O verão chinês de 2025 foi o mais quente registrado, segundo a autoridade meteorológica, enquanto ondas de calor continuaram atingir o sul do país, em paralelo, as temperaturas no mundo dispararam nos últimos anos, à medida que mudanças climáticas criam padrões mais erráticos, com o Reino Unido, Japão e Coreia do Sul relatando calor recorde no verão, por exemplo, de junho a agosto, "partes da China experimentaram calor intenso com temperatura média nacional de 22,31°C" e, segundo a CMA, Administração Meteorológica da China, em publicação nas redes sociais, o mais quente desde o início dos registros em 1961. Pequim teve temperaturas de 40°C em junho com alertas sobre riscos à saúde relacionados ao calor em áreas do leste da China, autoridades de Xangai afirmaram que a cidade sofreu calor intenso por 27 dias com temperaturas acima de 35°C em agosto, maior nível desde o início dos registros e, conforme a CMA, sistemas climáticos de alta pressão contribuíram para céus mais claros e maior exposição ao calor do sol no país em 2025 embora partes da China experimentem breve alívio Xangai teve máximas acima de 35°C. O verão de 2024 foi recorde com a marca de 22,30°C e, globalmente, foi o ano mais quente registrado, conforme a OMM, Organização Meteorológica Mundial, e, para 2025, autoridades do Japão, Coreia do Sul e Reino Unido anunciaram temperaturas médias recordes no verão em que o aquecimento global, impulsionado pela queima de combustíveis fósseis, não se deve apenas ao aumento das temperaturas mas ao efeito cascata de calor extra na atmosfera e mares em que o ar mais quente pode reter mais vapor d'água e os oceanos mais quentes significam maior evaporação resultando chuvas e tempestades mais intensas como as que atingiram a China com inundações e deslizamentos de terra resultantes matando 44 pessoas em julho. A China é a maior produtora mundial de CO2, gás efeito estufa, embora prometa atingir o pico das emissões até fins da década e zerá-las até 2060, emergindo como líder global em energia renovável nos últimos anos e buscando mitigar a enorme economia do consumo poluente de carvão. Nos EUA, estudo alerta que o progresso das emissões norte americanas pode estagnar pós anos de declínio constante, com as emissões de gases efeito estufa correndo risco decorrente políticas governamentais que promovem combustíveis fósseis e restringem energias renováveis e, em cenário mais pessimista, o Rhodium Group projetou que as emissões dos EUA diminuiriam ligeiramente pelo resto da década estabilizando-se entre 2030 e 2040 em pouco menos de 4,9 bilhões de toneladas métricas de CO2 equivalente ao modelar trajetórias de emissões baixas, médias e altas, ponderando fatores como crescimento econômico, preços de combustíveis fósseis e custos e desempenho de energia limpa. O relatório Taking Stock, esclarece que "os primeiros 7 meses do atual governo e do atual Congresso, testemunharam mudança mais abrupta na política energética e climática da história recente", concluindo que, "após o governo anterior adotar políticas para impulsionar descarbonização, o Congresso e a Casa Branca atuais promulgaram regime abertamente hostil a veículos eólicos, solares e elétricos buscando promover aumento da produção e uso de combustíveis fósseis", ressaltando que as emissões norte americanas vêm caindo de forma constante desde o pico em meados dos anos 2000 com mais de 6 bilhões de toneladas, sendo que o principal fator foi o declínio do carvão substituído pelo gás natural e, recentemente, pelas renováveis decorrente ganhos de eficiência em veículos, eletrodomésticos e indústria ao lado de políticas de apoio que desempenharam um papel. O Rhodium Group demonstra que a projeção atual é que gases efeito estufa diminuam de 26% a 35% até 2035 em relação aos níveis de 2005, "mudança significativa" em relação ao relatório de 2024 que previa queda mais acentuada, ou, de 38% a 56%, por conta de agenda centrada no aumento dos combustíveis fósseis e restrição das energias renováveis, ressaltando que lei recente sobre impostos e gastos aprovada pelos republicanos no Congresso, revogou créditos fiscais à energia verde promulgados pelo governo anterior enquanto o atual governo vem revogando aprovações à projetos eólicos em construção, no entanto, de acordo com o relatório, energias renováveis continuarão crescer até 2030 por conta de empresas reivindicarem vencimento dos créditos fiscais à eletricidade limpa, no entanto, a implantação divergiu nos cenários de emissões. No setor de transporte as emissões devem cair de 8% a 20% em 2040 comparadas com 2024 por conta de participação das vendas de veículos com emissão zero aumentando ligeiramente, com o Rhodium Group estimando que o gás natural liquefeito fortemente promovido pelo governo como parte de acordos de comércio exterior crescerá de 94% a 150% em 2040 comparados com 2024.
Karak, distrito na província de Khyber Pakhtunkhwa, no Paquistão, é retratado como terra promissora e, sob terreno acidentado, encontram-se reservas de calcário, carvão, gesso, sal-gema, argila de xisto e areia de sílica abastecendo indústrias de cimento, vidro e sal comestível, um peso pesado nacional que faz fronteira com a bacia petrolífera de Kohat contribuindo com mais da metade da produção diária de petróleo do Paquistão, sendo que em dezembro de 2024, a Pakistan Oilfields Limited descobriu 22 milhões de pés cúbicos de gás e 2.100 barris de petróleo/ dia, aclamados como marco à segurança energética nacional. Quer dizer, em Karak, a mudança climática é apenas metade da história, a outra metade é escrita pelas indústrias extrativas que deixaram cicatrizes em suas terras, águas e pessoas, com as comunidades chamadas por pesquisadores de "dupla exposição", a colisão de riscos climáticos com a degradação industrial com visíveis sinais da mudança climática em cada conversa e cena em que pesquisas de campo conduzidas no âmbito do PAN, Plano Nacional de Adaptação, demonstrou que a insegurança hídrica emergiu, desafio mais urgente, com famílias dependendo de caminhões-tanque ou fontes distantes de água subterrânea de qualidade questionável, frequentemente salinas ou contaminadas. Neste ambiente se inserem as ondas de calor, secas e inundações repentinas que se intensificam criando riscos à saúde de trabalhadores ao ar livre, crianças em idade escolar e idosos, além de aumentar demanda por eletricidade em áreas afetadas por cortes de energia, a agricultura declina pois a redução das chuvas, degradação dos solos e escassez de água prejudicam a produtividade das colheitas e a saúde do gado, com efluentes de petróleo e gás infiltrando-se em fontes de água potável em que terras agrícolas são degradadas por poeira e poluição química e o desmatamento destruiu barreiras naturais contra enchentes e erosão. Pesquisadores testando 285 fontes de água e pesquisando 1.247 domicílios, registraram nível médio de urânio de 47,3 μg/L acima do limite da OMS de 30 μg/L com 68% das amostras excedendo esse limite enquanto a qualidade do ar se deteriora provocando aumento de doenças respiratórias e relatos de cada vez mais condições crônicas de saúde que variam de alergias a cânceres, com queixas comunitárias que os gastos com responsabilidade social corporativa são simbólicos e desalinhados das necessidades urgentes, enquanto royalties do petróleo e gás desaparecem em má gestão antes de chegarem às famílias. Estudo da Frontier in Medical and Health Research encontrou contaminação de urânio nas águas subterrâneas de Karak, levando a riscos de disfunção renal, distúrbios ósseos e doenças hepáticas que aumentaram acentuadamente, com 72% dos locais ultrapassando nível aceitável de risco de câncer ao longo da vida, considerando que o Paquistão é um dos países mais vulneráveis ao clima do mundo e as pressões combinadas das mudanças climáticas e extração desenfreada ameaçam aprofundar desigualdade, alimentar descontentamento e corroer a coesão social, colocando em pauta, parcerias com empresas privadas de filtragem de água como a Albamet Pakistan em projeto com a Al-Ghazi Tractors Limited em Dera Ghazi Khan demonstrando viabilidade de fornecer tecnologia de purificação escalável e acessível em ambientes desafiadores.
Moral da Nota: o The Straits Times informa que Singapura investe US$ 76,4 milhões para comprar mais de 2 milhões de toneladas de créditos de carbono de origem natural de projetos em Gana, Paraguai e Peru, com a NCCS, Secretaria Nacional de Mudanças Climáticas, e o MTI, Ministério do Comércio e Indústria, afirmando que os projetos protegerão florestas no Peru, restaurarão pastagens em Gana e armazenarão carbono nas pastagens do Paraguai, este, o 1º lote de créditos de carbono de Singapura sob acordos climáticos globais, no total, comprará 2,175 milhões de toneladas de créditos equivalente à compensação de 4% das emissões de gases efeito estufa em 2022, sendo que um único crédito de carbono representa 1 tonelada de CO2 evitada, por exemplo, pela prevenção do desmatamento, ou, removida por meio de restauração. Pelo edital para créditos baseados na natureza encerrado em fevereiro, as iniciativas peruanas, Projeto Kowen Antami Redd+ e Projeto Juntos pelas Florestas Redd+, concentram-se na proteção do Parque Nacional Yanachaga Chemillen, Floresta de Proteção San Matias-San Carlos e áreas na província de Madre de Dios, sendo que os projetos Redd+, Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, buscam reduzir emissões oriundas da exploração madeireira, incêndios florestais e expansão agrícola, sendo os créditos fornecidos pelas empresas GenZero, apoiada pela Temasek, trader de commodities Mercuria Asia Resources e desenvolvedora de projetos de carbono Boomitra, sediada nos EUA e, de acordo com o portal de compras GeBiz, de Singapura, a Mercuria fornecerá créditos dos dois projetos peruanos. Singapura planeja aplicar as compensações entre 2026 e 2030 para cumprir suas metas climáticas, projetando anteriormente que usaria 2,51 milhões de toneladas de créditos de carbono de alta qualidade anualmente nesta década, por exemplo, em 2030, as emissões totais previstas são de 62,51 milhões de toneladas, reduzidas à 60 milhões de toneladas com os créditos e, conforme o Acordo de Paris, as nações podem comprar créditos de carbono de outras jurisdições para cumprir compromissos domésticos considerando que Singapura possui atualmente acordos de comércio de carbono com 9 países, ou, Gana, Peru, Paraguai, Papua-Nova Guiné, Butão, Chile, Ruanda, Tailândia e Vietnã. Valendo a Nota que a ONU avisa através do relatório "Economia da seca: investir em soluções baseadas na natureza à resiliência diante das secas", que custam quase 300 bilhões de euros/ano exacerbadas pelas mudanças climáticas e gestão insustentável dos recursos hídricos e solos afetando 75% da população mundial até 2050, balanço, ilustrando como soluções na natureza, como a "reflorestamento" ou "gestão dos pastos", podem reduzir perdas e aumentar renda agrícola ao mesmo tempo que oferecem benefícios climáticos e ambientais. Estudo de 2020 publicado na Global Change Biology concluiu que "intervenções baseadas na natureza são tão eficazes, ou até mais" em 59% dos casos "do que outras intervenções para combater efeitos das mudanças climáticas" e, em 2024, ano mais quente registrado, foi marcado por secas no Mediterrâneo, Equador, Brasil, Marrocos, Namíbia e Malawi, causando incêndios, escassez de água e alimentos, considerando que o custo das secas "vai além das perdas agrícolas imediatas afetando cadeia de suprimentos, reduzindo PIB, impactando subsistência e gerando problemas a longo prazo, como fome, desemprego e migração", conforme o diretor do Instituto Universitário das Nações Unidas à Água, Meio Ambiente e Saúde, UNU-INWEH.