segunda-feira, 9 de junho de 2025

Mais Vulneráveis

No Mali, chuvas irregulares reduziram nos últimos anos a colheita de milho e amendoim levando os mais afetados pelas mudanças climáticas ficarem mais vulneráveis às condições climáticas extremas, os menos responsáveis ​​pelos gases efeito estufa, no entanto, mudança climática é crise à todos, com efeitos primeiro e piores nos mais pobres pagando alto preço pelos gases emitidos por países poluentes. Vale dizer que países que dependem da agricultura estão nas partes mais quentes do mundo, portanto, vulneráveis ​​aos efeitos negativos do clima, à medida que o mundo esquenta e padrões climáticos mudam, tornam menos previsíveis, havendo probabilidade maior de quebras de safra, encarecendo alimentos já que tem mais probabilidade de serem afetadas por condições climáticas extremas como tempestades, secas, inundações e temperaturas mais altas, nestes países, mulheres estão entre as mais vulneráveis ​​aos efeitos negativos representando metade da força de trabalho agrícola, rotineiramente excluídas de treinamento, acesso a crédito e serviços de extensão e outras medidas que ajudariam agricultoras de baixa renda se adaptarem e sobreviverem às mudanças climáticas. Na África Ocidental a produção de cereais caiu 11% de 2020 a 2021 e o número de pessoas em situação alimentar de emergência passou de 7 milhões em 2015 à 27 milhões em 2022, com falta de financiamento para pagar por medidas de adaptação e mitigação dos efeitos climáticos colocando africanos ocidentais em posição precária, com a Feminet fornecendo treinamento às mulheres agricultoras para melhorar colheitas e agregar valor às plantações que cultivam, no entanto, há que considerar fortes ligações entre mudanças climáticas, pobreza, fome e desigualdade tornando países mais vulneráveis ​​a conflitos em competição por recursos escassos forçando migração, piorando desigualdades raciais e econômicas que afetam grupos minoritários, mulheres e membros mais pobres da sociedade, fatores que aumentam necessidade de assistência humanitária aos que enfrentam conflitos e desastres precipitados pelo clima.


Entre 180 países no ranking da Notre Dame Global Adaptation Initiative, que avalia o nível de vulnerabilidade de um país e a prontidão para alavancar recursos e financiamento à soluções de adaptação às mudanças climáticas, os últimos são o Chade um dos países mais pobres da África Ocidental e do mundo, dependendo da agricultura e pecuária enquanto a maior parte da população vive em áreas rurais, particularmente vulnerável a secas e inundações recorrentes atribuídas ao clima, com 11% da população sofrendo de desnutrição aguda. A República Centro-Africana, RCA, tem mais de 70% da população de 4,7 milhões na pobreza com efeitos persistentes de um conflito de 2013 que deslocou mais de 700 mil pessoas, um dos menos preparados para lidar com choques climáticos incluindo aumentos de temperatura, chuvas imprevisíveis, secas e incêndios florestais. A Eritreia sofreu aumento de temperatura de 1,7 º C nos últimos 60 anos, afetando ecossistemas marinhos e terrestres, com pesquisa do Banco Mundial indicando que resulta em redução na produção agrícola e mudanças nos padrões de precipitação e efeitos das mudanças climáticas com risco significativo à agricultura de sequeiro, ou, um terço da economia do país. A República Democrática do Congo, 2º  maior país da África, terá efeitos nas várias e diversas zonas ambientais como aumento de chuvas e surtos de doenças de plantas e animais afetando áreas agrícolas, reduzindo produção de alimentos, em outras zonas, mudança nos padrões de chuvas resulta em seca com ambos resultados afetando os mais pobres que dependem do cultivo de safras para subsistência, além de complicação adicional que impede a capacidade da RDC de se adaptar às mudanças climáticas, o conflito armado que assola áreas ricas em minerais nas partes orientais do país. A geografia do Sudão varia de zonas áridas no norte a áreas mais férteis nas regiões central e sul, onde a maioria da população depende da agricultura e criação de gado com chuvas variáveis ​​e imprevisíveis, desertificação e conflito que torna o país mais vulnerável, com deslocamentos por conflitos e capacidade prejudicada das áreas agrícolas se adaptarem às mudanças climáticas usando métodos tradicionais. A Guiné-Bissau mostra 70% da população vivendo próximo ao oceano, com risco de inundações, além de áreas de cultivo de arroz cujos recursos hídricos subterrâneos são inundados pela água do mar afetando subsistência e acesso à água potável espalhando doenças transmitidas pela água, enquanto outras áreas sofrem com seca severa e temperaturas altas reduzindo produção agrícola, além de maior umidade em outras, com eventos de chuva repentinos e imprevisíveis, desencadeando erosão destrutiva e epidemias como a malária. Por fim, o Afeganistão experimentará temperaturas mais altas que o aumento médio global previsto com áreas afetadas pela seca, nas montanhas, o derretimento das geleiras afetará o acesso à água à energia hidrelétrica, consumo humano e agricultura, combinados com anos de conflito que empobrecem deixando o país como um dos mais vulneráveis ​​e menos preparados para lidar com as mudanças climáticas.


Moral da Nota: pesquisa sugere que todas as 5 sub-regiões da África ultrapassarão o limite de 1,5 º C para mudanças climáticas, limite estipulado pelo Acordo de Paris até 2040, mesmo em cenários de baixa emissão, destacada pelo periódico CABI Reviews, com cientistas da Universidade do Zimbábue e do Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária, ILRI, no Quênia, conduzindo revisão bibliográfica para desenvolver estrutura à caminhos de transição justa à agricultura da África em direção ao desenvolvimento de baixa emissão e resiliência climática abaixo de 1,5 °C de aquecimento global. Descobriram que, apesar da África emitir menos de 4% das emissões globais de gases efeito estufa, o limite de 1,5 °C à mudanças climáticas será alcançado até 2040 nas 5 sub-regiões, mesmo em cenários de baixa emissão, enfatizam que caminhos de transição justos à agricultura são necessários para sistemas de produção sustentáveis ​​que melhorem segurança alimentar e redução da pobreza, ao mesmo tempo que otimizam co-benefícios de mitigação. Injustiças distributivas, processuais e de reconhecimento incluem, segundo os cientistas, desigualdades inerentes, disparidades de gênero ou oportunidades limitadas de emprego, que, segundo eles, serão amplificadas e reforçadas pelas mudanças climáticas, necessitando financiamento do avanço da ciência, tecnologia e inovação com restauração de culturas negligenciadas ou subutilizadas e de conjuntos genéticos de gado, regeneração da fertilidade do solo e avanço da saúde com restauração de terras degradadas, proteção de ecossistemas e biodiversidade,  acesso a educação, treinamento e tecnologias de informação de qualidade e desenvolvimento de mercados com criação de oportunidades de distribuição e comércio. Concluem que a estrutura de transição justa desenvolvida oferece oportunidades à inclusão social, equidade, desenvolvimento de capacidade à automobilização e auto-organização de comunidades à ação climática e investimentos em caminhos de transição para construir agricultura resiliente ao clima em direção à pobreza zero e contribuição significativa ao carbono zero.