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segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Conhecimento essencial

Pesquisa conduzida pelo Centro de Políticas Públicas Annenberg da Universidade da Pensilvânia descobriu que muitos  adultos norte americanos não têm conhecimento essencial sobre hipertensão arterial em universo de quase metade da população norte americana apresentar hipertensão, fator de risco à doenças cardíacas e derrames, com  Kathleen Hall Jamieson, PhD, diretora do centro, dizendo que “se não sabemos o que significa ter pressão alta, por que ela é um problema ou como pode preveni-la, podemos não perceber que temos um problema que pode ser corrigido”. Participaram da pesquisa de abril de 2025, 1653 adultos sendo que 35% tinham diagnóstico de hipertensão, 10% de pré-hipertensão e 2% de hipertensão gestacional e, dentre aqueles com pressão alta, dois terços relataram um pouco ou muito preocupados com a doença e 5% disseram não estar nem um pouco preocupados, apesar da alta prevalência da condição e  preocupação, apenas 13% dos entrevistados identificaram corretamente a leitura da pressão arterial indicando hipertensão, ou, 130/80 mm Hg ou mais. Um quarto dos entrevistados indicou 140/90 mm Hg como a medida definidora de pressão alta, ponto de corte antes da AHA, American Heart Association e o American College of Cardiology diminuir o valor em 2017, sendo que quase outro quarto relatou que não sabia e os demais participantes escolheram outros pontos de corte incorretos, também não sabiam que a pressão arterial elevada nem sempre causa sintomas perceptíveis, com mais de um terço acreditando erroneamente que a hipertensão quase sempre envolvia sinais como tontura e falta de ar e, 2 em 5 adultos acreditavam que sentir-se calmo e relaxado denotava pressão arterial normal. Apesar de confusão sobre o significado de ter pressão alta, parece haver consciência como o modo de preveni-la quando solicitados identificar quais atividades ajudam reduzir a pressão arterial, 91% selecionaram manter peso saudável, 89% identificaram praticar exercícios regularmente, 89% escolheram consumir alimentos nutritivos e 82% escolheram reduzir ingestão de sal, no entanto, a maioria dos participantes reconheceu afirmações falsas enquanto 3% acreditavam que beber café e 2% acreditavam que beber álcool poderia reduzir a pressão arterial. A pesquisa observou discrepância entre disposição relatada para agir e ação efetiva, embora mais de 4 em 5 pessoas tenham notado que tomariam medidas para controlar a pressão arterial se fossem aconselhadas por um médico, menos pessoas com pressão alta indicaram que seguiam consistentemente essas recomendações, enquanto 61% dos entrevistados com pressão alta praticavam atividade física mais de uma vez por semana e 19% raramente ou nunca se exercitavam enquanto 73% controlavam a alimentação mais de uma vez por semana e 69% davam a mesma importância à limitação do consumo de sal, quer dizer,  o sódio raramente ou nunca foi considerado para 23% das pessoas com hipertensão. A AHA sugere monitoramento regular da pressão arterial em casa, cujos resultados da pesquisa revelaram que, entre os participantes com hipertensão, 22% verificavam a própria pressão arterial mais de uma vez por semana, 10% a verificavam quase diariamente enquanto 13% dos hipertensos nunca haviam medido a pressão arterial, considerando que, a adesão à medicação à pressão arterial entre pessoas com prescrição médica foi alta, quer dizer, 90% relataram tomá-la diariamente ou quase diariamente, sendo que o motivo mais comum para não tomar a medicação diariamente foi achar que não era necessário tomá-la diariamente, ao passo que outros motivos incluíram sentir-se bem sem ela, esquecimento, efeitos adversos e preço acessível. Por fim, 100% da população seria capaz de identificar corretamente os fatos sobre hipertensão, segundo Kathleen Hall Jamieson, no entanto, em universo ideal o objetivo é informar maior número possível de pessoas, uma vez que haja dados destacando lacunas de conhecimento, o foco muda no preencher informações que faltam ao público, sendo que os resultados da pesquisa sugerem que adultos norte americanos podem se beneficiar de melhor compreensão do que significa ter pressão alta e, em áreas onde a conscientização pública é maior, como medidas de redução da pressão arterial, o próximo passo é incentivar comportamentos saudáveis.

A febre oropouche antes encontrada exclusivamente na Amazônia, avança no Brasil em 2024 confirmados em 18 estados como Distrito Federal e Espírito Santo quase 3 mil km distantes da Amazônia, liderando notificações, com 6.318 registros, com o chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do IOC/Fiocruz, esclarecendo que análises genéticas apontam que casos recentes foram provocados por nova linhagem do vírus, variação que surgiu no Amazonas, circulado pela Região Norte e, posteriormente, espalhando pelo país. De janeiro a julho foram reportados 11.888 notificações no Brasil e, em 2024, a doença afetou 11 nações e um território causando quatro mortes cujos sintomas são, febre alta, dor de cabeça, dor muscular e articular, com a OPAS divulgando atualização epidemiológica sobre febre Oropouche, doença viral que ressurgiu nas Américas desde o final de 2023, reportando 12.786 casos confirmados em 11 países, 7 nações com transmissão local e 4 concentrando casos importados, quer dizer, os números foram coletados entre 1º de janeiro e 27 de julho de 2025. A disseminação do vírus transmitido pelo mosquito Culicoides paraenses, aumenta nas Américas e, em todo o ano de 2024, houveram 16.239 casos em 11 países e um território, com o Brasil com mais de 9 em cada 10 notificações às autoridades de saúde, seguido por Panamá com 501, Peru com 330, Cuba com 28 e Colômbia com 26, casos importados foram notificados no Uruguai, Chile, Canadá e EUA reportando a doença no Brasil o Espírito Santo e Rio de Janeiro e,  em 2024, cinco pessoas morreram no Brasil com a febre além de casos de complicações neurológicas e óbitos fetais sob investigação. A maioria dos pacientes se recupera em 2 a 3 semanas embora 60% possam apresentar recaídas, sendo que a doença, ainda que raramente, pode levar à meningite ou encefalite e, em gestantes, há preocupações sobre potenciais riscos ao feto cuja disseminação à áreas não endêmicas como regiões urbanas em Cuba é impulsionada por fatores como mudanças climáticas, desmatamento e urbanização de áreas florestais que aumentam a população de mosquitos. A Opas recomenda vigilância epidemiológica e controle de vetores rigorosos para conter a doença que atualmente não possui vacina ou tratamento antiviral específico, recomendando Vigilância para detectar introdução do vírus em novas áreas, monitorar disseminação em áreas com transmissão local e caracterizar cenário epidemiológico, controle de vetores buscando eliminar criadouros de mosquitos, limpando vegetação e promovendo práticas agrícolas sustentáveis, além de proteção individual que  previna picadas usando mosquiteiros, roupas de proteção e repelentes contendo DEET, IR3535 ou icaridina, especialmente gestantes e trabalhadores rurais, por fim, manejo clínico que fortaleça o diagnóstico clínico precoce e diagnóstico diferencial, principalmente com dengue enquanto o tratamento se concentra no alívio da dor e da febre, hidratação e controle do vômito, além do monitoramento de complicações ou problemas neurológicos em gestantes. A Organização Pan-Americana da Saúde lembra que a colaboração nacional e regional é essencial para monitorar e controlar a disseminação do vírus, especialmente quanto a circulação de outros arbovírus, como a dengue, apóia países com orientações técnicas sobre diagnóstico, manejo clínico, prevenção e controle de vetores incentivando notificação imediata de eventos incomuns como mortes ou casos de transmissão vertical.

Moral da Nota: 5 lotes de fentanil contaminado por Klebsiella pneumoniae e Ralstonia pickettii foram administrados a pacientes na Argentina distribuídos em 8 hospitais e centros de saúde do país, antes de uma inspeção do governo, em fevereiro 2025, na qual a Anmat, equivalente à Anvisa, fechou o laboratório e, diante a polêmica gerada pelo aumento do número de mortos, o governo argentino publicou nota afirmando que fechou o laboratório “3 meses antes da 1ª morte causada pelo fentanil contaminado”. O governo argentino elevou para 100 os mortos pelo fentanil contaminado, apontou laboratório local como responsável, em meio a polêmica devido lentidão da resposta à crise sanitária e, em ato político em La Plata, ano eleitoral por lá, o presidente  acusou apoiadores da antecessora de acobertarem o dono do laboratório, desde maio, denúncias foram registradas na autoridade de medicamentos e alimentos, Anmat, da Argentina, por mortes suspeitas pós uso do fármaco em hospitais de 4 províncias, além da capital, Buenos Aires e, em comunicado a presidência argentina apontou Ariel Garcia Furfaro, dono do laboratório HLB Pharma Group S.A., como fabricante do lote contaminado "responsável pela morte de mais de 100 pessoas", segundo a imprensa local, 24 pessoas são investigadas no caso. O jornal Clarín nos esclarece que "política se alimenta de simbolismos” enquanto famílias de pacientes falecidos protestaram em frente ao Hospital Italiano de La Plata, 60 km ao sul de Buenos Aires, exigindo “justiça às vítimas do fentanil”, considerando que é 50 a 100 vezes mais potente que a morfina, dados da OMS e, nos EUA, causa estragos estimando-se que em 2024 mais de 80 mil pessoas morreram por overdose de opioides,das quais, 48.422 foram por fentanil.

domingo, 7 de setembro de 2025

Dieta e Risco

Estudo coreano da Universidade Yonsei publicado no Journal of Nutrition, Health and Aging, analisou dados de 130 mil britânicos de meia-idade ao longo de 13,5 anos, utilizando o UK Biobank para avaliar a qualidade da dieta em 5 índices e acompanhar diagnósticos de demência ao longo do tempo cujos resultados indicam que a alta adesão a dietas saudáveis como dieta mediterrânea ou a dieta MIND pode reduzir o risco de demência em até 28%, dividindo os períodos de acompanhamento em 3 intervalos, ou, menos de 5 anos, de 5 a 10 anos e mais de 10 anos descobriram que os efeitos foram mais pronunciados nos primeiros anos e apenas a dieta mediterrânea, MEDAS, e a pontuação inflamatória, EDII, mantiveram significado estatístico pós uma década indicando que outros fatores biológicos ou de estilo de vida podem adquirir importância com o tempo. Nos EUA, segundo a Associação de Alzheimer, o custo dos cuidados relacionados à demência deve chegar a US$ 384 bilhões em 2025 e triplicar até 2050, considerando  que novos medicamentos com anticorpos como o Kisunla, donanemab, da Eli Lilly, ou, redutores das placas amiloides, custam US$ 32 mil/ano enquanto, na Coreia, o número de pacientes com demência com mais de 60 anos já ultrapassa um milhão com expectativa em  duplicar até meados do século. Os padrões alimentares mais benéficos são os ricos em alimentos naturais e pobres em alimentos processados com Ingredientes que se destacam pelo impacto protetor como o azeite de oliva extra virgem, peixes gordos como salmão e sardinha, nozes e sementes, frutas silvestres como mirtilos e amoras, vegetais de folhas verdes como espinafre e couve, dietas anti-inflamatórias consideradas protetoras  contra  demência, em contraste, dietas altamente inflamatórias ricas em alimentos ultraprocessados, açúcares adicionados e gorduras trans aumentaram o risco de demência em 30%, conforme o EDII, Índice Inflamatório Dietético Ajustado por Energia. Em vez de depender de medicamentos de eficácia limitada as pesquisas apontam à solução mais acessível e sustentável em alimentação saudável como estratégia preventiva contra a demência obtendo efeito mais forte em mulheres, idosos e não obesos, maior impacto nos primeiros 10 anos além de proteger contra o comprometimento cognitivo leve, sendo que o estudo inseriu variáveis ​​como idade, sexo, escolaridade, renda, tabagismo, exercício físico, genótipo ApoEε4 ligado ao Alzheimer e o índice de massa corporal buscando robustez científica nos resultados. Os efeitos protetores indicaram interação entre metabolismo, inflamação e vulnerabilidade cerebral, além da redução do risco de demência e incidência de comprometimento cognitivo leve, condição precoce que frequentemente precede desenvolvimento de demência, valendo a ressalva que a proteção foi mais forte nos primeiros 10 anos de acompanhamento e apenas a dieta mediterrânea e o índice inflamatório mantiveram seu efeito estatisticamente significativo pós uma década sugerindo que benefícios dietéticos não são permanentes, a menos que mantidos, enquanto outros fatores biológicos ou de estilo de vida podem intervir ao longo do tempo. A dieta mediterrânea pode ser compreendida como ferramenta de saúde pública sustentável e escalável impactando diretamente na economia e ecologia globais, pois, reduzem uso de medicamentos de alto custo e baixa eficácia diminuindo pressão sobre sistemas de saúde, menor pegada de carbono considerando que dieta rica em vegetais e peixes e pobre em carne vermelha tem impacto ambiental menor, em agricultura mais regenerativa e local promovendo produção de alimentos frescos, sazonais e locais acarretando melhor qualidade de vida mantendo função cognitiva reduzindo necessidade de cuidados, prolongando autonomia.

No quesito inovação observa-se que a previsão climática está em fase de aperfeiçoamento através de modelos com tecnologia IA com a  NVIDIA apresentando o ClimSim-Online, estrutura com tecnologia IA que revoluciona a modelagem climática ao integrar aprendizado de máquina com simuladores climáticos tradicionais, aumentando velocidade e precisão nas previsões climáticas. O avanço à ciência climática incorpora a colaboração com modeladores climáticos internacionais revelando o ClimSim-Online, desenvolvimento crucial na corrida para entender e mitigar impactos das mudanças climáticas em que simuladores climáticos tradicionais têm dificuldade à capturar processos de pequena escala como tempestades devido aos limites computacionais e, para superar isso, cientistas usam modelos de resolução de nuvem, CRMs, que, embora detalhados, são computacionalmente caros enquanto o ClimSim-Online oferece solução ao destilar informações dessas simulações em modelo de aprendizado de máquina que opera mais rápido sem sacrificar a fidelidade. Desenvolvido pelo Earth 2 da NVIDIA e apoiado pela National Science Foundation na Universidade de Columbia, o ClimSim-Online utiliza o conjunto de dados ClimSim hospedado no repositório ClimSim Hugging Face e criado usando o Energy Exascale Earth System Model-Multiscale Modeling Framework, E3SM-MMF, em que o  framework incorpora milhares de CRMs localizados em um modelo climático hospedeiro reduzindo suposições sobre física de escala fina, sendo que o  ClimSim-Online permite integração de modelos de aprendizado de máquina em simuladores climáticos oferecendo fluxo de trabalho reproduzível e em contêineres que permite cientistas contornarem barreiras computacionais tradicionais tornando a modelagem climática híbrida acessível. A estrutura facilitou  competição global do Kaggle atraindo mais de 460 equipes para desenvolver soluções de aprendizado de máquina usando o conjunto de dados climáticos de alta fidelidade, esforço colaborativo que acelerou progresso na modelagem climática, permitindo desenvolvimento de simulações híbridas estáveis ​​e plurianuais usando rede neural U-Net treinada no conjunto de dados ClimSim e, para garantir precisão e estabilidade das simulações, a NVIDIA incorporou restrições na arquitetura da rede neural que previne comportamentos irreais da nuvem e estabiliza simulações, melhorando realismo das climatologias de nuvem especialmente nos trópicos. Trata-se de avanço na ciência climática reduzindo barreiras à colaboração entre pesquisadores IA e cientistas do clima, embora a estrutura tenha demonstrado seu potencial, no entanto, pesquisas são necessárias para reduzir vieses da modelagem híbrida e explorar soluções como aprendizado por reforço para aprimorar precisão da simulação climática.

Moral da Nota: na França, duas das principais fabricantes de panelas, o Grupo SEB e a subsidiária Tefal, são alvo de uma denúncia de ONGs que as acusam de "práticas comerciais enganosas” ao defenderem que seus modelos em Teflon são “seguros”, cuja denúncia foi  apresentada pela FNE, France Nature Environnement, ACLC,  Générations Futures e a Associação de Cidadãos e Consumidores, referindo-se a campanha publicitária de 2024 e a comunicação no site da marca Tefal, enviada ao Ministério Público de Paris. Questionam a presença de Pfas,  conhecidos como "poluentes eternos”, na fabricação destes utensílios e ao "garantir que os revestimentos antiaderentes das panelas são reconhecidos como seguros por conterem PTFE, politetrafluoretileno, e não PFOA e outros Pfas, "poluentes eternos", proibidos, argumentando que "deixando de mencionar risco de serem liberadas no ambiente devido uso de PTFE ao longo do ciclo de vida do produto bem como riscos à saúde associados ao uso das panelas da marca". A denúncia é fundamentada por pesquisas da IARC, Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, agência da ONU que concluiu que "não há dados suficientes para classificar o PTFE como cancerígeno mas não comenta sobre a ausência de carcinogenicidade ou se o PTFE é 'seguro'", sendo que as ONGs citam estudo realizado em novembro de 2023 na Coreia do Sul que "mostra que as micropartículas de PTFE causam efeitos nocivos à saúde, como inflamação". Em 2024, parlamentares franceses aprovaram projeto de lei ambiental visando restringir fabricação e venda de produtos que contenham PFAS, no entanto, utensílios de cozinha ficaram de fora pós forte mobilização de fabricantes em especial a Tefal sendo que o texto final promulgado em  2025 mantendo a exclusão, quer dizer, presentes em objetos do cotidiano os perfluoroalquílicos e polifluoroalquílicos, ou, PFAS, existem aos milhares e seu apelido de "poluentes eternos" se deve a capacidade de se acumular e persistir em ambientes naturais e organismos vivos e aos efeitos tóxicos comprovados no ambiente e na saúde.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Demência

Estudo determinou que o risco de desenvolver demência ao longo da vida é 2 vezes mais que estimativas anteriores, sendo a doença de Alzheimer causa comum de demência, publicado no Nature Medicine sugeriu que até 2060 o número de americanos com demência deve dobrar o risco estimado de desenvolver a doença ao longo da vida, comparado a estimativas anteriores. Projeções de demência trazem avisos, sugerem que os EUA precisam investir recursos no crescimento da força de trabalho de cuidadores visando atender necessidades futuras, paradoxalmente, esse número conta história de sucesso, quer dizer, graças a décadas de progresso social e médico, mais pessoas estão vivendo o suficiente para ter demência, no passado, teriam morrido de doenças cardiovasculares ou câncer mais precocemente, quer dizer, avanços na saúde atrasaram o início da doença à muitas pessoas. Michael Fang, epidemiologista da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e autor do estudo, esclarece que muita coisa pode ser feita visando diminuir as chances de desenvolvimento da patologia dizendo  "se fizermos algo, há oportunidade e potencial para dobrar a curva", considerando que o  estudo não é o primeiro projetar que a demência está aumentando, no entanto, estimativas colocavam o risco vitalício em algum lugar entre 14 % e 23 %, sendo que a mais recente sugere que mais de 40 % dos americanos podem desenvolver a condição em algum momento de suas vidas, sendo que parte desse aumento pode ser explicada pelos partícipes do estudo, um quarto dos quais negros e nos EUA como um todo são 14 % negros. Kristine Yaffe, pesquisadora de demência da Universidade da Califórnia, São Francisco, diz que “há muitos artigos que mostram que pessoas não brancas têm maior risco de desenvolver demência” e, nos EUA, o maior risco às pessoas não brancas decorre do acesso mais precário a recursos que previnem a demência como educação de alta qualidade, alimentação saudável e locais seguros à atividade física, além de maiores taxas de tabagismo. Projeções de demência baseadas em dados de grupo racialmente mais diverso serão maiores que as baseadas em  grupo majoritariamente branco, como a maioria dos estudos anteriores, daí, o conjunto de participantes deste estudo não explica a totalidade ds projeções de risco atualizadas, com Josef Coresh, autor sênior do estudo e diretor fundador do Optimal Aging Institute da NYU Grossman School of Medicine, esclarecendo que 4% dos americanos de 75 anos têm alguma forma da doença e o risco aumenta nos anos seguintes, enquanto 20 % dos 85 anos têm demência e o risco continua a aumentar a cada ano. A Lancet Commission on Dementia recomenda ações específicas ao longo da vida para reduzir risco de demência sendo exercícios uma delas, além de mudanças no estilo de vida, medicamentos para tratar pressão alta e colesterol são úteis na redução do risco, ressaltando que, o estigma em torno do diagnóstico impede falar com os médicos quando percebem sinais de perda de memória considerando conscientização sobre medidas de prevenção da demência auxilia fazer boas escolhas dispensando cuidados avançados.

A Alzheimer's Association, AA, nos informa que doenças cerebrais degenerativas e demência estão aumentando nos 50 estados dos EUA e, à medida que a taxa de Alzheimer aumenta, mais estresse financeiro é colocado em programas de assistência médica, tendência que aumentará necessidade de cuidadores no país, estimando-se que 5,5 milhões de americanos estejam com a doença de Alzheimer, cujas estatísticas são divididas por idade e etnia e listadas da seguinte maneira, ou, 1 em cada 10 pessoas com 65 anos ou mais,10%, tem demência de Alzheimer, dois terços dos americanos com Alzheimer são mulheres, afro-americanos têm 2 vezes mais probabilidade de ter Alzheimer ou outra demência que brancos e hispânicos têm 1,5 mais probabilidade de apresentar Alzheimer ou outra demência que brancos. Outro número exposto pela AA, Alzheimer's Association, é que "alguém nos Estados Unidos desenvolve demência de Alzheimer a cada 66 segundos", quer dizer,  o estado com a maior taxa de Alzheimer é o Alasca enquanto casos da doença devem aumentar de 7.100 em 2017 à 11 mil em 2025,  aumento de 54,9%, decorrente ao crescimento projetado da população idosa do Alasca que aumentará à 35,6 % até 2025 estimando-se que 70.900 a 110 mil  pessoas terão 65 anos ou mais, com um pequeno detalhe que chama a atenção, o Alasca pode ter a maior taxa de Alzheimer, 54,9%, mas, tem a menor taxa de mortalidade pela doença, ou, 9,2 mortes por 100 mil pessoas, enquanto a taxa dos EUA é de 29 mortes por 100 mil, mais que o triplo da mortalidade projetada ao Alasca. O relatório da GlobalData, “Doença de Alzheimer, Previsão Epidemiológica para 2033”, revela que a China terá o maior número de casos prevalentes de Alzheimer com 10,4 milhões de casos, enquanto a Espanha o menor número, com 0,62 milhão de casos em 2033 considerando ainda que “em 2023, as mulheres foram mais afetadas que os homens, respondendo por 73% do total de casos prevalentes”, com estimativas da GlobalData que em 2023, 55% do total de casos prevalentes de Alzheimer foram leves e  16% do total de casos prevalentes foram graves. A expectativa de vida das mulheres é, em média, maior que a dos homens e, em parte, por essa razão as mulheres são mais propensas a desenvolver demência em algum momento de suas vidas, além de avanços médicos há menores taxas de tabagismo e uso excessivo de álcool, melhor qualidade do ar, tratamento aprimorado à depressão e outras mudanças na qualidade de vida que provavelmente explicam por que as pessoas que desenvolvem demência estão tendo mais tarde na vida que as pessoas que desenvolveram demência na década de 1970. A Lancet Commission on Dementia recomenda ações ao longo da vida para reduzir o risco de demência, como garantir que educação de boa qualidade esteja disponível à todos e incentivar atividades cognitivamente estimulantes na meia-idade, tornar aparelhos auditivos acessíveis às pessoas com perda auditiva e diminuir a exposição a ruídos nocivos, tratar depressão de forma eficaz, incentivar uso de capacetes e proteção à cabeça em esportes de contato e bicicletas, incentivar exercícios, reduzir tabagismo, prevenir, reduzir e tratar pressão alta, tratar colesterol alto durante e após a meia-idade, manter peso saudável e tratar obesidade o mais cedo possível, em parte para ajudar a prevenir o diabetes e reduzir o alto consumo de álcool, além de, priorizar ambientes e moradias comunitárias favoráveis ​​à idade e reduzir isolamento social facilitando participação em atividades e convivência com outras pessoas, tornar triagem e tratamento à perda de visão acessíveis à todos e reduzir exposição à poluição do ar

Moral da Nota: um dado curioso, descoberta na University of Gothenburg que recém-nascidos apresentam níveis elevados de um biomarcador para Alzheimer, quer dizer, recém-nascidos e pacientes com doença de Alzheimer compartilham característica biológica inesperada, ou, níveis elevados de um biomarcador conhecido para Alzheimer, visto, no estudo liderado da Universidade de Gotemburgo e publicado na Brain Communications. O primeiro autor Fernando Gonzalez-Ortiz e o autor sênior Professor Kaj Blennow relataram recentemente que tanto recém-nascidos quanto pacientes com Alzheimer apresentam níveis sanguíneos elevados da proteína chamada tau fosforilada, especificamente a forma chamada p-tau217, mostra-se elevada em recém-nascidos e pacientes com Alzheimer, utilizada como teste diagnóstico à doença de Alzheimer, onde se propõe que um aumento nos níveis sanguíneos de p-tau217 seja causado por outro processo, quer dizer, a agregação da proteína b-amiloide em placas amiloides, daí, recém-nascidos não apresentam esse tipo de alteração patológica, portanto, em recém-nascidos, o aumento da p-tau217 plasmática parece refletir mecanismo diferente e saudável. Estudo que envolveu pesquisadores na Suécia, Espanha e Austrália analisou amostras de sangue de mais de 400 indivíduos, incluindo recém-nascidos saudáveis, bebês prematuros, adultos jovens, adultos idosos e pessoas diagnosticadas com doença de Alzheimer e descobriram que recém-nascidos tinham os níveis mais altos de p-tau217, até mais altos que aqueles encontrados em doentes com Alzheimer, níveis eram particularmente elevados em bebês prematuros e começaram diminuir ao longo dos primeiros meses de vida eventualmente se estabilizando em padrões adultos. Enquanto na doença de Alzheimer a p-tau217 se associa à agregação de tau em aglomerados prejudiciais chamados emaranhados, que se acredita causarem quebra das células cerebrais e subsequente declínio cognitivo, em contraste, em recém-nascidos esse aumento na tau parece contribuir ao desenvolvimento saudável do cérebro ajudando neurônios crescer e formar conexões com outros neurônios, moldando a estrutura do cérebro jovem. O estudo revelou ainda que em bebês saudáveis ​​e prematuros os níveis de p-tau217 estavam ligados à precocidade do nascimento, quanto mais precoce o nascimento maiores os níveis dessa proteína sugerindo papel no suporte ao rápido crescimento cerebral em condições desafiadoras de desenvolvimento.

Saidera: a ONU em alerta sobre influências do crime organizado no aumento do uso de drogas no mundo através do Relatório Mundial sobre Drogas 2025, diz que 1 em cada 12 adictos no mundo obteve tratamento, mais de 500 mil pessoas morreram e 28 milhões de anos saudáveis de vida foram perdidos devido deficiências ou mortes prematuras registradas e, em 2021, 316 milhões de pessoas usaram alguma droga, à exceção de álcool e tabaco, 6% da população entre 15 e 64 anos em comparação com 5,2% registrados em 2013, enquanto cannabis permanece como a mais consumida com 244 milhões de usuários, seguida por opioides com 61 milhões, anfetaminas com 30,7 milhões, cocaína com 25 milhões e ecstasy com 21 milhões. O relatório alerta que o alto custo dos transtornos por uso de drogas em indivíduos, comunidades e sistemas de saúde, a rejeição ao multilateralismo e a realocação de recursos podem intensificar o problema e o custo de não enfrentar os transtornos por uso de drogas é alto, políticas e disponibilidade de serviços de saúde e sociais baseados em evidências “podem ajudar mitigar o impacto do uso na saúde das pessoas e comunidades”. Conclui que o uso, cultivo, tráfico de drogas e respostas políticas promulgadas para abordar as economias ilícitas de substâncias estão impactando no ambiente da Europa, com consequências potenciais do cultivo ou produção de drogas incluindo desmatamento e demais mudanças no uso da terra além de poluição do ar, do solo e da água, o que pode ser significativo em nível local. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

O Olfato

Análise de dados realizada em abril de 2024 em tecidos do bulbo olfatório obtidos de autópsias no Serviço de Verificação de Óbitos da Cidade de São Paulo e procedida no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, LNLS, de 15 indivíduos adultos residentes na cidade há mais de 5 anos e excluídas intervenções neurocirúrgicas anteriores, em pesquisa de exposição primária que demonstrou presença de microplásticos, MPs, no bulbo olfatório, através de exame direto do tecido e filtração seguida por espectroscopia infravermelha micro-Fourier. Os resultados foram publicados no Jama Network Open, 2024, de autoria de Luís Fernando Amato-Lourenço, PhD, Freie Universitat Berlin - Institut fur Biologie, Altensteinstr 6D-14195 Berlim, Alemanha, mostram identificação e caracterização de microplásticos, MPs, no interior doo bulbo olfatório, tamanho, morfologia, cor e composição polimérica, daí, idade média dos 15 indivíduos falecidos foi de 69,5 anos, 33 a 100 anos, 12 homens e 3 mulheres, com os microplásticos, MPs, detectados nos bulbos olfatórios de 8 dos 15 indivíduos, quer dizer, identificadas 16 partículas e fibras de polímeros sintéticos, 75% partículas e 25% fibras, cujo polímero mais detectado foi o polipropileno, 43,8%, enquanto os tamanhos dos MPs variaram de 5,5 μm a 26,4 μm à partículas e comprimento médio da fibra de 21,4 μm com materiais poliméricos ausentes nos filtros de controle negativo, indicando risco mínimo de contaminação, sendo que a conclusão da pesquisa mostra evidências de MPs no bulbo olfatório humano sugerindo via potencial à translocação de MPs ao cérebro com as descobertas ressaltando necessidade de mais pesquisas sobre implicações à saúde da exposição a MP no que diz respeito à neuro-toxicidade e potencial dos MP em contornar a barreira hematoencefálica. Vale considerar que a ubiquidade, ou, multi-presença da poluição por microplásticos, MP, tornou-se preocupação ambiental generalizada levantando questões no corpo humano e efeitos nocivos, embora MPs detectados em órgãos como pulmões, intestinos grosso e delgado, fígado, placenta, sêmen e corrente sanguínea, não há estudos publicados até o momento relatando presença no cérebro humano, já que a presença da barreira hematoencefálica, BHE, é fator limitante do acesso ao cérebro via translocação hematogênica, apesar disso, estudos em animais mostram que MPs podem prejudicar a BHE e atingir o cérebro por ingestão oral levando a efeitos neurotóxicos, no entanto, o local potencial de entrada à micro e nanoplásticos, MNPs, no cérebro humano é a via olfativa que envolve neurônios olfativos nasais transmissores de informações sobre odores ao sistema olfativo central do cérebro cujos axônios olfativos passam pela placa cribriforme, CP, do osso etmoide alcançando bulbos olfativos, BO, conectados ao sistema límbico do cérebro. Partículas de carbono negro ambiental, fuligem, foram detectadas em regiões do cérebro humano sendo uma das maiores concentrações encontradas no bulbo olfatório medindo 420,8 partículas/mm e, raramente, a forma ameboide de Naegleria fowleri, de 15 a 30 μm, penetra no cérebro pelo nariz causando meningoencefalite amebiana geralmente apresentando a doença pós contato com corpos de água doce contaminados ou após enxaguar o nariz com água da torneira não estéril, além disso, a permeabilidade da barreira foi evocada como possível rota de administração de medicamentos mais rápida e segura ao cérebro bem como acesso ao líquido cefalorraquidiano através dos vasos linfáticos nasais. Por conta da  onipresença de MPs no ar e identificação anterior na cavidade nasal humana, o estudo levanta hipótese que a menor fração de MPs poderia atingir o bulbo olfatório, OB, portanto, uma investigação sobre presença de MPs em fragmentos de tecido conjuntivo humano de 15 indivíduos falecidos e autopsiados permitiu identificação e análise de caracteres  dos MPs, incluindo tamanho, morfologia, cor e composição polimérica.

Ainda no JAMA, pesquisa nacional com pais nos EUA, em 2016, descobriu que 25% das crianças foram diagnosticadas com transtorno de saúde mental, saúde comportamental ou desenvolvimento, em momento da vida por um profissional de saúde já que desde a pandemia em 2020 aumentaram preocupações com a saúde mental infantil, com dados demonstrando aumentos na ansiedade e depressão bem como deficiências de aprendizagem diagnosticadas e atrasos no desenvolvimento. Pesquisas relatam porcentagens crescentes de visitas a pronto-socorros relacionados à saúde mental e números e porcentagens mais altos de hospitalizações relacionadas à saúde mental entre crianças, em 2021, organizações de saúde que atendem crianças, entre elas a Academia Americana de Pediatria, declararam estado de emergência em saúde mental infantil e o cirurgião-geral divulgou relatório sobre saúde mental infantil destacando tendências preocupantes. Quer dizer, nos EUA, 16% das crianças vivem na pobreza associada ao aumento do risco de transtornos e problemas de saúde mental, daí, programas de seguro público como o Medicaid e o CHIP, Programa de Seguro Saúde Infantil, cobriam 38,8% das crianças em 2023, incluindo originárias de famílias de baixa renda com deficiência ou vivendo em sistema de assistência social, sendo que até o momento há dados limitados examinando tendências em diagnósticos de saúde mental entre crianças seguradas pelo governo e, o único estudo multi-estadual conhecido, examinou tendências em diagnósticos de saúde mental entre jovens inscritos no Medicaid através de dados de 2001 a 2010 se concentrando em um único diagnóstico. Nenhum estudo anterior examinou tendências em diagnósticos de saúde mental e neurodesenvolvimento entre crianças seguradas pelo governo usando dados de vários estados e, para preencher tal lacuna na literatura, o estudo atual utilizou fonte de dados mais abrangente disponível, ou, dados de reivindicações administrativas multi-estaduais de 2010 a 2019 para examinar tendências em diagnósticos de saúde mental e neurodesenvolvimento entre crianças seguradas pelo governo bem como à 13 categorias de diagnóstico. A porcentagem de crianças seguradas publicamente que receberam diagnóstico de transtorno de saúde mental ou neurodesenvolvimento significativamente maior entre 2010 e 2019, observados à maioria dos diagnósticos e grupos demográficos, sendo que as descobertas destacam necessidade de serviços apropriados em sistemas de rede de segurança e outros ambientes que atendem essa população.

Moral da Nota: IA abre nova era na detecção e monitoramento da Doença de Alzheimer, DA, patologia neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas no mundo e, a aplicação de modelos IA associada a RM,  ressonância magnética, permite identificar com precisão e prever progressão antes que os sintomas sejam evidentes. O Imperial College London criou modelo IA que detecta a doença de Alzheimer, DA, com 98% de precisão imaginando o cérebro como mapa dividido em 115 zonas, cada uma delas, analisa-se 660 características diferentes como peças de um quebra-cabeça como, forma, tamanho, textura, etc, permitindo aprendizagem e identificação de padrões que revelam presença da doença, mesmo em estágios iniciais, como se IA conseguisse ler a linguagem oculta em imagens cerebrais, foi o que descobriu a pesquisa com mais de 400 pacientes incluindo indivíduos saudáveis ​​e portadores de outras lesões neurológicas, daí, o modelo foi capaz de distinguir entre diferentes estágios da Doença de Alzheimer, DA, facilitando tratamento personalizado de cada caso. Os pesquisadores da Universidade de Cambridge trabalham em sistemas capazes de antecipar a progressão da doença de Alzheimer, além de diagnóstico foi desenvolvido modelo que prevê se o paciente com sinais iniciais de demência terá Alzheimer ou permanece estável e, com dados não invasivos, testes cognitivos e ressonância magnética estrutural, o sistema tem precisão de 82% dos casos sendo que o modelo foi treinado com informações de mais de 1.900 pessoas coletadas em clínicas especializadas no Reino Unido, Singapura e EUA e, por conta de abordagem longitudinal, é analisado como o cérebro evolui ao longo do tempo, ou, como observar a planta crescer a partir da semente buscando previsão que tornar-se-á saudável ou adoecerá ao longo do caminho. Lembrando que aprendizado profundo transformou a análise de imagens de ressonância magnética e, ao contrário dos métodos tradicionais, tais redes neurais identificam alterações microscópicas cerebrais desapercebidas até por especialistas, sendo uma das abordagens mais avançadas o modelo híbrido DenseNet-BiLSTM que combina 2 tipos de redes, uma para entender a geometria do cérebro em dado momento, DenseNet, e outra para rastrear a evolução ao longo do tempo, BiLSTM, combinação que oferece visão 3D no tempo como se estivéssemos assistindo um filme do cérebro em vez de fotografia estática, daí que, a capacidade de reconhecer padrões de mudança é crucial à adaptação do tratamento em tempo real e, se as mudanças estruturais forem detectadas antes do aparecimento dos sintomas as ações serão tomadas mais cedo e de modo mais eficaz.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Infância e Saúde Mental

Estudo nos EUA sobre internação em saúde mental pediátrica informa que se concentram em hospitais infantis, daí, buscar características associadas à internação entre consultas de saúde mental pediátrica no PS em amostra nacionalmente representativa sendo que a hospitalização psiquiátrica no pronto-socorro, PS,  pode passar por internações prolongadas quando não há leito adequado disponível. Retrospecto transversal examinou consultas de saúde mental em pronto-socorros por crianças de 5 a 17 anos através da Pesquisa Nacional de Assistência Médica Ambulatorial Hospitalar de 2018-2022, utilizando amostra probabilística gerando estimativas nacionais com a regressão logística da pesquisa examinando associação entre características das consultas e internação, definido como duração da consulta em torno de 12 horas. Em 5.900.704 visitas estimadas de saúde mental pediátrica ao pronto-socorro em nível nacional nos EUA, 42,9% de 15 a 17 anos, 56,4% mulheres, 25,2% resultaram em admissão ou transferência e, 32,1% tiveram duração em torno de 12 horas chegando a conclusão que 1 em cada 3 atendimentos de saúde mental pediátrica no pronto-socorro com internação ou transferência ultrapassou 12 horas, ao passo que as diferenças na internação por raça, etnia e plano de saúde, refletem desigualdades no acesso a serviços psiquiátricos e, para reduzir a internação no pronto-socorro há necessidade de aprimorar o acesso das crianças aos serviços de saúde mental no espectro de cuidados. Dados da Pesquisa Médica Ambulatorial Nacional de Hospitais de 2018-2022 nos EUA, estimam que atendimentos de saúde mental pediátrica que resultam em admissão ou transferência sugere necessidade de atenção à melhor acesso ao tratamento definitivo em saúde mental, além da identificação de diferenças na internação. A autora principal da pesquisa publicada no periódico JACEP Open, Jennifer Hoffmann, MD, MS, Diretora Médica de Saúde Comportamental, Medicina de Emergência no Ann & Robert H. Lurie Children's Hospital de Chicago e Professora Assistente de Pediatria na Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, esclarece que "o estudo ressalta problemas com o acesso a cuidados de saúde mental em crianças e adolescentes, que muitas vezes enfrentam internações prolongadas no pronto-socorro porque não há um leito psiquiátrico disponível". Fala em prosseguimento da crise de saúde mental juvenil com observação de quadros psiquiátricos graves no pronto-socorro em que a maioria das crianças procura por atendimento de emergência em hospitais para adultos que muitas vezes têm recursos pediátricos limitados comparados a hospitais infantis, podendo não estar preparados para fornecer o suporte necessário, já que, a amostragem do estudo foi representativa das consultas pediátricas em pronto-socorros por problemas mentais, com apenas 1% ocorrendo em hospitais infantis, destacando que, diante tal situação, o financiamento contínuo é essencial aos Serviços Médicos de Emergência para Crianças, EMSC, um programa federal que oferece treinamento a hospitais não pediátricos no país sobre atendimento eficiente e eficaz a jovens no pronto-socorro. O estudo descobriu que os jovens com seguro público tinham maior probabilidade de permanecer no pronto-socorro por mais de 12 horas esperando por leito psiquiátrico, destacando desigualdades no acesso aos serviços de saúde mental com a pesquisa avaliando registros de 5,9 milhões de atendimentos de saúde mental em serviços de emergência por crianças de 5 a 17 anos em período de 4 anos estimando-se que 1,4 milhão dos atendimentos resultaram em internação ou transferência. A Dra. Hoffmann sugere soluções potenciais à aumentar o acesso dos jovens aos cuidados de saúde mental incluindo maior uso de telessaúde, serviços de saúde mental nas escolas e integração dos cuidados de saúde mental à atenção primária, além de mencionar as emergentes clínicas de atendimento de urgência psiquiátrica bem como prontos-socorros psiquiátricos autônomos que podem ajudar atender à crescente demanda por serviços mentais em crianças e adolescentes.

Ainda nos EUA, em relação a dependência de opioides, a sub-dosagem no tratamento pode levar à overdose de fentanil considerando que o risco de abandono do tratamento é significativo nos pacientes que normalmente enfrentam graves desafios, embora podem doar ou vender comprimidos extras, com pesquisas mostrando que os comprimidos obtidos ilegalmente são comumente usados ​​à auto-tratamento e na tentativa de controle da abstinência auxiliando o abandono do uso de opioides quando o tratamento não está disponível. O desafio na busca pela dose certa de tratamento torna-se mais agudo à médicos e pacientes decorrente popularização do fentanil nos EUA a partir de 2013, agora, dominando o fornecimento não regulamentado de opioides, 50 vezes mais potente que a heroína, o fentanil supera a capacidade de baixas doses de buprenorfina de neutralizar seus efeitos também conhecida pelo nome comercial Suboxone, mistura de buprenorfina e naloxona, medicamento opioide com a peculiaridade de ativar receptores opioides do cérebro e bloqueá-los parcialmente proporcionando efeitos opioides suficientes para prevenir sintomas de abstinência e a vontade de fumar, além de bloquear a recompensa da euforia aliviando dor como outros opioides mas não causando parada respiratória além de reduzir o risco de morte por overdose em 70% . A preocupação geral que doses muito altas possam ter efeitos tóxicos não isenta preocupação de pesquisadores e médicos que o uso de doses muito baixas em tratamentos pode causar danos incluindo morte de pacientes que retornam ao fentanil por conta da descoberta em relatos, já em 1999, de evidências que benefícios da buprenorfina aumentam gradualmente até 32 mgrs, daí, em doses mais altas, pacientes permanecem em tratamento por mais tempo usando opioides ilícitos com menos frequência, apresentando menos complicações como hepatite C, menos visitas ao pronto-socorro e hospitalizações além de sofrimento menor com dores crônicas, considerando que, exames de imagem cerebral mostram que a buprenorfina em doses de 32 mgrs ocupa mais receptores opioides, mais de 90% dos receptores em algumas regiões do cérebro comparada com doses mais baixas, sendo que estudo demostra que uma dose suficientemente alta de buprenorfina pode prevenir diretamente a overdose de fentanil. Por fim, na gravidez, sintomas de abstinência podem se intensificar decorrente alterações metabólicas que reduzem a concentração sanguínea da maioria dos medicamentos e, uma dose mais alta pode ser necessária para manter o nível de efeitos que apresentavam antes da gravidez, além disso, pacientes com dor crônica, transtorno de estresse pós-traumático, ou, uso prolongado de opioides, tinham maior probabilidade de encontrar alívio com uma dose acima de 24 mgrs.

Moral da Nota:  a combinação de dados de mapas desalinhados é desafio na pesquisa global sobre saúde e ambiente, sendo que o desenvolvimento de modelo de combinação de dados geográficos de saúde incompatíveis e desenvolvida para permitir integração rápida precisa de conjuntos de dados espacialmente desalinhados, aí, a previsão da poluição do ar e mapeamento de doenças. O estudo foi publicado na revista Stochastic Environmental Research and Risk Assessment, tratando-se de conjunto de dados que descrevem fatores socio-ambientais como prevalência de doenças e poluição, coletados em diversas escalas espaciais, variando de valores pontuais à locais específicos incluindo dados de área ou rede onde valores são agregados em regiões tão extensas quanto países e, mesclar esses conjuntos de dados geograficamente inconsistentes é desafio técnico difícil abraçado pela bioestatística Paula Moraga e o doutorando Hanan Alahmadi. Combinar dados espaciais disponíveis em diferentes resoluções como concentrações de poluentes medidas em estações de monitoramento e por satélites, com dados de saúde relatados em diferentes níveis de limites administrativos, segundo a Dra Moraga, serviu ao "desenvolvimento de métodos inovadores para analisar padrões geográficos e temporais de doenças quantificando fatores de risco e permitindo detecção precoce de surtos",  através de modelo de abordagem bayesiana usada para integrar conjuntos de dados espaciais que exploram por meio de um "passeio aleatório" com algoritmos decidindo o próximo passo com base no anterior até chegarem o mais próximo possível da distribuição alvo", no entanto, pode consumir tempo computacional levando pesquisadores usarem uma estrutura chamada Aproximação Integrada de Laplace Aninhada, INLA. Demonstraram o poder do modelo integrando dados pontuais e de área em estudos de caso relativos a prevalência da malária em Madagascar, poluição do ar no Reino Unido e risco de câncer de pulmão no Alabama, EUA, e, em todos, o modelo melhorou velocidade e precisão das previsões ao mesmo tempo que forneceu informações sobre importância de diferentes escalas espaciais. Os estudos mostraram que os dados pontuais desempenharam papel dominante, no entanto, a influência dos dados de área foi maior no estudo sobre poluição do ar devendo principalmente ao fato dos dados de área sobre poluição do ar terem resolução mais precisa que os tornou mais informativos e complementares aos dados pontuais, por fim, o projeto aborda necessidade de ferramentas de análise de dados que apoiem decisões em evidências de políticas de saúde e  ambiente, por exemplo, se as autoridades de saúde pública puderem avaliar rapidamente a prevalência de doenças, poderão trabalhar de modo mais eficaz para alocar recursos e intervir em áreas de alto risco. 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Relatório

O diretor-geral da OMS apresentou relatório aos delegados na Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, relativo ao tratado internacional sobre pandemias na busca por evitar repetição de erros da Covid na prevenção e controle, em discussão a 3 anos, com o texto“Tratado sobre Pandemias” aprovado na Assembleia Mundial da Saúde, prevendo acesso justo e igualitário à pesquisa sobre patógenos emergentes, ou, agentes infecciosos que podem culminar em surtos. O texto adotado na reunião anual dos países membros da OMS estabelece coordenação global precoce e eficaz para prevenir, detectar e responder a riscos de pandemia e, agir rapidamente, pós fracasso coletivo em lidar com a Covid-19 que matou milhões e devastou a economia global, o acordo é considerado sucesso pós negociações  difíceis em cenário de cortes no orçamento da OMS e contexto cada vez maior de crises. A resolução foi adotada no comitê por 124 votos a favor e nenhum contra e, entre os países que se abstiveram estão Irã, Israel, Rússia, Itália, Eslováquia e Polônia, com alguns Estados-membros manifestando reservas no comitê com a Eslováquia solicitando votação que poderia encerrar o consenso mantido até então, embora a retirada americana da OMS esteja prevista para entrar em vigor apenas em janeiro próximo, os EUA já haviam se retirado das negociações e não enviou delegado seguidos por argentinos e costa riquenhos e, conforme ressaltou o Le Monde, nada impede que venham aderir ao tratado no futuro. A embaixadora francesa à saúde global que co-presidiu as negociações disse que “a pandemia de Covid-19 foi lembrete que os vírus não conhecem fronteiras e nenhum país, por mais forte que seja, pode enfrentar sozinho uma crise de saúde global”, com o acordo buscando garantir acesso equitativo a produtos de saúde no caso de pandemia, questão central nas queixas dos países mais pobres na Covid-19 quando viram ricos acumulando doses de vacinas e outros testes. No centro do acordo está o mecanismo, “Acesso a Patógenos e Compartilhamento de Benefícios”, PBAS, projetado permitir “compartilhamento rápido e sistemático de informações sobre o surgimento de patógenos com potencial pandêmico” considerando paralisação das negociações em relação a vigilância de pandemias, compartilhamento de dados sobre patógenos emergentes e benefícios resultantes como vacinas, testes e tratamentos. Em caso de pandemia cada empresa farmacêutica que concordar em participar do mecanismo deverá fornecer à OMS “acesso rápido a 20% da produção em tempo real de vacinas, tratamentos e produtos de diagnóstico seguro”, dos quais um “mínimo de 10%” será doado e o restante “a preço acessível”.

O acordo fortalece vigilância multissetorial e abordagem de “saúde”, humana, animal e ambiental, “considerando que 60% das doenças emergentes são causadas por zoonoses, ou, patógenos transmitidos de animais à humanos, obviamente importante”, incentiva investimento em sistemas de saúde para que países tenham recursos humanos suficientes e autoridades regulatórias nacionais fortes, valendo dizer que por 3 anos o acordo sofreu oposição dos que acreditam que limitará a soberania dos Estados. O acordo ajuda países se protegerem contra pandemias, com dados da seguridade social francesa mostrando que além de não trazer riscos à saúde, a dupla vacinação incitou realização de doses de reforço, muitas vezes deixadas de lado por falta de tempo e, apesar do incentivo de saúde na França propondo 2 vacinas gratuitas à boa parte da população, a taxa de cobertura é baixa. Outra questão é que 5 anos pós pandemia, a OMS pede à China mais dados para entender a origem considerando que o SARS-CoV-2 deixou 7 milhões de mortos, se tornando banal apesar dos riscos que o envolvem, aos poucos revelados pela Ciência, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores esclarecendo que o governo chinês compartilhou informações sobre a Covid-19 "sem restrições", pós pedido feito pela OMS para "entender as origens da doença", compartilhando ainda “experiência em prevenção, controle e tratamento, contribuindo à comunidade internacional no combate à pandemia". A OMS lembrou acontecimentos de 31 de dezembro de 2019, quando apareceu na China via "pneumonia viral" em Wuhan, pós declaração das autoridades de saúde locais e, "nas semanas, meses e anos seguintes, a Covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo", com a vida voltando ao normal pós surgimento das vacinas a base de RNA mensageiro, em 2021 que demorou ser democratizado, já que países mais ricos fecharam contratos bilionários para garantir suas doses. A conclusão do relatório feito em conjunto com autoridades chinesas é que a transmissão do vírus teria ocorrido do animal ao homem, possivelmente em uma feira e, desde então, representantes da OMS não puderam retornar à China e solicitam com frequência dados adicionais, com estudo publicado na revista científica americana Cell mostrando que cães-guaxinim e civetas estão entre espécies com maior probabilidade de terem servido como hospedeiros do SARS-CoV-2.

Moral da Nota: políticas do atual governo norte americano afetando a ciência com potenciais consequências à inovação e pesquisa, já que, desde a explosão tecnológica do século XX, os EUA mantêm posição como líder em ciência e inovação, status resultante de décadas de investimento público sustentado em pesquisa e desenvolvimento através de agências federais como o NIH, National Institutes of Health, o NSF, National Science Foundation e a NASA, National Aeronautics and Space Administration. A chegada do atual governo lança incerteza sobre o futuro dessa hegemonia científica, colocando em risco instituições, pesquisadores e ecossistema científico já que as medidas adotadas representaram golpe à comunidade científica com cortes no orçamento, demissões e cancelamento de programas de pesquisa, ações, que afetam a comunidade científica nos EUA com repercussões globais dado laços e colaborações internacionais em ciência e tecnologia. O atual governo dos EUA implementou reduções de pessoal em agências científicas federais interrompendo projetos e ensaios clínicos em câncer, Alzheimer e prevenção do HIV com mais de mil bolsas de pesquisa canceladas, dominó afetando universidades e centros de pesquisa, bolsas que financiam projetos formando base aos avanços e desenvolvimento tecnológico que caracterizam os EUA. Para 2026 prevê cortes reduzindo quase metade do financiamento da NASA e queda de 40% no financiamento do NIH,  retrocesso que mina a competitividade científica e tecnológica nacional, além de políticas rígidas de imigração com estudantes e pesquisadores estrangeiros em centros de detenção ou dificultando a entrada no país, desestimulando  chegada de talentos, pilar do sistema científico norte americano, desmantelando instituições essenciais à pesquisa. A ciência norte americana, do GPS à tecnologia médica e computação, contribui ao progresso tecnológico, economia e segurança nacional, diante isso, membros da comunidade científica nacional expressaram preocupação e rejeição as políticas implementadas com quase 1.900 membros das Academias Nacionais publicando carta aberta alertando sobre danos que os cortes estão causando, caminho radical e perigoso. Mudanças climáticas, saúde pública e tecnologia médica enfrentam desafios críticos, em risco devido ao declínio no financiamento e apoio federal com cancelamento de projetos em pesquisa de doenças ou modelagem climática repercutindo na capacidade nacional de responder emergências e melhorar a qualidade de vida do cidadão. A combinação de cortes orçamentários severos, demissões em massa, restrições de imigração e tensões com a academia, desafia a continuidade de modelo que por décadas promoveu ecossistema científico vibrante capaz de gerar inovação global.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

A ciência do Acreditar

A exploração de processos envolvidos na formação, armazenamento e atualização de crenças combinando filosofia, psicologia e neurociência é tentativa de compreensão de como as crenças moldam a percepção e o comportamento desempenhando papel na qualidade de vida e influenciando como interpretamos o mundo, tomamos decisões e atuamos. Entender como são formadas, armazenadas e atualizadas melhoram o bem-estar além de desenvolver visão crítica e consciente da realidade em que ciência atua baseada em estudos filosóficos, psicológicos e neurocientíficos, nos mostrando que o processo de crença é complexo e menos racional que imaginamos intuitivamente ao contrário do conceito de agentes racionais capazes de analisar imparcialmente qualquer proposição antes de aceitá-la ou rejeitá-la, além de evidências mostrando que as crenças são automaticamente aceitas quando apresentadas e sua rejeição é processo ativo e vulnerável a interferências. Daí, a visão cartesiana tradicional da formação de crenças propondo perspectiva alinhada a teoria de Spinoza, proposta como aceitação automática e passiva seguida de possível recusa, requer esforço cognitivo, por exemplo, crenças influenciando processos quanto a resposta a medicamentos, caso do fentanil, analgésico sintético com estudos indicando que sua eficácia pode ser dobrada ou anulada dependendo da crença do paciente sobre a natureza da recepção do medicamento, caso o paciente creia que está tomando medicamento para reduzir dor o efeito é amplificado, quer dizer, se achamos que é algo que aumenta a sensibilidade à dor, o efeito desaparece mostrando que crenças interagem com o aparato neural afetando resultados biológicos com repercussões clínicas relevantes. No entanto, estudos da relação entre crenças e circuitos de recompensa no cérebro mostram que percepções que recebemos podem moldar a ativação de regiões como o estriado ventral, crucial na regulação da dopamina e experiência do prazer, com experimentos em fumantes na crença  que estão fumando um cigarro contendo nicotina pode desencadear resposta cerebral semelhante à de realmente receber a substância ao passo que a crença que estão fumando um cigarro sem nicotina suprime tal ativação mesmo que a nicotina esteja presente, fenômeno replicado em usuários de cocaína e álcool, confirmando como as crenças influenciam a experiência subjetiva e a neuroquímica. Evidências nos ensinam sobre a perseverança das crenças mesmo quando refutam informações aceitas tendendo manter a crença inicial ou seus efeitos derivados, por exemplo, a recepção de feedback falso sobre o desempenho em determinada tarefa continuou influenciar a autoavaliação mesmo após informação de incorreção, sugerindo que, uma vez a crença aceita sua influência persiste mesmo quando a falsidade é reconhecida. O modo como atualizamos as crenças nem sempre segue o raciocínio bayesiano que esperaria integração adequada de novas evidências com opiniões anteriores já que tendemos exibir preconceitos que favorecem perseverança e polarização especialmente quando ligadas à identidade pessoal, mecanismo conhecido como sistema imunológico psicológico, que protege o senso de identidade de informações dissonante gerando rejeição ou reinterpretação de evidências que ameaçam crenças fundamentais, explicando porque, em certos casos, mesmo decorrente informações contrárias a crença prévia é aceita, sua força pode até aumentar, levando a implicações em debates sociais e conflitos ideológicos pois revelam dificuldade de chegar a consenso ou modificar crenças enraizadas na identidade. Em suma, o efeito da verdade ilusória nos mostra que a exposição repetida a determinada proposição aumenta a probabilidade de aceitação como verdadeira, mesmo quando contrária ao conhecimento prévio

Neste ecossistema, estudo revela como IA pode transformar recuperação pós-cirúrgica de paciente no gerenciamento a dor, ansiedade e resultados psicológicos nas complicações pós cirúrgicas, à medida que sistemas de saúde buscam  fornecer cuidados pós-operatórios personalizados em escala com estratégias IA podendo revolucionar recuperação em ambientes de saúde. A revisão “Abordagens baseadas em IA, para gerenciar dor pós-operatória, ansiedade e resultados psicológicos em pacientes cirúrgicos”, os autores analisam como IA é usada para prever dor, identificar pacientes em risco de sofrimento psicológico e fornecer intervenções personalizadas que melhoram resultados pós-cirúrgicos. Mais de 300 milhões de cirurgias de grande porte são realizadas anualmente no mundo com 80% dos pacientes apresentando dor pós-operatória e um terço relatando ansiedade, depressão ou demais sintomas de saúde mental, complicações associadas a internações hospitalares prolongadas, aumento do uso de opioides e bilhões de dólares em custos adicionais gerando ônus global ultrapassando US$ 60 bilhões anuais. A revisão destaca como modelos IA, de algoritmos de aprendizado de máquina a sistemas integrados a dispositivos vestíveis, rastreiam sinais vitais do paciente, interpretam indicadores emocionais e personalizam planos de recuperação em tempo real, sistemas, que ajudam médicos decidir sobre manejo da dor e suporte psicológico prevenindo complicações. Especialistas em recuperação cirúrgica e integração IA do Grupo de Hospitais Parirenyatwa,  Zimbábue, no Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição, México, e Mangunkusumo, Indonésia, enfatizam necessidade de soluções inteligentes escaláveis ​​e equitativas no cuidado pós-operatório reforçando relevância em esforços internacionais visando preencher lacunas no cuidado cirúrgico via tecnologia. A revisão identifica desafios incluindo padronização de dados, governança ética e necessidade de algoritmos transparentes validados no mundo real, além de incentivo a colaboração internacional na integração IA a fluxos de trabalho clínicos escalando soluções.

Moral da Nota:  o curta metragem produzido com a Comissão de Mudanças Climáticas da Liga Internacional Contra a Epilepsia, ILAE, Future Neuro Research Ireland Centre e RCSI University of Medicine and Health Sciences, lança luz sobre necessidade urgente de abordar impacto das mudanças climáticas na saúde cerebral pedindo ações na abordagem de riscos do aumento das temperaturas às pessoas que vivem com condições neurológicas como epilepsia, esclerose múltipla e demência. Com a participação de especialistas, Professor David Henshall, Diretor da FutureNeuro e Professor de Fisiologia Molecular e Neurociência no RCSI, amplifica vozes com condições neurológicas que compartilham experiências em lidar com mudanças climáticas decorrente alterações de longo prazo das temperaturas e implicações à saúde afetando 3 bilhões de pessoas com doenças neurológicas. Pesquisas indicam que o aumento da temperatura pode aumentar frequência de convulsões, exacerbar sintomas e prejudicar função cerebral em doentes sensíveis à temperatura como a síndrome de Dravet, epilepsia infantil causada por mutações no gene SCN1A, com Sanjay Sisodiya, Professor de Neurologia da UCL e Presidente da Comissão de Mudanças Climáticas da ILAE, dizendo que o  "cérebro é fundamental à resposta aos desafios ambientais e partes do cérebro são sensíveis à temperatura e, como resultado, se já estiver afetado por doença pode estar mais vulnerável a desafios dos efeitos do clima e, à medida pioram, é essencial atenção aos efeitos em pessoas com problemas neurológicos." Aprofundam compreensão da conexão cérebro-clima, ainda em lacunas críticas, com ferramentas  de imagem para rastrear flutuações da temperatura cerebral e examinar como estresse térmico impacta atividade neural, além de modelos preditivos IA identificando populações em risco moldando intervenções direcionadas com David Henshall nos esclarecendo que "tecnologias de imagem e genética permitem aprender sobre sistemas de controle de temperatura do cérebro e como é alterado em condições como epilepsia e, a compreensão dos mecanismos abre caminho à tratamentos ou estratégias reduzindo impacto do calor no risco de convulsões". A Comissão de Mudanças Climáticas da ILAE lidera iniciativas em promover sustentabilidade na pesquisa neurológica defendendo reformas políticas e colaborando com organizações globais de saúde, além de iniciativas do Green Labs na Irlanda, incluindo as do RCSI, trabalhando na redução da pegada ambiental da pesquisa em neurociência minimizando desperdício de plásticos e consumo de energia. A mensagem do filme é que tudo está conectado e todos têm papel a desempenhar e, ao conscientizar, impulsiona mudanças políticas e promove pesquisas garantindo que os que vivem com doenças neurológicas não sejam deixados para trás na luta contra mudanças no clima.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Pesticidas

Presença alarmante de pesticidas nas casas europeias é o que nos mostra estudo realizado em 2021 em residências  de 10 países revelando a presença de 197 pesticidas no total, quase 200 pesticidas em amostras de pó recolhidas com cientistas pedindo avaliação mais rigorosa dos riscos combinados destes produtos incluindo os chamados PFAS, “químicos eternos”. Os responsáveis pelo estudo defendem que reguladores deveriam considerar  “cocktails tóxicos” de substâncias químicas quando decidir sobre proibições ou restrições, sublinhando que a avaliação de riscos deve levar em conta efeitos individuais dos pesticidas e a forma como interagem entre si, abordagem que deve aplicar-se a substâncias em uso como às que aguardam aprovação, quer dizer, os efeitos tóxicos e exposição elevada estão associados a doenças graves como câncer e perturbações do sistema endócrino. Vale dizer que o número de pesticidas variou entre 25 e 121 por casa, com níveis mais elevados registrados em habitações de agricultores com o professor Paul Scheepers do Instituto Radboud de Ciências Biológicas e Ambientais, Países Baixos, nos avisando que “existem muitos estudos epidemiológicos demonstrando existência de doenças associadas a misturas de pesticidas” tendo como fontes de contaminação, sapatos, animais e produtos de consumo e, segundo investigadores, pesticidas chegam às casas através de vias diversas e, “se não tirarmos os sapatos à porta, certamente traremos contaminantes do exterior ao interior e os ingerimos de alguma forma com os animais de estimação também como fonte importante de contaminação”. Produtos domésticos que contêm pesticidas como tratamentos contra pulgas, frutas, legumes e flores adquiridos em lojas são fontes adicionais de exposição e, apesar das baixas concentrações individuais encontradas, cientistas alertam que a combinação de produtos químicos pode representar risco à saúde com o estudo detectando resíduos de DDT, pesticida proibido em vários países desde 1972 e, para Scheepers, este dado reforça necessidade de avaliar a persistência ambiental das substâncias químicas enquanto os “PFAS, permanecerão no ambiente por décadas, mesmo  proibidos agora”, alertando o cientista.

Os PFAS, poluentes quimicos eternos, ou, substância per- e polifluoroalquiladas, são compostos químicos sintéticos caracterizados pela extrema persistência no ambiente e organismo humano usados em produtos de consumo e processos industriais associados a doenças como câncer, disfunções hormonais e problemas no sistema imunitário. Dentre alguns exemplos de PFAS e compostos relacionados estão o ácido perfluorooctanoico, PFOA, usado em  tecidos impermeáveis, antiaderentes e espumas de combate a incêndios, ácido perfluorooctano sulfonico, PFOS, usado em espumas de combate a incêndios e produtos de impermeabilização como carpetes e tecidos, PFHxS perfluorohexano sulfonato, encontrado em produtos de impermeabilização como roupas e tecidos além de espumas contra incêndios, ácido perfluorobutanoico, PFBA, usado no fabrico de produtos que resistem à água, óleo e manchas, ácido perfluoropropano sulfonato, PFPS, utilizado em espumas de combate a incêndios e produtos de proteção à tecidos, perfluorotridecano, PFTrDA, usado em produtos que requerem repelência à água e óleo como roupas impermeáveis, ácido perfluorooctanoic, PFNA, encontrado em espumas de combate a incêndios e produtos químicos industriais, perfluorociclohexano, PFCAs, grupo de compostos usados em antiaderentes e repelentes de manchas, genX substituto ao PFOA utilizado na produção de plásticos e produtos industriais, perfluorotetradecano, PFTeDA, usado em revestimentos industriais e produtos de consumo, perfluorohexanoico, PFHxA, usado em espumas de combate a incêndios encontrado em produtos de consumo como roupas impermeáveis, vale dizer que, além dos PFAS, existem substâncias químicas consideradas persistentes e problemáticas mas o grupo dos PFAS é o mais discutido como “químico eterno”. A UE intensifica esforços para controlar os "químicos eternos" em particular os PFAS devido sua persistência ambiental e potenciais riscos à saúde humana e, ​em fevereiro de 2023, a Agência Europeia dos Produtos Químicos, ECHA, em colaboração com a Dinamarca, Alemanha, Países Baixos, Noruega e Suécia, apresentou proposta para restringir 10 mil PFAS buscando limitar o fabrico, comercialização e uso na União Europeia com o objetivo de reduzir emissões além de exposição humana e ambiental, já a Comissão Europeia adotou medidas específicas ao abrigo do regulamento Reach, Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals,  para restringir uso de subgrupos de PFAS como o PFHxA e substâncias relacionadas decorrente elevada persistência e mobilidade na água com riscos à saúde humana e ambiente. ​Quanto aos pesticidas, a Comissão Europeia busca implementar programas de controle coordenado para monitorar resíduos de pesticidas em alimentos vegetais e animais, avaliando exposição dos consumidores aos resíduos, programas que visam garantir cumprimento dos limites máximos estabelecidos e proteção da saúde pública considerando que a Comissão Europeia pretendia rever o regulamento Reachem 2022 para torná-lo mais rígido e reduzir riscos ambientais e à saúde com a presidente da Comissão prometendo “simplificar o Reach” e clarificar a legislação sobre “poluentes eternos”.

Moral da Nota:  incêndios de Eaton e Palisades, Califórnia, liberaram materiais perigosos enquanto as chamas consumiam casas antigas com tinta contendo chumbo e amianto, armários de cozinha com soluções de limpeza, carros, micro-ondas e outros dispositivos eletrônicos com metais pesados e, após os incêndios, autoridades federais romperam com a tradição de testar o solo em áreas de queimadas para determinar se e quando é seguro às pessoas voltarem para casa. Testes conduzidos pelo Los Angeles Times revelaram arsênio, chumbo e mercúrio excedendo padrões de segurança em propriedades na área queimada incluindo terrenos marcados como limpos por autoridades federais do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, além de repórteres do The Times se espalhando por Altadena e Pacific Palisades coletando solo de 20 propriedades limpas pelo Corpo de Bombeiros do Exército bem como 20 casas que sobreviveram aos incêndios, cuidadosamente coletadas, armazenadas e transportadas à BSK Associates, laboratório certificado pelo estado em Fresno e serem testadas à 17 metais tóxicos. Daí, o estado utiliza metas de limpeza baseadas em saúde para identificar concentrações perigosas desses metais como medidas em miligramas de contaminante por kg de solo que os trabalhadores de recuperação devem remediar já que números fornecidos pelas agências estaduais e federais de proteção ambiental se baseiam no risco de exposição ou probabilidade de um contaminante do solo entrar no corpo através da pele, inalação ou ingestão e no risco de efeitos negativos à saúde decorrentes dessa exposição. Dentre os mais comuns destacam o arsênio, As, elemento encontrado no solo, água, ar tintas, pesticidas e bactérias, amplamente utilizado em madeira tratada à estruturas externas, como decks, galpões e mesas de piquenique, embora não mais recomendada, conhecido cancerígeno, a ingestão de altos níveis de arsênio pode ser fatal, a exposição a níveis mais baixos pode causar náuseas, vômitos, queda da produção de glóbulos vermelhos e brancos, ritmo cardíaco anormal, danos aos vasos sanguíneos sendo que se liga às cinzas e fuligem de incêndios florestais, atualmente problema na água em Bengladesh e plantio de arroz. O chumbo é metal pesado encontrado em baterias de automóveis, eletrônicos, cerâmica, encanamentos e etc, usado na gasolina e tinta e, quando liberado no ar, pode viajar distâncias antes de se depositar no solo onde adere as partículas podendo se mover nas águas subterrâneas e, se inalado ou ingerido, pode causar danos cerebrais permanentes em crianças bem como atraso no desenvolvimento e problemas comportamentais, em adultos, a exposição ao chumbo é associada a problemas renais, cardiovasculares e reprodutivos e, mulheres grávidas, em particular, devem evitá-lo pois a exposição pode prejudicar o feto em desenvolvimento. O mercúrio, Hg, é metal pesado utilizado em termômetros e dispositivos médicos embora seja metal atua como líquido à temperatura ambiente constituindo-se em neurotoxina podendo causar tremores, insônia, alterações emocionais, dores de cabeça, baixa da função mental, insuficiência respiratória,  efeitos renais e morte, dependendo da quantidade e forma de exposição. Tanto a EPA dos EUA quanto o Departamento de Controle de Substâncias Tóxicas da Califórnia consideram riscos de desenvolver câncer e sofrer outros efeitos adversos à saúde decorrente exposição prolongada a metais ao determinar “níveis seguros” no solo residencial, ao passo que concentrações perigosas se baseiam na probabilidade do contaminante entrar no corpo através da pele, inalação ou ingestão bem como risco de efeitos negativos à saúde decorrentes dessa exposição.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Epicentro

Mudou do noroeste ao leste dos EUA o epicentro da epidemia de opioides com pesquisadores identificando pontos  em overdoses fatais que permitiram rastrear a disseminação entre 2005 e 2020, que matou 665.341 pessoas neste período e mudou geograficamente, conforme análise geográfica. O estudo publicado no The Lancet Regional Health, America mostra que epidemiologistas da Universidade de Cincinnati rastrearam o epicentro da epidemia no pais ao longo do espaço e tempo, impulsionada em parte pela mudança de opiáceos prescritos para heroína e substâncias sintéticas como o fentanil, esclarecendo que a mudança geográfica pode ser reduzida entre 2013 e 2016 à medida que legisladores implementaram regulamentações mais rígidas limitando acesso aos opioides e as autoridades iniciaram  processos médicos por supostamente prescrevê-los de forma irresponsável. O professor Diego Cuadros da Faculdade de Artes e Ciências da UC diz que a "mensagem principal é uma epidemia em evolução" e, a ausência de solução legal, fez com que pacientes com transtorno por uso de substâncias buscassem drogas ilícitas como heroína e fentanil, considerando que pesquisadores do Laboratório de Epidemiologia Digital da UC descobriram que populações afetadas pelo transtorno por uso de substâncias mudaram ao longo da epidemia mortal, de populações homogeneamente brancas à populações que incluem vítimas negras, daí, a substância de escolha mudar de opioides prescritos à heroína e, agora, opioides sintéticos, concluindo que, "entre 2013 e 2016, comunidades negras começaram a acessar  opiáceos sintéticos principalmente pelo fentanil". Já, overdoses de drogas, principal causa de morte entre americanos de 18 a 44 anos, dados, dos Centros de Controle e Prevenção de Doença que forneceram estatísticas de mortalidade ao estudo, com o principal autor e graduado pela UC, Santiago Escobar, dizendo que, "os resultados sugerem que populações vulneráveis ​​à mortalidade por transtornos por uso de substâncias não se mantiveram estáveis ​​ao longo do tempo", concluindo que, "à medida que a dinâmica de oferta e demanda evolui, o mesmo ocorre com populações vulneráveis", dizendo que, "o tipo de substância, bem como meios utilizados para acessá-la, foram determinantes às populações que sofreram maior mortalidade." Em 2018, a pesquisa identificou pontos onde a epidemia tinha efeito desproporcional em Ohio e, posteriormente, identificou tendências semelhantes no país em 2021 usando dados de condados encontrando 25 grupos onde as taxas de overdoses fatais por drogas eram mais altas, daí, concluiu que "epidemias como HIV, estão estáveis, no caso da COVID, o surgimento de variantes como a delta e a ômicron" tiveram efeito desproporcional nos casos de infecções e mortes nos EUA, concluindo que, "temos situação semelhante aqui com o transtorno por uso de substâncias, estamos enfrentando uma epidemia complexa e dinâmica que evolui com o tempo." Por fim, a pesquisa avisa que uma intervenção potencial seria a realização de testes de rotina em substâncias ilícitas para determinar se foram adulteradas com opioides sintéticos potencialmente fatais, além de alertar usuários locais sobre riscos observados, reconhecendo os desafios legais que isso representaria.

Dados de análise que inclui informações de 215 países e compilados na "Global Electricity Review 2025", nos avisa que através da energia solar, 40% da eletricidade global é limpa e, entender a magnitude da conquista, nos leva a vida cotidiana, ou, se ligássemos 10 eletrodomésticos, 4 deles funcionariam somente com energia solar, eólica, hidrelétrica ou nuclear, sendo que, tal mudança decorre do crescimento da energia solar apoiado por avanços na geração eólica e recuperação da energia hidrelétrica incluindo contribuição de energia nuclear, embora em menor extensão. O relatório informa que a China atenderá 81% da demanda de eletricidade a partir de fontes renováveis ​​até 2024, enquanto isso, a UE atingiu 71% tornando-se o bloco que mais reduziu globalmente o uso de carvão, não significando que ambos os territórios abandonaram completamente os combustíveis fósseis mas demonstrando mudança de prioridades nas políticas energéticas, quer dizer, na prática, esses países instalaram quantidades de painéis solares e turbinas eólicas, muitos deles de última geração, já em operação e, somente a China, gerou mais energia solar em 2024 que vários países europeus juntos. A fonte de energia campeã de 2024 sem dúvida foi a solar cuja geração cresceu 29% em relação a 2024, maior aumento em 6 anos, atingindo 2.131 TWh, terawatts-hora, em perspectiva, com essa quantia abasteceríamos mais de 400 milhões de domicílios médios por um ano, sendo que EUA e China foram os principais impulsionadores do progresso, enquanto a UE contribuiu com crescimento de 21% na energia solar, neste contexto, pela primeira vez na história a energia solar ultrapassou o carvão na geração de eletricidade europeia com 2024 como o 20º ano consecutivo que a energia solar liderou o crescimento entre todas as fontes. Já a energia eólica teve crescimento mais moderado, 7,9% a mais que em 2023, atingindo recorde de 2.494 TWh  equivalente a 8,1% da matriz elétrica global e, desde 2015, triplicou presença global embora o ritmo tenha diminuído em 2024 decorrente condições climáticas, especialmente na China e, mesmo assim, a instalação de turbinas gigantes compensou parte dessa perda, nos EUA, a combinação de energia solar e eólica ultrapassou o carvão pela primeira vez como fonte de geração de eletricidade ao produzir 757 TWh por meio das tecnologias limpas, 3 vezes mais que em 2015, no entanto, o gás natural continua predominante respondendo por 43% da geração total de eletricidade, com os EUA respondendo ​​por mais da metade do crescimento global no uso de gás até 2024, apesar disso, o aumento de 64 TWh na energia solar foi o maior aumento anual até o momento. Destaca a Índia, ultrapassando a Alemanha como 3ª maior geradora de energia solar e eólica do mundo, entre 2019 e 2024, a geração de energia limpa quase dobrou chegando a 215 TWh e, em 2024, a geração solar cresceu 18% no país com aumento de 20 TWh, mais que o Reino Unido produziu em 2024, no entanto, dependente com força do carvão cuja geração quase dobrou desde 2012, atingindo 1.534 TWh, tornando-se o 3º maior emissor no setor energético. O relatório conclui que as ondas de calor responderam ​​por aumento, 1,4%, no uso de combustíveis fósseis em 2024, considerando que altas temperaturas estimularam demanda de eletricidade decorrente uso intensivo de sistemas de resfriamento forçando países recorrer ao gás ou carvão, entretanto, se eliminássemos tal efeito climático específico a geração limpa teria coberto 96% do aumento da demanda global de eletricidade, número, sugerindo que estamos próximos de um estágio em que fontes limpas não apenas acompanham crescimento da demanda, mas começam reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

Moral da Nota: o monitor da UE avisa que março de 2025 foi o mais quente já registrado na Europa e o 2º mais quente no mundo, que a temperatura média global foi de 14,06 °C, ou,1,60 °C acima do nível pré-industrial, dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, C3S da UE, tendo sido o 20º mês nos últimos 21 meses que a temperatura média global na superfície ultrapassou 1,5 °C, com a Europa como o continente que mais aquece, permanecendo acima da média com temperatura média em 6,03°C, ou, 2,41°C acima da média de março de 1991-2020. O relatório da World Weather Attribution avisa que as mudanças climáticas deixaram a onda de calor na Ásia Central até 10°C mais quente, com temperaturas subindo em fins de março à quase 30°C no Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão e Quirguistão, ou, até 15°C acima da média sazonal, concluindo que as mudanças climáticas responderam ​​por 4°C desse aquecimento no período de 5 dias, alertando que, "provavelmente" é  subestimação, já que modelos não levam em conta aumento anormalmente rápido da temperatura na região em março que está esquentando "mais rápido" comparada com qualquer outro mês. por fim, os EUA abandonaram negociações globais para descarbonizar o setor de transporte marítimo e ameaçaram retribuir quaisquer taxas que os navios americanos pudessem incorrer, o que não impediu acordo da OMM impondo taxas de carbono ao setor marítimo, obrigando empresas de transporte marítimo pagar pelo CO2 produzido pelos navios, de acordo com novas regras do órgão de fiscalização marítima mundial. Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes Unidos se opuseram às regras, mas a maioria dos países da OMI aprovou acordo a partir de 2028 à taxa sobre emissões de gases efeito estufa, que aumentará a partir de determinado limite, e  poderão negociar créditos de carbono entre si, prevendo-se que a medida arrecade US$ 10 bilhões/ano, inferior aos US$ 60 bilhões anuais esperados com um imposto direto sobre o carbono, sendo que a receita deverá ser usada no setor de transporte marítimo para ajudar introduzir tecnologias mais limpas em vez de desviada à países vulneráveis ​​que sofrem efeitos de condições climáticas extremas, como seria o caso de um imposto. Estimativa da Umas, consultoria de transporte marítimo comercial, diz que as reduções de emissões serão modestas, ou, 8% até 2030, valor abaixo da redução de 20% exigida pela estratégia climática da OMI, definida em 2023, com China, Brasil e outras economias emergentes se opondo ao imposto, mas, votando a favor do compromisso de comércio de carbono.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Conceito

A investigação post-mortem fornece sobre lesões no cérebro, informações finais e definitivas, estáticas, no entanto, biomarcadores permitem monitoramento dinâmico in vivo de alterações patológicas informando sobre relações com início e progressão dos sintomas, daí, concluir que, alinhados com definição histórica, Doença de Alzheimer é entidade clinicopatológica que deve ser desemaranhada de alterações patológicas de Alzheimer, frequentemente observadas em cérebros post-mortem de indivíduos idosos que morreram sem declínio cognitivo ou funcional. Lesões de natureza patológica diversas são observadas post-mortem devido prevalência de comorbidades e sinergia entre patologia, combinações de agregados de α-sinucleína, corpos de Lewy, agregados insolúveis de proteína de ligação ao DNA TAR 43, TDP-43, tauopatias não-DA e patologias vasculares existentes com amiloidopatia e tauopatia de DA, portanto, mais a norma que exceção em estudos patológicos esporádicos. Critérios levam à conclusão que o desenvolvimento de biomarcadores emergentes de copatologias, por exemplo, α-sinucleína, TDP-43 e outros, poderão resultar no diagnóstico de mais doenças neurodegenerativas em pacientes cognitivamente normais, como norma, embora diagnósticos múltiplos sejam comuns em adultos mais velhos, levou décadas para demonstrar abordagem baseada em comorbidade versus abordagem aditiva de doença única, agora aceita como condição clínica válida, portanto, biomarcadores sozinhos devem permanecer marcadores de processos patológicos e não marcadores de doença específica, além disso, a contribuição dos biomarcadores no ambiente clínico depende do contexto de uso e, mais importante, diferir entre avaliação de indivíduos com e sem comprometimento cognitivo.

Capacidade financeira, CF, é a habilidade de administrar finanças de forma independente de modo consistente com o interesse próprio em que domínios cognitivos, sintomas neuropsiquiátricos e transições de cognição normal, CN, à comprometimento cognitivo leve, MCI, ou doença de Alzheimer, DA, com análise secundária da população da Alzheimer's Disease Neuroimaging Initiative, ADNI, usando o Financial Capacity Instrument short form, FCI-SF,  compreendendo ampla gama de habilidades conceituais, pragmáticas e de julgamento, variando de habilidades básicas como contar moedas e priorizar notas, habilidades mais complexas como usar conhecimento conceitual financeiro e tomada de decisão de investimento na vida cotidiana, sendo que declínios em uma ou ambas as habilidades são observados pela primeira vez em indivíduos com DCL com piora progressiva dos aspectos da CF na transição à demência enquanto essas relações longitudinais se inserem em 2 modelos, um de efeitos aleatórios, intercepto aleatório, “tempo médio” e um modelo de “tempo desde a visita anterior” onde regride cada uma das pontuações financeiras componentes em pontuações compostas cognitivas.  874 participantes foram incluídos nas análises e, em relação aos modelos de visita anteriores, descobriu-se que pontuações compostas mais baixas de função executiva estavam relacionadas ao declínio na pontuação do talão de cheques complexo e no tempo total de conclusão havendo interação multifacetada entre cognição mais pobre e função financeira cotidiana, onde função executiva, memória e cognição visuoespacial estão relacionadas destacando declínio na capacidade financeira, CF, observado na transição à demência e aumentando risco de resultados negativos, função executiva, memória e cognição visuoespacial relacionadas à CF, o preditor mais forte da conversão de normal para comprometimento cognitivo leve, CCL, ou doença de Alzheimer, DA,  é o tempo de conclusão ou a velocidade de processamento. Estima-se que 6,2 milhões de americanos tenham doença de Alzheimer, DA, número que deve crescer à 13,8 milhões até meados do século cujo comprometimento na execução de tarefas cotidianas, como dirigir, viajar, cozinhar, administrar medicamentos e assuntos financeiros, coletivamente chamados de atividades instrumentais da vida diária, AIVDs, é critério diagnóstico essencial à demência, ao lado do declínio cognitivo, além disso, o declínio funcional tem influência na progressão e conversão de formas leves de comprometimento cognitivo, MCI, à demência especificamente, a capacidade prejudicada de tomar decisões financeiras afetando desproporcionalmente indivíduos mais velhos, muitos dos quais apresentando declínio cognitivo. A tomada de decisão financeira prejudicada expõe idosos a risco de exploração e responde por 30% dos relatórios de abuso de idosos e, em 2010, idosos vítimas de abuso financeiro perderam nos EUA US$ 2,9 bilhões com alguns relatórios chegando a US$ 30 bilhões, incluindo perdas alegadas de dinheiro e bens para empresas legítimas, golpes e familiares e amigos, perdas indiretas por meio de fraude de seguro médico, com incapacidade de administrar finanças como um dos preditores mais fortes da sobrecarga do cuidador, onde as únicas intervenções disponíveis envolvem a execução de mecanismos legais, tutela, curatela, que restringem a função financeira independente, sendo a função financeira área de preocupação com saúde pública, conforme revisado pelo Institute of Medicine que patrocinou iniciativa com a Social Security Administration focada em idosos na função financeira e seus beneficiários. Correlatos cognitivos de FC prejudicada, em MCI, foram associados ao controle executivo e cálculo numérico, especificamente, subdomínios de controle executivo, atenção seletiva, automonitoramento e memória de trabalho, fortemente correlacionados com FC, além disso, a perda de funções executivas responde pela maior proporção de variância da capacidade funcional cotidiana, com estudos incluindo  trabalho anterior mostrando associações específicas entre funções executivas, memória e velocidade psicomotora e FC, sugerindo interação multifacetada entre cognição e função cotidiana, de forma relacionada, a incidência de sintomas de humor e comportamento em MCI e DA demonstrou estar associada ao comprometimento da função cognitiva e executiva, bem como ao declínio de AIVD. Sintomas neuropsiquiátricos, NPS, como depressão, ansiedade e apatia, é quase universal, 80%–90%, na DA e fases prodrômicas, como no DCL, síndromes que afetam desempenho cognitivo, incluindo funções executivas, e demonstraram afetar a FC em pacientes com depressão tardia, demência vascular e doença de Parkinson, além disso, aumento da depressão demonstrou afetar a FC em estudos transversais de adultos mais velhos descobrindo que mais que o dobro de adultos mais velhos com depressão grave em relação a adultos mais velhos não deprimidos demonstraram dificuldade em testes de FC baseados em desempenho com  déficits de controle executivo prevendo diagnóstico subsequente de demência em adultos mais velhos deprimidos sendo que o controle executivo sozinho, no entanto, pode não ser suficiente para explicar associação entre depressão e FC. 

Moral da Nota: considerar sobre se pessoas cognitivamente normais com biomarcadores positivos à patologia de Alzheimer devem ser rotuladas como assintomáticas em risco ou já afetadas por DA não é apenas semântica, porque por trás dos diferentes conceitos e diferenças semânticas estão diferentes estratégias de gerenciamento, havendo necessidade de adquirir conhecimento detalhado e personalizado de risco e ser capaz de comunicá-lo efetivamente na prática clínica. A narrativa da divulgação e modo como resultados são comunicados têm impacto na experiência do paciente e envolvem esclarecer que o estado amiloide não é igual a DA, não havendo benefício em dar diagnóstico de DA à aqueles cognitivamente normais e biomarcadores positivos com chance de não desenvolver comprometimento cognitivo na vida, daí, consequências psicológicas e sociais resultantes de diagnostico de DA e nunca desenvolver sintomas podem ser consequentes, além disso, há inclinação maior para depender de um biomarcador substituto e explicar o efeito clínico tardio que aumenta incerteza na determinação da eficácia do tratamento, especialmente se o biomarcador for definitivo. O potencial de erro diagnóstico não deve ser subestimado considerando parâmetros estatísticos realistas dos respectivos biomarcadores na prática clínica do mundo real, por exemplo, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo, por definição, influenciados pela prevalência da doença em determinado contexto de uso, em princípio, biomarcador de proteína sempre fornece distinção probabilística de grupos em oposição a biomarcadores genéticos que podem oferecer separação determinística de grupos, como exemplo, pontos de corte à biomarcadores de DA extrapolados de amostras de populações brancas norte-americanas e europeias à populações mais diversas revelando diferenças significativas. Daí, interpretar biomarcadores no contexto clínico é crucial, como enfatizado pelos critérios, ressalta limitações inerentes de confiar em definição biológica de DA na prática clínica com consequências potenciais facilmente compreensíveis à pacientes que consultam para queixa benigna de memória devido distúrbios de atenção ou alterações relacionadas à idade e positividade do biomarcador representando diagnóstico falso-positivo. Riscos amplificados quando o teste for feito diretamente ao consumidor, pois está se tornando disponível comercialmente e por meio de fontes on-line sem o envolvimento de médicos ou clínicos e dada a disponibilidade atual de biomarcadores no sangue para amiloide e tau, pode-se esperar explosão de pessoas cognitivamente normais rotuladas como portadoras de DA em definição puramente biológica da doença, como resultado, é previsível o aumento da pressão social por medicamentos antitau ou antiamiloides para prevenir declínio cognitivo, incluindo tratamento off-label em pessoas cognitivamente normais. A avaliação de risco difere da avaliação diagnóstica, que pode ser feita no contexto de jornadas de pacientes não diagnosticados, já que critérios diagnósticos para DA podem ter implicações sociais, políticas, organizacionais e econômicas de longo alcance e considerar DA como entidade puramente biológica pode ser útil à estudos de pesquisa em indivíduos cognitivamente normais, no entanto, abordagem de considerar positividade do biomarcador na ausência de comprometimento cognitivo como condição de risco em vez de doença, na maioria dos casos, aumenta motivação à tratamentos de prevenção secundária, aumenta relevância social da DA, semelhante ao impacto de risco às doenças cardiovasculares, ajuda avaliar melhor relação risco-benefício dos medicamentos de acordo com cada contexto de uso e comunica condição de risco pode estimular indivíduos controlar fatores de risco e mudar estilo de vida, bem como levar formuladores de políticas de saúde pública promover iniciativas e programas para reduzir risco de demência à nível populacional.


segunda-feira, 28 de abril de 2025

Medicamentos essenciais

A Comissão Europeia apresentou o rascunho da CMA, Lei de Medicamentos Críticos, com o Science Media Centre da Espanha dizendo que o objetivo da CMA é lidar com a escassez de medicamentos e produtos de saúde, reduzindo dependência externa de medicamentos e ingredientes essenciais, especialmente Ásia, e garantir fornecimento de medicamentos acessíveis na UE. A necessidade é motivada por interrupções no fornecimento de medicamentos de alta qualidade que salvam vidas, relacionadas à pandemia, além disso, a instabilidade geopolítica levou a ameaças às cadeias de fornecimento globais de medicamentos essenciais com escassez na Europa, ao passo que a Comissão caracteriza como CMA Projetos estratégicos à medicamentos essenciais ou ingredientes designados para que se beneficiem de acesso mais fácil ao financiamento e procedimentos rápidos. A Contratação pública incentiva resiliência das cadeias de fornecimento de medicamentos essenciais ou melhora o acesso a outros medicamentos de interesse comum, enquanto a aquisição colaborativa entre diferentes estados-membros é apoiada pela Comissão a pedido dos estados-membros, visando abordar disparidades de disponibilidade e acesso a medicamentos essenciais de interesse comum, além de parcerias internacionais com países/regiões com ideias semelhantes ampliando cadeia de suprimentos e reduzindo dependências de fornecedores únicos, com o CMA usando requisitos além do preço, por exemplo, resiliência da cadeia de suprimentos, que selecionam fornecedores. A proposta compreende iniciativas estratégicas para remodelar o cenário farmacêutico da UE, incluindo investimentos na fabricação nacional, apoio regulatório à projetos industriais e incentivos para que empresas farmacêuticas estabeleçam produção na UE, com a Lei introduzindo projetos estratégicos que se concentrarão na expansão e modernização das capacidades de fabricação de medicamentos essenciais e ingredientes na UE. Os projetos se beneficiarão do acesso simplificado ao financiamento, bem como de assistência regulatória e científica priorizada para acelerar o desenvolvimento e produção, com a Comissão publicando diretrizes de auxílio estatal permitindo que os Estados-Membros apoiem financeiramente projetos estratégicos que garantirão que países da UE tenham ferramentas para fortalecer o setor farmacêutico mantendo ao mesmo tempo concorrência justa no mercado. Componente significativo do Critical Medicines Act é a revisão das estratégias de aquisição que incluirá requisitos voltados para melhorar resiliência da cadeia de suprimentos, significando que os responsáveis ​​pelas compras devem levar em consideração fatores como fontes de insumos diversificadas, monitoramento da cadeia de suprimentos e redução da dependência de um único país, além disso, nos casos em que for identificada alta dependência de nações específicas as regras de aquisição favorecerão a produção na UE para aumentar segurança. O Ato prioriza colaboração internacional para mitigar riscos de fornecimento com a UE explorando parcerias com países e regiões com ideias semelhantes para expandir redes de fornecimento e diminuir dependências do número limitado de fabricantes farmacêuticos, sendo que a Lei de Medicamentos Essenciais se alinha aos objetivos mais amplos da União Europeia Saúde, reforçando compromisso de garantir que os cidadãos da UE tenham acesso confiável a medicamentos essenciais. A Comissão introduziu regulamento para aumentar disponibilidade de medicamentos essenciais fortalecendo a produção farmacêutica e incentivando cadeia de suprimentos diversificada, ao reduzir dependência de fontes limitadas, a iniciativa, conhecida como Lei de Medicamentos Críticos, fortalece resiliência diante dos desafios globais ao mesmo tempo que fortalece o setor farmacêutico, pilar fundamental da economia europeia. A pandemia e questões políticas expõe vulnerabilidades críticas nas cadeias de suprimentos de medicamentos da UE, desafios, combinados com competição global por recursos farmacêuticos e contratempos na fabricação levando à escassez de medicamentos que colocam a vida dos pacientes em risco e sobrecarregam sistemas de saúde na Europa.

Importa dizer que a Índia não cumpre o padrão de qualidade do ar da OMS, considerando que 13 das 20 cidades mais poluídas do mundo estão lá e Byrnihat em Assam no topo da lista, no entanto, Nova Deli continua sendo a capital mais poluída do mundo, apesar do registro que a Índia observou declínio de 7% nas concentrações de PM2,5 em 2024, Chade e Bangladesh foram identificados como os países mais poluídos em 2024. Austrália, Nova Zelândia, Bahamas, Barbados, Granada, Estônia e Islândia, conforme dados compilados pela IQAir, empresa suíça de monitoramento da qualidade do ar respeitam padrões estabelecidos pela OMS estando entre as menos poluídas, enquanto a Índia luta contra a poluição ocupando 5º lugar no ranking mundial em termos de níveis de poluição atmosférica, atrás do Chade, Bangladesh, Paquistão e República Democrática do Congo. No quesito cidades, 13 das 20 cidades mais poluídas do mundo estão na Índia, com o relatório dizendo que o país viu declínio de 7% nas concentrações de PM2,5 em 2024, com média de 50,6 microgramas por metro cúbico em comparação com 54,4 microgramas por metro cúbico em 2023, no entanto, a poluição do ar em Déli piorou, com a concentração média anual de PM2,5 aumentando de 102,4 microgramas por metro cúbico em 2023 para 108,3 microgramas por metro cúbico em 2024, sendo que a OMS recomenda níveis de PM2,5 de no máximo 5 microgramas por metro cúbico, padrão atendido por apenas 17% das cidades no mundo, com Chade e Bangladesh identificados como países mais poluídos em 2024 com níveis médios de PM2,5 excedendo as diretrizes da OMS em mais de 15 vezes. Vale dizer que a Byrnihat, em Meghalaya, tem o ar mais poluído do mundo decorrente padrões industriais não regulamentados e emissões de veículos causadores da poluição urbana sendo que a poluição do ar na Índia foi associada a redução na expectativa de vida em 5,2 anos, sendo que Byrnihat tem 41 fábricas em área 49,5 km², piorando a poluição, com especialistas estimulando fitorremediação por meio do plantio de árvores que absorvem poluição como o nim, peepal e outras espécies nativas auxiliando captura de carbono. Na contramão da luta global contra poluição do ar, a decisão do Departamento de Estado norte americano de encerrar o programa de monitoramento da qualidade do ar devido restrições orçamentárias removendo mais de 17 anos de dados do site oficial de qualidade do ar do governo dos EUA, airnow.gov, impactando a capacidade da África de monitorar níveis de poluição. As mudanças climáticas agravam poluição ao aumentar frequência e gravidade dos incêndios florestais, complicando esforços para melhorar a qualidade do ar, com especialistas alertando que a perda de dados confiáveis ​​prejudica o progresso na redução da poluição, enfatizando que estratégias alternativas de monitoramento à preencher a lacuna deixada pelo programa dos EUA são urgentes já que poluição do ar contribui à milhões de mortes prematuras anualmente e cresce a urgência de enfrentar esses desafios.

Moral da Nota: estudo analisa mais de 107 países usando dados contínuos de 20 anos, revelando que nenhum país está no caminho certo para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, 17 ODS da ONU até 2030, ligações complexas entre objetivos podem dificultar o progresso de cada um com pesquisadores pedindo abordagens específicas para atingir os ODS considerando que se passaram quase 10 anos desde a implementação dos ODS, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das ONU, e nova análise foi divulgada sobre o progresso dos países em direção a esse objetivo. Os ODS da ONU, conhecidos como Objetivos Globais foram adotados pela ONU em setembro de 2015 como chamado universal à ação para acabar com pobreza, proteger o planeta e garantir que, até 2030, se desfrute paz e prosperidade, trata-se de 17 objetivos que reconhecem ações que influenciam resultados e enfatizam necessidade de equilibrar sustentabilidade social, econômica e ambiental. Através de ferramentas de aprendizado de máquina, o estudo analisou mais de 20 anos de dados contínuos, examinando pontuações de 231 indicadores designados pela ONU de progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 107 países, bem como dados do PIB, revelando ligação complexa entre os objetivos pois os países descobriram que atingir um objetivo pode prejudicar outro, por exemplo, apoiar metas de ação climática pode parecer prejudicar objetivos econômicos do país, mas a erradicação da pobreza pode parecer o progresso de uma nação, aí, fato crucial, nenhum país está no caminho certo para atingir as 17 metas até 2030. Países africanos e asiáticos categorizados como países de baixa renda não alcançam as metas de pobreza, igualdade de gênero, boa saúde e bem-estar, mas apresentam o melhor progresso em ação climática, consumo e produção responsáveis, portanto, pesquisadores pedem abordagem sistêmica para atingir os 17 objetivos específicos de cada região e levam em conta ligações complexas entre eles, acrescentando que, “é evidente que os padrões atuais de produção e consumo globais não estão se alinhando bem com as metas de ação climática e parecem impactar negativamente outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, se realmente aspiramos futuro melhor, ação imediata é necessária."