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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

O Olfato

Análise de dados realizada em abril de 2024 em tecidos do bulbo olfatório obtidos de autópsias no Serviço de Verificação de Óbitos da Cidade de São Paulo e procedida no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, LNLS, de 15 indivíduos adultos residentes na cidade há mais de 5 anos e excluídas intervenções neurocirúrgicas anteriores, em pesquisa de exposição primária que demonstrou presença de microplásticos, MPs, no bulbo olfatório, através de exame direto do tecido e filtração seguida por espectroscopia infravermelha micro-Fourier. Os resultados foram publicados no Jama Network Open, 2024, de autoria de Luís Fernando Amato-Lourenço, PhD, Freie Universitat Berlin - Institut fur Biologie, Altensteinstr 6D-14195 Berlim, Alemanha, mostram identificação e caracterização de microplásticos, MPs, no interior doo bulbo olfatório, tamanho, morfologia, cor e composição polimérica, daí, idade média dos 15 indivíduos falecidos foi de 69,5 anos, 33 a 100 anos, 12 homens e 3 mulheres, com os microplásticos, MPs, detectados nos bulbos olfatórios de 8 dos 15 indivíduos, quer dizer, identificadas 16 partículas e fibras de polímeros sintéticos, 75% partículas e 25% fibras, cujo polímero mais detectado foi o polipropileno, 43,8%, enquanto os tamanhos dos MPs variaram de 5,5 μm a 26,4 μm à partículas e comprimento médio da fibra de 21,4 μm com materiais poliméricos ausentes nos filtros de controle negativo, indicando risco mínimo de contaminação, sendo que a conclusão da pesquisa mostra evidências de MPs no bulbo olfatório humano sugerindo via potencial à translocação de MPs ao cérebro com as descobertas ressaltando necessidade de mais pesquisas sobre implicações à saúde da exposição a MP no que diz respeito à neuro-toxicidade e potencial dos MP em contornar a barreira hematoencefálica. Vale considerar que a ubiquidade, ou, multi-presença da poluição por microplásticos, MP, tornou-se preocupação ambiental generalizada levantando questões no corpo humano e efeitos nocivos, embora MPs detectados em órgãos como pulmões, intestinos grosso e delgado, fígado, placenta, sêmen e corrente sanguínea, não há estudos publicados até o momento relatando presença no cérebro humano, já que a presença da barreira hematoencefálica, BHE, é fator limitante do acesso ao cérebro via translocação hematogênica, apesar disso, estudos em animais mostram que MPs podem prejudicar a BHE e atingir o cérebro por ingestão oral levando a efeitos neurotóxicos, no entanto, o local potencial de entrada à micro e nanoplásticos, MNPs, no cérebro humano é a via olfativa que envolve neurônios olfativos nasais transmissores de informações sobre odores ao sistema olfativo central do cérebro cujos axônios olfativos passam pela placa cribriforme, CP, do osso etmoide alcançando bulbos olfativos, BO, conectados ao sistema límbico do cérebro. Partículas de carbono negro ambiental, fuligem, foram detectadas em regiões do cérebro humano sendo uma das maiores concentrações encontradas no bulbo olfatório medindo 420,8 partículas/mm e, raramente, a forma ameboide de Naegleria fowleri, de 15 a 30 μm, penetra no cérebro pelo nariz causando meningoencefalite amebiana geralmente apresentando a doença pós contato com corpos de água doce contaminados ou após enxaguar o nariz com água da torneira não estéril, além disso, a permeabilidade da barreira foi evocada como possível rota de administração de medicamentos mais rápida e segura ao cérebro bem como acesso ao líquido cefalorraquidiano através dos vasos linfáticos nasais. Por conta da  onipresença de MPs no ar e identificação anterior na cavidade nasal humana, o estudo levanta hipótese que a menor fração de MPs poderia atingir o bulbo olfatório, OB, portanto, uma investigação sobre presença de MPs em fragmentos de tecido conjuntivo humano de 15 indivíduos falecidos e autopsiados permitiu identificação e análise de caracteres  dos MPs, incluindo tamanho, morfologia, cor e composição polimérica.

Ainda no JAMA, pesquisa nacional com pais nos EUA, em 2016, descobriu que 25% das crianças foram diagnosticadas com transtorno de saúde mental, saúde comportamental ou desenvolvimento, em momento da vida por um profissional de saúde já que desde a pandemia em 2020 aumentaram preocupações com a saúde mental infantil, com dados demonstrando aumentos na ansiedade e depressão bem como deficiências de aprendizagem diagnosticadas e atrasos no desenvolvimento. Pesquisas relatam porcentagens crescentes de visitas a pronto-socorros relacionados à saúde mental e números e porcentagens mais altos de hospitalizações relacionadas à saúde mental entre crianças, em 2021, organizações de saúde que atendem crianças, entre elas a Academia Americana de Pediatria, declararam estado de emergência em saúde mental infantil e o cirurgião-geral divulgou relatório sobre saúde mental infantil destacando tendências preocupantes. Quer dizer, nos EUA, 16% das crianças vivem na pobreza associada ao aumento do risco de transtornos e problemas de saúde mental, daí, programas de seguro público como o Medicaid e o CHIP, Programa de Seguro Saúde Infantil, cobriam 38,8% das crianças em 2023, incluindo originárias de famílias de baixa renda com deficiência ou vivendo em sistema de assistência social, sendo que até o momento há dados limitados examinando tendências em diagnósticos de saúde mental entre crianças seguradas pelo governo e, o único estudo multi-estadual conhecido, examinou tendências em diagnósticos de saúde mental entre jovens inscritos no Medicaid através de dados de 2001 a 2010 se concentrando em um único diagnóstico. Nenhum estudo anterior examinou tendências em diagnósticos de saúde mental e neurodesenvolvimento entre crianças seguradas pelo governo usando dados de vários estados e, para preencher tal lacuna na literatura, o estudo atual utilizou fonte de dados mais abrangente disponível, ou, dados de reivindicações administrativas multi-estaduais de 2010 a 2019 para examinar tendências em diagnósticos de saúde mental e neurodesenvolvimento entre crianças seguradas pelo governo bem como à 13 categorias de diagnóstico. A porcentagem de crianças seguradas publicamente que receberam diagnóstico de transtorno de saúde mental ou neurodesenvolvimento significativamente maior entre 2010 e 2019, observados à maioria dos diagnósticos e grupos demográficos, sendo que as descobertas destacam necessidade de serviços apropriados em sistemas de rede de segurança e outros ambientes que atendem essa população.

Moral da Nota: IA abre nova era na detecção e monitoramento da Doença de Alzheimer, DA, patologia neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas no mundo e, a aplicação de modelos IA associada a RM,  ressonância magnética, permite identificar com precisão e prever progressão antes que os sintomas sejam evidentes. O Imperial College London criou modelo IA que detecta a doença de Alzheimer, DA, com 98% de precisão imaginando o cérebro como mapa dividido em 115 zonas, cada uma delas, analisa-se 660 características diferentes como peças de um quebra-cabeça como, forma, tamanho, textura, etc, permitindo aprendizagem e identificação de padrões que revelam presença da doença, mesmo em estágios iniciais, como se IA conseguisse ler a linguagem oculta em imagens cerebrais, foi o que descobriu a pesquisa com mais de 400 pacientes incluindo indivíduos saudáveis ​​e portadores de outras lesões neurológicas, daí, o modelo foi capaz de distinguir entre diferentes estágios da Doença de Alzheimer, DA, facilitando tratamento personalizado de cada caso. Os pesquisadores da Universidade de Cambridge trabalham em sistemas capazes de antecipar a progressão da doença de Alzheimer, além de diagnóstico foi desenvolvido modelo que prevê se o paciente com sinais iniciais de demência terá Alzheimer ou permanece estável e, com dados não invasivos, testes cognitivos e ressonância magnética estrutural, o sistema tem precisão de 82% dos casos sendo que o modelo foi treinado com informações de mais de 1.900 pessoas coletadas em clínicas especializadas no Reino Unido, Singapura e EUA e, por conta de abordagem longitudinal, é analisado como o cérebro evolui ao longo do tempo, ou, como observar a planta crescer a partir da semente buscando previsão que tornar-se-á saudável ou adoecerá ao longo do caminho. Lembrando que aprendizado profundo transformou a análise de imagens de ressonância magnética e, ao contrário dos métodos tradicionais, tais redes neurais identificam alterações microscópicas cerebrais desapercebidas até por especialistas, sendo uma das abordagens mais avançadas o modelo híbrido DenseNet-BiLSTM que combina 2 tipos de redes, uma para entender a geometria do cérebro em dado momento, DenseNet, e outra para rastrear a evolução ao longo do tempo, BiLSTM, combinação que oferece visão 3D no tempo como se estivéssemos assistindo um filme do cérebro em vez de fotografia estática, daí que, a capacidade de reconhecer padrões de mudança é crucial à adaptação do tratamento em tempo real e, se as mudanças estruturais forem detectadas antes do aparecimento dos sintomas as ações serão tomadas mais cedo e de modo mais eficaz.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Infância e Saúde Mental

Estudo nos EUA sobre internação em saúde mental pediátrica informa que se concentram em hospitais infantis, daí, buscar características associadas à internação entre consultas de saúde mental pediátrica no PS em amostra nacionalmente representativa sendo que a hospitalização psiquiátrica no pronto-socorro, PS,  pode passar por internações prolongadas quando não há leito adequado disponível. Retrospecto transversal examinou consultas de saúde mental em pronto-socorros por crianças de 5 a 17 anos através da Pesquisa Nacional de Assistência Médica Ambulatorial Hospitalar de 2018-2022, utilizando amostra probabilística gerando estimativas nacionais com a regressão logística da pesquisa examinando associação entre características das consultas e internação, definido como duração da consulta em torno de 12 horas. Em 5.900.704 visitas estimadas de saúde mental pediátrica ao pronto-socorro em nível nacional nos EUA, 42,9% de 15 a 17 anos, 56,4% mulheres, 25,2% resultaram em admissão ou transferência e, 32,1% tiveram duração em torno de 12 horas chegando a conclusão que 1 em cada 3 atendimentos de saúde mental pediátrica no pronto-socorro com internação ou transferência ultrapassou 12 horas, ao passo que as diferenças na internação por raça, etnia e plano de saúde, refletem desigualdades no acesso a serviços psiquiátricos e, para reduzir a internação no pronto-socorro há necessidade de aprimorar o acesso das crianças aos serviços de saúde mental no espectro de cuidados. Dados da Pesquisa Médica Ambulatorial Nacional de Hospitais de 2018-2022 nos EUA, estimam que atendimentos de saúde mental pediátrica que resultam em admissão ou transferência sugere necessidade de atenção à melhor acesso ao tratamento definitivo em saúde mental, além da identificação de diferenças na internação. A autora principal da pesquisa publicada no periódico JACEP Open, Jennifer Hoffmann, MD, MS, Diretora Médica de Saúde Comportamental, Medicina de Emergência no Ann & Robert H. Lurie Children's Hospital de Chicago e Professora Assistente de Pediatria na Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, esclarece que "o estudo ressalta problemas com o acesso a cuidados de saúde mental em crianças e adolescentes, que muitas vezes enfrentam internações prolongadas no pronto-socorro porque não há um leito psiquiátrico disponível". Fala em prosseguimento da crise de saúde mental juvenil com observação de quadros psiquiátricos graves no pronto-socorro em que a maioria das crianças procura por atendimento de emergência em hospitais para adultos que muitas vezes têm recursos pediátricos limitados comparados a hospitais infantis, podendo não estar preparados para fornecer o suporte necessário, já que, a amostragem do estudo foi representativa das consultas pediátricas em pronto-socorros por problemas mentais, com apenas 1% ocorrendo em hospitais infantis, destacando que, diante tal situação, o financiamento contínuo é essencial aos Serviços Médicos de Emergência para Crianças, EMSC, um programa federal que oferece treinamento a hospitais não pediátricos no país sobre atendimento eficiente e eficaz a jovens no pronto-socorro. O estudo descobriu que os jovens com seguro público tinham maior probabilidade de permanecer no pronto-socorro por mais de 12 horas esperando por leito psiquiátrico, destacando desigualdades no acesso aos serviços de saúde mental com a pesquisa avaliando registros de 5,9 milhões de atendimentos de saúde mental em serviços de emergência por crianças de 5 a 17 anos em período de 4 anos estimando-se que 1,4 milhão dos atendimentos resultaram em internação ou transferência. A Dra. Hoffmann sugere soluções potenciais à aumentar o acesso dos jovens aos cuidados de saúde mental incluindo maior uso de telessaúde, serviços de saúde mental nas escolas e integração dos cuidados de saúde mental à atenção primária, além de mencionar as emergentes clínicas de atendimento de urgência psiquiátrica bem como prontos-socorros psiquiátricos autônomos que podem ajudar atender à crescente demanda por serviços mentais em crianças e adolescentes.

Ainda nos EUA, em relação a dependência de opioides, a sub-dosagem no tratamento pode levar à overdose de fentanil considerando que o risco de abandono do tratamento é significativo nos pacientes que normalmente enfrentam graves desafios, embora podem doar ou vender comprimidos extras, com pesquisas mostrando que os comprimidos obtidos ilegalmente são comumente usados ​​à auto-tratamento e na tentativa de controle da abstinência auxiliando o abandono do uso de opioides quando o tratamento não está disponível. O desafio na busca pela dose certa de tratamento torna-se mais agudo à médicos e pacientes decorrente popularização do fentanil nos EUA a partir de 2013, agora, dominando o fornecimento não regulamentado de opioides, 50 vezes mais potente que a heroína, o fentanil supera a capacidade de baixas doses de buprenorfina de neutralizar seus efeitos também conhecida pelo nome comercial Suboxone, mistura de buprenorfina e naloxona, medicamento opioide com a peculiaridade de ativar receptores opioides do cérebro e bloqueá-los parcialmente proporcionando efeitos opioides suficientes para prevenir sintomas de abstinência e a vontade de fumar, além de bloquear a recompensa da euforia aliviando dor como outros opioides mas não causando parada respiratória além de reduzir o risco de morte por overdose em 70% . A preocupação geral que doses muito altas possam ter efeitos tóxicos não isenta preocupação de pesquisadores e médicos que o uso de doses muito baixas em tratamentos pode causar danos incluindo morte de pacientes que retornam ao fentanil por conta da descoberta em relatos, já em 1999, de evidências que benefícios da buprenorfina aumentam gradualmente até 32 mgrs, daí, em doses mais altas, pacientes permanecem em tratamento por mais tempo usando opioides ilícitos com menos frequência, apresentando menos complicações como hepatite C, menos visitas ao pronto-socorro e hospitalizações além de sofrimento menor com dores crônicas, considerando que, exames de imagem cerebral mostram que a buprenorfina em doses de 32 mgrs ocupa mais receptores opioides, mais de 90% dos receptores em algumas regiões do cérebro comparada com doses mais baixas, sendo que estudo demostra que uma dose suficientemente alta de buprenorfina pode prevenir diretamente a overdose de fentanil. Por fim, na gravidez, sintomas de abstinência podem se intensificar decorrente alterações metabólicas que reduzem a concentração sanguínea da maioria dos medicamentos e, uma dose mais alta pode ser necessária para manter o nível de efeitos que apresentavam antes da gravidez, além disso, pacientes com dor crônica, transtorno de estresse pós-traumático, ou, uso prolongado de opioides, tinham maior probabilidade de encontrar alívio com uma dose acima de 24 mgrs.

Moral da Nota:  a combinação de dados de mapas desalinhados é desafio na pesquisa global sobre saúde e ambiente, sendo que o desenvolvimento de modelo de combinação de dados geográficos de saúde incompatíveis e desenvolvida para permitir integração rápida precisa de conjuntos de dados espacialmente desalinhados, aí, a previsão da poluição do ar e mapeamento de doenças. O estudo foi publicado na revista Stochastic Environmental Research and Risk Assessment, tratando-se de conjunto de dados que descrevem fatores socio-ambientais como prevalência de doenças e poluição, coletados em diversas escalas espaciais, variando de valores pontuais à locais específicos incluindo dados de área ou rede onde valores são agregados em regiões tão extensas quanto países e, mesclar esses conjuntos de dados geograficamente inconsistentes é desafio técnico difícil abraçado pela bioestatística Paula Moraga e o doutorando Hanan Alahmadi. Combinar dados espaciais disponíveis em diferentes resoluções como concentrações de poluentes medidas em estações de monitoramento e por satélites, com dados de saúde relatados em diferentes níveis de limites administrativos, segundo a Dra Moraga, serviu ao "desenvolvimento de métodos inovadores para analisar padrões geográficos e temporais de doenças quantificando fatores de risco e permitindo detecção precoce de surtos",  através de modelo de abordagem bayesiana usada para integrar conjuntos de dados espaciais que exploram por meio de um "passeio aleatório" com algoritmos decidindo o próximo passo com base no anterior até chegarem o mais próximo possível da distribuição alvo", no entanto, pode consumir tempo computacional levando pesquisadores usarem uma estrutura chamada Aproximação Integrada de Laplace Aninhada, INLA. Demonstraram o poder do modelo integrando dados pontuais e de área em estudos de caso relativos a prevalência da malária em Madagascar, poluição do ar no Reino Unido e risco de câncer de pulmão no Alabama, EUA, e, em todos, o modelo melhorou velocidade e precisão das previsões ao mesmo tempo que forneceu informações sobre importância de diferentes escalas espaciais. Os estudos mostraram que os dados pontuais desempenharam papel dominante, no entanto, a influência dos dados de área foi maior no estudo sobre poluição do ar devendo principalmente ao fato dos dados de área sobre poluição do ar terem resolução mais precisa que os tornou mais informativos e complementares aos dados pontuais, por fim, o projeto aborda necessidade de ferramentas de análise de dados que apoiem decisões em evidências de políticas de saúde e  ambiente, por exemplo, se as autoridades de saúde pública puderem avaliar rapidamente a prevalência de doenças, poderão trabalhar de modo mais eficaz para alocar recursos e intervir em áreas de alto risco. 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Relatório

O diretor-geral da OMS apresentou relatório aos delegados na Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, relativo ao tratado internacional sobre pandemias na busca por evitar repetição de erros da Covid na prevenção e controle, em discussão a 3 anos, com o texto“Tratado sobre Pandemias” aprovado na Assembleia Mundial da Saúde, prevendo acesso justo e igualitário à pesquisa sobre patógenos emergentes, ou, agentes infecciosos que podem culminar em surtos. O texto adotado na reunião anual dos países membros da OMS estabelece coordenação global precoce e eficaz para prevenir, detectar e responder a riscos de pandemia e, agir rapidamente, pós fracasso coletivo em lidar com a Covid-19 que matou milhões e devastou a economia global, o acordo é considerado sucesso pós negociações  difíceis em cenário de cortes no orçamento da OMS e contexto cada vez maior de crises. A resolução foi adotada no comitê por 124 votos a favor e nenhum contra e, entre os países que se abstiveram estão Irã, Israel, Rússia, Itália, Eslováquia e Polônia, com alguns Estados-membros manifestando reservas no comitê com a Eslováquia solicitando votação que poderia encerrar o consenso mantido até então, embora a retirada americana da OMS esteja prevista para entrar em vigor apenas em janeiro próximo, os EUA já haviam se retirado das negociações e não enviou delegado seguidos por argentinos e costa riquenhos e, conforme ressaltou o Le Monde, nada impede que venham aderir ao tratado no futuro. A embaixadora francesa à saúde global que co-presidiu as negociações disse que “a pandemia de Covid-19 foi lembrete que os vírus não conhecem fronteiras e nenhum país, por mais forte que seja, pode enfrentar sozinho uma crise de saúde global”, com o acordo buscando garantir acesso equitativo a produtos de saúde no caso de pandemia, questão central nas queixas dos países mais pobres na Covid-19 quando viram ricos acumulando doses de vacinas e outros testes. No centro do acordo está o mecanismo, “Acesso a Patógenos e Compartilhamento de Benefícios”, PBAS, projetado permitir “compartilhamento rápido e sistemático de informações sobre o surgimento de patógenos com potencial pandêmico” considerando paralisação das negociações em relação a vigilância de pandemias, compartilhamento de dados sobre patógenos emergentes e benefícios resultantes como vacinas, testes e tratamentos. Em caso de pandemia cada empresa farmacêutica que concordar em participar do mecanismo deverá fornecer à OMS “acesso rápido a 20% da produção em tempo real de vacinas, tratamentos e produtos de diagnóstico seguro”, dos quais um “mínimo de 10%” será doado e o restante “a preço acessível”.

O acordo fortalece vigilância multissetorial e abordagem de “saúde”, humana, animal e ambiental, “considerando que 60% das doenças emergentes são causadas por zoonoses, ou, patógenos transmitidos de animais à humanos, obviamente importante”, incentiva investimento em sistemas de saúde para que países tenham recursos humanos suficientes e autoridades regulatórias nacionais fortes, valendo dizer que por 3 anos o acordo sofreu oposição dos que acreditam que limitará a soberania dos Estados. O acordo ajuda países se protegerem contra pandemias, com dados da seguridade social francesa mostrando que além de não trazer riscos à saúde, a dupla vacinação incitou realização de doses de reforço, muitas vezes deixadas de lado por falta de tempo e, apesar do incentivo de saúde na França propondo 2 vacinas gratuitas à boa parte da população, a taxa de cobertura é baixa. Outra questão é que 5 anos pós pandemia, a OMS pede à China mais dados para entender a origem considerando que o SARS-CoV-2 deixou 7 milhões de mortos, se tornando banal apesar dos riscos que o envolvem, aos poucos revelados pela Ciência, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores esclarecendo que o governo chinês compartilhou informações sobre a Covid-19 "sem restrições", pós pedido feito pela OMS para "entender as origens da doença", compartilhando ainda “experiência em prevenção, controle e tratamento, contribuindo à comunidade internacional no combate à pandemia". A OMS lembrou acontecimentos de 31 de dezembro de 2019, quando apareceu na China via "pneumonia viral" em Wuhan, pós declaração das autoridades de saúde locais e, "nas semanas, meses e anos seguintes, a Covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo", com a vida voltando ao normal pós surgimento das vacinas a base de RNA mensageiro, em 2021 que demorou ser democratizado, já que países mais ricos fecharam contratos bilionários para garantir suas doses. A conclusão do relatório feito em conjunto com autoridades chinesas é que a transmissão do vírus teria ocorrido do animal ao homem, possivelmente em uma feira e, desde então, representantes da OMS não puderam retornar à China e solicitam com frequência dados adicionais, com estudo publicado na revista científica americana Cell mostrando que cães-guaxinim e civetas estão entre espécies com maior probabilidade de terem servido como hospedeiros do SARS-CoV-2.

Moral da Nota: políticas do atual governo norte americano afetando a ciência com potenciais consequências à inovação e pesquisa, já que, desde a explosão tecnológica do século XX, os EUA mantêm posição como líder em ciência e inovação, status resultante de décadas de investimento público sustentado em pesquisa e desenvolvimento através de agências federais como o NIH, National Institutes of Health, o NSF, National Science Foundation e a NASA, National Aeronautics and Space Administration. A chegada do atual governo lança incerteza sobre o futuro dessa hegemonia científica, colocando em risco instituições, pesquisadores e ecossistema científico já que as medidas adotadas representaram golpe à comunidade científica com cortes no orçamento, demissões e cancelamento de programas de pesquisa, ações, que afetam a comunidade científica nos EUA com repercussões globais dado laços e colaborações internacionais em ciência e tecnologia. O atual governo dos EUA implementou reduções de pessoal em agências científicas federais interrompendo projetos e ensaios clínicos em câncer, Alzheimer e prevenção do HIV com mais de mil bolsas de pesquisa canceladas, dominó afetando universidades e centros de pesquisa, bolsas que financiam projetos formando base aos avanços e desenvolvimento tecnológico que caracterizam os EUA. Para 2026 prevê cortes reduzindo quase metade do financiamento da NASA e queda de 40% no financiamento do NIH,  retrocesso que mina a competitividade científica e tecnológica nacional, além de políticas rígidas de imigração com estudantes e pesquisadores estrangeiros em centros de detenção ou dificultando a entrada no país, desestimulando  chegada de talentos, pilar do sistema científico norte americano, desmantelando instituições essenciais à pesquisa. A ciência norte americana, do GPS à tecnologia médica e computação, contribui ao progresso tecnológico, economia e segurança nacional, diante isso, membros da comunidade científica nacional expressaram preocupação e rejeição as políticas implementadas com quase 1.900 membros das Academias Nacionais publicando carta aberta alertando sobre danos que os cortes estão causando, caminho radical e perigoso. Mudanças climáticas, saúde pública e tecnologia médica enfrentam desafios críticos, em risco devido ao declínio no financiamento e apoio federal com cancelamento de projetos em pesquisa de doenças ou modelagem climática repercutindo na capacidade nacional de responder emergências e melhorar a qualidade de vida do cidadão. A combinação de cortes orçamentários severos, demissões em massa, restrições de imigração e tensões com a academia, desafia a continuidade de modelo que por décadas promoveu ecossistema científico vibrante capaz de gerar inovação global.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

A ciência do Acreditar

A exploração de processos envolvidos na formação, armazenamento e atualização de crenças combinando filosofia, psicologia e neurociência é tentativa de compreensão de como as crenças moldam a percepção e o comportamento desempenhando papel na qualidade de vida e influenciando como interpretamos o mundo, tomamos decisões e atuamos. Entender como são formadas, armazenadas e atualizadas melhoram o bem-estar além de desenvolver visão crítica e consciente da realidade em que ciência atua baseada em estudos filosóficos, psicológicos e neurocientíficos, nos mostrando que o processo de crença é complexo e menos racional que imaginamos intuitivamente ao contrário do conceito de agentes racionais capazes de analisar imparcialmente qualquer proposição antes de aceitá-la ou rejeitá-la, além de evidências mostrando que as crenças são automaticamente aceitas quando apresentadas e sua rejeição é processo ativo e vulnerável a interferências. Daí, a visão cartesiana tradicional da formação de crenças propondo perspectiva alinhada a teoria de Spinoza, proposta como aceitação automática e passiva seguida de possível recusa, requer esforço cognitivo, por exemplo, crenças influenciando processos quanto a resposta a medicamentos, caso do fentanil, analgésico sintético com estudos indicando que sua eficácia pode ser dobrada ou anulada dependendo da crença do paciente sobre a natureza da recepção do medicamento, caso o paciente creia que está tomando medicamento para reduzir dor o efeito é amplificado, quer dizer, se achamos que é algo que aumenta a sensibilidade à dor, o efeito desaparece mostrando que crenças interagem com o aparato neural afetando resultados biológicos com repercussões clínicas relevantes. No entanto, estudos da relação entre crenças e circuitos de recompensa no cérebro mostram que percepções que recebemos podem moldar a ativação de regiões como o estriado ventral, crucial na regulação da dopamina e experiência do prazer, com experimentos em fumantes na crença  que estão fumando um cigarro contendo nicotina pode desencadear resposta cerebral semelhante à de realmente receber a substância ao passo que a crença que estão fumando um cigarro sem nicotina suprime tal ativação mesmo que a nicotina esteja presente, fenômeno replicado em usuários de cocaína e álcool, confirmando como as crenças influenciam a experiência subjetiva e a neuroquímica. Evidências nos ensinam sobre a perseverança das crenças mesmo quando refutam informações aceitas tendendo manter a crença inicial ou seus efeitos derivados, por exemplo, a recepção de feedback falso sobre o desempenho em determinada tarefa continuou influenciar a autoavaliação mesmo após informação de incorreção, sugerindo que, uma vez a crença aceita sua influência persiste mesmo quando a falsidade é reconhecida. O modo como atualizamos as crenças nem sempre segue o raciocínio bayesiano que esperaria integração adequada de novas evidências com opiniões anteriores já que tendemos exibir preconceitos que favorecem perseverança e polarização especialmente quando ligadas à identidade pessoal, mecanismo conhecido como sistema imunológico psicológico, que protege o senso de identidade de informações dissonante gerando rejeição ou reinterpretação de evidências que ameaçam crenças fundamentais, explicando porque, em certos casos, mesmo decorrente informações contrárias a crença prévia é aceita, sua força pode até aumentar, levando a implicações em debates sociais e conflitos ideológicos pois revelam dificuldade de chegar a consenso ou modificar crenças enraizadas na identidade. Em suma, o efeito da verdade ilusória nos mostra que a exposição repetida a determinada proposição aumenta a probabilidade de aceitação como verdadeira, mesmo quando contrária ao conhecimento prévio

Neste ecossistema, estudo revela como IA pode transformar recuperação pós-cirúrgica de paciente no gerenciamento a dor, ansiedade e resultados psicológicos nas complicações pós cirúrgicas, à medida que sistemas de saúde buscam  fornecer cuidados pós-operatórios personalizados em escala com estratégias IA podendo revolucionar recuperação em ambientes de saúde. A revisão “Abordagens baseadas em IA, para gerenciar dor pós-operatória, ansiedade e resultados psicológicos em pacientes cirúrgicos”, os autores analisam como IA é usada para prever dor, identificar pacientes em risco de sofrimento psicológico e fornecer intervenções personalizadas que melhoram resultados pós-cirúrgicos. Mais de 300 milhões de cirurgias de grande porte são realizadas anualmente no mundo com 80% dos pacientes apresentando dor pós-operatória e um terço relatando ansiedade, depressão ou demais sintomas de saúde mental, complicações associadas a internações hospitalares prolongadas, aumento do uso de opioides e bilhões de dólares em custos adicionais gerando ônus global ultrapassando US$ 60 bilhões anuais. A revisão destaca como modelos IA, de algoritmos de aprendizado de máquina a sistemas integrados a dispositivos vestíveis, rastreiam sinais vitais do paciente, interpretam indicadores emocionais e personalizam planos de recuperação em tempo real, sistemas, que ajudam médicos decidir sobre manejo da dor e suporte psicológico prevenindo complicações. Especialistas em recuperação cirúrgica e integração IA do Grupo de Hospitais Parirenyatwa,  Zimbábue, no Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição, México, e Mangunkusumo, Indonésia, enfatizam necessidade de soluções inteligentes escaláveis ​​e equitativas no cuidado pós-operatório reforçando relevância em esforços internacionais visando preencher lacunas no cuidado cirúrgico via tecnologia. A revisão identifica desafios incluindo padronização de dados, governança ética e necessidade de algoritmos transparentes validados no mundo real, além de incentivo a colaboração internacional na integração IA a fluxos de trabalho clínicos escalando soluções.

Moral da Nota:  o curta metragem produzido com a Comissão de Mudanças Climáticas da Liga Internacional Contra a Epilepsia, ILAE, Future Neuro Research Ireland Centre e RCSI University of Medicine and Health Sciences, lança luz sobre necessidade urgente de abordar impacto das mudanças climáticas na saúde cerebral pedindo ações na abordagem de riscos do aumento das temperaturas às pessoas que vivem com condições neurológicas como epilepsia, esclerose múltipla e demência. Com a participação de especialistas, Professor David Henshall, Diretor da FutureNeuro e Professor de Fisiologia Molecular e Neurociência no RCSI, amplifica vozes com condições neurológicas que compartilham experiências em lidar com mudanças climáticas decorrente alterações de longo prazo das temperaturas e implicações à saúde afetando 3 bilhões de pessoas com doenças neurológicas. Pesquisas indicam que o aumento da temperatura pode aumentar frequência de convulsões, exacerbar sintomas e prejudicar função cerebral em doentes sensíveis à temperatura como a síndrome de Dravet, epilepsia infantil causada por mutações no gene SCN1A, com Sanjay Sisodiya, Professor de Neurologia da UCL e Presidente da Comissão de Mudanças Climáticas da ILAE, dizendo que o  "cérebro é fundamental à resposta aos desafios ambientais e partes do cérebro são sensíveis à temperatura e, como resultado, se já estiver afetado por doença pode estar mais vulnerável a desafios dos efeitos do clima e, à medida pioram, é essencial atenção aos efeitos em pessoas com problemas neurológicos." Aprofundam compreensão da conexão cérebro-clima, ainda em lacunas críticas, com ferramentas  de imagem para rastrear flutuações da temperatura cerebral e examinar como estresse térmico impacta atividade neural, além de modelos preditivos IA identificando populações em risco moldando intervenções direcionadas com David Henshall nos esclarecendo que "tecnologias de imagem e genética permitem aprender sobre sistemas de controle de temperatura do cérebro e como é alterado em condições como epilepsia e, a compreensão dos mecanismos abre caminho à tratamentos ou estratégias reduzindo impacto do calor no risco de convulsões". A Comissão de Mudanças Climáticas da ILAE lidera iniciativas em promover sustentabilidade na pesquisa neurológica defendendo reformas políticas e colaborando com organizações globais de saúde, além de iniciativas do Green Labs na Irlanda, incluindo as do RCSI, trabalhando na redução da pegada ambiental da pesquisa em neurociência minimizando desperdício de plásticos e consumo de energia. A mensagem do filme é que tudo está conectado e todos têm papel a desempenhar e, ao conscientizar, impulsiona mudanças políticas e promove pesquisas garantindo que os que vivem com doenças neurológicas não sejam deixados para trás na luta contra mudanças no clima.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Pesticidas

Presença alarmante de pesticidas nas casas europeias é o que nos mostra estudo realizado em 2021 em residências  de 10 países revelando a presença de 197 pesticidas no total, quase 200 pesticidas em amostras de pó recolhidas com cientistas pedindo avaliação mais rigorosa dos riscos combinados destes produtos incluindo os chamados PFAS, “químicos eternos”. Os responsáveis pelo estudo defendem que reguladores deveriam considerar  “cocktails tóxicos” de substâncias químicas quando decidir sobre proibições ou restrições, sublinhando que a avaliação de riscos deve levar em conta efeitos individuais dos pesticidas e a forma como interagem entre si, abordagem que deve aplicar-se a substâncias em uso como às que aguardam aprovação, quer dizer, os efeitos tóxicos e exposição elevada estão associados a doenças graves como câncer e perturbações do sistema endócrino. Vale dizer que o número de pesticidas variou entre 25 e 121 por casa, com níveis mais elevados registrados em habitações de agricultores com o professor Paul Scheepers do Instituto Radboud de Ciências Biológicas e Ambientais, Países Baixos, nos avisando que “existem muitos estudos epidemiológicos demonstrando existência de doenças associadas a misturas de pesticidas” tendo como fontes de contaminação, sapatos, animais e produtos de consumo e, segundo investigadores, pesticidas chegam às casas através de vias diversas e, “se não tirarmos os sapatos à porta, certamente traremos contaminantes do exterior ao interior e os ingerimos de alguma forma com os animais de estimação também como fonte importante de contaminação”. Produtos domésticos que contêm pesticidas como tratamentos contra pulgas, frutas, legumes e flores adquiridos em lojas são fontes adicionais de exposição e, apesar das baixas concentrações individuais encontradas, cientistas alertam que a combinação de produtos químicos pode representar risco à saúde com o estudo detectando resíduos de DDT, pesticida proibido em vários países desde 1972 e, para Scheepers, este dado reforça necessidade de avaliar a persistência ambiental das substâncias químicas enquanto os “PFAS, permanecerão no ambiente por décadas, mesmo  proibidos agora”, alertando o cientista.

Os PFAS, poluentes quimicos eternos, ou, substância per- e polifluoroalquiladas, são compostos químicos sintéticos caracterizados pela extrema persistência no ambiente e organismo humano usados em produtos de consumo e processos industriais associados a doenças como câncer, disfunções hormonais e problemas no sistema imunitário. Dentre alguns exemplos de PFAS e compostos relacionados estão o ácido perfluorooctanoico, PFOA, usado em  tecidos impermeáveis, antiaderentes e espumas de combate a incêndios, ácido perfluorooctano sulfonico, PFOS, usado em espumas de combate a incêndios e produtos de impermeabilização como carpetes e tecidos, PFHxS perfluorohexano sulfonato, encontrado em produtos de impermeabilização como roupas e tecidos além de espumas contra incêndios, ácido perfluorobutanoico, PFBA, usado no fabrico de produtos que resistem à água, óleo e manchas, ácido perfluoropropano sulfonato, PFPS, utilizado em espumas de combate a incêndios e produtos de proteção à tecidos, perfluorotridecano, PFTrDA, usado em produtos que requerem repelência à água e óleo como roupas impermeáveis, ácido perfluorooctanoic, PFNA, encontrado em espumas de combate a incêndios e produtos químicos industriais, perfluorociclohexano, PFCAs, grupo de compostos usados em antiaderentes e repelentes de manchas, genX substituto ao PFOA utilizado na produção de plásticos e produtos industriais, perfluorotetradecano, PFTeDA, usado em revestimentos industriais e produtos de consumo, perfluorohexanoico, PFHxA, usado em espumas de combate a incêndios encontrado em produtos de consumo como roupas impermeáveis, vale dizer que, além dos PFAS, existem substâncias químicas consideradas persistentes e problemáticas mas o grupo dos PFAS é o mais discutido como “químico eterno”. A UE intensifica esforços para controlar os "químicos eternos" em particular os PFAS devido sua persistência ambiental e potenciais riscos à saúde humana e, ​em fevereiro de 2023, a Agência Europeia dos Produtos Químicos, ECHA, em colaboração com a Dinamarca, Alemanha, Países Baixos, Noruega e Suécia, apresentou proposta para restringir 10 mil PFAS buscando limitar o fabrico, comercialização e uso na União Europeia com o objetivo de reduzir emissões além de exposição humana e ambiental, já a Comissão Europeia adotou medidas específicas ao abrigo do regulamento Reach, Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals,  para restringir uso de subgrupos de PFAS como o PFHxA e substâncias relacionadas decorrente elevada persistência e mobilidade na água com riscos à saúde humana e ambiente. ​Quanto aos pesticidas, a Comissão Europeia busca implementar programas de controle coordenado para monitorar resíduos de pesticidas em alimentos vegetais e animais, avaliando exposição dos consumidores aos resíduos, programas que visam garantir cumprimento dos limites máximos estabelecidos e proteção da saúde pública considerando que a Comissão Europeia pretendia rever o regulamento Reachem 2022 para torná-lo mais rígido e reduzir riscos ambientais e à saúde com a presidente da Comissão prometendo “simplificar o Reach” e clarificar a legislação sobre “poluentes eternos”.

Moral da Nota:  incêndios de Eaton e Palisades, Califórnia, liberaram materiais perigosos enquanto as chamas consumiam casas antigas com tinta contendo chumbo e amianto, armários de cozinha com soluções de limpeza, carros, micro-ondas e outros dispositivos eletrônicos com metais pesados e, após os incêndios, autoridades federais romperam com a tradição de testar o solo em áreas de queimadas para determinar se e quando é seguro às pessoas voltarem para casa. Testes conduzidos pelo Los Angeles Times revelaram arsênio, chumbo e mercúrio excedendo padrões de segurança em propriedades na área queimada incluindo terrenos marcados como limpos por autoridades federais do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, além de repórteres do The Times se espalhando por Altadena e Pacific Palisades coletando solo de 20 propriedades limpas pelo Corpo de Bombeiros do Exército bem como 20 casas que sobreviveram aos incêndios, cuidadosamente coletadas, armazenadas e transportadas à BSK Associates, laboratório certificado pelo estado em Fresno e serem testadas à 17 metais tóxicos. Daí, o estado utiliza metas de limpeza baseadas em saúde para identificar concentrações perigosas desses metais como medidas em miligramas de contaminante por kg de solo que os trabalhadores de recuperação devem remediar já que números fornecidos pelas agências estaduais e federais de proteção ambiental se baseiam no risco de exposição ou probabilidade de um contaminante do solo entrar no corpo através da pele, inalação ou ingestão e no risco de efeitos negativos à saúde decorrentes dessa exposição. Dentre os mais comuns destacam o arsênio, As, elemento encontrado no solo, água, ar tintas, pesticidas e bactérias, amplamente utilizado em madeira tratada à estruturas externas, como decks, galpões e mesas de piquenique, embora não mais recomendada, conhecido cancerígeno, a ingestão de altos níveis de arsênio pode ser fatal, a exposição a níveis mais baixos pode causar náuseas, vômitos, queda da produção de glóbulos vermelhos e brancos, ritmo cardíaco anormal, danos aos vasos sanguíneos sendo que se liga às cinzas e fuligem de incêndios florestais, atualmente problema na água em Bengladesh e plantio de arroz. O chumbo é metal pesado encontrado em baterias de automóveis, eletrônicos, cerâmica, encanamentos e etc, usado na gasolina e tinta e, quando liberado no ar, pode viajar distâncias antes de se depositar no solo onde adere as partículas podendo se mover nas águas subterrâneas e, se inalado ou ingerido, pode causar danos cerebrais permanentes em crianças bem como atraso no desenvolvimento e problemas comportamentais, em adultos, a exposição ao chumbo é associada a problemas renais, cardiovasculares e reprodutivos e, mulheres grávidas, em particular, devem evitá-lo pois a exposição pode prejudicar o feto em desenvolvimento. O mercúrio, Hg, é metal pesado utilizado em termômetros e dispositivos médicos embora seja metal atua como líquido à temperatura ambiente constituindo-se em neurotoxina podendo causar tremores, insônia, alterações emocionais, dores de cabeça, baixa da função mental, insuficiência respiratória,  efeitos renais e morte, dependendo da quantidade e forma de exposição. Tanto a EPA dos EUA quanto o Departamento de Controle de Substâncias Tóxicas da Califórnia consideram riscos de desenvolver câncer e sofrer outros efeitos adversos à saúde decorrente exposição prolongada a metais ao determinar “níveis seguros” no solo residencial, ao passo que concentrações perigosas se baseiam na probabilidade do contaminante entrar no corpo através da pele, inalação ou ingestão bem como risco de efeitos negativos à saúde decorrentes dessa exposição.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Epicentro

Mudou do noroeste ao leste dos EUA o epicentro da epidemia de opioides com pesquisadores identificando pontos  em overdoses fatais que permitiram rastrear a disseminação entre 2005 e 2020, que matou 665.341 pessoas neste período e mudou geograficamente, conforme análise geográfica. O estudo publicado no The Lancet Regional Health, America mostra que epidemiologistas da Universidade de Cincinnati rastrearam o epicentro da epidemia no pais ao longo do espaço e tempo, impulsionada em parte pela mudança de opiáceos prescritos para heroína e substâncias sintéticas como o fentanil, esclarecendo que a mudança geográfica pode ser reduzida entre 2013 e 2016 à medida que legisladores implementaram regulamentações mais rígidas limitando acesso aos opioides e as autoridades iniciaram  processos médicos por supostamente prescrevê-los de forma irresponsável. O professor Diego Cuadros da Faculdade de Artes e Ciências da UC diz que a "mensagem principal é uma epidemia em evolução" e, a ausência de solução legal, fez com que pacientes com transtorno por uso de substâncias buscassem drogas ilícitas como heroína e fentanil, considerando que pesquisadores do Laboratório de Epidemiologia Digital da UC descobriram que populações afetadas pelo transtorno por uso de substâncias mudaram ao longo da epidemia mortal, de populações homogeneamente brancas à populações que incluem vítimas negras, daí, a substância de escolha mudar de opioides prescritos à heroína e, agora, opioides sintéticos, concluindo que, "entre 2013 e 2016, comunidades negras começaram a acessar  opiáceos sintéticos principalmente pelo fentanil". Já, overdoses de drogas, principal causa de morte entre americanos de 18 a 44 anos, dados, dos Centros de Controle e Prevenção de Doença que forneceram estatísticas de mortalidade ao estudo, com o principal autor e graduado pela UC, Santiago Escobar, dizendo que, "os resultados sugerem que populações vulneráveis ​​à mortalidade por transtornos por uso de substâncias não se mantiveram estáveis ​​ao longo do tempo", concluindo que, "à medida que a dinâmica de oferta e demanda evolui, o mesmo ocorre com populações vulneráveis", dizendo que, "o tipo de substância, bem como meios utilizados para acessá-la, foram determinantes às populações que sofreram maior mortalidade." Em 2018, a pesquisa identificou pontos onde a epidemia tinha efeito desproporcional em Ohio e, posteriormente, identificou tendências semelhantes no país em 2021 usando dados de condados encontrando 25 grupos onde as taxas de overdoses fatais por drogas eram mais altas, daí, concluiu que "epidemias como HIV, estão estáveis, no caso da COVID, o surgimento de variantes como a delta e a ômicron" tiveram efeito desproporcional nos casos de infecções e mortes nos EUA, concluindo que, "temos situação semelhante aqui com o transtorno por uso de substâncias, estamos enfrentando uma epidemia complexa e dinâmica que evolui com o tempo." Por fim, a pesquisa avisa que uma intervenção potencial seria a realização de testes de rotina em substâncias ilícitas para determinar se foram adulteradas com opioides sintéticos potencialmente fatais, além de alertar usuários locais sobre riscos observados, reconhecendo os desafios legais que isso representaria.

Dados de análise que inclui informações de 215 países e compilados na "Global Electricity Review 2025", nos avisa que através da energia solar, 40% da eletricidade global é limpa e, entender a magnitude da conquista, nos leva a vida cotidiana, ou, se ligássemos 10 eletrodomésticos, 4 deles funcionariam somente com energia solar, eólica, hidrelétrica ou nuclear, sendo que, tal mudança decorre do crescimento da energia solar apoiado por avanços na geração eólica e recuperação da energia hidrelétrica incluindo contribuição de energia nuclear, embora em menor extensão. O relatório informa que a China atenderá 81% da demanda de eletricidade a partir de fontes renováveis ​​até 2024, enquanto isso, a UE atingiu 71% tornando-se o bloco que mais reduziu globalmente o uso de carvão, não significando que ambos os territórios abandonaram completamente os combustíveis fósseis mas demonstrando mudança de prioridades nas políticas energéticas, quer dizer, na prática, esses países instalaram quantidades de painéis solares e turbinas eólicas, muitos deles de última geração, já em operação e, somente a China, gerou mais energia solar em 2024 que vários países europeus juntos. A fonte de energia campeã de 2024 sem dúvida foi a solar cuja geração cresceu 29% em relação a 2024, maior aumento em 6 anos, atingindo 2.131 TWh, terawatts-hora, em perspectiva, com essa quantia abasteceríamos mais de 400 milhões de domicílios médios por um ano, sendo que EUA e China foram os principais impulsionadores do progresso, enquanto a UE contribuiu com crescimento de 21% na energia solar, neste contexto, pela primeira vez na história a energia solar ultrapassou o carvão na geração de eletricidade europeia com 2024 como o 20º ano consecutivo que a energia solar liderou o crescimento entre todas as fontes. Já a energia eólica teve crescimento mais moderado, 7,9% a mais que em 2023, atingindo recorde de 2.494 TWh  equivalente a 8,1% da matriz elétrica global e, desde 2015, triplicou presença global embora o ritmo tenha diminuído em 2024 decorrente condições climáticas, especialmente na China e, mesmo assim, a instalação de turbinas gigantes compensou parte dessa perda, nos EUA, a combinação de energia solar e eólica ultrapassou o carvão pela primeira vez como fonte de geração de eletricidade ao produzir 757 TWh por meio das tecnologias limpas, 3 vezes mais que em 2015, no entanto, o gás natural continua predominante respondendo por 43% da geração total de eletricidade, com os EUA respondendo ​​por mais da metade do crescimento global no uso de gás até 2024, apesar disso, o aumento de 64 TWh na energia solar foi o maior aumento anual até o momento. Destaca a Índia, ultrapassando a Alemanha como 3ª maior geradora de energia solar e eólica do mundo, entre 2019 e 2024, a geração de energia limpa quase dobrou chegando a 215 TWh e, em 2024, a geração solar cresceu 18% no país com aumento de 20 TWh, mais que o Reino Unido produziu em 2024, no entanto, dependente com força do carvão cuja geração quase dobrou desde 2012, atingindo 1.534 TWh, tornando-se o 3º maior emissor no setor energético. O relatório conclui que as ondas de calor responderam ​​por aumento, 1,4%, no uso de combustíveis fósseis em 2024, considerando que altas temperaturas estimularam demanda de eletricidade decorrente uso intensivo de sistemas de resfriamento forçando países recorrer ao gás ou carvão, entretanto, se eliminássemos tal efeito climático específico a geração limpa teria coberto 96% do aumento da demanda global de eletricidade, número, sugerindo que estamos próximos de um estágio em que fontes limpas não apenas acompanham crescimento da demanda, mas começam reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

Moral da Nota: o monitor da UE avisa que março de 2025 foi o mais quente já registrado na Europa e o 2º mais quente no mundo, que a temperatura média global foi de 14,06 °C, ou,1,60 °C acima do nível pré-industrial, dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, C3S da UE, tendo sido o 20º mês nos últimos 21 meses que a temperatura média global na superfície ultrapassou 1,5 °C, com a Europa como o continente que mais aquece, permanecendo acima da média com temperatura média em 6,03°C, ou, 2,41°C acima da média de março de 1991-2020. O relatório da World Weather Attribution avisa que as mudanças climáticas deixaram a onda de calor na Ásia Central até 10°C mais quente, com temperaturas subindo em fins de março à quase 30°C no Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão e Quirguistão, ou, até 15°C acima da média sazonal, concluindo que as mudanças climáticas responderam ​​por 4°C desse aquecimento no período de 5 dias, alertando que, "provavelmente" é  subestimação, já que modelos não levam em conta aumento anormalmente rápido da temperatura na região em março que está esquentando "mais rápido" comparada com qualquer outro mês. por fim, os EUA abandonaram negociações globais para descarbonizar o setor de transporte marítimo e ameaçaram retribuir quaisquer taxas que os navios americanos pudessem incorrer, o que não impediu acordo da OMM impondo taxas de carbono ao setor marítimo, obrigando empresas de transporte marítimo pagar pelo CO2 produzido pelos navios, de acordo com novas regras do órgão de fiscalização marítima mundial. Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes Unidos se opuseram às regras, mas a maioria dos países da OMI aprovou acordo a partir de 2028 à taxa sobre emissões de gases efeito estufa, que aumentará a partir de determinado limite, e  poderão negociar créditos de carbono entre si, prevendo-se que a medida arrecade US$ 10 bilhões/ano, inferior aos US$ 60 bilhões anuais esperados com um imposto direto sobre o carbono, sendo que a receita deverá ser usada no setor de transporte marítimo para ajudar introduzir tecnologias mais limpas em vez de desviada à países vulneráveis ​​que sofrem efeitos de condições climáticas extremas, como seria o caso de um imposto. Estimativa da Umas, consultoria de transporte marítimo comercial, diz que as reduções de emissões serão modestas, ou, 8% até 2030, valor abaixo da redução de 20% exigida pela estratégia climática da OMI, definida em 2023, com China, Brasil e outras economias emergentes se opondo ao imposto, mas, votando a favor do compromisso de comércio de carbono.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Conceito

A investigação post-mortem fornece sobre lesões no cérebro, informações finais e definitivas, estáticas, no entanto, biomarcadores permitem monitoramento dinâmico in vivo de alterações patológicas informando sobre relações com início e progressão dos sintomas, daí, concluir que, alinhados com definição histórica, Doença de Alzheimer é entidade clinicopatológica que deve ser desemaranhada de alterações patológicas de Alzheimer, frequentemente observadas em cérebros post-mortem de indivíduos idosos que morreram sem declínio cognitivo ou funcional. Lesões de natureza patológica diversas são observadas post-mortem devido prevalência de comorbidades e sinergia entre patologia, combinações de agregados de α-sinucleína, corpos de Lewy, agregados insolúveis de proteína de ligação ao DNA TAR 43, TDP-43, tauopatias não-DA e patologias vasculares existentes com amiloidopatia e tauopatia de DA, portanto, mais a norma que exceção em estudos patológicos esporádicos. Critérios levam à conclusão que o desenvolvimento de biomarcadores emergentes de copatologias, por exemplo, α-sinucleína, TDP-43 e outros, poderão resultar no diagnóstico de mais doenças neurodegenerativas em pacientes cognitivamente normais, como norma, embora diagnósticos múltiplos sejam comuns em adultos mais velhos, levou décadas para demonstrar abordagem baseada em comorbidade versus abordagem aditiva de doença única, agora aceita como condição clínica válida, portanto, biomarcadores sozinhos devem permanecer marcadores de processos patológicos e não marcadores de doença específica, além disso, a contribuição dos biomarcadores no ambiente clínico depende do contexto de uso e, mais importante, diferir entre avaliação de indivíduos com e sem comprometimento cognitivo.

Capacidade financeira, CF, é a habilidade de administrar finanças de forma independente de modo consistente com o interesse próprio em que domínios cognitivos, sintomas neuropsiquiátricos e transições de cognição normal, CN, à comprometimento cognitivo leve, MCI, ou doença de Alzheimer, DA, com análise secundária da população da Alzheimer's Disease Neuroimaging Initiative, ADNI, usando o Financial Capacity Instrument short form, FCI-SF,  compreendendo ampla gama de habilidades conceituais, pragmáticas e de julgamento, variando de habilidades básicas como contar moedas e priorizar notas, habilidades mais complexas como usar conhecimento conceitual financeiro e tomada de decisão de investimento na vida cotidiana, sendo que declínios em uma ou ambas as habilidades são observados pela primeira vez em indivíduos com DCL com piora progressiva dos aspectos da CF na transição à demência enquanto essas relações longitudinais se inserem em 2 modelos, um de efeitos aleatórios, intercepto aleatório, “tempo médio” e um modelo de “tempo desde a visita anterior” onde regride cada uma das pontuações financeiras componentes em pontuações compostas cognitivas.  874 participantes foram incluídos nas análises e, em relação aos modelos de visita anteriores, descobriu-se que pontuações compostas mais baixas de função executiva estavam relacionadas ao declínio na pontuação do talão de cheques complexo e no tempo total de conclusão havendo interação multifacetada entre cognição mais pobre e função financeira cotidiana, onde função executiva, memória e cognição visuoespacial estão relacionadas destacando declínio na capacidade financeira, CF, observado na transição à demência e aumentando risco de resultados negativos, função executiva, memória e cognição visuoespacial relacionadas à CF, o preditor mais forte da conversão de normal para comprometimento cognitivo leve, CCL, ou doença de Alzheimer, DA,  é o tempo de conclusão ou a velocidade de processamento. Estima-se que 6,2 milhões de americanos tenham doença de Alzheimer, DA, número que deve crescer à 13,8 milhões até meados do século cujo comprometimento na execução de tarefas cotidianas, como dirigir, viajar, cozinhar, administrar medicamentos e assuntos financeiros, coletivamente chamados de atividades instrumentais da vida diária, AIVDs, é critério diagnóstico essencial à demência, ao lado do declínio cognitivo, além disso, o declínio funcional tem influência na progressão e conversão de formas leves de comprometimento cognitivo, MCI, à demência especificamente, a capacidade prejudicada de tomar decisões financeiras afetando desproporcionalmente indivíduos mais velhos, muitos dos quais apresentando declínio cognitivo. A tomada de decisão financeira prejudicada expõe idosos a risco de exploração e responde por 30% dos relatórios de abuso de idosos e, em 2010, idosos vítimas de abuso financeiro perderam nos EUA US$ 2,9 bilhões com alguns relatórios chegando a US$ 30 bilhões, incluindo perdas alegadas de dinheiro e bens para empresas legítimas, golpes e familiares e amigos, perdas indiretas por meio de fraude de seguro médico, com incapacidade de administrar finanças como um dos preditores mais fortes da sobrecarga do cuidador, onde as únicas intervenções disponíveis envolvem a execução de mecanismos legais, tutela, curatela, que restringem a função financeira independente, sendo a função financeira área de preocupação com saúde pública, conforme revisado pelo Institute of Medicine que patrocinou iniciativa com a Social Security Administration focada em idosos na função financeira e seus beneficiários. Correlatos cognitivos de FC prejudicada, em MCI, foram associados ao controle executivo e cálculo numérico, especificamente, subdomínios de controle executivo, atenção seletiva, automonitoramento e memória de trabalho, fortemente correlacionados com FC, além disso, a perda de funções executivas responde pela maior proporção de variância da capacidade funcional cotidiana, com estudos incluindo  trabalho anterior mostrando associações específicas entre funções executivas, memória e velocidade psicomotora e FC, sugerindo interação multifacetada entre cognição e função cotidiana, de forma relacionada, a incidência de sintomas de humor e comportamento em MCI e DA demonstrou estar associada ao comprometimento da função cognitiva e executiva, bem como ao declínio de AIVD. Sintomas neuropsiquiátricos, NPS, como depressão, ansiedade e apatia, é quase universal, 80%–90%, na DA e fases prodrômicas, como no DCL, síndromes que afetam desempenho cognitivo, incluindo funções executivas, e demonstraram afetar a FC em pacientes com depressão tardia, demência vascular e doença de Parkinson, além disso, aumento da depressão demonstrou afetar a FC em estudos transversais de adultos mais velhos descobrindo que mais que o dobro de adultos mais velhos com depressão grave em relação a adultos mais velhos não deprimidos demonstraram dificuldade em testes de FC baseados em desempenho com  déficits de controle executivo prevendo diagnóstico subsequente de demência em adultos mais velhos deprimidos sendo que o controle executivo sozinho, no entanto, pode não ser suficiente para explicar associação entre depressão e FC. 

Moral da Nota: considerar sobre se pessoas cognitivamente normais com biomarcadores positivos à patologia de Alzheimer devem ser rotuladas como assintomáticas em risco ou já afetadas por DA não é apenas semântica, porque por trás dos diferentes conceitos e diferenças semânticas estão diferentes estratégias de gerenciamento, havendo necessidade de adquirir conhecimento detalhado e personalizado de risco e ser capaz de comunicá-lo efetivamente na prática clínica. A narrativa da divulgação e modo como resultados são comunicados têm impacto na experiência do paciente e envolvem esclarecer que o estado amiloide não é igual a DA, não havendo benefício em dar diagnóstico de DA à aqueles cognitivamente normais e biomarcadores positivos com chance de não desenvolver comprometimento cognitivo na vida, daí, consequências psicológicas e sociais resultantes de diagnostico de DA e nunca desenvolver sintomas podem ser consequentes, além disso, há inclinação maior para depender de um biomarcador substituto e explicar o efeito clínico tardio que aumenta incerteza na determinação da eficácia do tratamento, especialmente se o biomarcador for definitivo. O potencial de erro diagnóstico não deve ser subestimado considerando parâmetros estatísticos realistas dos respectivos biomarcadores na prática clínica do mundo real, por exemplo, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo, por definição, influenciados pela prevalência da doença em determinado contexto de uso, em princípio, biomarcador de proteína sempre fornece distinção probabilística de grupos em oposição a biomarcadores genéticos que podem oferecer separação determinística de grupos, como exemplo, pontos de corte à biomarcadores de DA extrapolados de amostras de populações brancas norte-americanas e europeias à populações mais diversas revelando diferenças significativas. Daí, interpretar biomarcadores no contexto clínico é crucial, como enfatizado pelos critérios, ressalta limitações inerentes de confiar em definição biológica de DA na prática clínica com consequências potenciais facilmente compreensíveis à pacientes que consultam para queixa benigna de memória devido distúrbios de atenção ou alterações relacionadas à idade e positividade do biomarcador representando diagnóstico falso-positivo. Riscos amplificados quando o teste for feito diretamente ao consumidor, pois está se tornando disponível comercialmente e por meio de fontes on-line sem o envolvimento de médicos ou clínicos e dada a disponibilidade atual de biomarcadores no sangue para amiloide e tau, pode-se esperar explosão de pessoas cognitivamente normais rotuladas como portadoras de DA em definição puramente biológica da doença, como resultado, é previsível o aumento da pressão social por medicamentos antitau ou antiamiloides para prevenir declínio cognitivo, incluindo tratamento off-label em pessoas cognitivamente normais. A avaliação de risco difere da avaliação diagnóstica, que pode ser feita no contexto de jornadas de pacientes não diagnosticados, já que critérios diagnósticos para DA podem ter implicações sociais, políticas, organizacionais e econômicas de longo alcance e considerar DA como entidade puramente biológica pode ser útil à estudos de pesquisa em indivíduos cognitivamente normais, no entanto, abordagem de considerar positividade do biomarcador na ausência de comprometimento cognitivo como condição de risco em vez de doença, na maioria dos casos, aumenta motivação à tratamentos de prevenção secundária, aumenta relevância social da DA, semelhante ao impacto de risco às doenças cardiovasculares, ajuda avaliar melhor relação risco-benefício dos medicamentos de acordo com cada contexto de uso e comunica condição de risco pode estimular indivíduos controlar fatores de risco e mudar estilo de vida, bem como levar formuladores de políticas de saúde pública promover iniciativas e programas para reduzir risco de demência à nível populacional.


segunda-feira, 28 de abril de 2025

Medicamentos essenciais

A Comissão Europeia apresentou o rascunho da CMA, Lei de Medicamentos Críticos, com o Science Media Centre da Espanha dizendo que o objetivo da CMA é lidar com a escassez de medicamentos e produtos de saúde, reduzindo dependência externa de medicamentos e ingredientes essenciais, especialmente Ásia, e garantir fornecimento de medicamentos acessíveis na UE. A necessidade é motivada por interrupções no fornecimento de medicamentos de alta qualidade que salvam vidas, relacionadas à pandemia, além disso, a instabilidade geopolítica levou a ameaças às cadeias de fornecimento globais de medicamentos essenciais com escassez na Europa, ao passo que a Comissão caracteriza como CMA Projetos estratégicos à medicamentos essenciais ou ingredientes designados para que se beneficiem de acesso mais fácil ao financiamento e procedimentos rápidos. A Contratação pública incentiva resiliência das cadeias de fornecimento de medicamentos essenciais ou melhora o acesso a outros medicamentos de interesse comum, enquanto a aquisição colaborativa entre diferentes estados-membros é apoiada pela Comissão a pedido dos estados-membros, visando abordar disparidades de disponibilidade e acesso a medicamentos essenciais de interesse comum, além de parcerias internacionais com países/regiões com ideias semelhantes ampliando cadeia de suprimentos e reduzindo dependências de fornecedores únicos, com o CMA usando requisitos além do preço, por exemplo, resiliência da cadeia de suprimentos, que selecionam fornecedores. A proposta compreende iniciativas estratégicas para remodelar o cenário farmacêutico da UE, incluindo investimentos na fabricação nacional, apoio regulatório à projetos industriais e incentivos para que empresas farmacêuticas estabeleçam produção na UE, com a Lei introduzindo projetos estratégicos que se concentrarão na expansão e modernização das capacidades de fabricação de medicamentos essenciais e ingredientes na UE. Os projetos se beneficiarão do acesso simplificado ao financiamento, bem como de assistência regulatória e científica priorizada para acelerar o desenvolvimento e produção, com a Comissão publicando diretrizes de auxílio estatal permitindo que os Estados-Membros apoiem financeiramente projetos estratégicos que garantirão que países da UE tenham ferramentas para fortalecer o setor farmacêutico mantendo ao mesmo tempo concorrência justa no mercado. Componente significativo do Critical Medicines Act é a revisão das estratégias de aquisição que incluirá requisitos voltados para melhorar resiliência da cadeia de suprimentos, significando que os responsáveis ​​pelas compras devem levar em consideração fatores como fontes de insumos diversificadas, monitoramento da cadeia de suprimentos e redução da dependência de um único país, além disso, nos casos em que for identificada alta dependência de nações específicas as regras de aquisição favorecerão a produção na UE para aumentar segurança. O Ato prioriza colaboração internacional para mitigar riscos de fornecimento com a UE explorando parcerias com países e regiões com ideias semelhantes para expandir redes de fornecimento e diminuir dependências do número limitado de fabricantes farmacêuticos, sendo que a Lei de Medicamentos Essenciais se alinha aos objetivos mais amplos da União Europeia Saúde, reforçando compromisso de garantir que os cidadãos da UE tenham acesso confiável a medicamentos essenciais. A Comissão introduziu regulamento para aumentar disponibilidade de medicamentos essenciais fortalecendo a produção farmacêutica e incentivando cadeia de suprimentos diversificada, ao reduzir dependência de fontes limitadas, a iniciativa, conhecida como Lei de Medicamentos Críticos, fortalece resiliência diante dos desafios globais ao mesmo tempo que fortalece o setor farmacêutico, pilar fundamental da economia europeia. A pandemia e questões políticas expõe vulnerabilidades críticas nas cadeias de suprimentos de medicamentos da UE, desafios, combinados com competição global por recursos farmacêuticos e contratempos na fabricação levando à escassez de medicamentos que colocam a vida dos pacientes em risco e sobrecarregam sistemas de saúde na Europa.

Importa dizer que a Índia não cumpre o padrão de qualidade do ar da OMS, considerando que 13 das 20 cidades mais poluídas do mundo estão lá e Byrnihat em Assam no topo da lista, no entanto, Nova Deli continua sendo a capital mais poluída do mundo, apesar do registro que a Índia observou declínio de 7% nas concentrações de PM2,5 em 2024, Chade e Bangladesh foram identificados como os países mais poluídos em 2024. Austrália, Nova Zelândia, Bahamas, Barbados, Granada, Estônia e Islândia, conforme dados compilados pela IQAir, empresa suíça de monitoramento da qualidade do ar respeitam padrões estabelecidos pela OMS estando entre as menos poluídas, enquanto a Índia luta contra a poluição ocupando 5º lugar no ranking mundial em termos de níveis de poluição atmosférica, atrás do Chade, Bangladesh, Paquistão e República Democrática do Congo. No quesito cidades, 13 das 20 cidades mais poluídas do mundo estão na Índia, com o relatório dizendo que o país viu declínio de 7% nas concentrações de PM2,5 em 2024, com média de 50,6 microgramas por metro cúbico em comparação com 54,4 microgramas por metro cúbico em 2023, no entanto, a poluição do ar em Déli piorou, com a concentração média anual de PM2,5 aumentando de 102,4 microgramas por metro cúbico em 2023 para 108,3 microgramas por metro cúbico em 2024, sendo que a OMS recomenda níveis de PM2,5 de no máximo 5 microgramas por metro cúbico, padrão atendido por apenas 17% das cidades no mundo, com Chade e Bangladesh identificados como países mais poluídos em 2024 com níveis médios de PM2,5 excedendo as diretrizes da OMS em mais de 15 vezes. Vale dizer que a Byrnihat, em Meghalaya, tem o ar mais poluído do mundo decorrente padrões industriais não regulamentados e emissões de veículos causadores da poluição urbana sendo que a poluição do ar na Índia foi associada a redução na expectativa de vida em 5,2 anos, sendo que Byrnihat tem 41 fábricas em área 49,5 km², piorando a poluição, com especialistas estimulando fitorremediação por meio do plantio de árvores que absorvem poluição como o nim, peepal e outras espécies nativas auxiliando captura de carbono. Na contramão da luta global contra poluição do ar, a decisão do Departamento de Estado norte americano de encerrar o programa de monitoramento da qualidade do ar devido restrições orçamentárias removendo mais de 17 anos de dados do site oficial de qualidade do ar do governo dos EUA, airnow.gov, impactando a capacidade da África de monitorar níveis de poluição. As mudanças climáticas agravam poluição ao aumentar frequência e gravidade dos incêndios florestais, complicando esforços para melhorar a qualidade do ar, com especialistas alertando que a perda de dados confiáveis ​​prejudica o progresso na redução da poluição, enfatizando que estratégias alternativas de monitoramento à preencher a lacuna deixada pelo programa dos EUA são urgentes já que poluição do ar contribui à milhões de mortes prematuras anualmente e cresce a urgência de enfrentar esses desafios.

Moral da Nota: estudo analisa mais de 107 países usando dados contínuos de 20 anos, revelando que nenhum país está no caminho certo para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, 17 ODS da ONU até 2030, ligações complexas entre objetivos podem dificultar o progresso de cada um com pesquisadores pedindo abordagens específicas para atingir os ODS considerando que se passaram quase 10 anos desde a implementação dos ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das ONU, e nova análise foi divulgada sobre o progresso dos países em direção a esse objetivo. Os ODS da ONU, conhecidos como Objetivos Globais foram adotados pela ONU em setembro de 2015 como chamado universal à ação para acabar com pobreza, proteger o planeta e garantir que, até 2030, se desfrute paz e prosperidade, trata-se de 17 objetivos que reconhecem ações que influenciam resultados e enfatizam necessidade de equilibrar sustentabilidade social, econômica e ambiental. Através de ferramentas de aprendizado de máquina, o estudo analisou mais de 20 anos de dados contínuos, examinando pontuações de 231 indicadores designados pela ONU de progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 107 países, bem como dados do PIB, revelando ligação complexa entre os objetivos pois os países descobriram que atingir um objetivo pode prejudicar outro, por exemplo, apoiar metas de ação climática pode parecer prejudicar objetivos econômicos do país, mas a erradicação da pobreza pode parecer o progresso de uma nação, aí, fato crucial, nenhum país está no caminho certo para atingir as 17 metas até 2030. Países africanos e asiáticos categorizados como países de baixa renda não alcançam as metas de pobreza, igualdade de gênero, boa saúde e bem-estar, mas apresentam o melhor progresso em ação climática, consumo e produção responsáveis, portanto, pesquisadores pedem abordagem sistêmica para atingir os 17 objetivos específicos de cada região e levam em conta ligações complexas entre eles, acrescentando que, “é evidente que os padrões atuais de produção e consumo globais não estão se alinhando bem com as metas de ação climática e parecem impactar negativamente outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, se realmente aspiramos futuro melhor, ação imediata é necessária."


domingo, 6 de abril de 2025

Polêmicas à parte

Dados divulgados ao The Globe and Mail relativos ao fentanil sobre o papel do Canadá na crise das drogas nos EUA, indicam que um décimo de 1% das apreensões na fronteira norte dos EUA foram atribuídas ao Canadá pela agência de fronteira norte americana, números, obtidos através das leis americanas de liberdade de informação, revelando que  agentes de fronteira rastreiam origem das drogas que apreendem no que chamam de região da fronteira norte, área  compreendendo 34 estados. O ano fiscal de 2024, mostra que 99,87% do fentanil que recuperaram estava ligado ao México ou EUA, ou, origens desconhecidas, com o  fentanil identificado como vindo do Canadá totalizando 0,74 libras, ou, 0,13%, sendo  que os dados excluem apreensões sob investigação incluindo um caso que as autoridades dos EUA conectaram ao Canadá, daí, dados da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA foram usados para afirmar que 43 libras de fentanil apreendidas na fronteira norte no último ano fiscal apontam ao Canadá de responder por "aumento maciço de 2.050 %" comparados ao ano anterior. Investigação do Globe determinou que os critérios da agência para atribuir apreensões à região norte não dependem se as drogas foram interceptadas na fronteira ou se realmente vieram do Canadá, descobrindo que um terço da contagem de 43 libras foi apreendida no interior e rastreada pelas autoridades dos EUA até cartéis de drogas mexicanos, enquanto a região da fronteira norte compreende área de 5,8 milhões de kms², incluindo o Alasca, ou, 63 % da área total do país. O número de 43 libras é baseado em números da agência de fronteira postados em um portal online público, não fornece informações sobre a origem das drogas e, na busca por resposta à questão de quanto das 43 libras realmente veio do Canadá, o The Globe entrou com solicitação de liberdade de informação pedindo detalhes relacionados ao país de origem de cada uma das apreensões atribuídas à fronteira norte, obtendo como resposta que o valor total para o ano fiscal de 2024 é de 555 libras, com o Canadá determinado como o país de origem em 19 apreensões, totalizando 0,74 libras, no entanto, a agência não explicou a discrepância e não forneceu abordagem a questão. Das 555 libras, o México foi listado como o país de origem em 35 apreensões no total de 174 libras, ou, 31 %, enquanto os EUA foram originários em 66 apreensões no total de 156 libras, ou, 28 %, e quase 224 libras de fentanil foram consideradas de origem "desconhecida", ou, 40 %, possibilitando que algumas apreensões "desconhecidas" envolvessem fentanil com conexão no Canadá. A ex-diretora interina do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca sob o governo anterior, disse que a avaliação mais recente da Drug Enforcement Administration dos EUA nem sequer mencionou o Canadá, destaca cartéis mexicanos em que aproximadamente 21.100 libras de fentanil foram apreendidas na fronteira sul com o México no ano fiscal de 2024.

Polêmicas à parte, mostram que demissões em massa começaram em agências de saúde dos EUA em reforma que deve demitir até 10 mil pessoas incluindo pesquisadores, cientistas, médicos, equipe de apoio e líderes seniores, deixando o governo federal sem muitos dos especialistas que orientam decisões dos EUA sobre pesquisas médicas, aprovações de medicamentos e outras questões. No Instituto Nacional de Saúde, principal agência médica e de saúde do mundo, as demissões ocorreram já no primeiro dia de posse dos novos diretores com o secretário de Saúde e Serviços Humanos, HHS, Robert F. Kennedy Jr., escrevendo nas redes sociais enquanto comemorava a posse de seus últimos contratados, Bhattacharya e Martin Makary, o novo comissário da Food and Drug Administration, FDA, “a revolução começa hoje!”. Kennedy anunciou plano para reestruturar o departamento, que, por meio de suas agências, responde por monitorar tendências de saúde e surtos de doenças, conduzir e financiar pesquisas médicas, monitorar segurança de alimentos e medicamentos e administrar programas de seguro saúde à quase metade do país, que consolidaria agências que supervisionam bilhões de dólares em financiamento à serviços de tratamento de dependência e centros de saúde comunitários em novo escritório chamado Administração para uma América Saudável. Daí, as demissões reduzam o HHS à 62 mil cargos, eliminando um quarto da força de trabalho, 10 mil empregos por meio de demissões e outros 10 mil que aceitaram ofertas de aposentadoria antecipada e demissão voluntária, sendo que muitos dos empregos estão localizados na área de Washington e Atlanta, sede dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, e em escritórios menores espalhados pelo país. O HHS espera que as demissões economizem US$ 1,8 bilhão anualmente do orçamento de US$ 1,7 trilhão do departamento, sendo que a maior parte é gasto na cobertura de seguro saúde Medicare e Medicaid para milhões de americanos, sendo que no NIH, os cortes incluíram pelo menos 4 diretores dos 27 institutos e centros do NIH colocados em licença e quase todos os funcionários de comunicação demitidos. Na FDA funcionários que regulamentam medicamentos, alimentos, dispositivos médicos e produtos de tabaco receberam notificações incluindo o escritório responsável pela elaboração de regulamentos para cigarros eletrônicos e outros produtos de tabaco, cujas notificações surgiram após a demissão do chefe de tabaco da FDA, com o ex-comissário do FDA, Robert Califf, em publicação online dizendo que, “o FDA como conhecíamos chegou ao fim e a maioria dos líderes com conhecimento institucional e profundo entendimento do desenvolvimento e segurança de produtos não estão mais empregados”. O CDC não forneceu detalhamento dos cortes, mas funcionários descreveram demissões generalizadas em programas que monitoram asma, poluição do ar, tabagismo, violência armada, saúde reprodutiva, mudanças climáticas e outras ameaças à saúde, com o Dr. Georges Benjamin, diretor executivo da American Public Health Association, informando que a intenção parece ser criar "agência de doenças infecciosa menor"​ destruindo trabalhos e colaborações que permitiram governos locais e nacionais prevenirem mortes e responderem emergências. Uma das mais afetadas é o NIOSH, Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional do CDC, que emprega mais de mil pessoas, sediado em Cincinnati, com funcionários em Pittsburgh, São Paulo, SP; e Morgantown, Virgínia Ocidental, no entanto, foram menos drásticos nos Centros de Serviços Medicare e Medicaid que cobrem metade dos americanos, muitos deles pobres, deficientes e idosos, havendo corte em grande parte da força de trabalho no Escritório de Saúde da Minoria que não tem mais um site funcional, valendo dizer que o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, HHS, cortou financiamento de mais de US$ 11 bilhões relacionado à COVID-19, identificando empregos que poderiam ser eliminados. O HHS forneceu detalhamento de alguns dos cortes com 3.500 na FDA, inspeciona e define padrões de segurança à medicamentos, dispositivos médicos e alimentos, 2.400 no CDC, monitora surtos de doenças infecciosas e trabalha com agências de saúde pública,1.200 empregos no NIH, 300 empregos nos Centros de Serviços Medicare e Medicaid, que supervisionam o mercado do Affordable Care Act, Medicare e Medicaid. Uma coalizão de procuradores-gerais estaduais processou o governo federal em 1º de abril, argumentando que os cortes são ilegais, reverteriam o progresso na crise dos opioides e lançariam os sistemas de saúde mental no caos.

Moral da Nota: estudo publicado na revista Nature, realizado no País de Gales, descobriu através de registros de saúde de 280 mil idosos que aqueles que receberam vacina contra herpes zoster tiveram 20% menos probabilidade de desenvolver demência nos 7 anos seguintes do que aqueles que não receberam a vacina. As descobertas baseiam-se em outros estudos que demonstraram associações entre infecções pelo vírus do herpes e o risco aumentado de desenvolver demência, com o autor principal, Pascal Geldsetzer,  da Universidade de Stanford, esclarecendo que  efeitos protetores da vacina pareciam ser "substancialmente maiores" para demência que os oferecidos pelos medicamentos existentes, sendo que mais pesquisas eram necessárias para determinar se os efeitos observados eram realmente causais, concluindo que, "se a vacina contra herpes zoster realmente previne ou retarda a demência, então esta seria uma descoberta importante à medicina clínica, a saúde da população e a pesquisa sobre  causas da demência". Os pesquisadores esclarecem que há 2 mecanismos potenciais que podem explicar como a vacina contra herpes zoster pode reduzir o risco de demência e, podem funcionar em conjunto, a primeira é que a vacinação reduz  reativações do vírus varicela-zóster latente que comprovadamente causa comprometimento cognitivo duradouro e patologia cerebral semelhante ao observado na doença de Alzheimer, já que, vírus varicela-zóster é um tipo de vírus  herpes, causa catapora, podendo permanecer no corpo por anos, reativando-se posteriormente como herpes-zóster, sendo que "um crescente corpo de pesquisas mostram que vírus que têm como alvo preferencial o sistema nervoso e hibernam durante grande parte da vida, podem estar implicados no desenvolvimento de demência." 

domingo, 23 de março de 2025

Crescimento

A empresa de dados e análises, Global Data, nos avisa que o mercado de doença de Parkinson abrangendo EUA, França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e Japão deve crescer de US$ 3,4 bilhões em 2023 à US$ 7,9 bilhões em 2033, decorrente introdução de 10 produtos em desenvolvimento e adoção de métodos de administração levodopa e pela prevalência da Doença Parkinson, DP, devido ao envelhecimento da população nestes países. O relatório “ Parkinson's Disease: Seven-Market Drug Forecast and Market Analysis ,” mostra aumento nas vendas para DP, especificamente, terapias com levodopa, inibidores de catecol-o-metiltransferase, COMT, agonistas de dopamina, inibidores de monoamina oxidase B, MOA-B, além de agentes antiparkinsonianos e de demência à DP e, dentre as classes de medicamentos pré-existentes, espera-se que agentes que visam demência DP vejam crescimento no período previsto, além disso, o lançamento de 10 terapias pipeline em estágio avançado incluindo 2 terapias modificadoras da doença e tratamentos sintomáticos visando diversas necessidades DP deve impulsionar estimativa de US$ 3,5 bilhões em vendas até 2033. A expansão do sistema de administração levodopa Produodopa/Vyalev da AbbVie após lançamento no Japão em 2023, tem lançamento previsto nos EUA em 2025 com vendas projetadas de US$ 1,2 bilhão até 2033, no entanto, a análise destaca prevalência de Doença de Parkinson, com casos diagnosticados devendo aumentar de 2,6 milhões em 2023 à 3,1 milhões até 2033 ao longo dos países em questão, sendo que o número de casos tratados é previsto para aumentar de 1,9 milhão em 2023 à 2,3 milhões em 2033, refletindo envelhecimento da população, valendo dizer que espera-se que a expiração da patente de terapias-chave, incluindo Nuplazid, pimavanserina, Rytary carbidopa/levodopa, Ongentys, opicapona e Xadago, mesilato de safinamida, restrinja o crescimento do mercado, enquanto coletivamente, as terapias que devem perder proteção de patente no período previsto foram responsáveis ​​por US$ 1,1 bilhão em vendas em 2023 nos países em questão, devendo cair para US$ 202,8 milhões até 2033.

A Journées Francophones de la Nutrition de 2024 realizado em Estrasburgo, reuniu especialistas para discutir impacto da exposição a contaminantes na saúde da tireoide, implicações ao bem-estar materno/fetal considerada área-chave decorrente o papel crítico que os hormônios tireoidianos maternos desempenham para garantir o desenvolvimento cerebral fetal adequado e a saúde neurológica ao longo da vida. Considerando que os Hormônios tireoidianos maternos são indispensáveis ​​à maturação cerebral adequada no feto, com Jean-Baptiste Fini, PhD, biólogo do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, esclarecendo que embora a deficiência grave de iodo na gravidez, que causa cretinismo não é mais vista na França e mesmo deficiências leves podem ter efeitos profundos no desenvolvimento fetal, considerando que estudo de coorte, populacional, destaca impacto de níveis insuficientes de hormônio tireoidiano materno, já que crianças nascidas de mães com hipotiroxinemia, antes da gravidez ou no 1º trimestre, apresentaram pontuações de QI mais baixas, densidade de matéria cinzenta reduzida e volumes corticais menores, daí, o metabolismo da tireoide fetal pode ser interrompido por contaminantes transmitidos pela dieta da mãe, pois a barreira placentária não bloqueia certas substâncias nocivas, com estudos investigando efeitos da exposição intrauterina a contaminantes em distúrbios do desenvolvimento infantil. Estudo epidemiológico identifica correlação entre atrasos de linguagem em crianças de 30 meses e exposição materna a produtos químicos específicos, medido em amostras de sangue e urina maternas, determinando experimentos com girinos expostos aos mesmos produtos químicos revelando função prejudicada em múltiplos genes envolvidos na atividade das células-tronco neurais, com redução significativa na mobilidade. Em 2021, o Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica, INSERM, publicou relatório sobre os efeitos da exposição a pesticidas na saúde, em comparação com o relatório anterior de 2011 as descobertas de 2021 vinculam patologias adicionais incluindo distúrbios da tireoide, à exposição a pesticidas com nível moderado de causalidade presumida, embora ligação causal definitiva não tenha sido estabelecida à mulheres grávidas, recém-nascidos ou mulheres expostas a pesticidas, por exemplo, que vivem próximo de áreas agrícolas ou industriais, a exposição ocupacional a certos produtos químicos foi associada a riscos aumentados de hipotireoidismo, considerando que os produtos químicos incluem inseticidas organoclorados, como clordano, herbicida e pesticida organofosforado, sendo que notavelmente, a exposição ao clordano foi associada ao hipotireoidismo em esposas de fazendeiros, daí, estudos de toxicologia experimental são necessários para confirmar essas associações, considerando que pesquisas in vivo mostraram que certos pesticidas, como organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides, interrompem a síntese de tiroxina.

Moral da Nota: pesquisadores israelenses ​​desenvolveram pesquisa de aprendizado de máquina com sensores vestíveis podem avançar no monitoramento e tratamento da doença de Parkinson, sendo que o projeto da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade de Tel Aviv visa auxiliar neurologistas criando sistema contínuo e automatizado para rastrear episódios de congelamento da marcha, FOG, sintoma debilitante que afeta pacientes de Parkinson. O FOG, afeta 38-65% dos portadores de Parkinson, é fenômeno que leva a incapacidade repentina e temporária de andar, episódios que podem durar de alguns segundos a mais de um minuto durante os quais os pés do paciente parecem “colados” ao chão, segundo o Prof. Jeff Hausdorff, que liderou o estudo, “o FOG pode prejudicar a mobilidade, independência e qualidade de vida na doença de Parkinson, frequentemente levando a quedas e lesões”, atualmente, o diagnóstico e o rastreamento de FOG depende de questionários auto relatados, observação visual por clínicos ou análise de vídeo quadro a quadro de pacientes em movimento, embora a análise de vídeo seja confiável e precisa, consome tempo, requer vários especialistas e é impraticável à monitoramento de longo prazo. Um dos coautores do estudo, Amir Solomon, esclarece que “pesquisadores estão tentando usar sensores vestíveis para rastrear e quantificar o funcionamento diário dos pacientes” e, “até agora, os testes bem-sucedidos se basearam em número pequeno de indivíduos” e para superar as limitações, a equipe da TAU coletou dados de vários estudos existentes, compilando informações sobre mais de 100 pacientes e 5 mil episódios de FOG, dados que foram carregados no Kaggle, plataforma do Google conhecida por hospedar competições internacionais de aprendizado de máquina, com pesquisadores convidados a desenvolver modelos a serem incorporados em sensores vestíveis e quantificar episódios de FOG em termos de duração, frequência e gravidade, obtendo como resposta, 1.379 equipes de 83 países enviando quase 25 mil soluções.  Os modelos desenvolvidos tiveram desempenho adequado com resultados próximos aos obtidos por análise de vídeo, atualmente padrão ouro, na verdade, os modelos de aprendizado de máquina superaram testes anteriores que dependiam de sensores vestíveis únicos, sendo que uma das descobertas do estudo foi a relação entre a frequência de FOG e a hora do dia, com Eran Gazit, outro coautor, observando que "pela primeira vez, um padrão diário recorrente, com picos de episódios de FOG em certas horas do dia", pode estar ligado a fatores clínicos como fadiga ou efeitos de medicamentos, oferecendo informações sobre tratamento e gerenciamento de FOG.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Rastreamento e IA

Estudo  de 116.495 mulheres com idades entre 50 e 69 anos sem histórico prévio de câncer de mama antes de se submeterem  a pelo menos 3 exames de triagem consecutivos utilizando pontuações de algoritmo IA, INSIGHT MMG, versão 1.1.7.2; Lunit Inc, entre 2022 e 2023, além de dados de detecção e triagem de câncer de mama de várias rodadas consecutivas de mamografia realizadas de 2004 a 2018 em 9 centros de mama na Noruega cujas análises estatísticas foram realizadas de 2023 a 2024, mostram que diferenças médias nas pontuações IA entre mamas que desenvolveram câncer detectado por triagem em que pontuações absolutas médias IA foram maiores às mamas que desenvolveram câncer versus não desenvolvimento 4 a 6 anos antes da eventual detecção, sugere que pontuação IA no nível da mama pode ser capaz de estimar risco de câncer de mama futuro e pode ser usada para identificar mulheres de alto risco se beneficiando de medidas preventivas, incluindo exames complementares. Importa, pois a detecção precoce do câncer de mama está associada a menor morbidade e mortalidade ao examinar se um algoritmo comercial IA para detecção de câncer de mama poderia estimar o desenvolvimento de câncer futuro, sendo que a pontuação do algoritmo IA indicando suspeita de presença de câncer de mama, forneceu pontuação contínua de detecção de câncer para cada exame variando de 0 a 100, com valores crescentes indicando maior probabilidade de câncer estar presente na mamografia atual. A pontuação máxima do algoritmo IA para detecção de câncer entre mamas que desenvolveram câncer detectado por triagem   e mulheres que tiveram triagem negativa mostrou que a idade média na 1ª rodada foi de 58,5- 4,5- anos para 1265 mulheres com câncer detectado por triagem na 3ª rodada, 57,4 -4,6- anos para 342 mulheres com câncer de intervalo pós 3 rodadas de triagem negativas e 56,4 -4,9- anos para 116 495 mulheres sem câncer de mama nas 3 rodadas de triagem. Mamografia de rastreamento e pontuações médias absolutas IA foram maiores para mamas em desenvolvimento versus não desenvolvimento de câncer 4 a 6 anos antes da detecção, sendo as descobertas sugestivas que algoritmos comerciais IA desenvolvidos para detecção de câncer de mama podem identificar mulheres com alto risco de um futuro câncer de mama, oferecendo caminho à abordagens de rastreamento personalizada podendo levar ao diagnóstico precoce do câncer. O rastreamento mamográfico reduz a mortalidade por câncer de mama, no entanto, a precisão é imperfeita em que  estratégias para melhorar o desempenho interpretativo da mamografia têm sido usadas, em que algoritmos comerciais IA obtiveram aprovação regulatória como ferramentas auxiliares à interpretação de radiologistas com resultados promissores à detecção de câncer presente em mamografias. Foram desenvolvidos à áreas de preocupação e fornecer pontuações de neoplasia maligna em nível de mama e nível de exame para auxiliar radiologistas na interpretação, no entanto, pesquisas  sugerem que as pontuações IA podem detectar características de imagem associadas a futuros cânceres de mama anos antes de serem detectados clinicamente e, se as pontuações de algoritmos IA comerciais desenvolvidos para detecção imediata de câncer  puderem estimar o risco futuro de câncer, uma estimativa de risco de curto prazo mais precisa e confiável pode levar a medidas preventivas personalizadas e sob medida, por exemplo, imagens mais frequentes ou suplementares, resultando em detecção precoce do câncer de mama e tratamento menos agressivo. 

A IA  transforma a assistência médica melhorando precisão do diagnóstico, permite detecção precoce de doenças e melhora resultados dos pacientes cujas soluções exigem colaboração entre engenheiros IA, cientistas de dados, especialistas de domínio e partes interessadas, resultando em modelos IA mais eficazes, no entanto, diagnósticos em IA estão democratizando a assistência médica ao tornar mais acessíveis diagnósticos precoces e precisos, especialmente em regiões com acesso limitado a profissionais médicos especializados com setor de saúde pronto para revolução, com IA desempenhando papel fundamental na transformação do modo como diagnosticamos e tratamos doenças. A capacidade IA ​​de processar grandes quantidades de dados com rapidez e precisão remodela o cenário, oferece modos de melhorar os resultados de saúde globalmente, no entanto, construir soluções  culturalmente sensíveis e inclusivas requer colaboração entre conjuntos de habilidades cujo resultado é acesso melhor e mais rápido a soluções de saúde. A colaboração no desenvolvimento IA é essencial para criar soluções nos desafios mais urgentes, seja incluindo engenheiros  IA, cientistas de dados e especialistas de domínio, com o  CEO da Omdena, plataforma IA colaborativa, nos esclarecendo que “esse tipo de colaboração entre pessoas de diferentes setores e regiões ajuda construir soluções IA mais éticas e confiáveis”,  já que a Omdena aplica IA a processos de diagnóstico, particularmente em comunidades carentes, modelos que auxiliam profissionais médicos identificar doenças com mais precisão como tuberculose e retinopatia diabética, em estágios iniciais, aumentando chances de tratamento bem-sucedido, sendo que esses projetos envolvem treinamento de algoritmos IA em grandes conjuntos de dados de imagens médicas, além de adotar abordagem colaborativa que os modelos IA sejam robustos, culturalmente sensíveis e adaptáveis ​​a cenários diversificados de assistência médica, com o aplicativo IA da Omdena na Libéria por exemplo, prevendo surtos de malária e identificando áreas de alto risco, além de permitir que autoridades de saúde tomem medidas proativas à grupos vulneráveis como crianças e mulheres grávidas. O diagnóstico precoce é a chave à tratamento bem-sucedido em que doenças como o câncer têm taxa de sobrevivência maior quando detectadas precocemente e quando o câncer de mama é detectado no estágio um, a taxa de sobrevivência de 5 anos é superior a 90%, o câncer colorretal produz taxa de sobrevivência de 5 anos de 14% quando diagnosticado em estágios posteriores, podendo ser em torno de 90% com o diagnóstico precoce, portanto, o impacto dos diagnósticos em IA nos resultados de saúde não pode ser exagerado, com o aprendizado de máquina usado para analisar ECGs, imagens médicas e dados de pacientes, cujos estudos mostram taxas de precisão incluindo classificação de doenças cardíacas de 93% , sendo que IA está melhorando os diagnósticos e oferecendo métodos não invasivos para avaliar riscos cardiovasculares.

Moral da Nota:  a Theoriq, empresa IA descentralizada e Web3, anunciou o lançamento de sua Testnet sendo que o lançamento é a primeira rede blockchain desse tipo à agentes IA, sistemas autônomos que realizam tarefas específicas, considerando que a Theoriq foi aceita no Programa de Startups do Google Cloud e, como parte do programa, recebeu acesso como parceira aos serviços e infraestrutura do Google Cloud ao desenvolvimento de seu protocolo. Os agentes IA fazem parte de ecossistema maior em blockchain, onde podem supostamente se combinar como coletivos para realizar funções de nível superior e executar ações simultâneas em múltiplos domínios, com o CEO e cofundador da Theoriq, dizendo que a mainnet da empresa está prevista para lançamento ainda em 2024, mostrando que “usuários  podem esperar fundamentos do protocolo open-source e auditoria de segurança abrangente”, concluindo que, “subsídios à desenvolvedores apoiam a inovação na plataforma”. A empresa utiliza a fase de Testnet para desenvolver seus “Agentes”,  projetados para planejar, acessar dados, usar ferramentas, tomar decisões e interagir com o mundo real para executar funções específicas, na crença que “Agentes especializados colaborando em equipes conhecidas como Coletivos, para lidar com tarefas mais complexas, superarão Agentes monolíticos de propósito geral, sendo que tais Agentes IA podem se especializar em tarefas ou ferramentas como analisar dados sociais, consultar e acessar dados de negociação, gerar código e criar imagens, permitindo que trabalhem de modo coletivo com  resultados em direção a objetivo unificado.” Exemplo de DePIN, provedores de infraestrutura física descentralizada, usando Agentes para interagir com contratos inteligentes, controlar ativos e realizar micropagamentos, melhora significativamente a automação na Web3 e além, concluindo que, "os Agentes IA estão prontos para remodelar o modo como interagimos com tecnologia, estamos começando a entrar na Era Agêntica”.