terça-feira, 18 de novembro de 2025

Propagação

A gangrena gasosa volta disseminar entre feridos da guerra na Ucrânia, segundo relatos ao The Telegraph, doença que se associa às trincheiras da 1ª guerra e considerada  erradicada na Europa, decorrente ao uso de drones que dificultam ou impossibilitam evacuação de feridos propagando infecções. Trata-se de infecção grave dos músculos causada por bactérias do gênero Clostridium, com formação de bolhas de gás sob a pele multiĺicando-se em tecidos sem oxigênio provocando necrose, dor, inchação, mudança de coloração do tecido e sensação de estalo ao movimentar gases sendo que o tratamento requer cirurgia para limpar a ferida e doses de antibióticos, quase impossível nos primeiros dias pós lesão nas condições da linha da frente. A gangrena gasosa esteve associada à 1ª guerra devido combinação de fatores, ou, condições da linha da frente, feridas graves e atendimento médico limitado além de trincheiras úmidas e lamacentas em campos fertilizados com esterco e bactérias Clostridium, daí, balas e estilhaços provocarem feridas extensas criando ambiente à proliferação bacteriana. Na guerra da Ucrânia a limpeza cirúrgica do ferimento e o uso direcionado de antibióticos, muitas vezes é impossível imediatamente pós lesão devido acesso limitado aos meios, enquanto a resistência antimicrobiana aumenta devido ferimentos relacionados ao conflito e  tratamento atrasado ou incompleto, serviço de saúde interrompido além de uso frequente de antibióticos de amplo espectro, fatores que incentivam disseminação de agentes resistentes a medicamentos. Vale a nota que a guerra com drones forçou refugio em abrigos subterrâneos enquanto a maior parte do atendimento médico ocorre em bunkers e porões de prédios abandonados, locais onde os drones não conseguem chegar, onde realizam cirurgia de controle de danos consistindo tratar ferimentos mais graves que representam risco de vida além de instrumentos com esterilização precária. Por fim, desafios com evacuação de feridos e problemas com antibióticos permitem o ressurgimento de doenças antes erradicadas, em que, resistência a antibióticos é problema sério complicando o tratamento. 

A África enfrenta o pior surto de cólera em 25 anos, com o CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África, informando 300 mil casos confirmados e suspeitos de em 2025, aumento em relação a 2024, mais de 7 mil mortes, enquanto Angola e Burundi apresentam novos surtos sugerindo transmissão ativa da doença e, conforme autoridades médicas africanas, aumento de 30% em relação ao total de casos registrados em 2024, com Angola registrando 33.563 casos em 2025, 866 mortes, e Burundi 2.380 casos, 10 mortes. A cólera é doença bacteriana transmitida pela ingestão de água contaminada ou contato com água através de feridas abertas, em alguns casos, é possível infectar ao comer frutos do mar crus, não é transmitida de pessoa à pessoa, portanto, o contato casual  não representa risco causando diarreia grave e desidratação e, não tratada, pode matar em horas mesmo pessoas saudáveis. O CDC Africa atribui o aumento da doença ao acesso precário à água potável e conflitos no continente, mesmo países que registraram leves reduções nos casos de cólera, enfrentam superlotação e saneamento precário em campos de refugiados, considerando que, em agosto, 40 pessoas morreram de cólera em Darfur, Sudão, apresentando 2300 casos e campos de refugiados locais particularmente afetados. Os Médicos Sem Fronteiras, MSF, descrevem como o pior surt em anos, em que a guerra sudanesa danificou e destruiu parte da infraestrutura civil nacional incluindo estações de tratamento de esgoto e água, com o Sudão registrando 71.728 casos de cólera em 2025 e 2.012 mortes, dados do CDC Africa, em 2017, um surto matou 700 pessoas e infectou 22 mil em 2 meses, no surto mais recente, autoridades especulam que o abastecimento de água foi contaminado com cólera devido mistura das águas das enchentes com esgoto.

Moral da Nota: a Etiópia confirma o 1º surto do vírus Marburg pós 9 casos relatados no sul na região de Omo, fronteira com o Sudão do Sul, país assolado por conflitos e com sistema de saúde frágil, valendo dizer que o vírus Marburg tem estrutura filamentosa e é transmitido por morcegos frugívoros, mamíferos que se alimentam de frutas desempenhando papel crucial na dispersão de sementes. O diretor-geral da OMS, afirmou que a agência da ONU "apoia a Etiópia para conter o surto e tratar pessoas infectadas, além de apoiar esforços para lidar com potencial de disseminação transfronteiriça", enquanto o Ministério da Saúde etíope informou que estão sendo realizados exames na comunidade em relação ao surto com esforços para conscientizar a população. Elogiou o Ministério da Saúde etíope e demais agências de saúde pela “resposta rápida e transparente ao surto” publicando nas redes sociais que “a ação rápida demonstra seriedade do compromisso do país em controlar o surto rapidamente”. O vírus de Marburg é da mesma família do Ebola, Filoviridae, filovírus, descrito como mais grave que o Ebola com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, CDC, dos EUA descrevendo como febre hemorrágica “rara, grave”, que pode ser fatal, originária de morcegos frugívoros egípcios, podendo se espalhar entre pessoas quando em contato com fluidos corporais de pessoa infectada ou objetos contaminados por esses fluidos, como roupas ou lençóis. Os infectados apresentam febre, erupção cutânea e sangramento, não há tratamento ou vacina ao vírus de Marburg, com CDC afirmando que “o tratamento se limita a cuidados de suporte”, repouso e hidratação.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

O Relatório

Aquecimento Global pode chegar a 2,5°C ainda neste século em prevalecendo as atuais políticas, é o que nos alerta o Relatório Climático da ONU podendo fazer diferença iniciativas de reflorestamento mais que cerimoniais, integradas a meios locais de subsistência além de criação de grupos comunitários de proteção florestal, empoderamento de jovens via programas de emprego verde e vinculação de incentivos ao plantio de árvores à proteção de bacias hidrográficas. Instituições de ensino devem, segundo o relatório, tornarem-se centros de aprendizagem ambiental através de campanhas na mídia, currículos escolares e estruturas de governança local promovendo responsabilidade ecológica, deste modo, a proteção ambiental fará parte da consciência social em vez de diretriz governamental. A meta de 1,5 º C será ultrapassada significando mais inundações mais secas e assim por diante, além de ameaça à pontos de inflexão com consequências irreversíveis, com o secretário geral enfatizando "triste verdade que não conseguimos manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC", com as emissões globais continuando aumentar em 2024, a OMM avisa que aumentaram ainda mais que em qualquer outro momento desde o início das medições em 1957. No que diz respeito ao Brasil, o diretor alemão do Greenpeace, Martin Kaiser, alerta que, se o desmatamento aumentar pontos percentuais, a floresta tropical se transformará em savana e "o clima global entrará em colapso e, sem proteger a Amazônia não há proteção climática, verdade científica quanto inconveniente" considerando que áreas florestais como da Amazônia são reservatórios naturais de gases efeito estufa e, o que está lá contido, não polui o clima.

Guerras e outras crises cresceram como prioridades de muitos governos e quase em todos os lugares os cofres estão apertados, além do lobby petrolero e gás buscando desacelerar transição energética, com o presidente norte americano como aliado e, com a saída dos EUA, há falta de dinheiro tanto às conferências da ONU quanto ao apoio à proteção climática e adaptação ao aumento das temperaturas e suas consequências, importante aos países mais pobres. Muitos não fizeram sua parte contrariando compromissos assumidos, apenas parte apresentou novos planos de proteção climática até 2035 insuficientes para conter a crise, com Simon Stiell, dizendom "precisamos agir, rápido". Laura Schafer, chefe do departamento de Política Climática Internacional da organização Germanwatch, avalia que a adaptação é o principal item da agenda oficial necessitando indicadores que tornem o progresso mensurável e, "para isso, países pobres e vulneráveis ​​precisam de clareza e confiabilidade sobre como receberão apoio financeiro às medidas de proteção climática para lidar com as consequências." A UE por muito tempo vista como defensora de maior ambição, só concordou com a meta climática para 2035 prevista no último minuto, agora quer atingir suas metas de redução de emissões de até 5 % até 2031 através de certificados climáticos emitidos no exterior, com Niklas Hohne, do Instituto NewClimate, descrevendo como retrocesso que torna menos provável que consigamos atingir neutralidade climática até 2050, agora a UE permite certificados que havia excluído da meta à 2030 devido dúvidas sobre confiabilidade. Por fim, especialistas concordam que, sem o acordo, o mundo estaria em situação pior, ou, seja, aquecimento global de 4º C a 5 º C, como previsto antes, com Hohne referindo-se à rápida expansão das energias renováveis dizendo que o mundo mudou e continuará mudando "o Acordo de Paris sobre o Clima colocou algo em movimento e não pode ser interrompido".

Moral da Nota: o aquecimento global impulsionado pela geração de energia a carvão nas principais economias industrializadas aqueceu o planeta além dos limites de segurança, com EUA, China e Índia entre os maiores emissores de carbono acelerando o derretimento das geleiras no Himalaia e adicionando umidade à atmosfera, excesso, que retorna na forma de tempestades, aumentando frequência e intensidade das inundações no sul da Ásia. No entanto, o Sul da Ásia oferece modelos de ação ambiental liderada pela comunidade como no Rajastão, Índia, a vila de Piplantri, planta 111 árvores à cada menina que nasce, transformando a paisagem árida em floresta viva e, ao mesmo tempo, empodera as mulheres, iniciativa que une proteção ambiental e responsabilidade social, levou ao plantio de mais de 350 mil árvores revitalizando águas subterrâneas e biodiversidade. O modelo de “Vila Inteligente ao Clima” do Nepal oferece exemplo de resiliência e, via reflorestamento, captação de água da chuva e agricultura sustentável, as comunidades nepalesas se adaptaram às mudanças climáticas melhorando meios de subsistência, que poderiam orientar o Paquistão no desenvolvimento de zonas rurais resilientes ao clima particularmente em regiões como Swat, onde a degradação ambiental ameaça subsistência e cultura. Embora contribua minimamente às emissões globais, o Paquistão está entre os mais vulneráveis ​as mudanças climáticas, com o Vale do Swat no noroeste do país, antigo reduto do Talibã, conhecido como Suíça do Paquistão devido montanhas cobertas de neve, fica a 247 km da capital Islamabad. Swat é cidade natal da Prêmio Nobel, Malala Yousafzai, que sobreviveu a tiro disparado pelo Talibã em 2012 por ousar defender educação às meninas e, nos últimos anos, o rio se tornou fonte de destruição inundando vilarejos e levando solo fértil que antes sustentava famílias, decorrente desmatamento descontrolado despojou Swat de proteção natural com redução das florestas amplificando enchentes deslizamentos de terra e carregando lodo e detritos rio abaixo, com registro entre 249 e 306 incêndios florestais danificando 1.918 hectares de floresta. Por fim, Swat precisa de planejamento resiliente às mudanças climáticas com sistemas de alerta precoce, leis de zoneamento ecológico e projetos de restauração de bacias hidrográficas  para salvaguardar a população e seu patrimônio natural, embora os desafios enfrentados por Swat não sejam isolados refletindo padrão mundial.