quarta-feira, 21 de maio de 2025

Epicentro

Mudou do noroeste ao leste dos EUA o epicentro da epidemia de opioides com pesquisadores identificando pontos  em overdoses fatais que permitiram rastrear a disseminação entre 2005 e 2020, que matou 665.341 pessoas neste período e mudou geograficamente, conforme análise geográfica. O estudo publicado no The Lancet Regional Health, America mostra que epidemiologistas da Universidade de Cincinnati rastrearam o epicentro da epidemia no pais ao longo do espaço e tempo, impulsionada em parte pela mudança de opiáceos prescritos para heroína e substâncias sintéticas como o fentanil, esclarecendo que a mudança geográfica pode ser reduzida entre 2013 e 2016 à medida que legisladores implementaram regulamentações mais rígidas limitando acesso aos opioides e as autoridades iniciaram  processos médicos por supostamente prescrevê-los de forma irresponsável. O professor Diego Cuadros da Faculdade de Artes e Ciências da UC diz que a "mensagem principal é uma epidemia em evolução" e, a ausência de solução legal, fez com que pacientes com transtorno por uso de substâncias buscassem drogas ilícitas como heroína e fentanil, considerando que pesquisadores do Laboratório de Epidemiologia Digital da UC descobriram que populações afetadas pelo transtorno por uso de substâncias mudaram ao longo da epidemia mortal, de populações homogeneamente brancas à populações que incluem vítimas negras, daí, a substância de escolha mudar de opioides prescritos à heroína e, agora, opioides sintéticos, concluindo que, "entre 2013 e 2016, comunidades negras começaram a acessar  opiáceos sintéticos principalmente pelo fentanil". Já, overdoses de drogas, principal causa de morte entre americanos de 18 a 44 anos, dados, dos Centros de Controle e Prevenção de Doença que forneceram estatísticas de mortalidade ao estudo, com o principal autor e graduado pela UC, Santiago Escobar, dizendo que, "os resultados sugerem que populações vulneráveis ​​à mortalidade por transtornos por uso de substâncias não se mantiveram estáveis ​​ao longo do tempo", concluindo que, "à medida que a dinâmica de oferta e demanda evolui, o mesmo ocorre com populações vulneráveis", dizendo que, "o tipo de substância, bem como meios utilizados para acessá-la, foram determinantes às populações que sofreram maior mortalidade." Em 2018, a pesquisa identificou pontos onde a epidemia tinha efeito desproporcional em Ohio e, posteriormente, identificou tendências semelhantes no país em 2021 usando dados de condados encontrando 25 grupos onde as taxas de overdoses fatais por drogas eram mais altas, daí, concluiu que "epidemias como HIV, estão estáveis, no caso da COVID, o surgimento de variantes como a delta e a ômicron" tiveram efeito desproporcional nos casos de infecções e mortes nos EUA, concluindo que, "temos situação semelhante aqui com o transtorno por uso de substâncias, estamos enfrentando uma epidemia complexa e dinâmica que evolui com o tempo." Por fim, a pesquisa avisa que uma intervenção potencial seria a realização de testes de rotina em substâncias ilícitas para determinar se foram adulteradas com opioides sintéticos potencialmente fatais, além de alertar usuários locais sobre riscos observados, reconhecendo os desafios legais que isso representaria.

Dados de análise que inclui informações de 215 países e compilados na "Global Electricity Review 2025", nos avisa que através da energia solar, 40% da eletricidade global é limpa e, entender a magnitude da conquista, nos leva a vida cotidiana, ou, se ligássemos 10 eletrodomésticos, 4 deles funcionariam somente com energia solar, eólica, hidrelétrica ou nuclear, sendo que, tal mudança decorre do crescimento da energia solar apoiado por avanços na geração eólica e recuperação da energia hidrelétrica incluindo contribuição de energia nuclear, embora em menor extensão. O relatório informa que a China atenderá 81% da demanda de eletricidade a partir de fontes renováveis ​​até 2024, enquanto isso, a UE atingiu 71% tornando-se o bloco que mais reduziu globalmente o uso de carvão, não significando que ambos os territórios abandonaram completamente os combustíveis fósseis mas demonstrando mudança de prioridades nas políticas energéticas, quer dizer, na prática, esses países instalaram quantidades de painéis solares e turbinas eólicas, muitos deles de última geração, já em operação e, somente a China, gerou mais energia solar em 2024 que vários países europeus juntos. A fonte de energia campeã de 2024 sem dúvida foi a solar cuja geração cresceu 29% em relação a 2024, maior aumento em 6 anos, atingindo 2.131 TWh, terawatts-hora, em perspectiva, com essa quantia abasteceríamos mais de 400 milhões de domicílios médios por um ano, sendo que EUA e China foram os principais impulsionadores do progresso, enquanto a UE contribuiu com crescimento de 21% na energia solar, neste contexto, pela primeira vez na história a energia solar ultrapassou o carvão na geração de eletricidade europeia com 2024 como o 20º ano consecutivo que a energia solar liderou o crescimento entre todas as fontes. Já a energia eólica teve crescimento mais moderado, 7,9% a mais que em 2023, atingindo recorde de 2.494 TWh  equivalente a 8,1% da matriz elétrica global e, desde 2015, triplicou presença global embora o ritmo tenha diminuído em 2024 decorrente condições climáticas, especialmente na China e, mesmo assim, a instalação de turbinas gigantes compensou parte dessa perda, nos EUA, a combinação de energia solar e eólica ultrapassou o carvão pela primeira vez como fonte de geração de eletricidade ao produzir 757 TWh por meio das tecnologias limpas, 3 vezes mais que em 2015, no entanto, o gás natural continua predominante respondendo por 43% da geração total de eletricidade, com os EUA respondendo ​​por mais da metade do crescimento global no uso de gás até 2024, apesar disso, o aumento de 64 TWh na energia solar foi o maior aumento anual até o momento. Destaca a Índia, ultrapassando a Alemanha como 3ª maior geradora de energia solar e eólica do mundo, entre 2019 e 2024, a geração de energia limpa quase dobrou chegando a 215 TWh e, em 2024, a geração solar cresceu 18% no país com aumento de 20 TWh, mais que o Reino Unido produziu em 2024, no entanto, dependente com força do carvão cuja geração quase dobrou desde 2012, atingindo 1.534 TWh, tornando-se o 3º maior emissor no setor energético. O relatório conclui que as ondas de calor responderam ​​por aumento, 1,4%, no uso de combustíveis fósseis em 2024, considerando que altas temperaturas estimularam demanda de eletricidade decorrente uso intensivo de sistemas de resfriamento forçando países recorrer ao gás ou carvão, entretanto, se eliminássemos tal efeito climático específico a geração limpa teria coberto 96% do aumento da demanda global de eletricidade, número, sugerindo que estamos próximos de um estágio em que fontes limpas não apenas acompanham crescimento da demanda, mas começam reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

Moral da Nota: o monitor da UE avisa que março de 2025 foi o mais quente já registrado na Europa e o 2º mais quente no mundo, que a temperatura média global foi de 14,06 °C, ou,1,60 °C acima do nível pré-industrial, dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, C3S da UE, tendo sido o 20º mês nos últimos 21 meses que a temperatura média global na superfície ultrapassou 1,5 °C, com a Europa como o continente que mais aquece, permanecendo acima da média com temperatura média em 6,03°C, ou, 2,41°C acima da média de março de 1991-2020. O relatório da World Weather Attribution avisa que as mudanças climáticas deixaram a onda de calor na Ásia Central até 10°C mais quente, com temperaturas subindo em fins de março à quase 30°C no Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão e Quirguistão, ou, até 15°C acima da média sazonal, concluindo que as mudanças climáticas responderam ​​por 4°C desse aquecimento no período de 5 dias, alertando que, "provavelmente" é  subestimação, já que modelos não levam em conta aumento anormalmente rápido da temperatura na região em março que está esquentando "mais rápido" comparada com qualquer outro mês. por fim, os EUA abandonaram negociações globais para descarbonizar o setor de transporte marítimo e ameaçaram retribuir quaisquer taxas que os navios americanos pudessem incorrer, o que não impediu acordo da OMM impondo taxas de carbono ao setor marítimo, obrigando empresas de transporte marítimo pagar pelo CO2 produzido pelos navios, de acordo com novas regras do órgão de fiscalização marítima mundial. Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes Unidos se opuseram às regras, mas a maioria dos países da OMI aprovou acordo a partir de 2028 à taxa sobre emissões de gases efeito estufa, que aumentará a partir de determinado limite, e  poderão negociar créditos de carbono entre si, prevendo-se que a medida arrecade US$ 10 bilhões/ano, inferior aos US$ 60 bilhões anuais esperados com um imposto direto sobre o carbono, sendo que a receita deverá ser usada no setor de transporte marítimo para ajudar introduzir tecnologias mais limpas em vez de desviada à países vulneráveis ​​que sofrem efeitos de condições climáticas extremas, como seria o caso de um imposto. Estimativa da Umas, consultoria de transporte marítimo comercial, diz que as reduções de emissões serão modestas, ou, 8% até 2030, valor abaixo da redução de 20% exigida pela estratégia climática da OMI, definida em 2023, com China, Brasil e outras economias emergentes se opondo ao imposto, mas, votando a favor do compromisso de comércio de carbono.