, do Serviço Nacional de Meteorologia informando que "parte da fumaça está no ar, na atmosfera superior, então em muitas áreas não há problemas de qualidade do ar", concluindo, "mas há problemas de qualidade do ar em lugares tão ao sul quanto Nova York e Connecticut onde é mais denso e está na baixa atmosfera." Mais de 212 incêndios estavam ativos no Canadá desde maio, metade deles fora de controle, segundo o Centro Canadense Inter-agências de Incêndios Florestais com os piores nas províncias de Manitoba, Saskatchewan e Alberta e, até agora, 2 milhões de hectares foram queimados, com Yang Liu, professor de saúde ambiental da Universidade Emory, em Atlanta, dizendo que  "afetará todos em algum nível, em todas as esferas da vida", esclarece que contém partículas tóxicas menores que 1/40 de um fio de cabelo humano que podem entrar nos pulmões e atingir a corrente sanguínea, sendo pior que a qualidade em Williamstown, Massachusetts, perto da divisa de Vermont e Nova York, registrou pontuação "muito insalubre" de 228, conforme o IQAir, que monitora a qualidade do ar global e, uma pontuação abaixo de 50 é considerada boa enquanto qualquer pontuação acima de 100 é considerada insalubre, sendo que Ely, perto da fronteira de Minnesota com Manitoba, registrou leitura "moderada" de 65 e, Minneapolis, classificada como a 3ª pior cidade do mundo em qualidade do ar no pico dos incêndios com  leitura de 168.

Moral da Nota: em 2024, a Espanha perdeu mais de 42 mil hectares de floresta para incêndios, 7 vezes a área de Manhattan e uma melhoria em relação aos 89 mil hectares de 2023, ainda inaceitável, além disso, os incêndios tendem se concentrar nas mesmas áreas e, mais de 95% são causados por humanos, muitos deles intencionais. No exterior, em 2024, os EUA registraram 64.897 incêndios que queimaram 3,6 milhões de hectares, 127% acima da média dos últimos 10 anos, o Canadá, queimou como nunca, ou, 17 milhões de hectares em 2023, recorde histórico e, outros 5,3 milhões em 2024, apesar dos reforços mobilizados, a Carolina do Norte, por exemplo, tornou-se barril de pólvora climático em que a emergência climática prolonga estações, seca o combustível vegetal e transforma cada faísca em tempestade de fogo incontrolável e, pior, os mega-incêndios estão se tornando norma nos países com florestas densas, são, na maioria, evitáveis e, nos EUA entre 85% e 97% dos incêndios são causados pela atividade humana.

domingo, 5 de outubro de 2025

Governança Colaborativa

A medida que comunidades se envolvem com a crise climática, desde iniciativas locais de sustentabilidade a esforços de conservação, as estruturas decisórias nacionais e global nem sempre refletem engajamento, nem desenvolvem caminhos à incluir demais atores não tradicionais em resposta a crise, no entanto, estruturas e sistemas que moldam a governança climática, como marcos políticos, mecanismos de financiamento, normas institucionais e processos de coordenação, continuam centrais ou isolados limitando participação comunitária e interessados afetadas pela crise, ao mesmo tempo, vozes da elite e interesses corporativos dominam o processo de tomada de decisão. Isto é dito quando observamos resultados da COP29 que ressaltaram  tais lacunas, alimentando demanda para democratizar governança climática e garantir que vozes marginalizadas possam auxiliar moldar futuras negociações, inclusive na COP30 no Brasil, já que, historicamente, mulheres, povos indígenas, deficientes  e populações de baixa renda tiveram menos recursos para se adaptar às mudanças climáticas, ao mesmo tempo, jovens e gerações futuras correm riscos que não criaram, realidades que destacam necessidade de políticas climáticas que amplifiquem vozes dos mais afetados. A justiça climática se associa a lutas pelos direitos, direito a meio ambiente limpo, saudável e sustentável caminhando lado a lado com direito à moradia, alimentação, água e saúde, sendo que sua concretização no contexto de clima global em mudança exige mais que promessas políticas, com abordagens inclusivas que reflitam realidades na linha de frente, neste contexto, se insere a governança colaborativa, na qual governos, comunidades e grupos trabalham na resolução dos problemas e no enfrentamento dos desafios, com isto, surge a confiança, compartilhando poder e garantindo que os afetados sejam inseridos no processo de solução, reunindo autoridades públicas, pesquisadores, ativistas e cidadãos, buscando criar respostas justas, práticas e duradouras aos desafios, produzindo soluções que ninguém conseguiria alcançar sozinho garantindo que políticas sejam justas e respondam experiências vividas. O CPI, Centre for Public Impact, e, o R4D, Governance Action Hub  Results for Development, analisam grupo de trabalho sobre Justiça Climática, comunidade inter-regional de profissionais, formuladores de políticas, financiadores, pesquisadores e organizadores que testam modelos de governança climática focados em equidade, ação coletiva e justiça, do orçamento participativo à adaptação climática liderada pela comunidade, esforços que ampliam participação, enfrentam riscos de captura, exclusão ou impacto limitado, oportunidade de aprendizagem com a complexidade. 

No contexto de inovação, deficiência de ferro, DF, é questão nutricional generalizada que afeta milhões, causa de doenças que afetam crianças e mulheres na pré-menopausa e pessoas que vivem em países de baixa e média renda, conhecida com anemia ferropriva, pode levar a comprometimentos clínicos e funcionais e sua detecção precoce e avaliação precisa são cruciais à estratégias de intervenção e prevenção, já que, indivíduos afetados pela DF apresentam desempenho físico, produtividade no trabalho e função cognitiva, abaixo do ideal, no entanto,  a DF é sub-diagnosticada apesar dos métodos propostos às avaliações. A Hemaglobina, Hb, isoladamente para avaliar a DF está associada a baixas sensibilidade e especificidade, exigindo padronização adicional, o volume corpuscular médio, VCM, e do conteúdo de Hb dos reticulócitos são caracterizados por baixa especificidade, sendo relatado que um VCM aumentado pode resultar em valores falsamente normais do conteúdo de Hb dos reticulócitos, além desses, outros métodos apresentam alta sensibilidade mas não são amplamente adotados, como a protoporfirina de zinco eritrocitária, ZnPP, cujos valores são aumentados por infecções crônicas, inflamações e outras doenças levando à baixa especificidade, a adoção da ZnPP no uso clínico de rotina exige processo demorado bem como necessidade de padronizar o ponto de corte à  ZnPP ao usá-la para avaliar a DI, dadas as especificações variadas na literatura. Um método amplamente adotado é o  uso da saturação de transferrina para avaliar a DI com base no ferro plasmático e na razão de ligação do ferro, no entanto, é criticado devido aos efeitos de outros distúrbios nos níveis de transferrina, ainda em evidência a ferritina sérica, FS, para avaliar a DI demonstrando melhor desempenho comparada com outros métodos, como o VCM, ZnPP e saturação de transferrina, no entanto, suas estimativas podem ser enganosas na presença de doenças hepáticas ou doenças relacionadas e em caso onde há alta ingestão de álcool, sendo que atualmente, a biópsia da medula óssea é o método padrão-ouro para avaliar a DI quando realizada em condições padronizadas.  A introdução de métodos não invasivos como tecnologias computacionais surgem como ferramentas à avaliar deficiência de ferro oferecendo alternativas não invasivas e econômicas às abordagens diagnósticas tradicionais, sendo que a utilização de modelo para avaliar risco de baixos níveis de ferritina usando hemograma completo, HC, mínimo e proteína C reativa, PCR, é opção, com número significativo de ferramentas de ML, aprendizado de máquina, depende do uso de imagens radiológicas e outras imagens relacionadas como diferentes características na previsão da anemia ferropriva,  enquanto métodos como a rede neural foram usados ​​para atingir objetivo semelhante usando características de laboratoriais acessíveis. Um novo método de ML, aprendizado de máquina, avalia a verdadeira identidade, DI, com base em parâmetros de ferritina sérica, PCR e hemograma completo, baseado nas ideias dos modelos MSclassifie e no princípio de redução da variância do aprendizado estatístico, quer dizer, envolve a seleção de subamostras dos dados de modo que cada observação seja incluída em  amostra e combinação ou união das subamostras componha observações inteiras, construindo modelo MSclassifier em cada amostra e agregando desempenho de cada modelo para fazer previsões sobre os status de DI das instâncias. O novo método, Bamclassifier, explora propriedade de aprimorar conjuntos de dados à descoberta eficaz de conhecimento, ao mesmo tempo em que modela suposições subjacentes que acompanham atributos laboratoriais medidos da DI, por conta da probabilidade da modelagem que melhor se ajusta a experimentos aleatórios demonstrando que abordagens de ML, aprendizado de máquina, superam outras abordagens, além disso, os dados foram obtidos de medições laboratoriais de indivíduos aparentemente saudáveis ​​em Gana. Obteve sensibilidade, especificidade, precisão e exatidão ideais em comparação com outros métodos estabelecidos quando aplicado a grupos de homens, mulheres e conjuntos de dados de homens e mulheres, demonstrando que, embora outros métodos sejam aplicáveis ​​ao problema, o BamClassifier alcançou pontuações métricas de desempenho excepcionais e, além disso, obteve pontuações consideradas melhores em comparação a outras aplicações realizadas que superaram especialistas em medicina laboratorial. 

Moral da Nota: inventado em 1816 para ouvir sons internos do corpo, o estetoscópio tradicional foi "atualizado" e testado em piloto em mais de 200 clínicas em Londres, com a Sky News informando que pesquisadores desenvolveram estetoscópio com tecnologia IA que pode detectar problemas cardíacos em segundos, conduzido pelo Imperial College London e Imperial College Healthcare NHS Trust, sugere que estetoscópios com IA podem ser "divisor de águas",  permitindo tratamento mais precoce de pacientes com insuficiência cardíaca, doença da válvula cardíaca e ritmos cardíacos anormais como fibrilação atrial. Descobriram que pacientes que se beneficiaram da tecnologia tinham 2,3 vezes mais probabilidade de ter insuficiência cardíaca detectada nos 12 meses seguintes, comparados com aqueles que não se beneficiaram, sendo que o  uso dos estetoscópios aumentou detecção de padrões anormais de batimentos cardíacos, assintomáticos, mas que podem elevar o risco de acidente vascular cerebral  em 3,5 vezes aumentando detecção de doença da válvula cardíaca em 1,9. O professor Mike Lewis, diretor científico de inovação do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados, que apoiou o estudo, avalia que a ferramenta pode ser divisor de águas aos pacientes levando a inovação diretamente às mãos dos clínicos gerais, permitindo que médicos locais detectem problemas mais precocemente, diagnostiquem pacientes na comunidade e abordem alguns dos grandes males da sociedade.

Rodapé: a Exxon e o estado da Califórnia se enfrentam em processos judiciais conflitantes sobre plásticos, com a petrolífera acusando o Procurador-geral do estado da Califórnia e 4 grupos sem fins lucrativos, de difamação, pós entrarem com processo por alegações de reciclagem. A questão pairou em audiência no tribunal federal em Beaumont, Texas, onde a Exxon Mobil processou o Procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, e as organizações sem fins lucrativos, acusando-os de conspirar para destruir seu negócio de reciclagem sinalizando escalada da petrolífera que tenta evitar processos semelhantes no futuro. Na audiência em 20 de agosto de 2025, tentaram persuadir o juiz Michael J. Truncale arquivar o caso, ou, pelo menos transferi-lo à Califórnia para que pudesse ser julgado com os processos originais, ao passo que o advogado da Exxon, Michael P. Cash, respondeu que o "ataque" tinha como alvo direto o Texas e que o assunto deveria ser litigado lá, resumindo da seguinte maneira, "avançamos na reciclagem aqui, produzimos plásticos aqui, fazemos um bom trabalho, e vocês estão mexendo com nossos clientes e com o sustento deles no Texas mentindo sobre nós". Tudo começou quando a Exxon foi processada em tribunal estadual da Califórnia pelo Procurador e as ONGs Sierra Club, Baykeeper, Heal the Bay e Surfrider Foundation, sob acusação de enganar os californianos ao "prometer que a reciclagem poderia e resolveria a crescente crise de resíduos plásticos", sendo que as ações alegavam violações das leis estaduais de incômodo, concorrência desleal e buscavam indenizações que o Procurador da Califórnia estimou que chegariam a "vários bilhões de dólares". 

sábado, 4 de outubro de 2025

Poluente Tóxico

Pela primeira vez, cientistas detectam o poluente tóxico MCCP no ar de Oklahoma com concentrações superiores as conhecidas anteriormente, ou, 3 ng/m³ nas lavouras, com os bios-sólidos agrícolas como possível fonte de contaminação, suscitando urgente  regulamentação, monitoramento e inovação. A descoberta de MCCPs, parafinas cloradas de cadeia média, sobre Lamont, Oklahoma, representa marco pois é a primeira vez que são detectadas na atmosfera das Américas através da utilização de CIMS, espectrometria de massa por ionização química, que permite detectar concentrações da ordem de partes por quatrilhão, sendo que a equipe identificou picos de até 3 ng/m³, milhares de vezes superiores aos níveis remotos esperados, observando que, a distribuição diurna com picos ao meio-dia e quedas à noite sugere troca térmica entre o solo e o ar apontando à fonte próxima e não chaminés industriais distantes, possivelmente o próprio solo agrícola tratado com bios-sólidos. Presumia-se que os níveis de MCCP na América do Norte eram insignificantes antes do estudo em questão e, ao contrário de sua presença reconhecida em regiões polares e em cidades asiáticas, a descoberta inverte a expectativa sugerindo que modelos atuais de transporte atmosférico são incompletos, além do que, desde 2009, quando SCCPs, parafinas de cadeia curta, foram regulamentadas nos EUA devido propriedades persistentes e bio-cumulativas, indústrias buscaram substituir esses compostos por MCCPs com resultado em efeito "whack-a-mole", ou, a solução do problema apenas leva ao surgimento de outro, sendo que uma foi regulamentada, surgindo outra, sem abordar a raiz da questão, no entanto, a proposta de eliminação global está sendo considerada pela Convenção de Estocolmo inserida em pressão para fechar essa brecha regulatória. O modo como as parafinas voláteis chegam ao ar sobre os campos de trigo está nos bios-sólidos, ou, lodo de esgoto urbano usado como fertilizante em que mais da metade dos CPs acabam nesses lodos no tratamento de águas residuais transformando-os em reservatórios tóxicos e, quando espalhados no solo, o vento carrega partículas que liberam MCCPs à medida que se aquecem durante o dia, recordando que concentrações de até 3.600 ng/g foram observadas em lodo seco na Austrália, se replicado nos EUA, explicaria os picos medidos. Estudos em animais associam PCAs ao estresse hepático, desregulação endócrina e danos no desenvolvimento, embora dados em humanos sejam limitados, demonstrou-se que ambientes industriais apresentam maior sobrecarga em humanos e, sua persistência semelhante aos PFAS, permite acúmulo no tecido gorduroso percorrendo cadeias alimentares e alcançando populações distantes sem contato direto, não existindo padrão federal de qualidade do ar para MCCP, nem monitoramento individual sistemático, sendo que a descoberta de Lamont exige que autoridades criem diretrizes e controles claros abordando a crescente preocupação pública. A espectrometria de massa utilizada no estudo registra emissões a cada segundo, identificando assinaturas isotópicas de moléculas de cloro, carbono e hidrogênio e, ao observar padrões inesperados, espectros de referência e análises manuais foram utilizados confirmando pelo menos 18 variantes do MCCP, deixando evidente a relação entre concentração e temperatura e reforçando a hipótese do solo como fonte sendo que chuvas recentes não eliminaram completamente a pluma aérea, indicando emissão contínua da superfície tratada. Por fim, a equipe planeja monitorar durante o ano todo para observar variações sazonais e localizar pontos críticos, complementado por amostragem de solo e bios-sólidos, enquanto isso, legisladores estaduais ajustam regulamentações sobre a aplicação agrícola de bios-sólidos e debates semelhantes surgem em outros estados agrícolas norte americanos com a indústria considerando opções sem cloro para lubrificantes e plastificantes prevendo possível proibição total.

Em relação ao quesito poluição do ar, emissões de aerossóis causadas pelo homem, ou, micro partículas que dispersam a luz e produzidas pela queima de combustíveis fósseis atuam como freio invisível ao aquecimento global, em parte porque absorvem ou refletem luz solar incidente e influenciam formação e brilho das nuvens, efeitos que atuam para diminuir temperaturas regionais e globais. Os aerossóis impactam na saúde humana com má qualidade do ar externo decorrente partículas em suspensão contribuindo à mortes prematuras por ano, sendo que esforços nas últimas décadas para melhorar qualidade do ar no mundo reduziram emissões de aerossóis beneficiando saúde, no entanto, embora a redução de aerossóis limpe o ar, desmascara o aquecimento causado pelo CO2 e outros gases efeito estufa, GEE. Regras de ar limpo impulsionam declínio nas emissões de enxofre no mundo sendo que emissões globais de SO2, dióxido de enxofre, caíram 40% desde os anos 2000, atualmente, há 0,5ºC de aquecimento "escondido" pelos aerossóis e, sem o resfriamento causado pelo sulfato e outros aerossóis, a temperatura global atual já estaria 2°C acima dos níveis pré-industriais em vez dos 1,4°C que o mundo experimenta hoje, por exemplo, emissões de SO2 chinesas caíram mais de 70% entre 2006 e 2017 graças à implementação de medidas de combate à poluição do ar pelo governo, reduções que adicionaram 0,06°C ao aquecimento global desde 2006.  Em relação aos combustíveis com baixo teor de enxofre no transporte marítimo nota-se que contribuíram ao aquecimento recente, cujo limite de enxofre estabelecido pela OMI, Organização Marítima Internacional, para 2020 aqueceu o planeta em  0,04°C embora com variação de estimativas entre estudos publicados em que aproximadamente um quarto do aumento da temperatura global nas últimas 2 décadas decorre da revelação do calor causado pelo homem, no total, os cortes recentes de aerossóis podem ter contribuído com 0,14°C dos 0,5°C de aquecimento que o mundo experimenta desde 2007. Os aerossóis passaram de redutores da taxa de aquecimento decenal à crescentes da taxa de aquecimento pós 2005, com sulfato e outros aerossóis como componente importante da poluição atmosférica por PM2,5 associada a mortes prematuras anualmente, com a maioria das trajetórias futuras de emissões projetando declínios contínuos nos aerossóis a menos que o metano e outros GEE de curta duração diminuam simultaneamente, a taxa de aquecimento poderá acelerar nas próximas décadas mesmo que emissões de CO2 se estabilizem.

Moral da Nota: aerossóis podem ser fonte de confusão, pois evocam imagens de latas de spray e preocupações com a destruição da camada de ozônio, no entanto, são ampla categoria que se refere a partículas sólidas ou líquidas finas o suficiente para permanecer suspensas na atmosfera por longos períodos de tempo, sendo que os mais relevantes ao clima incluem SO2, nitrato, NO3, amônia, NH4, poeira mineral, spray marinho e aerossóis carbonáceos, como carbono negro e aerossóis orgânicos. Variam em tamanho, de nanômetros a micrômetros, geralmente têm curto tempo de residência na baixa atmosfera, dias ou semanas antes de retornarem à superfície ou serem levados pela chuva, significando que, ao contrário dos GEE, gases efeito estufa, de longa duração como o CO2 ou o óxido nitroso, N2O, os aerossóis só impactam o clima enquanto são liberados e, se as emissões cessarem, seus impactos climáticos se dissipam rapidamente. Afetam o clima absorvendo ou refletindo luz solar incidente ou influenciando formação e brilho das nuvens com a maioria tendo efeito de resfriamento pois dispersa luz solar da Terra de volta ao espaço, no entanto, outros, incluindo o carbono negro, causam aquecimento ao absorver a luz solar incidente e aquecem a atmosfera inferior, daí, aquecimento associado às emissões de GEE e o resfriamento associado às emissões de aerossóis são os maiores fatores que impulsionam mudanças na temperatura global nos últimos 70 anos e, na ausência de emissões de aerossóis, a melhor estimativa do aquecimento atual seria 0,5°C maior com o mundo mais próximo  dos 2°C em vez dos 1,4°C que experimentamos hoje, enquanto o resfriamento causado pelos aerossóis provavelmente mascarou parte do aquecimento que o mundo teria experimentado de outro modo. Por fim, há diversos tipos de aerossóis cujos impactos climáticos variam com base nas propriedades das partículas e magnitude das emissões humanas, destes, o SO2, "enxofre", tem o maior impacto climático e responde pela maior parte do mascaramento de aerossóis, -0,5 °C,  que atualmente ocorre enquanto o  carbono negro, fuligem, tem efeito modesto de aquecimento no clima global, 0,1°C, mas, impacto maior nas temperaturas do Ártico onde pode escurecer a neve e o gelo aumentando a luz solar que absorve do sol, já, emissões de carbono orgânico têm efeito de resfriamento modesto, -0,1 °C, enquanto emissões de amônia e nitrato têm efeito de resfriamento menor, -0,02 °C, outros, como poeira e sal marinho são naturais e as mudanças tiveram efeito insignificante nas temperaturas globais. O IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, no relatório de avaliação AR aumentou a magnitude estimada da força indireta de aerossóis comparado ao quinto relatório de avaliação, AR5, aumento que se baseou em melhor compreensão e modelagem dos ajustes aerossóis-nuvens, valendo notar que, ao contrário do CO2 e outros GEE os aerossóis na baixa atmosfera não são "bem misturados", ou, seja, não são distribuídos uniformemente pela atmosfera, quer dizer, regiões como o leste ou sudeste da Ásia que apresentam altas emissões de enxofre experimentam resfriamento de aerossóis maior que regiões com emissões mais baixas. A poluição do ar externo associada ao enxofre e outras emissões de aerossóis contribui à milhões de mortes prematuras anualmente, como resultado, reduzir aerossóis advém de preocupações com a saúde pública apesar da contribuição à aquecimento mais acelerado a redução dos aerossóis representa melhoria na saúde e bem-estar humano no mundo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Apendizado Profundo

Pesquisadores usando modelo de aprendizado profundo poderão prever aumento do estresse térmico urbano durante o dia até o final do século, comparado aos nossos dias, considerando que as cidades são particularmente vulneráveis ​​ao estresse térmico porque áreas pavimentadas e densamente construídas tendem armazenar calor, ao passo que ondas de calor mais frequentes e intensas são desafio à saúde pública e infraestrutura urbana. Modelo baseado em aprendizado profundo desenvolvido pela Universidade de Freiburg e Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, KIT, calcula em alta resolução e por longos períodos de tempo como o estresse térmico se desenvolve no futuro em cada metro quadrado de uma cidade, sendo que o modelo publicado no Urban Climate, apoia cidades nos esforços de se adaptarem às mudanças climáticas fornecendo estímulos ao planejamento urbano favorável ao clima. O sistema de aprendizado profundo combina dados geográficos, como alturas de edifícios e estruturas de vegetação, com previsões meteorológicas ou dados de projeção climática como temperatura do ar e radiação, adequado para prever diversos cenários climáticos desde um clima cujo aquecimento é reduzido devido medidas eficazes de proteção a clima significativamente mais quente decorrente altas emissões de gases efeito estufa. Através do modelo de aprendizado profundo pesquisadores simularam o futuro clima urbano em Freiburg no período de 2070 a 2099 com base em 3 cenários, no cenário mais pessimista, seriam possíveis até 307 horas/ano com forte estresse por calor de mais de 32 °C de temperatura "percebida" durante o dia, usando o período de referência entre 1990 e 2019, houve apenas 135 horas/ano, cujo número de horas com estresse térmico muito forte, acima de 38 °C de temperatura "percebida", pode aumentar por um fator de 10, ou, 71 horas/ano no período entre 2070 e 2099 comparado com 7 horas/ano no período de referência e, em comparação, o número de horas de estresse térmico forte no cenário de menor aquecimento aumenta para apenas 149/ano, nesse cenário, o número de horas com estresse térmico muito forte é de 12. O Dr. Ferdinand Briegel, autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Meteorologia e Pesquisa Climática do KIT, avalia que "fatores como densidade de desenvolvimento, vegetação e circulação de ar determinam se determinada área permanecerá relativamente fria ou se o calor se acumulará", sendo que o objetivo do estudo é medir o estresse térmico que afeta áreas urbanas representativas de Freiburg, ou seja, uma zona industrial, uma área residencial com árvores centenárias e o centro histórico da cidade com edifícios de médio porte e pouca vegetação com resultados mostrando que o número de horas de calor aumenta particularmente em zonas industriais devido à grande quantidade de superfícies pavimentadas e pouca sombra. Daí, áreas densamente urbanizadas com árvores centenárias projetam sombras durante o dia de modo que as horas de calor aumentam moderadamente e, à noite, no entanto, essa estrutura de edifícios e árvores retarda o processo de resfriamento mantendo o calor", segundo o autor do estudo, "o modelo de aprendizado profundo analisa o desenvolvimento do calor virtualmente na escala do bairro",  com o  Professor Andreas Christen, Catedrático de Meteorologia Ambiental da Universidade de Freiburg informando que  "como cada cidade apresenta seu próprio desenvolvimento, arborização e localização geográfica, portanto, possui uma estrutura individual, sendo crucial calcular o estresse térmico da forma mais granular possível, única maneira de desenvolver medidas personalizadas que possam proteger os habitantes efetivamente do calor extremo" e, após validação e adaptação às condições específicas, o modelo pode ser personalizado e utilizado em qualquer outra cidade.

Vale ainda considerar que o desmatamento tropical está associado a mortalidade considerável relacionada ao calor induzindo aquecimento local, risco potencial à saúde humana, associado ao elevado estresse térmico humano e à redução das horas seguras de trabalho ao ar livre, estando associado a 28 mil mortes, intervalo de confiança de 95% entre 23.610–33.560 mortes, relacionadas ao calor por ano usando avaliação pan-tropical.  Análise de dados de satélite mostra que o desmatamento tropical entre 2001–2020 expôs 345 milhões de pessoas ao aquecimento da superfície terrestre diurna ponderada pela população de 0,27 °C, em que as taxas estimadas de mortalidade relacionada ao calor são maiores no Sudeste Asiático, 8–11 mortes para cada 100 mil pessoas vivendo em áreas desmatadas seguidas pelas regiões tropicais da África e Américas, enquanto em regiões de perda de floresta o aquecimento local causado pelo desmatamento pode responder por mais de um terço da mortalidade total relacionada ao calor climático, destacando a contribuição do desmatamento tropical no aquecimento contínuo e os riscos à saúde relacionados ao calor no contexto das mudanças climáticas. Considerando que nas últimas décadas, florestas tropicais enfrentaram desmatamento e degradação impulsionados pela expansão agrícola e exploração madeireira, os impactos da perda de florestas tropicais são profundos afetando biodiversidade, clima global, ciclo hidrológico e comunidades humanas, com estudos anteriores demonstrando associação entre perda de florestas tropicais e aumento da temperatura da superfície em escalas locais e regionais, sendo o aquecimento local associado ao desmatamento ser imediato e de magnitude, equivalente ou maior que o projetado à um século de mudanças climáticas globais em cenário de altas emissões. A exposição humana a temperaturas elevadas representa risco potencial à saúde em que o estresse térmico pode afetar o humor e a saúde mental, prejudicar desempenho físico e reduzir a produtividade do trabalho, além disso, a exposição ao calor se associa a risco aumentado de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares e outras causas, sendo que mortalidade considerável relacionada ao calor tem sido atribuída às mudanças climáticas recentes cujos  efeitos na saúde são agravados por fatores socioeconômicos e demográficos em que a vulnerabilidade da população às mudanças climáticas está ligada aos gastos com saúde e proporções de obesos e idosos.  Com esses fatores, efeitos do calor na saúde humana podem ser modulados pelo grau de adaptação tecnológica que pode estar ligado ao status socioeconômico e, em países de baixa renda com capacidade adaptativa limitada, incluindo países tropicais, as perdas de capacidade de trabalho relativas ao estresse térmico podem ter consequências econômicas substanciais e aumentar a pobreza enquanto o desmatamento tropical se associa a aumentos na exposição humana ao calor.  Experimentos de campo mostram que a exposição ao calor induzida pelo desmatamento demonstrou reduzir o desempenho cognitivo e produtividade do trabalho, nos trópicos, o aquecimento devido ao desmatamento entre 2003 e 2018 foi associado a perdas em condições seguras de trabalho térmico à 2,8 milhões de trabalhadores ao ar livre, na Indonésia por exemplo, a combinação de mudanças climáticas e desmatamento entre 2002 e 2018 aumentou temperaturas médias ponderadas pela população em 0,86 °C,  respondendo por estimativa de 7,3–8,5% da mortalidade por todas as causas, ou, 101–118 mortes adicionais/ano. 

Moral da Nota: o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Espanha mostra recorde de emissões de incêndios florestais em apenas uma semana, crescendo a taxa sem precedentes nos registros de dados do CAMS, Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus que monitora emissões de incêndios florestais no mundo, durante todo o ano sendo que até 14 de agosto de 2025, quando grandes incêndios florestais na Espanha e Portugal estão fora de controle, dados mostram incêndios ativos importantes e, em apenas uma semana, emissões à Espanha aumentaram drasticamente para atingir as maiores totais anuais de incêndios nos dados que remontam a 2003. O crescimento das emissões de incêndios florestais na Espanha totais cumulativas de carbono é quase vertical, resultando nas maiores emissões totais anuais de incêndios em pelo menos 23 anos refletindo aumento extremo das emissões totais cumulativas estimadas de carbono de incêndios florestais à Espanha de 1 de janeiro a 18 de agosto de 2025 do Sistema Global de Assimilação de Fogo, GFAS, do CAMS.  Pelo menos 3 pessoas morreram na última onda de incêndios e milhares evacuadas, a linha de trem de alta velocidade entre Madri e Galícia foi fechada além de várias estradas considerando que os incêndios queimaram 120 mil hectares em agosto de 2025, com previsões do CAMS às partículas finas PM2,5 mostrando concentrações aumentadas na Península Ibérica com qualidade do ar degradada em centenas de kms dos incêndios mostrando concentrações acima das diretrizes de qualidade do ar da OMS. Portugal, enfrenta incêndios florestais de intensidade excepcional desde o final de julho de 2025, exigindo presença de mais de 3.600 bombeiros, principalmente no norte do país, com um óbito combatendo as chamas e o governo declarando estado de emergência em 2 de agosto renovando desde então, além de dados de emissões de incêndios do CAMS mostrando claro aumento nos últimos dias com emissões anuais se aproximando dos maiores totais anuais de 2003 e 2005. A fumaça dos incêndios florestais da Península Ibérica chegou à França, Reino Unido e Escandinávia somada à fumaça dos incêndios florestais canadenses que cruzam o Atlântico, causando condições nebulosas em algumas áreas, considerando que, a França estava sob onda de calor persistente que aumentou exponencialmente riscos de incêndios florestais, queimando 17 mil hectares considerado o pior incêndio em 50 anos à área do Mediterrâneo francês. Incêndios florestais de menor intensidade queimam na costa europeia da bacia do Mediterrâneo, em particular Grécia, que viu incêndios florestais graves no início do verão, Albânia e Montenegro, onde os incêndios devastaram várias casas visto em análises de profundidade óptica de aerossóis de matéria orgânica entre 1 e 19 de agosto de 2025 com vários transportes de fumaça de longo alcance do Canadá e fumaça emitida da Península Ibérica. Na América do Norte a fumaça afeta a qualidade do ar nos estados vizinhos e ocasionalmente cruzam o oceano  atingindo a Europa re-circulando sobre o Atlântico Norte via Islândia, enquanto no Canadá, os maiores incêndios estão nas províncias de Saskatchewan e Manitoba com emissões de incêndios florestais consideradas as segundas maiores abaixo apenas da temporada catastrófica de 2023 e, nos EUA grandes incêndios declarados em julho de 2025 continuaram até agosto em estados de Nevada, Arizona, Utah e Colorado. A potência radiativa do fogo, FRP, derivada das medições de satélite, está relacionada à quantidade de vegetação queimada e pode ser usada para fornecer estimativas quase em tempo real das emissões de incêndios florestais e queima de biomassa, incluindo gases de carbono, material particulado e outros poluentes pirogênicos, com o sistema global de composição atmosférica do CAMS assimilando os dados e, combinando-os com os dados de circulação atmosférica, produz previsões do transporte transfronteiriço de aerossóis e poluentes globalmente. 

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Previsão do Tempo

Estudo avalia desenvolvimento IA ​​em práticas sustentáveis ​​na China ​​no avanço da eficiência energética atraindo atenção de formuladores de políticas e pesquisadores, emergindo descobertas de como o desenvolvimento IA ​​influencia positivamente a eficiência energética operando através da inovação verde e racionalização da estrutura industrial, especificamente, promove o desenvolvimento e implantação de tecnologias verdes ao mesmo tempo que permite alocação equilibrada e eficiente de recursos industriais enquanto a  análise moderadora revela que o impacto IA ​​na eficiência energética é amplificado em cidades com regulamentações ambientais informais comparativamente atenuado em cidades com ambientes regulatórios mais flexíveis. IA mostra-se particularmente eficaz no aumento da eficiência energética em cidades baseadas em recursos em declínio ou em processo de regeneração, relacionada às contrapartes em crescimento ou maduras cujos resultados se alinham com pesquisas existentes enfatizando impacto IA ​​na eficiência energética e, ao comparar descobertas com outros estudos, identificam-se mecanismos pelos quais IA afeta eficiência energética e condições em que os efeitos são mais pronunciados.  As descobertas contribuem à compreensão do papel IA ​​no desenvolvimento sustentável oferecendo evidências empíricas de  impacto na eficiência, ao elucidar mecanismos que ligam IA à eficiência energética a pesquisa fornece informações à formuladores de políticas e partes interessadas da indústria ressaltando importância de incorporar IA em estruturas estratégicas para promover desenvolvimento sustentável com implicações práticas particularmente salientes à China, dada escassez de energia e distribuição desigual de recursos. Considerando metas ambiciosas chinesas de atingir pico de emissões de CO₂ até 2030 e neutralidade de carbono até 2060, é imperativo aproveitar IA para aumentar eficiência energética e impulsionar transformação industrial em cidades baseadas em recurso, estratégia que facilita alcance das metas de sustentabilidade e fortalece posição chinesas como líder global em desenvolvimento sustentável e, com base nestas descobertas, surgem implicações políticas à promoção do desenvolvimento sustentável através da adoção IA. Daí, o impacto IA ​​na eficiência energética é significativamente amplificado em cidades com regulamentações ambientais informais robustas com  formuladores de políticas priorizando reforço da governança ambiental implementando regulamentações formais, aumentando conscientização pública, apoiando ONGs ambientais e cultivando cultura de sustentabilidade comunitária, além de exercer influência na eficiência energética em cidades dependentes de recursos em declínio e em regeneração investimentos direcionados em infraestrutura e aplicações IA em estágios críticos de transição  apoiando reestruturação industrial buscando cultivar ambientes propícios à adoção​ sendo que a integração de tecnologias IA pode gerar benefícios de longo prazo incorporando práticas sustentáveis ​​e mitigando riscos de transição futuros e, por fim, IA aprimora eficiência energética através da inovação tecnológica verde e otimização da estrutura industrial com formuladores de políticas e líderes da indústria alavancando IA para impulsionar inovação e otimizar operações industriais promovendo sustentabilidade e liberando  o potencial da transformação pela IA.

O dilema da previsão do tempo leva países se concentrarem em melhorar a precisão da previsão, eficiência e o tratamento de condições climáticas extremas através de arquiteturas avançadas de aprendizado de máquina com países avançando no campo da previsão do tempo IA em que sistemas utilizam arquiteturas de aprendizado de máquina de ponta à medida que revoluciona aspectos do cotidiano, a previsão precisa do tempo local está em pauta com Laboratório de Sistemas Globais, GSL, da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, NOAA, nos EUA preparando sistema regional de previsão do tempo, o HRRR-Cast. Tal sistema inovador, alimentado por IA, fornece previsões no intervalo de 1 a 6 horas, precisas e oportunas, essenciais à eventos climáticos localizados e o primeiro do gênero desenvolvido pela NOAA, o HRRR-Cast representa passo na integração IA à modelagem ambiental desenvolvido como contrapartida  em dados ao renomado modelo de Atualização Rápida de Alta Resolução, HRRR, da NOAA, o HRRR-Cast busca manter precisão de previsão comparável ao mesmo tempo que fornece resultados mais rápidos e à custos computacionais mais baixos, desenvolvido no âmbito do Projeto EAGLE, Sistema Experimental de Previsão Global e de Área Limitada por IA da NOAA, ao utilizar dados de 3 anos gerado pelo modelo HRRR baseado em física, o sistema IA aprende aprimorar técnicas de previsão. O HRRR-Cast apresenta capacidade de produzir previsões conjuntas usando métodos IA como técnicas de difusão gerando cenários de previsão, auxiliando previsões à eventos climáticos severos cujos testes iniciais mostram resultados promissores na captura da dinâmica de mudanças nos padrões climáticos, crucial á alertas oportunos, embora o HRRR-Cast mostre poder IA, pesquisadores enfatizam que não pretende substituir os modelos tradicionais baseados em física, sendo o  objetivo a abordagem híbrida combinando  eficiência computacional IA com confiabilidade de simulações baseadas na física potencialmente transformando o futuro da previsão do tempo. Outro exemplo proeminente é o GraphCast desenvolvido pelo Google DeepMind no Reino Unido utilizando Redes Neurais de Grafos, GNNs, treinado com dados de reanálise ERA5 do ECMWF produz previsões globais com até 10 dias de antecedência com resolução de  25 km, oferece maior precisão que os modelos tradicionais de previsão numérica do tempo, NWP, como o Sistema Integrado de Previsão, IFS, do ECMWF,  executado mais rapidamente, concluindo previsões em minutos em um único TPU sendo que o Projeto EAGLE da NOAA se baseia no GraphCast ajustando-o com dados operacionais e melhorando aplicabilidade prática. Vale ainda lembrança do Pangu-Weather da Huawei, iniciativa chinesa que utiliza arquitetura de transformador 3D específica à Terra para previsões de até 7 dias se destacando na previsão de trajetórias de ciclones tropicais e eventos extremos com alta resolução e eficiência, sendo que a NOAA testou o Pangu-Weather usando sistemas de dados globais demonstrando potencial como alternativa competitiva que equilibra velocidade computacional com precisão. Por fim, o FourCastNet da NVIDIA, EUA, adota modelo de transformador de visão à previsões  de alta resolução de até 7 dias, projetado para escalabilidade de GPU, suporta previsões globais e regionais experimentais oferecendo versatilidade semelhante ao HRRR-Cast.

Moral da Nota: a Índia não testemunha aumento de temperatura como outros países, no entanto parece má notícia, pois a temperatura da região aumentou 0,09°C por década nos últimos 40 anos, menor que a média global de 0,30°C por década e abaixo dos 0,23°C registrados para regiões em latitudes semelhantes, cujas razões mostram que o aquecimento do sul da Ásia é mais lento devido à forte poluição por aerossóis, que os sulfatos e o carbono orgânico bloqueiam a luz solar escondendo o verdadeiro aquecimento do efeito estufa, que o aquecimento mais rápido e eventos extremos podem ocorrer até 2050, com a queda da poluição, daí, enquanto partes do mundo experimentam aumentos imprevisíveis na temperatura da superfície a massa terrestre do sul da Ásia, o subcontinente indiano,  se aquece a ritmo mais lento. Dados mostram que considerando que a área tem uma das maiores densidades populacionais do mundo e visto reduções na cobertura vegetal que normalmente amortece o aquecimento, o aumento lento da temperatura parece incomum, portanto, é importante compreender as causas por trás desse fenômeno na Índia e áreas vizinhas pois não há dúvidas que a Índia, especialmente a Planície Indo-Gangética que se estende de Punjab e Haryana até Bangladesh está entre as regiões mais poluídas do mundo. Gases efeito estufa, GEE, como o CO2, com tempos de vida na atmosfera variando de séculos a milênios e com esforços globais levando a reduções nas emissões de GEE, a Diretora Executiva do Centro de Ciência e Meio Ambiente, CSE, esclarece que as “fontes de aerossóis e gases efeito estufa são as mesmas embora países ocidentais e outros tenham reduzido agressivamente ambos, os níveis de aerossóis não caíram de forma semelhante em países do Sul da Ásia como Índia, Paquistão e Bangladesh, nesses países, a poluição da geração de energia a carvão e indústria permanece alta.” Tendências de temperatura no Sul da Ásia com o mapa de calor Berkeley Earth de 2024 mostram anomalias na temperatura global, destacando os aerossóis de resfriamento, como os sulfatos, no mascaramento do aquecimento com poluentes em aerossóis incluindo partículas como PM10 e PM2,5 que representam riscos à saúde e sujeitos a políticas governamentais de redução, além das partículas, os aerossóis incluem sulfatos, nitratos, gases fluorados e metano na atmosfera sendo que os sulfatos, um dos componentes dos aerossóis, têm poder reflexivo semelhante ao de um espelho dispersando a luz solar na atmosfera superior e reduzindo o aquecimento da superfície da Terra. O “efeito de mascaramento” significa que os sulfatos refletem a luz solar e aumentam a refletividade das nuvens, ocultando extensão do aumento de temperatura induzido pelos gases efeito estufa, com o mapa de calor de 2024 mostrando anomalia de temperatura do Sul da Ásia em 1-2°C acima da linha de base de 1951-1980, menos grave que anomalias de 4-6°C no Ártico ou 2-4°C no norte da Europa, enquanto os sulfatos espalham a radiação solar incidente de volta ao espaço e reduzem a luz solar que chega à superfície servindo como núcleos de condensação aumentando o número de gotículas de nuvens tornando-as mais brilhantes e refletivas. A região do Sul da Ásia, norte da Índia, Paquistão e Bangladesh é ponto crítico global à poluição do ar, com níveis de sulfato  superiores a 20 g/m² anualmente em cidades como Nova Delhi, com o detalhe que, os sulfatos não são os únicos que mascaram  temperaturas, o carbono orgânico, CO,  da queima de biomassa, incêndios florestais, queimadas agrícolas e da combustão de combustíveis fósseis, chamado de carbono marrom, dispersam  luz solar e resfriam a atmosfera. Para concluir, projeções sugerem que, até 2050, cenário de emissões moderadas, SSP2-4.5, com o Sul da Ásia podendo sofrer aquecimento de 1,5 º C - 2°C acima dos níveis pré-industriais impulsionado por CO e óxidos de nitrogênio, embora reduções de metano por exemplo, por meio de melhor gestão de resíduos possam desacelerar o aquecimento a curto prazo, a longa vida útil atmosférica do CO2 significa que seus efeitos persistirão por séculos aumentando riscos como estresse por calor com temperaturas  chegando a 35°C além de inundações como visto recentemente em estados indianos.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Transição Energética

A Suécia lidera o ETI, Índice de Transição Energética 2025 do Fórum de Davos, indicando melhoria na descarbonização rumo à energia sustentável, embora, haja variações globalmente sendo que países com melhor desempenho são os países nórdicos, enquanto Letônia e  Emirados Árabes Unidos se destacam pelas ​​melhorias ano pós ano com estratégias eficazes, bem financiadas e orientadas por metas globais personalizadas surgindo como caminho a seguir e apoiadas pela cooperação global com resultados tangíveis. A transição energética registrou sua maior melhora desde 2021 marcando início da crise energética com o ETI 2025 registrando  aumento anual de 1,1% nas pontuações globais, mais que o dobro do ritmo médio dos últimos 3 anos, em estrutura  que avalia 118 países em dimensões de desempenho do sistema, ou, segurança, equidade e sustentabilidade e dimensões que refletem prontidão à transição em que energia limpa é o motor ao crescimento econômico atraindo mais de US$ 2 trilhões em 2024, dobro de 2020, gerando mais de 16 milhões de empregos. O relatório constata que investimentos estão abaixo dos US$ 5,6 trilhões anuais, necessários até 2030, incluindo US$ 2,2 trilhões em mercados emergentes à se alinhar a trajetória zero emissões líquidas cujo progresso no mundo é desigual com velocidades e abordagens variadas adotadas pelos diversos países, embora haja caminhos à atingir zero líquido, o relatório destaca que compartilhar conhecimento é prioridade para acelerar transição energética em momento de tensões geopolíticas, volatilidade econômica e interrupções na cadeia de suprimentos.

O melhor desempenho no ETI se manteve relativamente estável desde 2024, liderados pelos europeus que emergiram como líderes globais da descarbonização com países nórdicos na vanguarda tendo a Suécia, ETI 77,5, em primeiro, seguida pela Finlândia, 71,8, Dinamarca, 71,6, e Noruega, 71,5, sendo que a  Suíça, 71,0, aparece  em 5º lugar, compartilhando 5 fatores comuns, ou, matriz energética limpa diversificada, grande porcentagem de energia renovável e nuclear comparada à combustíveis fósseis, por exemplo, energias renováveis ​​representando 83% na Suíça e 80% na Suécia . Governos proporcionam certeza de longo prazo através de metas climáticas claras com políticas à eletricidade de baixo carbono e eficiência energética, modernizando e expandindo redes à acomodar renováveis ​​e geração descentralizada de energia, além de políticas industriais verdes nos principais mercados ETI visando gerar investimentos públicos e privados em tecnologias de escala como hidrogênio, armazenamento de energia e redes inteligentes, buscando descarbonizar produção e uso de energia com o caso da Suécia com o maior número de bombas de calor per capita do mundo, um dos primeiros países estabelecer unidade de produção de aço verde. O relatório ETI 2025 nos Lembra que países com melhor desempenho conseguem apoio público em impostos ambientais, acesso justo à energia verde e sistemas de bem-estar social fortes visando amortecer impacto da transição energética, no entanto, apesar do desempenho estável na transição energética, o maior impulso surge em outras partes do mundo, caso da Letônia com ETI 69,4, maior crescimento, beneficiando-se de recursos hidrelétricos, com variação anual de 7,9%, no top 10 pela primeira vez em 2025, pontuação sustentada por ganhos no acesso equitativo à energia e novos investimentos, além de fatores com a queda de 59% nos preços da eletricidade e participação de energias renováveis ​​na matriz energética permitindo independência, embora a energia hidrelétrica na matriz energética tenha diminuído com combustíveis fósseis, a Letônia se beneficiou do crescimento de renováveis, como eólica, solar e bioenergia. Os EAU estão diversificando a economia e matriz energética, com variação anual de 7,85% na pontuação ETI, maior melhoria no Oriente Médio, graças a investimentos na expansão da capacidade renovável, maior parte da energia oriunda do gás natural e petróleo, no entanto, investe no potencial solar desde 2014 e a maior parte da capacidade adicionada na energia solar, com o relatório ETI atribuindo progresso às reformas de subsídios direcionadas e à maior eficiência energética, destacando políticas focadas em acelerar a descarbonização. A China continua como referência na transição energética, ETI 67,5, 12ª posição global, ator fundamental na transição com aumento de 2,2 %, liderando a Ásia e alcançando a 5ª maior pontuação global em prontidão, com o  relatório ETI atribuindo liderança contínua em renovável aos ecossistemas de inovação bem desenvolvidos e solidez financeira.

Moral da Nota: o Carbon Brief relatou que as emissões de CO2 permaneceram estáveis ​​ou em queda por mais de um ano apesar da demanda por energia, além do rápido crescimento da geração renovável superando crescimento médio de demanda, reduzindo uso de combustíveis fósseis, sendo que as energias renováveis representam atualmente 50% da matriz energética chinesa, nos levando observar experiências dessas economias vital para acelerar transição em outros mercados com estratégias eficazes e bem financiadas orientadas por objetivos globais e adaptadas às circunstâncias e recursos de cada país, surgindo como caminho seguir, incluindo aí, a atualização da infraestrutura para melhor acomodar as renováveis, o desenvolvimento de força de trabalho à transição e fomento da inovação energética. O relatório do ETI conclui que os objetivos que não podem depender de iniciativas de mercado único, mas sim de alianças globais e regionais em cooperação que deve migrar de alianças estratégicas mais amplas à iniciativas focadas na execução, visando alcançar resultados tangíveis para acelerar a transição à futuro energético mais sustentável, equitativo e seguro.

Em tempo: o Parlamento francês aprovou a lei agrícola Duplomb-Menonville, que prevê a reintrodução excepcional do pesticida da classe dos neonicotinóides, o acetamipride, proposta que dividiu a Assembleia Nacional já que o  acetamipride, proibido na França em razão do potencial cancerígeno e, autorizado em outros países da UE até 2033, é defendido por produtores de beterraba e avelã sob alegação de não terem alternativas eficazes contra pragas, no entanto, apicultores alertam aos riscos à saúde das abelhas com a  lei prevendo reavaliação da autorização pós 3 anos e, depois, anualmente por conselho de supervisão.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Emissões Globais

Apesar dos esforços verde, as emissões globais de carbono atingiram recorde histórico em 2024,ou, 40,8 bilhões de toneladas métricas de emissões de CO2 equivalente, embora o crescimento em energia renovável seja significativo, além de promessas climáticas internacionais, com China, EUA e Índia como os 3 maiores emissores de carbono respondendo coletivamente por mais da metade das emissões globais.  Desde 2000, os EUA apresentaram reduções significativas enquanto China e Índia registraram aumentos vinculados ao desenvolvimento econômico e dependência de combustíveis fósseis, embora a energia limpa se expanda, ainda não substitui combustíveis fósseis na escala à reduzir emissões totais indicando que o crescimento da demanda global, ou, o deslocamento de combustíveis fósseis são necessários para que emissões diminuam. O EI, Energy Institute, lançou Revisão Estatística de Energia Mundial de 2025 publicada antes pela BP há mais de 70 anos, confirmando a tendência preocupante, apesar de investimentos históricos em renováveis ​​e promessas zero emissões líquidas das principais economias, as emissões globais de carbono atingiram recorde em 2024, com a revisão dividindo emissões em categorias em que a métrica mais abrangente é o total de equivalentes de CO2, ou, emissões equivalentes de CO₂ que inclui emissões oriundas do uso de energia, queima de gases efeito estufa, processos industriais e metano associado à produção, transporte e distribuição de combustíveis fósseis.  Tal abordagem fornece panorama mais completo da contribuição de cada país aos níveis de carbono atmosférico, embora mudanças no uso da terra como o desmatamento, não sejam incluídas e, a inclusão do metano,  gás efeito estufa mais potente que o CO2 torna essa medida mais precisa do impacto atmosférico de 40,8 bilhões de toneladas métricas de emissões de CO₂ equivalente, representando aumento em relação aos 40,3 bilhões de toneladas métricas de 2023, 0,5 bilhão de toneladas relativas a 2022, considerando que, na última década, as emissões globais aumentaram em média quase 1%/ano apesar de lista crescente de compromissos climáticos internacionais. 

Vale notar que China, EUA e Índia, juntos, respondem por mais da metade das emissões globais, no entanto, cada um seguiu caminho diferente nas últimas décadas e, apesar do aumento populacional de 37% no período, as emissões de carbono dos EUA em 2024 foram menores  que em 1990,  na última década, diminuíram a taxa média anual de 1 %, quer dizer,  nenhum país reduziu sua emissão de carbono mais neste século, considerando ainda que, desde 2000, as emissões norte americanas caíram 913 milhões de toneladas métricas superando a Alemanha, 2ª colocada, com queda de 292 milhões de toneladas métricas. É verdade que os EUA partiram de linha de base de emissões mais alta, escala da redução continua, quer dizer, conquista significativa em que a redução mais significativa nas emissões de carbononorte americana começou em 2007 impulsionada por  2 mudanças, o boom do gás de xisto que tornou o gás natural mais barato e levou concessionárias abandonar o carvão e o crescimento da energia renovável que reduziu mais ainda o domínio do carvão no setor de energia. As emissões de carbono da China quintuplicaram desde 1990 aumentando em 8,8 bilhões de toneladas métricas desde 2000, em 2024, os chineses emitiram 12,5 bilhões de toneladas métricas de CO₂, 31% do total global, mais que as emissões combinadas da América do Norte e Europa e, apesar da liderança global na implantação de energia solar e eólica, a China é a maior consumidora mundial de carvão, contradição na expansão da energia limpa e dependência de combustíveis fósseis que ajuda explicar por que as emissões globais de carbono continuam aumentar, mesmo com o crescimento das renováveis. As emissões da Índia quintuplicaram desde 1990, aumento de 2,2 bilhões de toneladas métricas desde 2000, atrás da China em crescimento absoluto, em 2024, os indianos emitiram emitiram 3,3 bilhões de toneladas métricas, aumento de 24% na última década, intimamente ligado ao desenvolvimento econômico e, à medida que milhões saem da pobreza e ingressam na classe média, a demanda por energia aumenta, daí,  situação da Índia reflete o desafio da transição energética global como descarbonizar e, ao mesmo tempo, expandir acesso à energia acessível. Análise regional dos dados mostra desequilíbrios profundos na última década, por exemplo, a África viu emissões aumentarem 25%, as emissões do Oriente Médio aumentaram em 15%, a Ásia-Pacífico, China e Índia, adicionou mais de 9%, a América do Sul e Central, registraram  aumento de 9,3% e a América do Norte e Europa apresentaram claro declínio nas emissões que caíram em média 1,4% ao ano ao longo da década, com a UE caindo para 3,7 bilhões de toneladas métricas em 2024, queda de 15% em relação à década anterior, com  Alemanha e Reino Unido fazendo progressos através da combinação de políticas, eletrificação e eficiência energética. A energia eólica e solar ganham escala, mas, não estão substituindo combustíveis fósseis em nível necessário para reduzir as emissões totais, daí,  as emissões globais continuam aumentar até que o crescimento da demanda global se estabilize, ou, as renováveis ​​comecem substituir combustíveis fósseis em larga escala, enquanto isso, as emissões continuam subindo. 

Moral da Nota: até aqui, o ano mais quente já registrado foi 2024, acompanhado pela elevação da temperatura global da superfície do mar que é a temperatura da água do oceano próxima à superfície fazendo com que mais água evapore na atmosfera, levando a nuvens de tempestade, precipitações extremas, furacões, tufões e ciclones, ao passo que, o aquecimento dos oceanos contribui à queda do número de peixes na pesca marinha global, degradação dos recifes de corais e proliferação de algas tóxicas. Florações de algas nocivas em água doce e salgada são afetadas por processos incluindo poluição por nutrientes que promove o rápido crescimento e reprodução, redução do fluxo de água e acidificação dos oceano e, ao  longo da costa do Atlântico e Alasca, aumentos da temperatura da superfície do mar particularmente pronunciados com florações de algas nocivas se desenvolvendo, quando o fitoplâncton, algas microscópicas, unicelulares e fotossintéticas, que proliferam em águas quentes e ricas em nutrientes, se reproduzem descontroladamente perturbando ecossistemas, consumindo e esgotando oxigênio produzindo toxinas que afetam a saúde humana.  As florações de algas nocivas se expandem em direção aos Polos Norte e Sul desafiando médicos, em surtos de doenças causadas por florações de algas quando faltam opções de vigilância e testes clínicos à tais envenenamentos, contribuindo à doenças como envenenamento paralítico ou neurotóxico por moluscos, mais comuns em pacientes com condições médicas preexistentes, sendo que a toxina, ciguatoxina, pode se acumular em peixes e causar intoxicação por ciguatera, ou,  doença não bacteriana transmitida por frutos do mar adquirida pelo consumo de peixes com concentrações baixas quanto 0,1 partes por bilhão, ​causando sintomas gastrointestinais, dor abdominal, náuseas e vômitos e, neurológicos como parestesias na boca, mãos e pés, cardiovasculares, como bradicardia e hipotensão, dermatológicos, como prurido e urticária, embora a mortalidade seja rara, menor que 1%.  Nos EUA, comunidades no Nordeste e ao redor dos Grandes Lagos, descarregam águas residuais contaminadas com Campylobacter, Cryptosporidium ou norovírus em águas costeiras afetando negativamente a pesca, piscicultura e o uso recreativo de águas e, após chuvas extremas quando descargas de esgoto não tratado ou parcialmente tratado desaguam em águas superficiais ​​ultrapassando a capacidade de tratamento de esgoto, tomar banho em águas costeiras nessas regiões aumenta o risco de infecções gastrointestinais, respiratórias, de pele e ouvido, entre outras doenças.  A pesca e fazendas de peixes sofrem perdas econômicas devido à contaminação ligada às mudanças climáticas globais com estuários podendo conter Vibrios patogênicos como V cholerae, que podem causar gastroenterite, manifestando-se como diarreia e vômitos.

domingo, 31 de agosto de 2025

Resíduos

Estudos e monitoramento da presença de resíduos farmacológicos são objeto de pesquisa há mais de 50 anos e, com o desenvolvimento de novas tecnologias e aparelhos, permitem detectar e analisar com precisão moléculas tornando possível mapear consequências e riscos ao ambiente mostrando que o impacto da presença de restos de anticoncepcionais, antibióticos, antidepressivos, analgésicos e outras drogas na natureza atinge regiões diversas. A poluição é provocada pelo despejo de medicamentos de natureza variada, segundo o professor da Faculdade de Farmácia da Universidade Paris-Saclay e membro da Academia Nacional de Medicina e Academia de Tecnologias, dizendo que, “houveram episódios no passado protagonizados por grandes indústrias com a descoberta que despejavam grandes quantidades de medicamentos no ambiente, ocorrendo hoje em vários países", além da poluição provocada pelo uso cotidiano das moléculas, nos lembra o especialista, ao concluir que, "quando adoecemos tomamos medicamentos e o eliminamos ao esgoto, passando pelo sistema de saneamento”. A questão dos produtos serem ou não biodegradáveis, secundária diante de outras prioridades e, quando cientistas descobrem molécula que combate uma doença ressalta que “o mais importante é que possa tratar o paciente”, concluindo, que “graças à química moderna, possamos fazer com que as substâncias se degradem mais facilmente, questão nunca entre as principais preocupações dos pesquisadores". Nos últimos 15 anos foram realizadas campanhas de análise nos sistemas de tratamento de esgoto na França e, conforme o especialista, mostram que quando a água é tratada, entre 80% e 90% dos resíduos dos medicamentos são eliminados e “quando as estações de tratamento atuam sobre poluentes, ficando traços na água”,  com a preocupação do risco potencial do acúmulo, conhecido como expossoma, conjunto das exposições ambientais que servem de gatilho às pessoas predispostas geneticamente desenvolver doenças, quer dizer,  “são poluentes ao redor, produzidos pela química moderna que geram as consequências” que dependem da molécula. Quanto maior a dose, mais significativo é o impacto, no entanto, o especialista francês alerta que pequenas quantidades de resíduos de medicamentos podem ter efeitos nocivos em que disruptores endócrinos, por exemplo, podem causar danos a longo prazo mesmo em doses baixas, lembrando que, algumas substâncias como antibióticos, atuam sobre micro-organismos podendo levar ao aumento de bactérias nas plantações, enquanto outros produtos afetam insetos ou peixes e, em todos os casos, afirma o especialista, risco e efeitos no descarte dos resíduos devem continuar acompanhados de perto e monitorados.

Ainda em referência aos resíduos, desreguladores endócrinos em resíduos plásticos são ameaça à saúde sendo que a invasão biológica tem implicações na saúde humana, com populações mais pobres, próximas a lixões ou trabalhando no setor informal de reciclagem sofrendo impacto da crise dos resíduos plásticos mesmo revolucionando a vida moderna com a conveniência e acessibilidade, no entanto, gerando crise de saúde invisível e de longo prazo. Sufocam oceanos e entopem aterros sanitários,  se infiltrando por meio do micro plástico e coquetel de produtos químicos desreguladores endócrinos, EDCs, no organismo com evidências preocupantes que essas substâncias interferem em sistemas hormonais, prejudicando saúde reprodutiva e aumentando suscetibilidade a doenças crônicas, incluindo  câncer, sendo que a Índia hoje é o maior gerador mundial de resíduos plásticos, se colocando no epicentro da emergência de saúde pública. Estudo realizado pela Universidade Sharnbasva revelou como conteúdos nocivos interrompem o processo reprodutivo, com os cientistas BD Vishwajit e Mahesh Tanwade trabalhando no Animal House na Universidade Sharnbasva em laboratório pesquisando em ratos e camundongos a toxicidade reprodutiva e compostos desreguladores endócrinos em cosméticos e herbicidas que causam desequilíbrio hormonal interrompendo processo reprodutivo, infertilidade, ciclo menstrual irregular e câncer em alguns casos. Em fase final de pesquisa e desenvolvimento como parte de estudos de doutorado, o trabalho ajudou na condução de testes em camundongos e ratos sobre efeitos nocivos de cosméticos e herbicidas que levam ao desequilíbrio hormonal esclarecendo que os compostos químicos Isobutyal Parabal encontrados em cosméticos e o Acetato de Fenil Mercúrio em herbicidas são uma das causas de distúrbios endócrinos e desequilíbrios hormonais, ao pesquisar 2 gerações sobre o comportamento sexual de camundongos conduzidos no Animal House da Universidade de Sharnbasva. Estudos anteriores revelam que  27 mg/kg/dia de exposição a Isobutyal Parabal em seres humanos via dérmica é suficiente à distúrbios endócrinos e desequilíbrios hormonais levando a infertilidade e complicações de saúde, com o  Prof. Vishwajit afirmando que o Animal House completo estabelecido na Faculdade de Ciências e Tecnologia em 2023, foi o primeiro do gênero aprovado pelo governo federal na região de Kalyana Karnataka se mostrando fonte de renda à universidade e, e m 2024, arrecadou com a venda de ratos e camundongos à outras universidades e instituições de ensino.

Moral da Nota: equipe IA da Microsoft desenvolve pesquisas que demonstram como IA investiga e resolve desafios diagnósticos complexos em  casos que médicos lutam para responder e, comparado com registros de casos do mundo real publicados a cada semana no New England Journal of Medicine, mostram que o Microsoft AI Diagnostic Orchestrator, MAI-DxO, diagnostica até 85% dos procedimentos de casos do NEJM, taxa 4vezes maior que de grupo de médicos experientes e chega ao diagnóstico correto de modo mais econômico. Nos produtos IA ao consumidor da Microsoft como Bing e Copilot há mais de 50 milhões de sessões relacionadas à saúde, no final de 2024, foi lançado esforço dedicado à saúde do consumidor na Microsoft AI liderado por médicos, designers, engenheiros e cientistas IA complementando iniciativas de saúde da Microsoft e se baseando no compromisso com parcerias e inovação em soluções incluindo o RAD-DINO, que acelera e melhora fluxos de trabalho de radiologia e o Microsoft Dragon Copilot assistente IA pioneiro focado em voz à médicos. A IA generativa avança na obtenção de pontuações quase perfeitas em exames que favorecem memorização em detrimento da compreensão profunda e, ao reduzir a medicina a respostas únicas em questões de múltipla escolha, benchmarks superestimam a aparente competência dos sistemas IA e obscurecem suas limitações, nesse processo, o clínico começa com apresentação inicial do paciente, em seguida, seleciona iterativamente questões e testes diagnósticos para chegar a diagnóstico final, por exemplo, um paciente com tosse e febre pode levar o médico a solicitar e revisar exames de sangue e radiografia de tórax antes de se sentir confiante para diagnosticar pneumonia. O New England Journal of Medicine, NEJM, publica Registro de Caso do Hospital Geral de Massachusetts apresentando jornada de cuidado de paciente em formato narrativo, casos entre os mais complexos em termos de diagnóstico e intelectualmente exigentes na medicina clínica,  exigindo especialistas e testes diagnósticos para chegar a diagnóstico definitivo, enquanto o benchmark transforma 304 casos recentes do NEJM em encontros diagnósticos graduais onde modelos ou médicos humanos podem fazer perguntas e solicitar testes à medida que novas informações são disponibilizadas, o modelo ou o médico atualiza seu raciocínio estreitando em direção a diagnóstico final, que pode ser comparado ao resultado padrão-ouro publicado no NEJM. O MAI-DxO é descrito como resposta à crescente demanda por saúde, ao aumento dos custos no setor e à dificuldade de acesso a diagnósticos precisos, com a empresa apontando que mais de 50 milhões de buscas diárias na internet se relacionam à saúde sendo que o  diferencial do estudo é a inclusão do fator custo como parte da análise que pode contribuir à discussão sobre eficiência no uso de recursos na saúde.

sábado, 30 de agosto de 2025

Animal's People

O 2º romance do indiano Indra Sinha, Animal's People, lançado em 2007, nos remete a tragédia de Bhopal em que um vazamento de gás na noite entre 2 e 3 de dezembro de 1984 na fábrica de pesticidas Union Carbide Índia Limited, UCC, em Bhopal, Madia Pradexe, Índia,  é considerado o pior desastre industrial da história com 500 mil pessoas expostas ao isocianato de metila,  altamente tóxico, que se espalhou pelas cidades ao redor, imediatamente fechada à estrangeiros pelo governo indiano, que não divulgou dados, contribuindo à desinformação. O Conselho de Pesquisas Científicas e Industriais, CSIR, e o Escritório Central de Investigação assumiram a investigação com a presença inicial do presidente e CEO da UCC, Union Carbide, Warren Anderson, com uma equipe técnica, inicialmente colocado em prisão domiciliar e instado pelo governo indiano deixar o país em 24 horas, com a Union Carbide organizando equipes de médicos internacionais bem como suprimentos e equipamentos para trabalhar com a comunidade médica local e a equipe técnica da UCC buscando avaliar causa do vazamento de gás. Nas áreas afetadas, 70% eram médicos pouco qualificados, não estando cientes dos métodos de tratamento adequados à inalação do gás sobrecarregando o sistema de saúde local e, de modo resumido,  3 787 mortos e possivelmente mais de 16 mil fatalidades com 558.125 afetados, valendo dizer que o numero oficial de mortes imediatas foi de 2.259 e posteriormente o governo confirmou  as 3.787 relacionadas a liberação do gás, no entanto, declaração do governo indiano em 2006 afirmou que o vazamento causou 558.125 feridos, 38.478 ferimentos parciais temporários e 3.900 ferimentos graves e permanentemente incapacitados, enquanto outras estimativas somam que 8 mil morreram em 2 semanas e outras 8 mil ou mais morreram desde então por conta de doenças relacionadas. Ativistas locais  e o governo indiano argumentaram que o gerenciamento de folgas e a manutenção diferida criaram situação em que a manutenção rotineira do tubo causava refluxo de água ao tanque MIC, desencadeando o desastre, enquanto a Union Carbide Corporation, UCC, argumentou que a água entrou no tanque através de sabotagem e, em 1989, a UCC pagou US$ 470 milhões  para resolver litígios e, em 1994, vendeu sua participação à Eveready Industries India Limited, EIIL, que posteriormente se uniu à McLeod Russel, Índia, Ltd.  A Eveready encerrou a limpeza no local do desastre em 1998, quando encerrou seu contrato de 99 anos e devolveu o controle da área ao governo do estado de Madia Pradexe e a Dow Chemical Company comprou a UCC em 2001, 17 após o desastre, o detalhe nessa história é que os casos judiciais civis e criminais foram arquivados no Tribunal Distrital de Bhopal envolvendo UCC e Warren Anderson, CEO na época do desastre e, em junho de 2010, 7 ex-funcionários, incluindo o ex-presidente da UCIL foram condenados em Bhopal por causar morte por negligência e sentenciados a 2 anos de prisão com multa de US 2 mil cada, punição máxima permitida pela lei indiana. 

A mídia indiana informou que o Conselho de Controle de Poluição de Madhya Pradesh confirmou que as autoridades incineraram 337 toneladas de resíduos tóxicos transferidos à instalação privada de tratamento de resíduos em Pithampur da extinta instalação da Union Carbide em Bhopal, evento que  encerra capítulo único, importante, da sórdida história do desastre de Bhopal em 1984 cuja resposta do estado levou a cidade e o povo ao limite.  A incineração bem-sucedida exigiu intervenções do Tribunal Superior de Madhya Pradesh, do Supremo Tribunal da Índia e do Ministério do Meio Ambiente da União, entre outras partes interessadas, ao longo de mais de uma década, no fim, o governo estadual providenciou descarte dos resíduos incluindo conscientização para amenizar ansiedade pública em relação às emissões. Os resíduos, uma vez lançados no ambiente, tendem se converter em diferentes formas e raramente desaparecem, ao passo que, os resíduos tóxicos incinerados até o momento produziram mais de 800 toneladas de cinzas que as autoridades terão que aterrar de modo científico, instalação, que exigirá manutenção regular, monitoramento e recursos, no entanto, o local da fábrica da Union Carbide retém toneladas de solo contaminado e artefatos perigosos, além de recursos subterrâneos contaminados, valendo dizer que, grande parte do ímpeto por mudanças positivas na questão, incluindo remoção de resíduos, é oriundo  das famílias das vítimas, sobreviventes e ativistas, e não do Estado. A Suprema Corte fechou porta à via curativa em disputa se nova avaliação de perdas poderia ser imposta à The Dow Chemical Company, apesar de continuar como infratora declarada enquanto grupos de sobreviventes entram com petições argumentando que mortes e ferimentos continuam sub contados, que têm direito a indenizações já que a vigilância de longo prazo é irregular sob alegação que o comitê consultivo nomeado pelo tribunal superior se reuniu esporadicamente e que os hospitais locais continuam sofrendo com a escassez de profissionais especializados para atender sobreviventes, em suma, a Dow deve prestar contas das atividades de remediação. Para concluir, o Estado indiano, consenso entre danificados, deve encerrar os processos de acordo pendentes e cuidar de modo motivado do bem-estar dos sobreviventes e, se necessário, assistência de novo órgão legal para unificar metas de saúde, assistência e remediação, assim, as famílias poderão seguir em frente. 

Moral da Nota: estudo publicado na PLOS Global Public Health por Mary Abed Al Ahad da Universidade de St Andrews, Reino Unido, mostra que a exposição pré-natal à partículas finas ambientais e, fatores climáticos como temperatura e precipitação, se associam a desfechos adversos no parto na Índia, representando ameaça global à saúde humana com carga desproporcional de efeitos prejudiciais recaindo sobre os que residem em países de baixa e média renda. 'Assassina silenciosa', é a consideração da poluição ambiente entre 5 principais fatores de risco à mortalidade em homens e mulheres, com diâmetro inferior a 2,5 mícrons a matéria particulada fina ambiental 2,5, PM2,5, se origina da queima de combustíveis fósseis e biomassa considerada poluente atmosférico mais prejudicial. Relatório Mundial de Qualidade do Ar de 2023 mostra que a Índia foi classificada como o 3º país mais poluído entre 134 nações com base em níveis médios anuais de PM2,5, com a poluição do ar associada a morbidades pediátricas incluindo desfechos adversos no parto, asma, câncer e aumento do risco de doenças crônicas, sendo que a maioria dos estudos que investigam a associação entre poluição do ar ambiente e desfechos adversos no parto foi conduzida em países de alta renda e, apesar do aumento alarmante dos níveis de poluição do ar na Índia, há escassez de pesquisas explorando impacto em desfechos adversos no parto. Pesquisadores investigaram o impacto da poluição do ar ambiente em desfechos adversos no parto em nível nacional focados no baixo peso ao nascer e parto prematuro através de modelos geoespaciais para destacar áreas vulneráveis, obtendo evidências da associação entre exposição intrauterina a PM2,5 e desfechos adversos no parto utilizando dados de satélite e dados de pesquisas em larga escala. Em nível individual, a análise revelou que um aumento no PM2,5 ambiente se associa a maior probabilidade de baixo peso ao nascer e parto prematuro em que fatores climáticos como precipitação e temperatura foram associados a desfechos adversos no parto, considerando que crianças residentes nos distritos do norte da Índia pareciam ser mais suscetíveis a efeitos adversos da poluição ambiente enquanto análise geoestatística mostra necessidade de intervenções direcionadas nos distritos do Norte, além disso, o Programa Nacional  de Ar Limpo deve ser intensificado com padrões de emissão rigorosos e monitoramento aprimorado da qualidade do ar. Por fim, estratégias de adaptação climática como desenvolvimento de planos de ação contra o calor e melhoria da gestão da água devem ser incorporadas ao planejamento de saúde pública à mitigar efeitos de temperaturas extremas e chuvas irregulares, conscientizando riscos da poluição do ar e  mudanças climáticas especialmente entre gestantes. 

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Rio Colorado

Em ambiente de aquecimento climático e camadas de neve diminuindo nos EUA, o relatório de pesquisa "Futuro com Tempo Emprestado" mostra que 3 dos 4 estados da Bacia do Alto Rio Colorado enfrenta escassez significativa de água, inclusive,  utilizando excessivos direitos à água cujos déficits aumentarão mais à medida que as camadas de neve diminuem, com o relatório chamando à ação à abandonar desvios desnecessários de água que ameaçam usuários em fazendas e cidades, a menos que o setor de água na Bacia Superior leve a sério redução do consumo que serão forçados no futuro considerando que o nível do Rio Colorado caiu 20% nas últimas 2 décadas devido pressão das mudanças climáticas. O relatório sobre repercussões do uso excessivo contém previsões sombrias ao futuro e o que significa aos moradores da Bacia, "Futuro em Tempo Emprestado" é apelo à ação para impedir construção de novos desvios de água no rio que mais trabalha nos EUA, aí, a Divisão de Recursos Hídricos de Utah propõe um dos maiores desvios do Rio Colorado que deixará moradores endividados, exigirá aumentos nas tarifas de água e impostos sobre a propriedade no sudoeste de Utah, secando estados a jusante e reduzindo fluxo. O aqueoduto Lake Powell é projeto de desvio do Rio Colorado para fornecer água ao Condado de Washington no sudoeste de Utah e, segundo o relatório, usuários de água municipal estão entre os que mais desperdiçam nos EUA consumindo mais que o dobro da média nacional de água por pessoa, o projeto de US$ 2,4 bilhões bombearia 28 bilhões de galões de água a 2 mil pés de altitude através de 140 milhas de deserto para fornecer mais água a 160 mil moradores no sudoeste de Utah, principalmente à regar seus gramados, desviando do Rio Colorado a montante do Grand Canyon e diminuindo fluxo de um rio que não chega mais ao oceano. Vale dizer que, segundo o relatório,  os US$ 2,4 bilhões seriam gastos em 225 Kms de  aqueodutos, estações de bombeamento, reservatórios e geradores atravessando terras estaduais, federais e tribais do Lago Powell exigindo aumentos nas tarifas de água, taxas de impacto e impostos prediais no Condado de Washington e, nos últimos 10 anos, o estado gastou mais de US$ 36 milhões em burocracia e planejamento com muitos prevendo que o custo da licença dobrará nos próximos anos.

O Grande Lago Salgado vêm diminuindo desde fins da década de 1980, em grande parte pelo uso excessivo no norte de Utah, sendo que o Projeto 4.200 é iniciativa do Conselho de Rios de Utah para elevar o Grande Lago Salgado de volta ao nível sustentável de 1.280 mts acima do nível do mar, combinando trabalho político, mobilização popular para implementar soluções à resolver a crise por este ecossistema único. Consiste no maior ecossistema de zonas úmidas remanescente do oeste americano, com 200 mil hectares de áreas úmidas que sustentam ecossistema robusto, o maior do país fora do Sistema dos Grandes Lagos, abrigando de 8 a 10 milhões de aves das 330 espécies de aves migratórias que viajam pelo mundo, algumas espécies de aves se reunindo no Grande Lago Salgado em maior número que em qualquer outro lugar do mundo, daí, desvios de água rio acima resultaram em níveis recordes de baixa e, elevar o nível das águas do Grande Lago Salgado à 1.280 mts acima do nível do mar, sustentará as aves e a economia do lago que movimenta US$ 1,3 bilhão, sendo que atualmente o lago está 2,4 mts abaixo do nível mínimo saudável. O estado de Utah, segundo relatório, não possui meta para restaurar os níveis de água do Grande Lago Salgado a níveis saudáveis, com estudos científicos ​​estimando que o nível mínimo ao Grande Lago Salgado é de 1.278 mts, 2,4 mts acima dos níveis atuais e restaurar  níveis de água a essa altitude exigiria adição de 2,4 milhões de hectares de água, volume que equivale a 3 anos do consumo humano na bacia hidrográfica do Grande Lago Salgado exigindo financiamento permanente, programas e incentivos à conservação da água, políticas de transferência e incentivos de liderança implementados ao longo de 10 anos consecutivos. Quase todo o estado de Utah está seco e no início da primavera no hemisfério norte, o governador declarou estado de emergência à 17 dos 29 condados dizendo que quase metade do estado, 46%, está sofrendo "condições extremas de seca" em mais de 82% desde o início e 380 incêndios florestais queimando mais de 43 mil acres de terra no estado, desses incêndios florestais, segundo o governador, 275 foram causados ​​por humanos e quase todo o estado, 80%, está em "seca de moderada a severa".  Utah é o 2º estado mais árido dos EUA e, com o aumento da temperatura, menos neve no fim de cada inverno, enquanto o escoamento de neve ocorre em ritmo mais acelerado com o aumento das temperaturas do ar significando necessidade de preparo à futuro com menos água nos rios, ameaça existencial às bacias hidrográficas impactando economia dos residentes estimando-se que, até 2050, as temperaturas do ar em Utah serão altas no inverno e verão comparadas com temperaturas atuais e, até o ano 2100, as temperaturas médias do ar poderão aumentar mais no inverno e verão acima das temperaturas atuais, efeitos de temperatura catastróficos especialmente se ignorarmos o problema.

Moral da Nota: o fluxo do Rio Colorado diminuiu 20% neste século sob pressão do clima em mudança, estados da Bacia Superior  usam excessivamente direitos ao rio, déficit hídrico que aumenta à medida que as camadas de neve diminuem e reduzem mais o rio, sendo que o sistema hidrogeológico de Utah depende de neve para reter água e evitar perdas por escoamento e o aumento da temperatura do ar resulta em mais chuva e menos neve nas montanhas, por sua vez, ameaça a camada de neve e diminui o escoamento da primavera e verão com consequências nos ecossistemas e economia, daí, mais de 80% da água da Wasatch Front vem do escoamento do degelo. Modelos climáticos indicam aumento de 5  % a 15% nos níveis de precipitação no norte de Utah, aumento de temperatura significando mais frequência na forma de chuva levando a menos acúmulo de neve e a derretimento mais precoce sendo a neve ​​fundamental para reter água por muito tempo no verão e evitar perda pelo escoamento, menos neve total e derretimento mais precoce levam a secas e escassez de água e, à medida que essa tendência de aquecimento continue, prevê-se que  fluxos do Rio Colorado diminuam de 20 a 30% até meados do século impactando abastecimento de água de 40 milhões de pessoas. Lembrando que nos EUA, o  pacto do Rio Colorado divide os fluxos do rio entre os 7 estados, México e tribos indígenas, com base em 16,5 milhões de acres-pés, no entanto, a média de 30 anos mostra que há apenas 11 milhões de acres-pés de água no rio e essa média diminuir à medida que a temperatura do ar aumenta, simplificando, não há água no Colorado à todos. Estudo climático publicado na Science denominou "megasseca" para descrever uma seca de várias décadas destacando que o sudoeste não estava tão seco desde que Leonardo da Vinci pintou a Mona Lisa há 500 anos e, um dos cientistas climáticos da Bacia do Rio Colorado em disponibilidade hídrica, Brad Udall , estima que podemos esperar que os fluxos do Rio Colorado do século XXI sejam de 20 a 30% menores que os observados no século XX, daí, a  megasseca histórica alterando a hidrogeologia do sudoeste americano levará outros estados tornarem cortes obrigatórios em seus suprimentos de água. O DCP, Plano de Contingência à Seca dos estados da bacia inferior do Rio Colorado é acordo à toda bacia que usa o nível da água do Lago Mead em 1º de janeiro de cada ano como indicador para garantir que o Rio Colorado não seja super alocado e quando o Lago Mead cai abaixo de 1.090 pés, estados da bacia inferior são obrigados a cortar suas alocações de uso de água do Rio Colorado, com cortes maiores acionados em altitudes mais baixas que incluem estados da bacia inferior, sendo a nova realidade os estados cortarem seu suprimento de água e serem forçados se adaptar à hidrologia mutável do Rio Colorado.

Letra miúda: esta história, em resumo, nos remete a crise da água na cidade de São Paulo, quem não se lembra (?), surgindo como alternativa o desvio do Paraíba do sul, rio que envolve entre nós 3 estados, o resto fica pra depois. 

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Produção de Alimentos

Estudo abrangente aponta à queda de 40% na Produção de Alimentos dos EUA e Europa decorrente mudanças climáticas, com perdas de trigo e milho ainda neste século, analisando mais de 12 mil regiões em 55 países pesquisadores de instituições dos EUA e internacionais descobriram que, para cada aumento de 1°C na temperatura global a produção mundial de alimentos pode cair  120 calorias/pessoa/dia, equivalente a 4,4% do consumo diário atual. Publicado na Nature, o estudo mostra que mesmo quando adotadas estratégias de adaptação climática, regiões conhecidas como “celeiros” estão vulneráveis enfrentando reduções na produção da maioria das culturas alimentares em  perspectiva preocupante à segurança alimentar global, com o professor da Universidade de Illinois e um dos autores do estudo nos dizendo que  “costumam pensar nos EUA que impactos das mudanças climáticas são mais sentidos nas regiões mais pobres do mundo enquanto nos EUA estão descobrindo o oposto com agricultores  entre os que enfrentam maiores riscos à rendimentos futuros.” O estudo surge pós pesquisa mostrando que o aquecimento global causou aumento sem precedentes na gravidade das secas no mundo, com outro trabalho de pesquisadores europeus e ingleses publicado na Nature indicando recorde de 30% da superfície terrestre sofrendo seca de moderada a extrema em 2022 e, que 42% desse fenômeno é atribuído à demanda evaporativa atmosférica causada por temperaturas médias mais altas. Já, pesquisa sobre produção de alimentos mostra padrão contra intuitivo em que regiões hoje grandes “celeiros” com climas favoráveis estão particularmente vulneráveis por conta dessas vantagens atuais, quer dizer,  “regiões ricas, ‘celeiros’ do mundo, se beneficiam dos climas favoráveis atualmente”, concluindo que,  “não estão tão expostas hoje a calor extremo e, portanto, não estão tão adaptadas a ele”, por outro lado, produtores de regiões mais quentes e de baixa renda desenvolveram práticas mais adaptativas ao clima com  “regiões de baixa renda tendendo localização nas partes mais quentes do planeta” e “já lidam hoje com exposição a extremos de calor, portanto, adaptadas a essas condições.” O estudo é inovador por analisar como produtores rurais se adaptam às mudanças nas condições atuais, em vez de basear em modelos teóricos considerando que “por muito tempo ficou a questão em aberto até que ponto produtores iriam se adaptar às mudanças climáticas futuras” ao “descobrir que a adaptação é parcialmente protetiva”, enquanto a produção de milho enfrenta maiores perdas projetadas com rendimentos podendo cair até 40% em regiões-chave de cultivo incluindo o cinturão de grãos dos EUA, leste da China e Ásia Central além da  produção de trigo nas regiões produtoras atuais podendo sofrer perdas de 30% a 40% nos EUA, Canadá, China e Rússia. A mandioca, cultura de subsistência em países de baixa renda, pode ter perdas de 40% na África Subsaariana, considerando que populações mais pobres praticam agricultura de subsistência, ou, cultivam para alimentar as famílias e não vender no mercado, tais comunidades podem ter mais dificuldade em enfrentar as perdas, daí, a pesquisa reforçar necessidade de reduções mais agressivas nas emissões e de apoio à adaptação da agricultura e pecuária, sendo que o fracasso ameaça gerar fome e instabilidade social. 

Pesquisadores da USP e do CEMADEN identificam chuvas críticas e calor noturno como gatilhos climáticos que podem reduzir drasticamente colheitas de soja e milho entre nós, sendo que o aprendizado de máquina mostrou gatilhos climáticos que tiram comida do prato tomando por base 3 décadas de dados e modelos, com a soja como uma das culturas do Brasil essencial à economia e segurança alimentar cujo desenvolvimento é sensível a variações climáticas como falta de chuva e temperaturas extremas. Extremos climáticos cada vez mais frequentes são adversário invisível as lavouras de soja e milho com estudo liderado pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, parceira do Instituto de Estudos Avançados da USP e do CEMADEN, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, desenvolvendo aprendizado de máquina para transformar séries históricas de clima e produção em informação acionável sobre riscos à colheita,utilizando bases oficiais do IBGE e do Deral, Departamento de Economia Rural do Paraná, da reanálise global ERA5-Land do ECMWF, garantindo dados confiáveis. Buscando identificar CID, fatores climáticos de impacto, combinações de calor, seca ou chuvas extremas que afetam a produtividade, aplicaram florestas aleatórias, Random Forest, com eliminação recursiva de variáveis seguidas do método de explicações aditivas de Shapley, SHAP, que explica a importância de cada índice climático na previsão das perdas obtendo como resultado mapa de vulnerabilidade apontando quando e onde plantas ficam mais expostas, informação valiosa à agricultores, cooperativas e órgãos de extensão rural. Compilaram 3 décadas de rendimentos municipais de soja e milho e cruzaram os números com mais de 30 indicadores climáticos, de totais mensais de chuva a índices de seca SPEI descartando varáveis correlacionadas e deixando sinais mais robustos do clima sobre a lavoura, daí, permite o ML, aprendizado de máquina, identificar padrões entre clima e produtividade agrícola revelando fatores como chuva, temperatura e seca, influenciam safras de soja e milho. O algoritmo Random Forest “aprendeu” ligar pontos entre clima e produtividade, enquanto o SHAP atribuía a cada CID peso numérico fácil de interpretar revelando que a precipitação média continua sendo fator dominante, mas seu impacto depende da fase do ciclo e interação com picos de temperatura mínima noturna, estresse pouco debatido, sendo que os resultados mostraram que certas janelas climáticas funcionam como gargalos ao sucesso da safra especialmente no Sul e Centro-Oeste. Por fim, reunir IA e bases brasileiras, demonstra que é possível sair da dependência de médias climáticas genéricas e avançar à diagnósticos localizados, fundamentais para manter a segurança alimentar abastecida em meio às incertezas do clima.

Moral da Nota: incêndios florestais podem alterar a qualidade da água resultando implicações aos sistemas humanos e de água doce, no entanto, avaliações em escala regional desses impactos são limitadas pela escassez de dados e, avaliação de 1984 a 202 em 245 bacias hidrográficas queimadas no oeste dos EUA, comparando sinais pós-incêndio com níveis de referência de 293 bacias não queimadas observa-se que o carbono orgânico e fósforo exibem níveis elevados nos primeiros 1 a 5 anos pós-incêndio, enquanto nitrogênio e sedimento mostram aumentos significativos até 8 anos pós-incêndio. Os anos de pico de resposta pós-incêndio exibem concentrações médias de carbono, nitrogênio e fósforo 3 a 103 vezes os níveis pré-incêndio e sedimento 19 a 286 vezes as concentrações pré-incêndio enquanto as respostas estão ligadas as maiores áreas florestais e desenvolvida que explicam até 31 e 33% da variabilidade de resposta entre bacias, fornecendo evidências da degradação plurianual da qualidade da água pós incêndios florestais no oeste dos EUA destacando influência das características das bacias hidrográficas e dos incêndios florestais. Valendo dizer que incêndios florestais contaminam a qualidade da água por quase uma década pós o incêndio cujos resultados mostram que contaminantes como carbono orgânico, fósforo, nitrogênio e sedimentos podem degradar a qualidade da água por até 8 anos pós incêndio, quer dizer, gestores de recursos hídricos podem usar esses dados para planejar o futuro já  que foram analisados mais de 100 mil amostras de água de 500 locais e construídos modelos baseados em dados para medir o quanto os contaminantes mudaram em cada bacia. Novo estudo revela que o legado dos incêndios florestais se estende além da devastação imediata, com contaminantes de florestas e bacias hidrográficas queimadas continuando poluir rios e córregos por até 8 anos pós extinção das chamas em pesquisa publicada na Nature Communications Earth & Environment, tratando-se da primeira avaliação de qualidade da água pós-incêndio florestal em 100 mil amostras, lembrando que contaminantes podem degradar a qualidade representando desafios às estações de tratamento ameaçando abastecimento à milhões de pessoas. O estudo constatou que o impacto dos incêndios florestais na qualidade da água é variável, dependendo de fatores como proximidade do incêndio aos rios, tipo de solo e vegetação e padrões climáticos locais, em alguns casos, os níveis de sedimentos nos córregos foram até 2 mil vezes maiores que antes do incêndio sobrecarregando infraestrutura de tratamento de água e, para concluir, no caso americano, à medida que o oeste dos EUA enfrenta riscos de incêndios florestais pesquisadores esperam que seus dados ajudem comunidades se prepararem melhor aos impactos ambientais que surgem após o incêndio.