Estudo australiano publicado na Nature Climate Change diz que, a cada ano, altas temperaturas contribuem a problemas de saúde mental, número, que pode aumentar até 2050, à medida que o planeta aquece, alertando que o agravamento envolve desde a ansiedade à esquizofrenia, quer dizer, associa aumento das temperaturas a aumento na carga de transtornos mentais e comportamentais. O autor do estudo da escola de saúde pública da Universidade de Adelaide disse que, “de sofrimento leve a condições como esquizofrenia, o aumento das temperaturas torna mais difíceis a vida à milhões de pessoas”, já que o estudo usa anos de vida ajustados por incapacidade, ou, DALYs, métrica que captura os anos de vida perdidos e os anos vividos com a doença, estimando impacto das altas temperaturas na saúde mental, observando que o calor gera perda anual de mais de 8.450 anos de vida saudável na Austrália, ou, 1,8 % da carga total de transtornos mentais e comportamentais do país. Alerta que esse número pode aumentar em 50% até 2050, à medida que o clima esquenta e ondas de calor ficam mais longas, que em vez de causar mortes, a maior parte desse fardo vem de pessoas que vivem com problemas de saúde mental agravados pelo calor extremo com jovens entre 15 e 44 anos especialmente afetados, sendo que transtornos mentais e comportamentais,ou, TMCs, incluem doenças relacionadas à regulação emocional, pensamento e comportamento, aí se incluem, ansiedade, depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtornos por uso de álcool e drogas e demais condições relacionadas. O estudo revela que impactos do calor extremo não são distribuídos uniformemente sendo que Vitoria e Austrália Meridional apresentam a maior proporção de impactos na saúde mental relacionados ao calor, com 2,9% de carga total ligada às altas temperaturas, no entanto, na Austrália, espera-se que no futuro o Território do Norte se torne mais afetado até meados do século devido ao clima mais quente, com projeções sugerindo que 4% da carga de saúde mental pode estar relacionada ao calor até 2050. O estudo modela projeções futuras sob cenários climáticos e de crescimento populacional diversos em trajetória de altas emissões significando que o mundo continua queimar combustíveis fósseis como carvão e petróleo e, ao ritmo atual, sem adaptação, o impacto do calor extremo na saúde mental pode aumentar em 49% e, se considerarmos o crescimento populacional, o aumento pode chegar a 141%. Projeta que, com adaptação eficaz, melhores moradias, alerta precoce, acesso a refrigeração e espaços verdes, o aumento da carga seria reduzido, por exemplo, no mesmo cenário de altas emissões e crescimento populacional, a adaptação completa reduziria o aumento projetado da carga de 141% à 65% até 2050, considerando que estudo realizado em 2022 por acadêmicos da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston descobriu que dias com temperaturas mais altas no verão dos EUA estavam associados a taxas de visitas a emergência de hospitais em maiores quantidades, por qualquer condição relacionada à saúde mental. Considera que a Austrália enfrenta ondas de calor mais frequentes e intensas, aqueceu 1,5°C desde 1910, conforme o relatório "Estado do Clima" de 2024, do CSIRO e do Bureau of Meteorology, registrando recordes de temperaturas no verão ao lado de longos e intensos episódios de calor e, globalmente, os últimos anos foram os mais quentes registrados, com temperaturas acima de 1,5 °C em 2024, conforme a OMM.
Relatório do Copernicus na Europa, mostra aquecimento 2 vezes mais rápido que a média global, cujas consequências começam ser sentidas mais rápido que a média global nos últimos 40 anos, enquanto o programa Copernicus da UE em colaboração com a OMM confirma agravamento do aquecimento global na UE e convulsões que tem provocado. Afirma que no continente o aquecimento é o mais rápido do planeta, 2 vezes mais rápido que a média global desde a década de 1980, provocando maior absorção de água da atmosfera e, como consequência, maior volume de chuvas, que ocasiona inundações, em 2024, um terço da rede hidrográfica europeia registrou enchentes com o lado oeste o mais afetado por chuvas extremas, enquanto o leste se tornou mais seco e quente. Em 2024, o termômetro registrou recordes em 48% do continente com países do leste e sudeste sofrendo com altas temperaturas, por outro lado, no inverno, geadas são mais raras, já que as áreas afetadas são cada vez menores, com o Copernicus dizendo que “o calor pode causar estresse no corpo, influenciado não apenas pela temperatura, mas por outros fatores ambientais, como vento e umidade”, concluindo que, “altas temperaturas noturnas podem prejudicar a saúde, pois oferecem pouco alívio do estresse térmico diurno” já que em noites tropicais, a temperatura não fica abaixo de 20°C, tendência se espalha pelo território europeu, considerando que na década de 1970, 20% da região experimentou pelo menos uma dessas noites quentes, percentual que subiu à 35 pontos na década atual, sendo que o sul e sudeste europeu estão particularmente expostos com recorde de 13 dias consecutivos de onda de calor em julho e 23 noites tropicais em 2024. Considerado o ano mais quente da história do clima global e europeu, segundo o relatório, 2024, sendo que os 3 anos mais quentes registrados desde que indicações meteorológicas começaram a ser analisadas no século XIX ocorreram depois de 2020 e os 10 mais quentes foram todos depois de 2007 com a superfície terrestre afetada pelo calor exponencial e, nos últimos 5 anos, o Mar Mediterrâneo, por exemplo, aqueceu 1,2°C desde a década de 1980, o dobro da média global dos oceanos, 0,6°C e, em 2024, a temperatura nos mares europeus era de 13,7°C, índice 0,69°C acima da média do período 1990-2020. O relatório do Copernicus, fala que o continente europeu é uma das regiões onde o risco de inundações aumentará nas próximas décadas e, atualmente, metade das cidades europeias possui planos de adaptação para lidar com esses eventos climáticos extremos, já que, 2024 foi um dos 10 mais chuvosos desde 1950 na Europa Ocidental, onde países tiveram de 30 a 40 dias a mais de chuva e, do outro lado do continente, territórios orientais tiveram até 50 dias menos chuva, com o relatório concluindo que, “o ano foi caracterizado por chuvas mais frequentes e maiores que a média nas regiões ocidentais e chuvas menos frequentes e mais brandas nas regiões orientais”. Números citados no relatório e retirados do Banco de Dados Internacional de Desastres, dizem que o valor de perdas causadas por desastres climáticos em 2024 é estimado em R$ 120,82 bilhões com enchentes respondendo por 85% deste valor, quanto as cidades europeias que implementam iniciativas de adaptação para lidar com ondas de calor e excesso de água no futuro, chega a 51% e a 7 anos era de 26% concluindo que 19 mil ações de adaptação foram registradas em 2022 nos setores de água, 17%, construção,13,6%, meio ambiente,11,7%, terras, 10,8%, agricultura 9,3%, e saúde,7,6%, considerando que em 35% destes casos as ações são medidas tecnológicas ou físicas como reciclagem de água, construção de edifícios mais resilientes, mapeamento de riscos e criação de sistemas de alerta de desastres, soluções baseadas na natureza, ou,cidades mais verdes e reintegração da natureza, que representam 26% das ações.
Moral da Nota: artigo de Richard B. Rood, professor emérito da Universidade de Michigan, esclarece que o princípio fundamental da ciência baseada em modelos é que devem ser adequados ao propósito, quer dizer, projetados, construídos e avaliados para atender aplicação específica já que em muitos casos, perdemos o contato com esse princípio, pois modelos estão arraigados à prática científica e cientistas se acostumam a eles como ferramentas essenciais, daí, perdermos a noção que são parte de um processo sendo fácil atribuir aos seus números e padrões mais realidade que se justifica e, em comunicações públicas, são relatados com a impressão que são expectativas factuais. Dentre as principais funções dos modelos estão facilitar investigação, descrever incerteza e contribuir ao raciocínio, organizando observações, auxiliando isolar e descrever processos e fornecendo orientação ao futuro, quer dizer, em termos de adaptação, toma-se decisões sobre construção e reconstrução, agricultura e ecossistemas que deverão ser implementadas e, espera-se, funcionarem no clima daqui a 30 a 50 anos, clima futuro que será mais quente e, a menos que haja intervenções para eliminar emissões de CO2 e metano, continuará aquecer. Aplicações à segurança ambiental precisam estar na vanguarda dos caminhos de desenvolvimento de modelos que incluem determinação da velocidade e motivos das mudanças climáticas, adaptação, geoengenharia, riscos e consequências de inflexão necessitando propósito e critérios robustos de avaliação, essenciais para restringir escolhas infinitas que poderíamos fazer sobre o que incluir nos modelo e como incluí-los e, em seguida, como utilizá-los e interpretá-los.Concluindo, em vez de focar em computadores e modelos de escala com complexidade adicional em relação ao silício, deve-se acelerar escalabilidade em relação ao poder inovador da inteligência humana em que modelos e simulações padronizados e avaliados precisam estar disponíveis à especialistas em aplicações e, engajar expertise, criatividade e capacidade da comunidade em geral.