sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Poluição e Saúde

Estudo publicado no JAMA on line sobre 'Rinite Alérgica e Sinusite' avalia que a rinite alérgica afeta nos EUA 1 em cada 6 adultos e a rinossinusite crônica, RSC, 1 em cada 8 adultos, sendo que mudanças climáticas e aumento das temperaturas com consequente liberação de CO2 e demais gases efeito estufa, são preocupações de saúde  afetando sistemas orgânicos principalmente vias aéreas superiores. Alterações no clima afetam diretamente saúde sinonasal aumentando aeroalérgenos e, indiretamente, alteram padrões climáticos resultantes de poeira relacionada à seca, com aumento da concentração e estagnação de poluentes atmosféricos, piora de incêndios e elevação da concentração do ozônio induzido pelo calor com rinite alérgica como 5ª doença crônica mais comum nos EUA e prevalência correlacionada à maior utilização de serviços de saúde. Resposta inflamatória da mucosa nasal mediada por imunoglobulina E, desencadeada pela exposição a alérgenos inalados como pólen e mofo e níveis altos de pólen são associados ao desenvolvimento de rinite alérgica e aumento da compra de medicamentos à alergia e visitas ao pronto-socorro, cujos sintomas incluem congestão e secreção nasal, prurido e espirros, prevalentes, em temperaturas anuais mais altas prolongando período de produção de pólen e temporada de alergia ao pólen, com o detalhe que o aumento do monóxido de carbono, CO, atmosférico aumenta o crescimento da vegetação e produção de pólen. O artigo foca no habitat norte americano dizendo que por lá a temporada de alergia ao pólen aumentou em 20 dias nos últimos 30 anos, além de aumentos nos níveis de pólen de 21% nesse período que dura de março a outubro, variando conforme localização, avalia que, a considerar o ritmo atual das mudanças climáticas, prevê-se, até 2100, a temporada de pólen nos EUA deve aumentear em 19 dias com aumento de 16% a 40% nos níveis totais anuais de pólen. No entanto, considera que eventos climáticos extremos, inundações e furacões, são mais comuns devido mudanças climáticas aumentando risco de mofo e esporos alergênicos em comunidades costeiras de baixa altitude com maior risco de inundações, além disso, poluentes atmosféricos que afetam negativamente rinite alérgica, potencializam inflamação alérgica de vias aéreas com sensibilização a alérgenos e exacerbação da doença alérgica. Por fim, rinossinusite crônica, RSC, definida como inflamação dos seios paranasais por 12 semanas ou mais é caracterizada por congestão nasal, secreção, dor ou pressão facial e disfunção olfativa e, a exposição à poluição, especificamente PM2,5, se associa a probabilidade de diagnóstico de RSC, podendo aumentar a expressão de espécies reativas de oxigênio resultando em estresse oxidativo e inflamação, citotoxicidade e ruptura da função da barreira epitelial. Estudos demonstram associação entre exposição a PM e aumento da incidência de RSC em  análise retrospectiva de pacientes submetidos à cirurgia dos seios paranasais com alta exposição a PM2,5 apresentando chances maiores de RSC e polipose nasal, 94%,  comparados com 69% com baixa exposição a PM2,5, enquanto estudo epidemiológico  utilizando banco de dados ambulatorial dos EUA, 4 bilhões de consultas, descobriu que cada aumento de um micrograma por m³ em PM2,5 se associa a aumento de 10% nas consultas ambulatoriais relacionadas à RSC. Em conclusão, o estudo prevê que rinite alérgica e rinossinusite crônica são condições comuns que devem aumentar com o agravamento das mudanças climáticas e poluição do ar e, que, médicos e pacientes bem informados, podem trabalhar juntos para instituir medidas de prevenção e tratamento de doenças sinonasais.

Dag Hammarskjold, ex-Secretário-Geral da ONU, observou em 1954 com perspicácia que a ONU “não foi criada para levar a humanidade ao paraíso, mas salvá-la do inferno”, isto é dito, recordando o 80º aniversário, com desafios e questões relacionadas à credibilidade e legitimidade como instituição multilateral, enquanto o atual secretário afirma que “8 décadas depois, traçamos linha entre a criação da ONU e prevenção de uma 3ª guerra mundial”. Evoca questões críticas que pedem atenção global à transformação como o fortalecimento do Estado de Direito, da democracia e instituições de justiça, dizendo que a fragilidade do Estado de Direito e erosão da confiança na democracia e instituições de justiça no mundo são desafios que exigem atenção. Relata que no mundo, indicadores de liberdade de imprensa, civis e qualidade democrática estagnaram ou declinaram nas últimas 2 décadas, enquanto democracia constitucional e judiciário independente da Índia, por exemplo, são experimentos em governança democrática na gestão de diversidade, expectativas e divergências, reconhecido como democracia e desenvolvimento caminhando juntas. Nos lembra que construir resiliência climática e priorizar desenvolvimento sustentável, não é problema de amanhã, com mãos à obra através da tecnologia e políticas públicas globais, só eficazes, se acompanhadas de mudanças nos padrões de consumo, uso de recursos e trabalho no desenvolvimento sustentável. Nos informa que as  emissões indianas de CO₂ oriundas de combustíveis/pessoa são um terço da média global, entre as mais baixas em análise per capita, apesar da desigualdade social e, à título de comparação, a Índia, 0,259 toneladas, a China, 8,89 toneladas, os EUA 14,21 toneladas, o Japão 8,66 toneladas, a Alemanha, 8,01 toneladas, coloca os indianos como, em tese, líderes na promoção do crescimento sustentável reconhecendo que financiamento climático, transferência de tecnologia, conhecimento científico e tecnologias verdes não são empreendimentos caritativos e benevolentes, constituem responsabilidade pela justiça climática. Por fim, evoca o futuro não como extensão do passado ou do presente, mas, no enfrentar desafios global e interconectados, algo que pode nos levar à construção de humanidade resiliente.

Moral da Nota: o 1º conjunto de dados global sobre concentrações de partículas ultrafinas desenvolvido por pesquisadores do Instituto do Chipre, revela diferenças entre ambientes naturais limpos e áreas urbanas em que partículas invisíveis a olho nu podem penetrar nos pulmões e corrente sanguínea, ameaça significativa à saúde humana, de acordo o estudo. Em consequência, poluentes com diâmetros inferiores a 10 μm, PM10, e 2,5 μm, PM2,5, se associam a doenças respiratórias e cardiovasculares sugerindo que partículas ultrafinas, PUFs, significativamente menores, com diâmetro inferior a 0,01 μm, representam grande risco à saúde devido sua capacidade de atingir órgãos vitais, como pulmões e corrente sanguínea, ressalvando que, dados globais sobre níveis de PUFs têm sido extremamente limitados. O Centro de Pesquisa Climática e Atmosférica, CARE-C, e o Centro de Pesquisa em Ciência e Tecnologia Baseadas em Computação, CaSToRC, desenvolveram modelo de aprendizado de máquina com medições reais de estações terrestres gerando mapas globais de alta resolução de partículas ultrafinas, PUF, com resolução espacial de 1 km, no período de 2010 a 2019. A pesquisa publicada na Scientific Data da Nature, mostra que ambientes intocados como regiões florestais e desabitadas, contêm milhares de partículas por centímetro cúbico enquanto grandes cidades ultrapassam 40 mil e, que, as partículas ultrafinas representam 91% das partículas em suspensão no ar. No entanto, não existem limites de concentração definidos às PUF e a nova Diretiva da UE sobre a Qualidade do Ar com previsão de implementação a partir de 2026, exige que os Estados-Membros monitorem as PUF no ar ambiente com resultados servindo de base à decisões sobre limites futuros em linha com diretrizes da OMS. O autor principal do estudo, avisa que os dados permitem que cientistas, governos e organizações de saúde pública identifiquem pontos críticos de poluição, avaliem impactos na saúde e desenvolvam intervenções direcionadas e, que, a pesquisa do Instituto do Chipre fornece base para lidar com uma das ameaças mais negligenciadas à saúde humana.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Transição Energética

O relatório World Energy Outlook, a AIE informa que a demanda por carvão deve começar diminuir na maioria dos países após 2030, exceção da Índia e Sudeste Asiático, no entanto, a demanda pelos demais combustíveis fósseis que contribuem ao aquecimento global, inclusive petróleo e gás natural, deve continuar aumentando até 2050 em cenário de “políticas atuais”, impulsionada por mercados emergentes e economias em desenvolvimento em setores de transporte, petroquímica e geração de eletricidade. Avalia que a demanda global por energia na última década cresceu 1,6%/ano, em média, embora deva continuar crescer na próxima década, a taxa de crescimento deverá dimnuir com a maior parte oriunda de mercados emergentes e economias em desenvolvimento, quer dizer, o aumento da demanda por energia coincide com o aumento da implantação de energia solar fotovoltaica, eólica e nuclear, esperando-se que atendam e superem demanda adicional de energia na maioria das regiões entre hoje e 2030, segundo, a Agência Internacional de Energia. Desafios de integração sem políticas governamentais consistentes além de restrições na rede elétrica e armazenamento insuficiente levarão a baixa na implantação, dito, pela AIE, nesse cenário, projeta aumento da temperatura média global de 2°C até 2050 e de 2,9°C até 2100, daí, na próxima década, carvão e gás natural ainda responderão ​​pela maior parte da geração de eletricidade, ao mesmo tempo, energia nuclear deve aumentar 35% em 2035 e mais de 80% até 2050 por apoio de políticas governamentais em mais de 40 países. Energia renovável, solar e eólica, deverão representar metade da geração de eletricidade mundial até 2035 e, nos últimos 5 anos, capacidade instalada aumentou 30%/ano impulsionada pelos chineses, já que, a queima de combustíveis fósseis para gerar eletricidade liberará gases efeito estufa que contribuirão ao aquecimento global resultando mudanças de longo prazo na temperatura e padrões climáticos, do, que é conhecido como mudança climática. Energia solar fotovoltaica e eólica têm potencial para impulsionar transição energética, conforme o relatório World Energy Outlook da AIE, Agência Internacional de Energia, concluindo que, a demanda por carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis e atualmente maior fonte de geração de energia global, deve diminuir antes do fim da década.

Evento da Universidade de Chipre abriu espaço ao explorador Robert Sarmast que apresenta mapas subaquáticos aprimorados por IA, mostrando o que descreve como  estrutura geométrica a meio km abaixo do mar na Cordilheira de Latakia, entre Chipre e Síria, marcando retorno de Sarmast ao Chipre 20 anos pós expedições em águas profundas, 2004 e 2006, que atraíram atenção global à Cordilheira de Latakia como possível local de assentamento antigo. Fundado por Sarmast em 2025, LRRI, Instituto de Pesquisa da Cordilheira de Latakia, em comunicado à imprensa, mostrou modelo de detecção de anomalias por IA a dados batimétricos regionais do Mediterrâneo Oriental com instrução de "encontrar o que não se encaixa na geologia de fundo", ao identificar localização no topo da Cordilheira de Latakia que apresenta bacia retangular plana com bordas bem definidas, taludes perimetrais formando recinto semelhante a trincheira, canal transversal ao sul perpendicular à encosta interna,  canal elevado semelhante a rio que atravessa a bacia e dois montes triangulares espelhados em relação a canal reto, conforme o LRRI em que vários conjuntos de dados independentes confirmaram que os padrões não eram erros de mapeamento, com Sarmast em comunicado à imprensa, dizendo “não estamos anunciando a descoberta de uma cidade perdida”, “estamos anunciando anomalia geométrica específica que não conseguimos explicar e estamos convidando a comunidade científica a nos ajudar testá-la.” Por fim, o LRRI descreve as estruturas representando paisagem artificial em península submersa como uma das questões em aberto mais intrigantes sobre a civilização antiga no Mediterrâneo Oriental, sendo que o sítio recém-identificado fica a vários kms além da área visada em expedições anteriores, em zona que as missões não conseguiram resolver com a tecnologia disponível à época. Sarmast é autor do livro "A Península Submersa: Cidade Subaquática Estonteante na Cordilheira de Latakia", sintetizando 3 décadas de análises geológicas e geofísicas, além de argumentar que, se estruturas da Cordilheira de Latakia forem confirmadas como artificiais, corroboram conclusões apresentadas por geofísicos russos em meados do século XX, em que partes do nordeste do Mediterrâneo podem ter estado acima do nível do mar em período mais recente que o assumido pelas cronologias ocidentais convencionais. Nova expedição científica a partir do Chipre com proposta de verificação física através de amostragem de sedimentos no topo da Dorsal de Latakia, levantamentos de sonar multifeixe de alta resolução e perfilagem do subsolo, além de, imagens visuais da bacia retangular e estruturas associadas e reuniões com a presença de cientistas do Chipre, Síria e Rússia.

Moral da Nota: o MIT, Massachusetts Institute of Technology, divulgou estudo lançando luz sobre a capacidade real IA de deslocar trabalhadores no mercado atual, sendo que a pesquisa, parte do Projeto Iceberg do MIT utilizando modelo avançado de análise aponta que à tecnologia atual automatizar e tomar o lugar de 11,7% dos empregos nos EUA. Particularmente notável por focar na "IA agêntica", Agentic AI, o estudo utiliza modelos capazes de raciocínio de múltiplas etapas e interação complexa com fluxos de trabalho, além das funções simples de chatbots, quer dizer, não se resume apenas à máquina substituindo o humano, mas, um novo e sutil mecanismo de deslocamento impulsionado por custo em que IA substitui o trabalhador local através de trabalhador remoto que a utiliza como ferramenta. O estudo comprova que o custo de implementar sistema IA para automatizar tarefas na empresa é, em muitos casos, mais barato que manter custos salariais e operacionais do trabalhador local, em que tal viabilidade econômica é o motor que impulsiona adoção e deslocamento. Profissões com maior risco de substituição são as que dependem de análise de dados, interações digitais e tarefas estruturadas, como atendimento ao cliente, programação de baixo nível e análise de mercado, por fim, o estudo conclui que a substituição de 11,7% da força de trabalho dos EUA é economicamente atraente às empresas, servindo como alerta à necessidade de requalificação profissional e políticas públicas que abordem impacto IA não apenas como ferramenta tecnológica, mas como fator disruptivo  na economia do trabalho.