quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Produção de Alimentos

Estudo abrangente aponta à queda de 40% na Produção de Alimentos dos EUA e Europa decorrente mudanças climáticas, com perdas de trigo e milho ainda neste século, analisando mais de 12 mil regiões em 55 países pesquisadores de instituições dos EUA e internacionais descobriram que, para cada aumento de 1°C na temperatura global a produção mundial de alimentos pode cair  120 calorias/pessoa/dia, equivalente a 4,4% do consumo diário atual. Publicado na Nature, o estudo mostra que mesmo quando adotadas estratégias de adaptação climática, regiões conhecidas como “celeiros” estão vulneráveis enfrentando reduções na produção da maioria das culturas alimentares em  perspectiva preocupante à segurança alimentar global, com o professor da Universidade de Illinois e um dos autores do estudo nos dizendo que  “costumam pensar nos EUA que impactos das mudanças climáticas são mais sentidos nas regiões mais pobres do mundo enquanto nos EUA estão descobrindo o oposto com agricultores  entre os que enfrentam maiores riscos à rendimentos futuros.” O estudo surge pós pesquisa mostrando que o aquecimento global causou aumento sem precedentes na gravidade das secas no mundo, com outro trabalho de pesquisadores europeus e ingleses publicado na Nature indicando recorde de 30% da superfície terrestre sofrendo seca de moderada a extrema em 2022 e, que 42% desse fenômeno é atribuído à demanda evaporativa atmosférica causada por temperaturas médias mais altas. Já, pesquisa sobre produção de alimentos mostra padrão contra intuitivo em que regiões hoje grandes “celeiros” com climas favoráveis estão particularmente vulneráveis por conta dessas vantagens atuais, quer dizer,  “regiões ricas, ‘celeiros’ do mundo, se beneficiam dos climas favoráveis atualmente”, concluindo que,  “não estão tão expostas hoje a calor extremo e, portanto, não estão tão adaptadas a ele”, por outro lado, produtores de regiões mais quentes e de baixa renda desenvolveram práticas mais adaptativas ao clima com  “regiões de baixa renda tendendo localização nas partes mais quentes do planeta” e “já lidam hoje com exposição a extremos de calor, portanto, adaptadas a essas condições.” O estudo é inovador por analisar como produtores rurais se adaptam às mudanças nas condições atuais, em vez de basear em modelos teóricos considerando que “por muito tempo ficou a questão em aberto até que ponto produtores iriam se adaptar às mudanças climáticas futuras” ao “descobrir que a adaptação é parcialmente protetiva”, enquanto a produção de milho enfrenta maiores perdas projetadas com rendimentos podendo cair até 40% em regiões-chave de cultivo incluindo o cinturão de grãos dos EUA, leste da China e Ásia Central além da  produção de trigo nas regiões produtoras atuais podendo sofrer perdas de 30% a 40% nos EUA, Canadá, China e Rússia. A mandioca, cultura de subsistência em países de baixa renda, pode ter perdas de 40% na África Subsaariana, considerando que populações mais pobres praticam agricultura de subsistência, ou, cultivam para alimentar as famílias e não vender no mercado, tais comunidades podem ter mais dificuldade em enfrentar as perdas, daí, a pesquisa reforçar necessidade de reduções mais agressivas nas emissões e de apoio à adaptação da agricultura e pecuária, sendo que o fracasso ameaça gerar fome e instabilidade social. 

Pesquisadores da USP e do CEMADEN identificam chuvas críticas e calor noturno como gatilhos climáticos que podem reduzir drasticamente colheitas de soja e milho entre nós, sendo que o aprendizado de máquina mostrou gatilhos climáticos que tiram comida do prato tomando por base 3 décadas de dados e modelos, com a soja como uma das culturas do Brasil essencial à economia e segurança alimentar cujo desenvolvimento é sensível a variações climáticas como falta de chuva e temperaturas extremas. Extremos climáticos cada vez mais frequentes são adversário invisível as lavouras de soja e milho com estudo liderado pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, parceira do Instituto de Estudos Avançados da USP e do CEMADEN, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, desenvolvendo aprendizado de máquina para transformar séries históricas de clima e produção em informação acionável sobre riscos à colheita,utilizando bases oficiais do IBGE e do Deral, Departamento de Economia Rural do Paraná, da reanálise global ERA5-Land do ECMWF, garantindo dados confiáveis. Buscando identificar CID, fatores climáticos de impacto, combinações de calor, seca ou chuvas extremas que afetam a produtividade, aplicaram florestas aleatórias, Random Forest, com eliminação recursiva de variáveis seguidas do método de explicações aditivas de Shapley, SHAP, que explica a importância de cada índice climático na previsão das perdas obtendo como resultado mapa de vulnerabilidade apontando quando e onde plantas ficam mais expostas, informação valiosa à agricultores, cooperativas e órgãos de extensão rural. Compilaram 3 décadas de rendimentos municipais de soja e milho e cruzaram os números com mais de 30 indicadores climáticos, de totais mensais de chuva a índices de seca SPEI descartando varáveis correlacionadas e deixando sinais mais robustos do clima sobre a lavoura, daí, permite o ML, aprendizado de máquina, identificar padrões entre clima e produtividade agrícola revelando fatores como chuva, temperatura e seca, influenciam safras de soja e milho. O algoritmo Random Forest “aprendeu” ligar pontos entre clima e produtividade, enquanto o SHAP atribuía a cada CID peso numérico fácil de interpretar revelando que a precipitação média continua sendo fator dominante, mas seu impacto depende da fase do ciclo e interação com picos de temperatura mínima noturna, estresse pouco debatido, sendo que os resultados mostraram que certas janelas climáticas funcionam como gargalos ao sucesso da safra especialmente no Sul e Centro-Oeste. Por fim, reunir IA e bases brasileiras, demonstra que é possível sair da dependência de médias climáticas genéricas e avançar à diagnósticos localizados, fundamentais para manter a segurança alimentar abastecida em meio às incertezas do clima.

Moral da Nota: incêndios florestais podem alterar a qualidade da água resultando implicações aos sistemas humanos e de água doce, no entanto, avaliações em escala regional desses impactos são limitadas pela escassez de dados e, avaliação de 1984 a 202 em 245 bacias hidrográficas queimadas no oeste dos EUA, comparando sinais pós-incêndio com níveis de referência de 293 bacias não queimadas observa-se que o carbono orgânico e fósforo exibem níveis elevados nos primeiros 1 a 5 anos pós-incêndio, enquanto nitrogênio e sedimento mostram aumentos significativos até 8 anos pós-incêndio. Os anos de pico de resposta pós-incêndio exibem concentrações médias de carbono, nitrogênio e fósforo 3 a 103 vezes os níveis pré-incêndio e sedimento 19 a 286 vezes as concentrações pré-incêndio enquanto as respostas estão ligadas as maiores áreas florestais e desenvolvida que explicam até 31 e 33% da variabilidade de resposta entre bacias, fornecendo evidências da degradação plurianual da qualidade da água pós incêndios florestais no oeste dos EUA destacando influência das características das bacias hidrográficas e dos incêndios florestais. Valendo dizer que incêndios florestais contaminam a qualidade da água por quase uma década pós o incêndio cujos resultados mostram que contaminantes como carbono orgânico, fósforo, nitrogênio e sedimentos podem degradar a qualidade da água por até 8 anos pós incêndio, quer dizer, gestores de recursos hídricos podem usar esses dados para planejar o futuro já  que foram analisados mais de 100 mil amostras de água de 500 locais e construídos modelos baseados em dados para medir o quanto os contaminantes mudaram em cada bacia. Novo estudo revela que o legado dos incêndios florestais se estende além da devastação imediata, com contaminantes de florestas e bacias hidrográficas queimadas continuando poluir rios e córregos por até 8 anos pós extinção das chamas em pesquisa publicada na Nature Communications Earth & Environment, tratando-se da primeira avaliação de qualidade da água pós-incêndio florestal em 100 mil amostras, lembrando que contaminantes podem degradar a qualidade representando desafios às estações de tratamento ameaçando abastecimento à milhões de pessoas. O estudo constatou que o impacto dos incêndios florestais na qualidade da água é variável, dependendo de fatores como proximidade do incêndio aos rios, tipo de solo e vegetação e padrões climáticos locais, em alguns casos, os níveis de sedimentos nos córregos foram até 2 mil vezes maiores que antes do incêndio sobrecarregando infraestrutura de tratamento de água e, para concluir, no caso americano, à medida que o oeste dos EUA enfrenta riscos de incêndios florestais pesquisadores esperam que seus dados ajudem comunidades se prepararem melhor aos impactos ambientais que surgem após o incêndio.