terça-feira, 20 de abril de 2021

Dívida e tokenização

A tokenização combinada a tecnologia Blockchain oferece flexibilidade ao ecossistema financeiro tradicional, resultando em ativos transferidos de instrumentos financeiros tradicionais como títulos à itens físicos exclusivos como obras de arte. Ativos padrão decorrente ao alto custo, através da divisibilidade dos tokens podem ser compartilhados entre grupos de pessoas permitindo participação com menores investimentos. Em vez de comprar uma propriedade, ativo ilíquido a preço de US$ 500 mil por exemplo, um grupo de investidores varejo compraria coletivamente como ativo via tokenização. Cada investidor poderia trocar seus tokens facilmente e sem problemas legais, significando mitigação da exclusão não apenas investidores de varejo pelo alto custo dos ativos do mercado mas aumento drástico da liquidez. A flexibilidade amplificada pela ausência de intermediários no sistema blockchain sem confiança, resulta em menos custos operacionais ao investidor. A desconfiança no sistema se estenderia à regulamentação, onde políticas rígidas ou a falta delas são superadas por contratos inteligentes, executando transações em informações do mundo real sem interferência humana.

Neste conceito, o El Periódico avisa que foi realizada a tokenização da dívida imobiliária espanhola via contrato inteligente, significando alternativa ao crédito bancário. Explicando que “para quem quer conhecer possíveis aplicações blockchain, esse é um exemplo. A operação é na prática uma forma de financiar o pequeno incorporador com dificuldades em obter financiamento bancário a taxas de juros atrativas de curto prazo”. No setor imobiliário a publicação detalha que “a Inveslar Fintech, empresa na gestão de apartamentos em regime de co-habitação, pediu fundos à reforma de imóvel e posterior exploração. A RealFund articula toda a operação e a Veltis responde por classificar o risco aos investidores. Cabe à empresa de serviços de investimento José Manzanares Allen validar o memorando de investimento conforme critérios da CNMV cabendo a Paymático a custódia dos fundos investidos”; isto constitui teste-piloto ao Inveslar no valor de 75 mil euros. A questão, segundo o El Periódico, é que “investidores podem vender sua dívida tokenizada a qualquer momento” e “em troca do seu dinheiro, obterão título digitalizado que lhes dará uma taxa fixa de 7% e direito à devolução do capital no prazo acordado de um ano com investimento mínimo de 200 euros. Por serem facilmente transferíveis os tokens podem ser vendidos com cobertura legal em mercados digitais secundários, aumentando a liquidez. Todos os tokens identificarão os compradores e o marco regulatório dessas operações será regido pela legislação espanhola”.

Moral da nota: os mercados emergentes, não todos, operam sob regimes políticos que dificultam a participação financeira com setores da população incapazes de acessar remotamente banco ou conta de investimento, limitando mobilidade social e liquidez além de aumentar a desigualdade. Em algumas oligarquias, parcela considerável dos mercados emergentes, a falta de acesso ao financiamento serve de propósito em limitar o avanço político mantendo opressão. A mobilidade socioeconômica não é tecnicamente restrita mas em algumas economias, problemas domésticos limitam oportunidades de uma forma ou de outra. A tecnologia Blockchain estimula o potencial à verdadeira revolução financeira, com mais participação e oportunidades potenciais.