domingo, 19 de novembro de 2023

Indústria da pesca

Blockchain aparece como uma das melhores opções para melhorar a indústria pesqueira e, quando se trata de transparência, soluções baseadas na tecnologia permitem registro descentralizado e imutável das atividades ao longo da cadeia de valor e, em artigo publicado pela empresa espanhola Pesca con Ciencia, blockchain foi apontada como opção mais eficiente para melhorar a indústria pesqueira e, segundo a empresa, as ações que o Equador fez para reverter críticas da União Européia com realização da Lei Orgânica da Aquicultura e Pesca e iniciativas em nível privado mostram avanços no campo da sustentabilidade. Em fevereiro de 2022 foi assinado o Regulamento da Lei Orgânica ao Desenvolvimento da Aquicultura e Pesca,  regulamentação que garante sustentabilidade, rastreabilidade e transparência dos importantes setores produtivos do país, destacando que segundo relatório do Ministério da Produção, Comércio Exterior, Investimento e Pesca, este tipo de progresso é vital no quadro do cumprimento das recomendações da DG-Mare para inverter restrições da União Europeia, uma vez que o Regulamento detalha procedimentos de controle e princípios do regime jurídico da pesca garantindo rastreabilidade dos produtos de exportação, entre outros conteúdos.

Buscando tirar proveito da blockchain na indústria pesqueira e realçando que “no que toca à transparência, soluções baseadas neste tipo de tecnologia permitem registro descentralizado e imutável das atividades ao longo da cadeia de valor”, por outro lado, o professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Escuela Superior Politécnica del Litoral, ESPOL, indicou que, do ponto de vista do consumidor a necessidade de conhecer origem do pescado pode ser satisfeita, quem e quando o apanhou e se houve armazenamento ou transporte adequado, comenta que “enquanto a autoridade, o uso da tecnologia permite saber se um lote de pesca foi capturado em local autorizado, as condições de armazenamento, o transporte utilizado e outros dados”. A Mer aproveitou vários casos de sucesso de soluções de rastreabilidade e transparência em blockchain em diferentes países e, "na Noruega, a Associação de Frutos do Mar, em colaboração com a IBM e outras empresas, trabalha para demonstrar benefícios da rastreabilidade com base na tecnologia para definir futuros padrões da indústria". Um terceiro caso é o projeto colaborativo de pesca de atum em blockchain realizado pelo WWF na Nova Zelândia, Austrália e Fiji para reduzir a pesca ilegal e violações dos direitos humanos contra pescadores”,  "iniciativa levada a cabo pela empresa Provenance, através de plano piloto realizado na Indonésia que demonstrou eficácia da tecnologia à rastreabilidade da pesca do atum.  Cabe destacar que no Equador o uso blockchain não é questão estranha à indústria da aquicultura que relata implementações de rastreabilidade e transparência através da plataforma IBM Food Trust e, para ancorar a tecnologia no setor pesqueiro equatoriano, o professor da ESPOL considera que os desafios que solução de rastreabilidade enfrentaria seriam semelhantes aos relatados no plano piloto Provenance e no projeto WWF,  “uma delas é que, embora existam plataformas que oferecem cobertura parcial da cadeia de valor e dispensam a fase de captura, empresas maduras já possuem grandes sistemas de software, por exemplo, um Enterprise Resource Planning, ERP, cuja integração e interoperabilidade com a nova plataforma descentralizada em blockchain exige menos esforço. “Outro desafio seria que os processos em papel têm espaço significativo na indústria pesqueira, daí, o nível de digitalização pode representar impacto no paradigma atual, somado à escassez de provedores de tecnologia em nível internacional e software, além de profissionais para liderar projetos de implementação com a tecnologia”. Por fim, o artigo comenta sobre serviços de certificação do Sea Stewardship Council, MSC, que garante cumprimento de padrões internacionalmente reconhecidos, que abrangem pesca sustentável e rastreabilidade de peixes e mariscos através da certificação da cadeia de custódia à pesca extrativa e, no Equador, o processo de certificação MSC está em plena fase de avaliação à pesca.

Moral da Nota: na Galiza-Espanha, a Cooperativa de Armadores de Pesca del Puerto de Vigo, ARVI, o Centro Tecnológico del Mar Fundación CETMAR e o Instituto de Investigaciones Marinas, IIM-CSIC, desenvolvem associação à desenvolver o projeto blockchain 'Pescando 4.0' . O objetivo, conforme informado, será desenvolver sistema seguro e confiável que garanta veracidade e inalterabilidade da informação associada à rastreabilidade, segurança alimentar e sustentabilidade da pesca, da mesma forma, no desenvolvimento, plataforma em tecnologias 4.0 será implementada em escala piloto, especificamente blockchain e IIoT, para validar funcionamento da solução em três pescarias, da captura do produto a sua primeira venda. “A adoção do sistema blockchain pelo setor pesqueiro proporcionará, além da segurança e inviolabilidade da informação,  oportunidade de reforçar transparência e, com isso, melhorar eficiência dos processos e imagem do setor pesqueiro no mercado de alimentos, frente consumidores mais conscientes e exigentes nas questões ambientais e consumo responsável, saudável e seguro". O projeto é liderado pela ARVI, no entanto, não foram selecionadas empresas de pesca específicas à colaborar para demonstrar o funcionamento da plataforma blockchain nos três casos mencionados e, por último, importa referir que o projeto tem orçamento de 695 mil Euros provenientes do financiamento do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência e dos fundos europeus Next Generation EU, no quadro do Real Decreto 685/2021.