O diretor-geral da OMS apresentou relatório aos delegados na Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, relativo ao tratado internacional sobre pandemias na busca por evitar repetição de erros da Covid na prevenção e controle, em discussão a 3 anos, com o texto“Tratado sobre Pandemias” aprovado na Assembleia Mundial da Saúde, prevendo acesso justo e igualitário à pesquisa sobre patógenos emergentes, ou, agentes infecciosos que podem culminar em surtos. O texto adotado na reunião anual dos países membros da OMS estabelece coordenação global precoce e eficaz para prevenir, detectar e responder a riscos de pandemia e, agir rapidamente, pós fracasso coletivo em lidar com a Covid-19 que matou milhões e devastou a economia global, o acordo é considerado sucesso pós negociações difíceis em cenário de cortes no orçamento da OMS e contexto cada vez maior de crises. A resolução foi adotada no comitê por 124 votos a favor e nenhum contra e, entre os países que se abstiveram estão Irã, Israel, Rússia, Itália, Eslováquia e Polônia, com alguns Estados-membros manifestando reservas no comitê com a Eslováquia solicitando votação que poderia encerrar o consenso mantido até então, embora a retirada americana da OMS esteja prevista para entrar em vigor apenas em janeiro próximo, os EUA já haviam se retirado das negociações e não enviou delegado seguidos por argentinos e costa riquenhos e, conforme ressaltou o Le Monde, nada impede que venham aderir ao tratado no futuro. A embaixadora francesa à saúde global que co-presidiu as negociações disse que “a pandemia de Covid-19 foi lembrete que os vírus não conhecem fronteiras e nenhum país, por mais forte que seja, pode enfrentar sozinho uma crise de saúde global”, com o acordo buscando garantir acesso equitativo a produtos de saúde no caso de pandemia, questão central nas queixas dos países mais pobres na Covid-19 quando viram ricos acumulando doses de vacinas e outros testes. No centro do acordo está o mecanismo, “Acesso a Patógenos e Compartilhamento de Benefícios”, PBAS, projetado permitir “compartilhamento rápido e sistemático de informações sobre o surgimento de patógenos com potencial pandêmico” considerando paralisação das negociações em relação a vigilância de pandemias, compartilhamento de dados sobre patógenos emergentes e benefícios resultantes como vacinas, testes e tratamentos. Em caso de pandemia cada empresa farmacêutica que concordar em participar do mecanismo deverá fornecer à OMS “acesso rápido a 20% da produção em tempo real de vacinas, tratamentos e produtos de diagnóstico seguro”, dos quais um “mínimo de 10%” será doado e o restante “a preço acessível”.
O acordo fortalece vigilância multissetorial e abordagem de “saúde”, humana, animal e ambiental, “considerando que 60% das doenças emergentes são causadas por zoonoses, ou, patógenos transmitidos de animais à humanos, obviamente importante”, incentiva investimento em sistemas de saúde para que países tenham recursos humanos suficientes e autoridades regulatórias nacionais fortes, valendo dizer que por 3 anos o acordo sofreu oposição dos que acreditam que limitará a soberania dos Estados. O acordo ajuda países se protegerem contra pandemias, com dados da seguridade social francesa mostrando que além de não trazer riscos à saúde, a dupla vacinação incitou realização de doses de reforço, muitas vezes deixadas de lado por falta de tempo e, apesar do incentivo de saúde na França propondo 2 vacinas gratuitas à boa parte da população, a taxa de cobertura é baixa. Outra questão é que 5 anos pós pandemia, a OMS pede à China mais dados para entender a origem considerando que o SARS-CoV-2 deixou 7 milhões de mortos, se tornando banal apesar dos riscos que o envolvem, aos poucos revelados pela Ciência, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores esclarecendo que o governo chinês compartilhou informações sobre a Covid-19 "sem restrições", pós pedido feito pela OMS para "entender as origens da doença", compartilhando ainda “experiência em prevenção, controle e tratamento, contribuindo à comunidade internacional no combate à pandemia". A OMS lembrou acontecimentos de 31 de dezembro de 2019, quando apareceu na China via "pneumonia viral" em Wuhan, pós declaração das autoridades de saúde locais e, "nas semanas, meses e anos seguintes, a Covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo", com a vida voltando ao normal pós surgimento das vacinas a base de RNA mensageiro, em 2021 que demorou ser democratizado, já que países mais ricos fecharam contratos bilionários para garantir suas doses. A conclusão do relatório feito em conjunto com autoridades chinesas é que a transmissão do vírus teria ocorrido do animal ao homem, possivelmente em uma feira e, desde então, representantes da OMS não puderam retornar à China e solicitam com frequência dados adicionais, com estudo publicado na revista científica americana Cell mostrando que cães-guaxinim e civetas estão entre espécies com maior probabilidade de terem servido como hospedeiros do SARS-CoV-2.
Moral da Nota: políticas do atual governo norte americano afetando a ciência com potenciais consequências à inovação e pesquisa, já que, desde a explosão tecnológica do século XX, os EUA mantêm posição como líder em ciência e inovação, status resultante de décadas de investimento público sustentado em pesquisa e desenvolvimento através de agências federais como o NIH, National Institutes of Health, o NSF, National Science Foundation e a NASA, National Aeronautics and Space Administration. A chegada do atual governo lança incerteza sobre o futuro dessa hegemonia científica, colocando em risco instituições, pesquisadores e ecossistema científico já que as medidas adotadas representaram golpe à comunidade científica com cortes no orçamento, demissões e cancelamento de programas de pesquisa, ações, que afetam a comunidade científica nos EUA com repercussões globais dado laços e colaborações internacionais em ciência e tecnologia. O atual governo dos EUA implementou reduções de pessoal em agências científicas federais interrompendo projetos e ensaios clínicos em câncer, Alzheimer e prevenção do HIV com mais de mil bolsas de pesquisa canceladas, dominó afetando universidades e centros de pesquisa, bolsas que financiam projetos formando base aos avanços e desenvolvimento tecnológico que caracterizam os EUA. Para 2026 prevê cortes reduzindo quase metade do financiamento da NASA e queda de 40% no financiamento do NIH, retrocesso que mina a competitividade científica e tecnológica nacional, além de políticas rígidas de imigração com estudantes e pesquisadores estrangeiros em centros de detenção ou dificultando a entrada no país, desestimulando chegada de talentos, pilar do sistema científico norte americano, desmantelando instituições essenciais à pesquisa. A ciência norte americana, do GPS à tecnologia médica e computação, contribui ao progresso tecnológico, economia e segurança nacional, diante isso, membros da comunidade científica nacional expressaram preocupação e rejeição as políticas implementadas com quase 1.900 membros das Academias Nacionais publicando carta aberta alertando sobre danos que os cortes estão causando, caminho radical e perigoso. Mudanças climáticas, saúde pública e tecnologia médica enfrentam desafios críticos, em risco devido ao declínio no financiamento e apoio federal com cancelamento de projetos em pesquisa de doenças ou modelagem climática repercutindo na capacidade nacional de responder emergências e melhorar a qualidade de vida do cidadão. A combinação de cortes orçamentários severos, demissões em massa, restrições de imigração e tensões com a academia, desafia a continuidade de modelo que por décadas promoveu ecossistema científico vibrante capaz de gerar inovação global.