Ventos enfraquecem ao longo do Oceano Pacífico equatorial, aumentando o calor sob a superfície oceânica em julho, a maioria dos modelos de previsão concorda que o maior agente do sistema climático, o El Niño, retorna pela primeira vez em 4 anos. No El Niño, a faixa de oceano que se estende por 6 mil milhas ou 10 mil kms a oeste da costa do Equador, aquece por meses, de 1º C a 2º C, mais que suficiente para reorganizar padrões de vento, chuva e temperatura no planeta. A água morna afeta correntes de ar deixando as áreas mais úmidas ou mais secas que o normal, aumentando tempestades em algumas áreas, como o sul dos EUA, tendendo conter atividade de furacões no Atlântico. Pode causar estragos nos ecossistemas marinhos incluindo recifes de corais e prados de ervas marinhas, tende desencadear períodos de aquecimento extremo do oceano, conhecidos como ondas de calor marinhas, uma “onda” de calor extremo no oceano, não muito diferente da onda de calor atmosférica em terra, podendo inundar baías e enseadas com água mais quente que o normal por dias ou semanas. A água morna para os organismos marinhos aumenta o metabolismo queimando energia mais rápido, por exemplo, o bacalhau do Pacífico diminuiu 70% no Golfo do Alasca em resposta a onda de calor marinha, ocorre ainda branqueamento de corais, proliferação de algas nocivas, algas dizimadas e encalhe de mamíferos marinhos acarretando perdas de bilhões de dólares.
A probabilidade de aumento da atividade das ondas de calor marinhas no El Niño depende da localização, por exemplo, ao longo da costa oeste dos EUA, no El Niño, os ventos de superfície que sopram do norte tendem diminuir a evaporação retardando ressurgência de águas mais frias aumentando chances de ondas de calor marinhas costeiras. Modelos de previsão sazonal preveem ondas de calor marinhas com 3 a 6 meses de antecedência, dependendo da região, tendendo ser mais precisas nos anos de El Niño com a última previsão mostrando que várias ondas de calor marinhas ativas persistam em junho-agosto, inclusive no Pacífico Norte, na costa do Peru, sudeste da Nova Zelândia e Atlântico Norte tropical, aumentando risco de janeiro a março de 2024 na costa oeste dos EUA, no oeste do Oceano Índico, na Baía de Bengala e no Atlântico Norte tropical. O fenômeno climático que cientistas do clima esperam que volte com a mudança climática, pode resultar em nova elevação da temperatura média mundial, considerando que 2016 foi o ano mais quente registrado até agora, coincidindo com o El Nino, mas o ano de 2023 pode quebrar esse recorde, embora a mudança climática tenha alimentado temperaturas extremas mesmo em anos sem o fenômeno. Cientistas do Copernicus Climate Change Service da UE alertam que, com a chegada prevista do El Niño é possível que a Terra atinja novo recorde de temperatura média em 2023 ou 2024, superando o anterior mais quente registrado em 2016. O Bureau of Meteorology da Austrália afirma que 7 modelos preditivos mostrando que as temperaturas do mar cruzarão o limiar do El Niño até agosto de 2023, com 50% de chance do evento ocorrer. A NOAA, Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, colocou 62% de chances do fenômeno ocorrer entre maio e julho de 2023 e 85% no final do ano.
Moral da Nota: temperaturas recordes do El Niño em 2016 causaram correntes de ar na Etiópia, ciclones em Fiji, chuvas e nevascas recordes nos EUA e a pior extinção de recifes de corais da história. Simplificando, La Nina e El Nino juntos conhecidos como El Nino-Oscilação Sul, são a fase de resfriamento e aquecimento, respectivamente, das temperaturas do mar. Fenômenos que duram de 9 a 12 meses, mas alguns eventos prolongados podem durar anos. A vice-presidente dos EUA Kamala Harris em evento na Universidade de Miami anunciou que os EUA investirão US$ 562 milhões no financiamento às zonas costeiras face à ameaça das alterações climáticas, afirmando que "a crise climática representa ameaça profunda, como sabemos, para a nação e ao mundo”. Mostrou-se preocupada com as consequências do aquecimento global nos EUA destacando presença de furacões e tempestades, além de secas e incêndios, apontando o litoral como área especialmente frágil. O dinheiro será gasto em "infraestrutura natural", como restauração de manguezais e corais para reduzir impacto das tempestades tropicais e filtrar poluição oceânica, dizendo que "na Flórida o trabalho criará empregos na construção civil, engenharia ambiental e arquitetura paisagística". A Flórida, é um dos locais mais expostos à elevação do nível do mar, devido a baixa altitude e 1.300 km de litoral, vulnerável a tempestades tropicais e furacões como o Ian, que em setembro, matou cerca de 150 pessoas e devastou cidades como Fort Myers Beach, na costa do Golfo do México.