sábado, 19 de abril de 2025

Emissões

A atualização do banco de dados Carbon Majors, produzida pela InfluenceMap, mostra que 36 empresas responderam por mais da metade das emissões globais de carbono do mundo em 2023, dentre as 5 maiores poluidores estão a Saudi Aramco, Coal India, CHN Energy, National Iranian Oil Co. e Jinneng Group, que produziram 7,4 bilhões de toneladas de CO2 equivalente a 17,4% das emissões globais, com especialistas chamando as descobertas de "verdadeiramente alarmantes" e que as empresas assumam responsabilidade pelas emissões. No total, a Carbon Majors rastreou 33,9 gigatoneladas de emissões de CO2 equivalente a GtCO2e para169 empresas ativas no banco de dados 2023, com emissões representando 78,4% do total de carbono de combustíveis fósseis e cimento, para 2023, o carvão respondendo pela maior quantidade de emissões, 41,1% das emissões no banco de dados, aumentando desde 2016, segundo o InfluenceMap, com emissões relacionadas ao cimento tendo a maior taxa de aumento, 6,5%, desde 2022. Os dados revelaram que 93 empresas aumentaram as emissões de 2022 à 2023, três empresas tiveram pouca ou nenhuma mudança nas emissões e 73 das entidades diminuíram as emissões, no entanto, no topo da lista dos maiores emissores dentre os 20 maiores totalizando 17,5 GtCO2e em 2023, 16 são empresas estatais, conforme os dados, os 5 maiores emissores estatais incluem Saudi Aramco, Coal India, CHN Energy, National Iranian Oil Co. e Jinneng Group, enquanto os 5 maiores emissores privados 2023 incluíram ExxonMobil, Chevron, Shell, TotalEnergies e BP. O maior produtor de todos foi a Saudi Aramco, responsável por 4,38 % das emissões totais do mundo e, em 2023, 169 empresas produziram 33,9 gigatoneladas de CO2 ou outros gases efeito estufa, dessas, 93  produziram mais CO2 em 2023 que em 2022, sendo que o relatório Carbon Majors mede emissões atribuíveis dos 169 maiores produtores ativos de petróleo, gás, carvão e cimento ao redor do mundo. Os dados Carbon Majors abrangem emissões de 1854 a 2023, com 67,5 % das emissões industriais de CO2 causadas pelo homem desde a Revolução Industrial atribuídas a 180 entidades corporativas e estatais no banco de dados que lançaram 33,9 bilhões de toneladas de CO2 e outros gases efeito estufa na atmosfera, as 20 maiores entidades produtoras de carbono lançaram 17,5 gigatoneladas de CO2, 40 % das emissões globais de combustíveis fósseis e cimento. Das 20 empresas mais poluentes, 7 produzem  carvão, entre elas, 6 empresas chinesas e 1 empresa indiana enquanto as 5 mais poluentes mostram Saudi Aramco, 1.839 milhões de toneladas de CO2, Carvão Índia, 1.548 milhões de toneladas de CO2, CHN Energy, 1.533 milhões de toneladas de CO2, Companhia Nacional de Petróleo Iraniana, 1.262 milhões de toneladas de CO2, Grupo Jinneng, 1.228 milhões de toneladas de CO2, com o detalhe que a Saudi Aramco produz 11,5 milhões de barris de petróleo/dia.

A fundadora e copresidente da Iniciativa do Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, Tzeporah Berman, fala que "é alarmante que as maiores empresas de combustíveis fósseis continuem aumentar emissões diante do agravamento dos desastres naturais causados ​​pelas mudanças climáticas, desconsiderando evidências científicas que as emissões prejudicam a todos. A análise destaca que muitos dos maiores emissores do mundo aumentaram suas emissões em 2023 comparadas a 2022, com a indústria de cimento como contribuidora significativa devido aos processos intensivos em energia, além disso, empresas chinesas foram notadas como maiores contribuidoras nacionais às emissões de CO2 relacionadas a combustíveis fósseis, respondendo por 23% do total global em 2023. Vale a nota que das 5 principais empresas estatais poluidoras foram associadas a 17,5% das emissões globais de CO2 de combustíveis fósseis, enquanto das 5 empresas privadas com maior emissão responderam por 5% das emissões mundiais de CO2 de combustíveis fósseis em 2023, daí, análise identificar que um pequeno grupo de empresas responde por parcela significativa das emissões de gases efeito estufa do mundo, com empresas estatais dominando a lista dos maiores poluidores, sendo que as descobertas, publicadas no relatório “Carbon Majors Database” pelo think tank climático InfluenceMap, sediado em Londres, buscam aumentar conscientização das entidades nas emissões globais e potenciais medidas de responsabilização. A lógica é a seguinte, empresas estatais  são as maiores fontes de emissão de CO2, 16 dos 20 maiores emissores em 2023, com as chinesas representadas por 8 das 20 empresas estatais mais poluentes, produzem mais de 17% das emissões globais, no total, 68 empresas estatais no banco de dados produziram 22,5 bilhões de toneladas de emissões de CO2, mais da metade das emissões mundiais relacionadas a combustíveis fósseis e cimento, as 5 privadas mais poluentes foram ExxonMobil, Chevron, Shell, TotalEnergies e BP, juntas, produziram 2,2 bilhões de toneladas de CO2 ou gases efeito estufa equivalentes, no entanto, o carvão é a maior fonte de emissão de gases efeito estufa com 41% das emissões globais, a produção de cimento é a fonte de poluição que mais cresce, já que as emissões aumentaram entre 2022 e 2023, outras formas de produção de emissões permanecem relativamente estáveis ​​desde de 2010, o cimento tornou-se a fonte de CO2 de crescimento mais rápido com empresas produzindo 6,5 % mais CO2 em 2023 que em 2022.  O diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, Johan Rockstrom, esclarece que “emissões globais de GEE continuam aumentar, com mais da metade de CO2 fóssil vindas de apenas 36 empresas, como revelam descobertas do InfluenceMap”, concluindo que, “corporações com fins lucrativos continuam expandir infraestrutura fóssil e que desastres climáticos estão atingindo mais duramente regiões onde pessoas contribuíram menos, prejudicando vidas e empurrando para mais perto de pontos de inflexão incontroláveis.”

Moral da Nota: os maiores emissores de gases efeito estufa do mundo, China, EUA, Índia e UE, definiram metas para reduzir emissões, no entanto, o progresso tem variado, com a China, principal emissor global, respondendo por um terço da produção de gases efeito estufa, lidera na produção de energia renovável prometendo atingir o pico de emissões até 2030 e neutralidade de carbono até 2060, estabeleceu em 2024 recorde ao maior número de instalações eólicas e solares por um país em um único ano com projeções sugerindo que a expansão de energia limpa pode ajudar diminuir as emissões do país em 2025, 5 anos antes do previsto. Os EUA, 2º lugar em emissões globais e produção de energia renovável almejava atingir redução de emissões de 61% a 66% até 2035 e zero líquido até 2050, no entanto, mudanças na política climática, retirada do acordo climático de Paris e reversões de iniciativas verdes da era Biden, podem alterar o cronograma para atingir essas metas, com o monitor de metas globais de emissões Climate Action Tracker classificando ações dos EUA para reduzir a produção de gases efeito estufa como "insuficientes", ainda que, projeções do Departamento de Energia divulgadas pouco antes da posse de Trump indicaram redução de emissões entre 36% e 57% até 2035 colocando o país no caminho para ficar aquém das metas, mesmo com Biden na Casa Branca. A Índia, 3º maior emissor, se comprometeu gerar 50% da energia a partir de fontes de combustíveis não fósseis até 2030 e atingir o zero líquido até 2070, com analistas sugerindo que o país pode realmente superar a meta anterior de energia limpa, atingindo 60% de eletricidade renovável em 2030, no entanto, previsões da empresa de dados e análises de energia Woods Mackenzie preveem que emissões indianas podem quase dobrar até 2040 e diminuir marginalmente até 2070, com o Climate Action Tracker classificando as metas climáticas do país como "altamente insuficientes". Por fim, a UE, 4º maior emissor, promete reduzir emissões em 55% até 2030 e atingir o zero líquido até 2050, quase três quartos da eletricidade da UE atualmente é livre de gases efeito estufa, auxiliando reduzir emissões em 37%, no entanto, a S&P Global Commodity Insights projeta que emissões cairão 42% até 2030, o que levou a Comissão Europeia pedir “ações adicionais” para atingir a meta de redução de 55%.