sexta-feira, 24 de outubro de 2025

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Pela 1ª vez uma empresa petrolífera é condenada por greenwashing, ou, uso enganoso de argumentos alegando boas práticas ecológicas, caso, da TotalEnergies condenada pela justiça francesa por "práticas enganosas de marketing", decisão, considerada histórica, por conta das alegações ambientais que "provavelmente alterariam o comportamento de compra dos consumidores", os, "induziriam ao erro", pela crença de, conforme declaração judicial, que a Total conseguiria atingir a neutralidade de carbono até 2050 mesmo com o aumento da produção de petróleo e gás,sendo que em maio de 2021, mudou seu nome para TotalEnergies em meio a campanha publicitária visando promover “compromisso de alcançar neutralidade de carbono até 2050”. Turbinas eólicas, painéis solares e estações de recarga à veículos elétricos, mensagens amplamente divulgadas, na França e exterior, em outdoors, imprensa, site, postos de gasolina, televisão e anúncios nas redes sociais, com o Greenpeace França, Amigos da Terra França e Notre Affaire à Tous, apoiados pela associação Client Eath, ingressaram com ação civil contra a empresa em 2022. Denunciaram que a multinacional não fundamentou alegações por conta de estratégia nã alinhada com o objetivo de "emissão zero" ou neutralidade de carbono até 2050 e, de acordo com as  organizações, a petrolera não apenas omitiu ao consumidor pelo menos 85% das emissões de gases efeito estufa em relação à meta declarada, apresentando planos de produção em conflito com requisitos mínimos para atingir neutralidade de carbono. O principais responsáveis pelas mudanças climáticas, os combustíveis fósseis,representam 90% da atividade da empresa e 80% dos investimentos, sendo que o tribunal francês ordenou à TotalEnergies e à TotalEnergies Electricité et Gaz France, responsáveis pela veiculação da publicidade, cessarem em um mês as alegações falsas, sob pena de multa provisória de 10 mil euros/dia de atraso, devendo publicar a decisão judicial no site, visível, por 180 dias. Trata-se, segundo as ONGs, de precedente importante na luta anti desinformação climática promovida por multinacionais petrolíferas,em comunicado, informam que "a vitória marca virada à proteção do consumidor, do clima e combate o greenwashing", concluindo que, "é a 1ª vez no mundo que uma empresa de petróleo e gás é condenada pela Justiça por enganar o público e fazer greenwashing da imagem em relação sua contribuição no combate às mudanças climáticas", no entanto, associações lamentam que o tribunal tenha rejeitado alegações sobre gás e biocombustíveis ao considerar que comunicações sobre esses produtos não estavam "diretamente relacionadas à promoção, venda ou fornecimento de energia da TotalEnergies aos consumidores". Vale dizer que, desde o início dos anos 2000, as empresas abandonaram em parte a negação das mudanças climáticas e se promoveram como partícipes da transição energética, e, em 12 de junho, foi solicitada a manifestação de interesse de “empresas globais de petróleo e gás para se juntarem como parceiras para firmar estratégia viável”, tendo sido cada vez mais alvo de ataques legais pelo papel na contribuição ao aquecimento global. Diferente de outros setores que enfrentam regulamentações mais rígidas, as corporações petrolíferas não abandonaram alegações de marketing climático, estratégia implementada desde o início dos anos 2000, na trilha do Protocolo de Kyoto visando redução das emissões de gases efeito estufa quando abandonaram em parte a negação das mudanças climáticas e se promoveram como partícipes da transição energética. Recentemente, as corporações petroleras têm elogiado investimentos em captura de carbono, biocombustíveis, energia solar e energia de hidrogênio, aos críticos, as alegações obscurecem a realidade considerando que a perfuração de petróleo e gás continua inabalável e, segundo Benjamin Franta, professor de litígios climáticos em Oxford,"estão dando falsas garantias, como, não se preocupe, não precisamos mudar nada", concluindo que, "o greenwashing é tão importante quanto a negação climática e, de certo modo, é mais importante porque é meio mais dominante de falsa garantia". Dados do Mediaradar, levaram Franta e colegas criarem um banco de dados que permitiu análise de mais de 2 mil anúncios nos EUA de 5 grandes empresas de petróleo desde 2006, revelando desaparecimento quase total, na década de 2020, de mensagens focadas em combustíveis fósseis em favor de alegações que os apresentavam como líderes em tecnologias de baixo carbono. A BP, por exemplo, incentiva pessoas "se juntarem a eles na jornada à futuro com menos carbono", a ExxonMobil, fala que a "tecnologia é um dos meios pelas quais promove soluções climáticas", sendo que, recentemente priorizaram tais mensagens em detrimento da linguagem sobre metas de neutralidade de carbono, mais proeminentes no início da década de 2020, auge da mobilização pública e política sobre desafios climáticos. Na Espanha, a Repsol venceu caso contra a Iberdrola que acusou de fazer publicidade enganosa com slogans como "uma empresa de energia comprometida com mundo sustentável", enquanto alegação de greenwashing contra empresas petrolíferas foi rejeitada por um tribunal de Nova York, na Austrália, o grupo de energia Santos aguarda veredito em caso movido por acionistas que dizem terem sido enganados pela alegação de atingir neutralidade de carbono até 2040. Por fim, a lei tornou-se mais clara em setores como aviação, alimentos ou vestuário, principalmente na Europa, com medidas anti-greenwashing forçando marcas controlar suas reivindicações ambientais, quer dizer, menos águas engarrafadas ou cafés, agora, oferecem garantias de "neutralidade em carbono" antes de uma diretiva da UE que os proíbe a partir de 2026. H&M e varejista de roupas on-line Zalando abandonaram rótulos vagos de sustentabilidade sob pressão dos reguladores, enquanto a KLM viu na Holanda, a publicidade climática ser considerada enganosa, com Sybrig Smit, do NewClimate Institute, Berlim, dizendo que, "há empresas que jogaram suas políticas climáticas pela janela", concluindo que, "há empresas que estão fazendo menos dessas afirmações ousadas, mas, na verdade, suas ambições são mais realistas." Produtores de combustíveis fósseis estão no olho do furacão, como alvo prioritário, acusados ​​de serem principal fonte do aquecimento global ao mesmo tempo que espalham desinformação sobre impactos climáticos, colocando-se em situação jurídica complicada com processos na Europa e EUA, com a Califórnia por exemplo,tentando fazê-los pagar ajudando custos das mudanças climáticas,do mesmo jeito que, como as empresas de tabaco foram forçadas pagar depois de anos minimizando impactos do tabagismo na saúde.

Relatório da ONU continua alertando que 900 milhões de pessoas enfrentam riscos de condições climáticas extremas e que a pobreza "alimenta" crises climáticas, e que estas pessoas estejam expostas a impactos cada vez mais severos da crise climática como, calor extremo, inundações, secas e poluição atmosférica tóxica. Divulgado antes da COP30, o Índice Global de Pobreza Multidimensional de 2025  mostra quadro evidente de como a pobreza e mudanças climáticas se relacionam e, pela 1ª vez, pesquisadores combinaram dados sobre riscos climáticos e indicadores multidimensionais de pobreza, mostrando que pobreza não é simplesmente questão econômica, mas, intimamente ligada às pressões ambientais e instabilidade global. O relatório informa que dos 887 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza expostas a pelo menos um perigo climático, 651 milhões delas enfrentam 2 ou mais ameaças climáticas simultaneamente e, de todas as crises climáticas, o calor extremo afeta mais de 608 milhões de pessoas pobres e a poluição do ar afeta outros 577 milhões, sendo que as inundações são grande perigo, ameaçam 465 milhões de pessoas e 207 milhões vivem em áreas afetadas pela seca. Por fim, destaca o Sul da Ásia e África Subsaariana como regiões mais vulneráveis, onde pobreza e impactos climáticos colidem, no Sul da Ásia, a exposição é quase universal, considerando que 99,1% das pessoas pobres, 380 milhões, vivem em áreas que enfrentam um ou mais perigos climáticos, na África Subsaariana, por exemplo, 344 milhões de pessoas enfrentam ameaças múltiplas semelhantes. Vale a nota que incêndios florestais e tempestades em Los Angeles em 2025 custaram US$ 101 bilhões, sendo o 1º semestre o mais caro já registrado à grandes desastres nos EUA impulsionado por incêndios florestais em Los Angeles e tempestades em grande parte do resto do país, considerando que em 6 meses houveram 14 desastres climáticos distintos, cada um causando US$ 1 bilhão em danos, conforme o grupo Climate Central, no total, custaram US$ 101 bilhões em danos, casas, empresas, rodovias e demais infraestruturas perdidas, número maior que em qualquer outro 1º semestre desde que os registros começaram em 1980. Por fim, o Climate Central tenta preencher o vazio de informações para recuperar parte da expertise e ferramentas perdidas às quais a sociedade precisa ter acesso, em espécie de triagem, tenta salvar e continuar", com a Fema, Agência Federal de Gestão de Emergências, que reduziu número de funcionários e a exigência de que os estados arquem com as consequências de grandes desastres.

Moral da Nota: relatório da FAO,Organização da ONU à Alimentação e Agricultura, informa que 60% dos solos usados ​​na produção de alimentos estão degradados, parecendo que a terra lentamente perde força e poder para nos alimentar e proteger. Perdeu micróbios, minerais e umidade que os torna fértil, que 1,38 bilhão de hectares de solo estão em risco devido salinidade, segundo a FAO, dificultando cultivo de alimentos pelos agricultores, por outro lado, mudanças climáticas como secas, ondas de calor e inundações alimentam a degradação do solo. A ONU alerta que, se a degradação continuar, 90% da camada superficial do solo mundial estará em risco, considerando que uma seca em um país causa inflação nos preços dos alimentos em outros países, se a colheita falha, ocorre migração em busca de vida melhor criando pressão sobre empregos e recursos. No Sahel, África, a desertificação tornou difícil aos agricultores cultivar alimentos básicos como o milheto,no Sul da Ásia, inundações arrastam camada fértil do solo, que ameaça a colheita de trigo, sendo que a saúde do solo se interliga à saúde humana e animal, no conceito de saúde única, quando o solo se degrada, perde capacidade de reter nutrientes e, acordos comerciais, projetos de pesquisa e programas de desenvolvimento  ajudam países aprender uns com os outros e disseminar ideias.