Escolas médicas norte americanas atualizam seus currículos à medida que mudanças climáticas tornam-se impossíveis de ignorar, com a conscientização emergindo à medida que a pandemia aumentava, destacando que, desigualdades socioeconômicas na assistência médica e condições de trabalho é ameaça iminente. Evidências revelam impacto das mudanças climáticas na saúde humana, conforme descrito em relatório de 2022 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, sobressaindo efeitos do aquecimento das temperaturas e mudanças nos padrões climáticos de aumento nas doenças transmissíveis em condições respiratórias crônicas e preocupantes mortes relacionadas ao calor, além disso, o relatório destaca como mudanças climáticas exacerbam insegurança alimentar global levando à desnutrição generalizada e forçando deslocamentos em massa, sobrecarregando sistemas de saúde pública. Nessas realidades, a maioria das escolas médicas dos EUA adicionou mudanças climáticas aos currículos entre os anos acadêmicos de 2019 e 2021, com a porcentagem de escolas que concedem MD e exigiram currículo sobre mudanças climáticas e saúde aumentando de 27% à 55%, conforme pesquisa da Association of American Medical Colleges no ano letivo de 2022, ano que, a porcentagem aumentou para 65% . A Harvard Medical School desenvolveu programa piloto sobre efeitos do clima na saúde respiratória, com diretores do curso aprovando a integração das aulas no currículo médico do 1º ano de Harvard em 2021 com o cuidado de não sobrecarregar o currículo já lotado, introduzindo informações em pequenas porções espalhadas pelo curso existente, por exemplo, no aprendizado sobre asma infantil alunos foram solicitados considerar fatores de risco sociais e ambientais de paciente hipotético, como viver em um bairro poluído pela queima de combustíveis fósseis ou incêndios florestais, desenvolvendo explicador sobre diferentes tipos de poluição, fontes e interações pulmonares, além do tamanho das partículas determinando onde a poluição é depositada no pulmão, conceito já abordado na faculdade de medicina, discutindo como diferentes tipos de poluição interagem com a fisiologia pulmonar no desenvolvimento de doenças. Em 2023 o Comitê de Política Educacional e Currículo da Harvard Medical School aprovou adições de cursos como parte dos currículos de temas sociais do programa de MD abordando determinantes sociais da saúde, além de esforço em adicionar cursos à todos os sistemas do corpo em estreita colaboração com o corpo docente, incluindo o médico de atenção primária, o diretor de educação e a política do Center for Climate, Health, and the Global Environment da Harvard TH Chan School of Public Health que, juntos, alunos e corpo docente, publicaram detalhes da implementação em artigo no PLOS Climate. O currículo revisado de Harvard inclui lições sobre planejamento de desastres e redução da pegada de carbono do sistema de saúde, nas seções de saúde renal e endócrina incorporaram módulo à planejamento de desastres naturais em que pacientes com doença renal crônica que dependem de diálise necessitam plano de desastre em vigor se um evento climático interferir no acesso ao tratamento, enquanto isso, Stanford adiciona cursos sobre medicamentos que tornam pessoas mais suscetíveis a riscos do calor, como evacuar um hospital com segurança e como filtros de ar e máscaras ajudam pessoas reduzir o risco de fumaça de incêndios florestais.
Incorporar questões do conselho à mudança climática na faculdade de medicina e no treinamento de residência estão em andamento em Harvard, mas, embora remodelada, a maioria dos médicos praticantes não recebeu essa instrução formal em seu treinamento, pois segundo a professora associada de medicina de emergência no Columbia Irving Medical Center, “somos treinados em paradigmas de modelos de doenças relacionados a mecanismos moleculares, genética e epigenética, que são importantes, mas, cada vez mais, vemos impactos ambientais na origem da doença”, concluindo que, “precisamos entender impactos ambientais para que possamos diagnosticar pacientes adequadamente e prescrever planos de tratamento que os farão melhorar.” Em 2017, co-desenvolveu a Climate & Health Science Policy Fellowship da University of Colorado visando profissionais de saúde com o professor de medicina de emergência especializado em medicina ambiental e de áreas selvagens, formando 25 médicos até agora, muitos dos quais desenvolveram e lideram programas de saúde climática, sendo que um desses médico dirige o currículo de saúde planetária e mudanças climáticas na Universidade de Washington onde é assistente de medicina de emergência. Bolsistas do programa trabalham com mentores na área de saúde ambiental e participam de reuniões de políticas nacionais e internacionais, muitos testemunhando na América Central como o calor extremo afeta trabalhadores agrícolas, ao passo que pessoas jovens e saudáveis adoecem com doença renal crônica devido exposição a temperaturas mais altas que o normal e, quando o furacão Maria devastou Porto Rico, avaliaram efeitos do desastre na saúde. Vale dizer que o Consórcio Global sobre Educação em Clima e Saúde que equipa profissionais de saúde no mundo com conhecimento e habilidades necessárias, organização que inclui mais de 360 escolas de medicina, enfermagem, farmácia, saúde pública, serviço social, odontologia e veterinária, cujos Conceitos Básicos de Clima e Saúde para Profissionais de Saúde foram publicados pela primeira vez em 2018, estão agora na 3ª edição, além de oferecer aulas online gratuitas à profissionais de saúde criando repositório de acesso aberto de recursos educacionais médicos revisados por especialistas sobre clima, em que, banco de recursos é organizado por sistemas de órgãos e especialidades variando de prevenção primária à violência de parceiro. Por fim, em Stanford, por exemplo, o corpo docente busca pensar sobre como o campo médico contribui à mudança climática e trabalha em modos de descarbonizar o hospital e reduzir desperdício médico. Não é difícil imaginar que as futuras gerações de médicos treinados em clima podem ser capazes de realizar, considerando que, salas de cirurgia não se concentram nos impactos ambientais mas um movimento crescente entre equipes cirúrgicas tenta mudar isso com o centro cirúrgico moderno e consumidor de muita energia produzindo sacos de resíduos plásticos e emitindo quantidades substanciais de gases efeito estufa e, mudanças simples, desde troca de medicamentos anestésicos por materiais reutilizáveis podem fazer diferença.
Moral da Nota: o Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, enfrenta desafios para tornar a produção de gado mais sustentável e transformar o setor pecuário envolvendo identificar e dimensionar tecnologias e práticas de baixo carbono que podem aumentar produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir impacto ambiental implementando sistemas de rastreabilidade, essencial para garantir conformidade com regulamentações de desmatamento e manter acesso ao mercado, especialmente à pequenos agricultores. A exportação de carne bovina brasileira representaram 30% do total das exportações mundiais em 2022, segundo Relatório Carne Bovina da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina, ABIEC, no entanto, a produção pecuária se relaciona ao desmatamento e representa fonte de emissões de metano gerando impactos nas mudanças climáticas, daí, o desafio de conciliar contribuição nacional à segurança alimentar global com ações para mitigar mudanças climáticas e perda de biodiversidade exigindo transição da produção pecuária à modelo mais sustentável. O setor pecuário na última década, implementou compromissos e iniciativas para tornar a produção mais sustentável e abordar práticas ilegais incluindo acordos de gado entre frigoríficos de carne bovina, Ministério Público do Brasil e o desenvolvimento do protocolo Beef On Track, compromissos voluntários de desmatamento zero por grandes empresas, possíveis através de iniciativas como o Protocolo do Cerrado que envolve exportadores de carne bovina brasileira adotando voluntariamente critérios à aquisição de gado no bioma Cerrado, no entanto, desafios em desassociar produção pecuária do desmatamento e promover adoções de tecnologia voltadas à redução de emissões de gases efeito estufa envolvem sistema inteiro e estão interconectados, clamando por abordagem multissetorial crítica.