terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Impacto cripto

A  Anatel revela que apenas 30% dos Brasileiros possuem habilidades digitais básica e que a adoção de tecnologias com habilidades digitais avançadas, como criptomoedas e IA, está limitada pelo alto índice de analfabetismo digital da população brasileira, sendo que o Brasil apresenta um dos mais altos índices de adoção cripto do mundo e, o governo federal foca investir US$ 23 bilhões no Plano Brasileiro IA, PBIA, com ambição em tornar o país potência tecnológica, contudo, a grande maioria da população não é capaz de executar tarefas simples como anexar arquivos em mensagens instantâneas e e-mails ou usar comandos copiar e colar para duplicar ou mover conteúdos através de editores de texto. O estudo da Anatel mostra que além das tarefas descritas acima, enquadram-se nessa categoria copiar ou mover arquivo ou pasta e transferir arquivos entre diferentes dispositivos digitais, inclusive pela nuvem, no entanto, habilidades intermediárias são dominadas por 17,9% da população, nessa categoria, estão incluídas ações como usar fórmula aritmética básica em planilha de cálculo, conectar ou instalar equipamentos com ou sem fio, modem, impressora, câmera ou microfone e criar apresentações com softwares especializados. Quer dizer, 3,4% da população atinge o nível mais avançado de habilidades digitais, demonstrando capacidade de criar programas de computador ou aplicativos móveis, valendo dizer que a metodologia usada pela Anatel para definir os 3 níveis de habilidades digitais segue padrões da UIT, União Internacional de Telecomunicações, e os dados utilizados são provenientes da pesquisa TIC Domicílios realizada em 2023 pelo Centro Regional de Estudos ao Desenvolvimento da Sociedade da Informação. O alto grau de analfabetismo digital brasileiro reflete cenário de desigualdade social nacional em que pessoas com menor renda e nível de escolaridade têm menos acesso a dispositivos tecnológicos e, em consequência, mais dificuldades à utilizá-los, com habitantes rurais desenvolvendo menos habilidades digitais comparados a moradores de centros urbanos, sendo que o estudo identificou disparidades regionais em que o Sudeste concentra maior porcentagem de pessoas com habilidades digitais, seguido pelo Sul, Centro-oeste, Norte e o Nordeste. Observou disparidades de raça e gênero com homens à frente das mulheres nas 3 categorias de habilidades digitais propostas pela UIT, no quesito raça, o contingente de brancos com habilidades digitais é maior  que o de negros, pardos e indígenas, comparou com o G20, com o Brasil ocupando a 12ª colocação entre 14 países que realizaram avaliações nos parâmetros UIT, à frente da Turquia e África do Sul, em relação a habilidades digitais básicas, considerando que os EUA e Índia não dispõem de dados sobre inclusão digital e não figuram no estudo. Somos o 60º colocado no ranking de habilidades digitais básicas, 59º no de intermediárias, 17,4% da população, e 51ª posição no de habilidades avançadas, 3,4%, sendo que no contexto do Plano Estratégico 20232027 de alfabetização digital da Anatel, o estudo expõe contraste entre avanços na transformação digital do governo, serviços públicos, sistema financeiro e capacidade da população de se beneficiar das inovações tecnológicas. A meta delineada pelo plano é dobrar percentual de pessoas acima de 10 anos com habilidades digitais intermediárias, de 17,9% à 30%, em linha com o objetivo da Anatel de fomentar transformação digital em conformidade com Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, ODS, e garantir educação inclusiva e de qualidade, concluindo que, para superar baixos níveis de alfabetização digital  brasileira, o estudo recomenda fortalecimento e criação de políticas públicas de inclusão digital focada em grupos vulneráveis, Incentivando oferta de cursos de formação e qualificação tecnológica, expandindo infraestrutura de telecomunicações à favorecer inclusão digital em áreas rurais e estimular produção de conteúdo digital relevante e acessível à diferentes segmentos da população.

Neste ecossistema, emerge a Colômbia, que apesar de cada vez mais cartões e aplicativos serem usados ​​para pagamentos, a maioria das pessoas prefere dinheiro, embora muitos países migrem à métodos de pagamento digital, por lá, o dinheiro ainda reina e, segundo relatos, 85% do que os colombianos gastam com notas e moedas, perceptível ao pagar o ônibus, ir a médico ou fazer compras no supermercado. Quer dizer, a exclusão financeira priva pessoas de oportunidades de prosperar, limita o acesso a serviços como crédito, seguros e contas bancárias, ao passo que a tecnologia, especialmente pagamentos digitais, é vista como ferramenta fundamental para superar exclusão financeira, portanto, ao democratizar o acesso aos serviços financeiros, abre-se porta em universo de oportunidades, essa é a ideia. A transição ao digital é processo gradual com ajustes  para que pessoas se adaptem ao novo ambiente, além disso, necessita que a oferta de produtos e serviços digitais se expanda e se adapte às reais necessidades da população, sendo que o uso de dinheiro é sustentado através de pagamento aceito e prático em muitos contextos, contudo, a persistência do numerário deve-se à falta de alternativas acessíveis e seguras, considerando o termo "acessível" no sentido lato, abrangendo a disponibilidade física dos serviços financeiros e fatores como falta de familiaridade com tecnologias digitais, escassez de educação financeira e desconfiança nas instituições financeiras. No caso colombiano, a persistência da moeda física como meio de pagamento é complexo, resulta de fatores sócio econômicos, culturais e tecnológicos, embora digitalização financeira avance, o numerário é utilizado em regiões e setores da população, em que uma das principais razões da popularidade do dinheiro físico é a acessibilidade limitada aos serviços financeiros formais, nas zonas rurais e de difícil acesso, falta de agências bancárias, caixas eletrônicos e correspondentes, dificultando abertura e manutenção de contas bancárias, limitando uso de cartões de débito e crédito, quer dizer, questão de infraestrutura. A  escassez de crédito formal é fator que incentiva o uso do dinheiro físico em que muitos colombianos, especialmente com rendimentos baixos ou informais, enfrentam dificuldades no acesso a empréstimos bancários o que os obriga recorrer ao dinheiro para financiar despesas e atividades econômicas, considerando que o acesso ao crédito é incentivo para que  saiam do dinheiro físico, além disso, o envio de remessas do exterior é importante fonte de renda para famílias colombianas e, devido à informalidade do setor, parte das remessas são recebidas em dinheiro reforçando sua utilização na economia. Concluindo, para promover a inclusão financeira e adoção de meios de pagamento digitais, é necessário implementação de políticas públicas que abordem causas do problema, que passa por melhorar acesso aos serviços financeiros nas zonas rurais, reforçar educação financeira, promover confiança nos sistemas digitais e desenvolver produtos financeiros inovadores que se adaptem às necessidades da população, caso contrário, se for percebido como novidade sem utilidade prática à maioria, exceto jovens tecnófilos, surgirá resistência à mudança e tendência em apegar-se ao conhecido e familiar.

Moral da Nota:  a África do Sul emerge como centro à ativos digitais, impulsionando crescimento cripto em regulamentações proativas e plataformas de expansão como a VALR, ao lado de economias emergentes com potencial de se tornarem centros de ativos digitais, ao mesmo tempo, o custo da conformidade às bolsas cripto aumenta à medida que surge clareza regulamentar e, de acordo com Ben Caselin, diretor de marketing da VALR, bolsa de criptomoedas sediada em Joanesburgo, "a África do Sul é a porta de entrada ao resto de África, com um bom Estado de direito e poder judiciário independente, sendo fácil abrir uma empresa na África do Sul". A Autoridade de Conduta do Setor Financeiro da África do Sul, FSCA, concedeu licenças de provedor de serviços de ativos criptográficos, CASP, à VALR, a bolsa, levantou US$ 55 milhões em financiamento de capital da Pantera Capital, Coinbase Ventures e outros, além de licenças CASP Categoria I e II da FSCA, esperando que as receitas no mercado sul-africano cripto atinjam US$ 246 milhões em 2024 à taxa composta de crescimento anual de 7,86%, no valor de US$ 332,9 milhões em 2028, conforme relatório do Statista. A Autoridade de Conduta do Setor Financeiro da África do Sul, FSCA, aprovou 59 licenças à plataformas cripto sob a legislação atual, nessa altura, estavam processando 262 candidaturas, de um total de 355 requerentes, no entanto, a África do Sul é o 1º país africano autorizar trocas de criptomoedas, em 2021, explorou quadro regulamentar separado à cripto, com planos em curso para 2022, uma vez que visava regulamentos finais nesse ano e, após após anos de consulta e trabalho em colaboração com o regulador e  participantes do mercado local, a FSCA estabeleceu regime regulatório à prestadores de serviços cripto, exigindo visitas no local para garantir conformidade. No entanto, os  regulamentos afetaram custos de conformidade, que “se multiplicaram” ao VALR que aumentou sua força de trabalho com mais de 10% da força de trabalho dedicada à conformidade regulamentar e, por fim, o mercado AgriDex, sediado na Solana, facilitou comércio agrícola transfronteiriço entre o produtor sul-africano e importador londrino, com o importador pagando por mais de 200 garrafas de azeite extra virgem e caixas de vinho de uma quinta e vinhas sul-africanas, pagando na blockchain Solana, cobrando 0,15% de cada parte da transação comparado com taxas altas típicas dos métodos de pagamento tradicionais.