segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Transição

Na China os caminhões a diesel estão sendo substituídos por caminhões elétricos, o que  pode alterar demanda global por GNL e diesel, com empresa britânica prevendo que caminhões elétricos representarão 46% das novas vendas em 2025 de veículos pesados. Quer dizer, pesquisa desenvolvida revela que embora caminhões elétricos tenham custo inicial mais alto, sua melhor eficiência energética e despesas mais baixas geram  economia de 10% a 26% aos proprietários ao longo da vida útil do veículo, sendo que o consumo de diesel chinês, segundo maior consumidor depois dos EUA, começa a cair. A China substitui seus caminhões a diesel por modelos elétricos mais rápido que esperado, medida, considerada adequada ao clima, à poluição do ar e que pode remodelar demanda global de combustível e o futuro do transporte pesado, ao considerar que em 2020 quase todos os caminhões novos chineses eram movidos a diesel e 5 anos depois, no 1º semestre de 2025, caminhões elétricos representavam 22% das vendas de caminhões pesados ​​novos, representando, segundo a Commercial Vehicle World, empresa de dados do setor de caminhões sediada em Pequim, aumento em relação aos 9,2% registrados no mesmo período de 2024. A BMI, empresa britânica de pesquisa, prevê que caminhões elétricos atingirão quase 46% das vendas dos novos em 2025 e 60% em 2026, enfatizando-os como força crucial das economias modernas, contribuindo às emissões globais de CO2 e, em 2019, o transporte rodoviário de cargas gerou um terço das emissões de carbono relacionadas ao transporte,  considerado o setor mais difícil de descarbonizar uma vez que os caminhões elétricos precisam de baterias pesadas e podem transportar menos carga que os movidos a diesel, combustível de alta densidade energética. Christopher Doleman, analista do Instituto de Economia Energética e Análise Financeira, avisa que defensores do gás natural liquefeito o consideram opção menos poluente enquanto a tecnologia à veículos pesados ​​elétricos não se consolida, sendo o GNL gás natural resfriado até tornar-se líquido para facilitar armazenamento e transporte, considerando ainda que, demanda por combustíveis para transporte se estabiliza, dados, da Agência Internacional de Energia, enquanto o uso de diesel na China diminui rapidamente, concliuindo que, caminhões elétricos chineses já superam em vendas modelos movidos a GNL, Gás Natural Liquefeito,sendo que a demanda por combustíveis fósseis pode cair enquanto "em outros países, essa tendência pode nunca decolar".

Relatório McKinsey & Company, entre 2021 e 2023, avalia que as exportações chinesas de caminhões pesados, incluindo elétricos, ao Oriente Médio e Norte da África cresceram  73%/ano, enquanto remessas à América Latina aumentaram 46%, a participação dos veículos elétricos deve crescer embora a infraestrutura de recarga seja limitada representando desafio. A chinesa Sany Heavy Industry anunciou que começa exportar caminhões elétricos à Europa em 2026, já exportou alguns aos EUA, Tailândia, Índia e Emirados Árabes Unidos entre outros, em junho de 2025, a chinesa de veículos elétricos BYD iniciou construção de fábrica de caminhões e ônibus elétricos na Hungria, focada na meta europeia de reduzir emissões de carbono de novos caminhões em 90% até 2040 comparados com níveis de 2019. Vale a nota que estudo da McKinsey previsto para 2024, indica que preços dos caminhões com emissão zero na Europa precisam ser reduzidos pela metade para tornarem alternativas acessíveis ao diesel, com a Volvo informando que, acolhe com satisfação "a concorrência em termos justos". Existe um detalhe forte em relação ao fóssil, o lobby a favor da poluição, aquecimento global, eventos extremos, etc, daí, vendas iniciais motrizes chinesas serem empurradas por generosos incentivos governamentais, como programa de 2024 à proprietários de caminhões trocarem seus veículos antigos em que proprietários podem receber até US$ 19 mil para substituir caminhões antigos por modelos elétricos. Outra questão são investimentos em infraestrutura de recarga também impulsionados pela demanda por caminhões elétricos, com os principais centros logísticos incluindo os do Delta do Yangtzé, adicionando estações de carregamento ao longo das rotas de transporte de carga, com Pequim e Xangai construindo centros de carregamento à veículos pesados ​​ao longo de rodovias capazes de carregarem caminhões em minutos. Por fim, a CATL, maior fabricante mundial de baterias à veículos elétricos, lançou sistema de troca de baterias à caminhões pesados ​​que economiza tempo afirmando que planeja uma rede nacional de estações de troca cobrindo 150 mil km dos 184 mil km de rodovias da China.

Moral da Nota: previsão da Shell ao mercado GNL em 2025 projeta que a demanda pela China, maior importador mundial de GNL, continua crescer, em parte, devido caminhões movidos a GNL e, sugere que o transporte GNL por caminhão deverá se expandir à outros mercados como Índia, com a empresa de pesquisa Rhodium Group sediada em Nova York, estimando que caminhões elétricos chineses estão reduzindo demanda de petróleo a mais de 1 milhão de barris/dia. A China planeja novos padrões de emissão à veículos que limitarão múltiplos poluentes e estabelecerão metas médias de gases efeito estufa à toda frota de um fabricante, o que tornará "quase impossível" à empresas que dependem de veículos movidos a combustíveis fósseis cumprirem as normas. Estudo do ICCT de 2020 avalia que caminhões movidos a GNL reduzem emissões em 2% a 9% ao longo de 100 anos, podendo ser mais poluentes a curto prazo devido vazamentos de metano, potente gás que contribui ao aquecimento global e pode reter mais de 80 vezes o calor na atmosfera em curto prazo que o CO2. Um detalhe, segundo Bill Russo, fundador e CEO da consultoria Automobility Limited, sediada em Xangai, avalia que montadoras chinesas conseguiram manter custos baixos e acelerar fabricação de caminhões, garantindo que diferentes peças funcionem juntas, com produção interna da maioria dos componentes, de baterias e motores a componentes eletrônicos. 

domingo, 30 de novembro de 2025

O Nosso Tempo

Na França, o rio Loire atinge níveis mínimos com a seca envolvendo afluentes em região famosa por castelos, Patrimônio Mundial da UNESCO, sofre com níveis de água baixos sem precedentes colocando em risco a ecologia do rio, com bancos de areia se estendendo por kms, barcos encalhados, além de 4 usinas nucleares dependentes do fluxo de água à resfriamento, um rio com características rasas mesmo em seus melhores momentos que  deságua no Atlântico permitindo caminhar de uma margem a outra. Eric Sauquet,chefe de hidrologia do Instituto Nacional de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da França, INRAE, avalia que o vale do Loire, Patrimônio Mundial da UNESCO, famoso por castelos como Chambord, Chenonceau e Azay-le-Rideau já sofreu níveis de água baixos antes, mas a seca deste ano deve ser sinal de alerta, concluindo, "os afluentes do Loire estão completamente secos, sem precedentes" e, sob o olhar dos peixes do rio, os baixos níveis de água são desastrosos, considerando que a água rasa perde oxigênio à medida que esquenta, tornando-os presas fáceis às garças e outros predadores, nos esclarecendo que "os peixes precisam de água para viver, água fria e quando seus níveis ficam baixos, o ambiente encolhe e ficam presos em poças". A vazão está em 40 m³/segundo menos de um vigésimo dos níveis médios anuais e seria menor se as autoridades não liberassem água das barragens de Naussac e Villerest, da década de 1980, para garantir abastecimento de água de resfriamento à 4 usinas nucleares construídas ao longo do rio, Belleville, Chinon, Dampierre e Saint-Laurent, têm capacidade combinada de 11,6 gigawatts respondendo por um quinto da produção de eletricidade francesa, com o detalhe que, várias usinas da EDF fora de operação por motivos técnicos e outras com capacidade reduzida devido à baixa vazão do rio, o fechamento de uma ou mais usinas pode elevar os preços da energia na Europa.  Grandes incêndios florestais, chuvas torrenciais no metrô de Paris e tempestades no sul da França, com vilas no sul tendo água trazida por caminhões pois as fontes naturais secaram, daí, "mudança climática em andamento".

Em paralelo,os rios Danúbio, Reno, Yangtze e Colorado se reduzem, com o problema que não apenas os rios estão com níveis baixos, mas seus reservatórios levam à escassez de água em partes do mundo, incluindo o Reino Unido, no entanto, inundações causaram estragos em muitos desses rios na última década, em alguns casos meses antes da recente seca. O sistema terrestre é interdependente, quando algo muda, repercute, quando temperaturas atmosféricas aumentam os padrões climáticos afetam onde, quando e quanta chuva cairá, em consequência, a distribuição da água muda entre regiões e os rios se adaptam o que afeta a quantidade de água doce disponível à consumo humano, considerando ser pequena fração da água do planeta e grande parte retida no gelo, embora seja verdade desde que a humanidade existe, as mudanças climáticas alteram locais onde a água doce é encontrada, de modo que, em geral, lugares com abundância recebem mais, enquanto lugares com pouca água, menos. A intensidade do rio reflete a quantidade de água disponível, que depende do clima embora possa ter vazões maiores ou menores por períodos mais longos ainda pode transportar o mesmo volume de água ao longo de um ano, daí, estratégias de gestão são elaboradas conforme o comportamento do rio no passado, havendo necessidade de levar em conta as possibilidades de fluxo dos rios porque a aparência atual não é como sempre foi, nem sempre será. Dois terços dos rios do mundo estão em condições precárias, secando ou sobrecarregados com águas de enchentes, conforme relatório sobre a emergente crise global da água pela OMM, Organização Meteorológica Mundial, órgão que soou o alerta oficial sobre mudanças climáticas, em 1979, agora é a voz anunciando catástrofe iminente no suprimento de água doce do mundo em que metade da população mundial enfrenta escassez de água pelo menos um mês do ano, de acordo com a ONU Água e, até 2050, três quartos da humanidade enfrentarão seca e escassez no abastecimento de água. O planeta possui 2,5% de água doce, 2% na forma de gelo ou neve e 0,5% é líquida, disponível à uso, sendo que os seres humanos usam 4 trilhões de toneladas de água anuais, taxa pródiga de consumo, má gestão e desperdício que quadruplicou desde meados do século XXI com a produção de alimentos respondendo por 72% dessa água, aí, se inserem demandas conflitantes de megacidades, mineração, agricultura, manufatura e energia se combinando com perturbações climáticas para desencadear escassez de água em regiões semiáridas e áridas, enquanto inundações explodem em regiões tropicais e temperadas, junte a isso, a população global devendo aumentar 21%, dos atuais 8 bilhões à 9,7 bilhões em 2050, em demanda global por água podendo aumentar de 20% a 30% no mesmo período. Por fim, a OMM nos alerta que "ao longo do ciclo da água, os extremos são evidentes", rios, lagos, reservatórios, águas subterrâneas e geleiras apresentam desvios do normal, partes da África, Europa e Ásia inundadas por enchentes, América do Sul e sul da África sofrendo secas severas, enquanto geleiras continuam perder gelo recorde, contribuindo à elevação do nível do mar, eventos que trouxeram custos humanos e econômicos generalizados.”

Moral da Nota: o Paquistão está entre os mais vulneráveis ​​ao clima do mundo e luta contra condições climáticas extremas mais frequentes e intensas, embora produza menos de 1% das emissões globais de gases efeito estufa, enfrenta ondas de calor recorrentes, chuvas fortes, inundações de lagos glaciais e aguaceiros repentinos que devastam comunidades em horas, em que inundações repentinas e deslizamentos de terra são característica regular das monções, especialmente no noroeste do país onde aldeias ficam em encostas e margens de rios. Em 2022, o país sofreu sua pior temporada de monções registrada, matou mais de 1.700 pessoas e causou US$ 40 bilhões em danos, 12 anos antes, inundações semelhantes afetaram pelo menos 20 milhões de pessoas, dados oficiais, com a maioria das vítimas na província montanhosa de Khyber Pakhtunkhwa, noroeste, onde vilas inteiras foram varridas pela enchente, deslizamentos de terra e casas desabando deixando famílias soterradas pelos escombros. Em Buner, distrito em Khyber Pakhtunkhwa, 100 km a noroeste da capital, Islamabad, pelo menos 207 pessoas morreram em 2 dias com inundações e deslizamentos varrendo vilas e destruindo casas, com autoridades relatando que Buner foi atingida por uma tempestade, fenômeno raro em que mais de 100 mm de chuva caem em 1 hora em uma área, em Buner, houve mais de 150 mm de chuva em 1 hora, valendo a ressalva que, tempestades ocorrem em regiões montanhosas na estação das monções quando condições climáticas podem produzir chuvas repentinas e localizadas, levando a deslizamentos de terra e tendem ocorrer em pequena área de 20 a 30 km² e geralmente são acompanhadas por trovões, relâmpagos e, às vezes, granizo. Por fim, no Paquistão, a temporada de monções normalmente vai de julho a setembro com pico de chuvas em agosto e, desde o final de junho, chuvas torrenciais de monções atingem o país, provocando deslizamentos de terra e enchentes repentinas que mataram mais de 650 pessoas e feriram quase mil, dados oficiais, com o presidente da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, afirmando que o Paquistão estava passando por mudanças em padrões climáticos por mudanças climáticas, concluindo que, "a intensidade das monções de 2025 é 50 % a 60% maior que 2024", com a província mais atingida, Khyber Pakhtunkhwa, registrando 425 mortes, seguida por 164 em Punjab, sendo inundações repentinas e deslizamentos de terra, característica regular da temporada de monções.