sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Níveis de Mercúrio

Continuam subindo os níveis de mercúrio em animais do Ártico, segundo o  The New York Times, impulsionados por correntes oceânicas e poluição antiga preocupando comunidades que dependem da caça tradicional, quer dizer, a contaminação na vida selvagem persiste mesmo com a queda das emissões, já que mercúrio se acumula em grandes predadores como focas e ursos polares em concentrações dobrando nos últimos 40 anos, daí, comunidades indígenas que dependem de mamíferos marinhos para alimentação enfrentam riscos à saúde e o aquecimento do permafrost, terras eternamente geladas,  pode liberar mais mercúrio no ecossistema com o professor da Universidade de Aarhus e coautor do estudo, Rune Dietz, concluindo que "é situação singular, a população que deveria estar em ambiente limpo, tem algumas das maiores concentrações." O mercúrio é neurotoxina  que ameaça a saúde da vida selvagem e humana, especialmente no Ártico que depende da caça para se alimentar, lembrando que apesar da distância e falta de indústria pesada, o Ártico tornou-se sumidouro global de mercúrio devido padrões de circulação atmosférica e oceânica e, à medida que o mercúrio penetra na cadeia alimentar se concentra nos  predadores representando riscos à saúde humana através de dietas tradicionais, considerando que a persistência nas águas oceânicas e o iminente do degelo do permafrost libera mais toxina piorando a contaminação independente de reduções das emissões, além de corroer tradições culturais ligadas à caça de subsistência destacando o impacto duradouro da poluição em ecossistemas e comunidades.

Nos Grandes Lagos após décadas de reduções consistentes e promissoras o mercúrio aumenta novamente em alguns peixes e pássaros com cientistas tentando descobrir o que pode estar acontecendo, sendo um dos suspeitos o aumento na temperatura da água induzido pelas mudanças climáticas, já que na vida selvagem, prejudica reprodução, crescimento, comportamento ou mata, com relatos de aumentos surpreendendo visto que houve redução do mercúrio desde a década de 1970 por conta da redução de usinas a carvão domésticas responsáveis ​​por metade das emissões de mercúrio nos EUA. No entanto, como o carvão aumentou na Ásia nos últimos 20 anos aumentou a exportação atmosférica de mercúrio tóxico em adições que compensaram as reduções de carvão nos EUA e Europa, além disso, mudanças climáticas estão alterando o modo como produtos químicos tradicionais são armazenados, transformados e transportados na terra, na água e ar, já que a água mais quente converte o mercúrio de modo mais rápido na forma mais tóxica, ou, o metilmercúrio que se acumula em peixes e aves, piorando em cada etapa da cadeia alimentar mais contaminada que a anterior, além do fato que a água mais quente não dissolve oxigênio tão bem quanto água fria, daí, necessidade dos peixes bombearem mais água através das guelras que pode levar a mais contato com substâncias tóxicas. Outro fato é que mais chuvas nos Grandes Lagos já que a precipitação total anual aumentou 11% desde 1900 significando mais inundações, com Agnes Richards, pesquisadora do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá, dizendo que "as inundações retiram terra da superfície e a erosão de solos e sedimentos carrega mercúrio e metilmercúrio", quer dizer, outro problema resultante da interação complexa de substâncias tóxicas, aquecimento global, alimentação e saúde. Analisaram níveis totais de mercúrio em ovos de gaivota-prateada, truta-de-lago, walleye e eperla-arco-íris em 22 locais nos Grandes Lagos ao longo dos últimos 42 anos e, nas 3 primeiras décadas de 1974 ao início dos anos 2000 o mercúrio diminuiu nas espécies em locais testados, enquanto na década de 2000 a tendência para ovos de gaivota-prateada se inverteu em 4 locais, dois no Lago Erie e dois no Lago Ontário, sendo que a mesma tendência ocorreu em peixes nesse período já que aumentos de mercúrio ocorreram em trutas-de-lago nos Lagos Superior, Huron, Erie e Ontário. O comportamento dos produtos químicos no ambiente é complexo, e não há total clareza sobre o motivo do aumento dos níveis de mercúrio com outras possibilidades incluindo espécies invasoras alterando cadeias alimentares, níveis de água mais baixos, litoral mais exposto e redução da carga de nutrientes, fato é que as mudanças climáticas estão impactando de modo mais pronunciado nos lagos mais frios do norte, já que no Lago Superior, o maior, mais profundo, mais frio e mais setentrional dos Grandes Lagos, a cobertura média de gelo diminuiu de 23% à 12% no último século e as temperaturas do verão aumentaram  de 1,9°C no mesmo período.

Moral da Nota: o consumo de peixe contaminado é a principal causa da exposição humana ao mercúrio, mais prejudicial a fetos, recém nascidos e crianças, pois pode impedir o desenvolvimento adequado do cérebro enquanto fetos expostos ao mercúrio têm maior probabilidade de apresentar problemas de memória, atenção, linguagem e coordenação motora, com pesquisa de saúde realizada em Michigan, Wisconsin e Minnesota descobrindo que 8% dos recém-nascidos tinham níveis de mercúrio acima do limite seguro estabelecido pela EPA, Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Estima-se que 37% das atuais emissões anuais de mercúrio produzidas pela humanidade sejam devidas a queima de combustíveis fósseis principalmente carvão, enquanto outros 25% das emissões sejam provenientes da mineração de ouro em pequena escala, com China e Índia dominando as emissões totais de mercúrio na última década e, mesmo com ganhos, as emissões de mercúrio atingiram o pico na década de 1970 estando "relativamente estáveis" desde então, conforme relatório de 2024. A produção de carvão nos EUA atingiu em 2016 o ponto mais baixo desde 1978, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA e, apesar do transporte global de mercúrio as reduções locais de emissões são importantes com pesquisadores relatando que, de 1992 a 2014, as concentrações de mercúrio no ar do nordeste dos EUA caíram como resultado direto do fechamento e limpeza na região de usinas a carvão. Para concluir, a SpaceX é acusada de poluir as águas do Texas com mercúrio dos lançamentos de teste da Starship, gerando investigação da EPA que em relatório e comunicações internas entre a agência e os reguladores do Texas publicados originalmente pela CNBC, alegam que a SpaceX vem contaminando águas locais perto de Boca Chica, Texas, com mercúrio devido descargas não autorizadas de seus sistemas de água. Ignorou avisos e processos regulatórios da EPA levando a incidentes ambientais, incluindo danos a habitats de vida selvagem e problemas de saúde à moradores próximos, considerando que as supostas violações ambientais da SpaceX podem impactar ecossistemas e comunidades locais levantando questões sobre a supervisão regulatória.