terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Economia Climática

Estudo sobre economia climática superestimou a queda projetada na renda global devido mudanças climáticas, com pesquisadores reconhecendo erros de dados econômicos falhos do Uzbequistão e levando a revista Nature retirar o artigo pós meses de escrutínio sobre os enganos discutidos, quer dizer, pesquisadores do Instituto Potsdam de Pesquisa em seu estudo de abril de 2024 sobre Impacto Climático da Alemanha originalmente projetaram que as mudanças climáticas reduziriam a renda global em 19 % até 2050, ao passo que, análise revisada coloca esse número em 17 %. No entanto, vale dizer que, apesar dos erros, o autor principal Maximilian Kotz avalia que a mensagem fundamental do estudo permanece intacta, ao dizer que, "a mudança climática será enormemente prejudicial à economia mundial se não for controlada e o impacto atingirá com mais força áreas de menor renda que contribuem com menores emissões". Leonie Wenz, coautora, observa que as estimativas revisadas mostram danos globais de US$ 32 trilhões em termos ajustados pelo poder de compra, abaixo dos US$ 38 trilhões originais, enquanto Gernot Wagner, economista climático da Columbia Business School que não participou da pesquisa, avalia que as conclusões principais permanecem significativas independente do valor específico, literalmente diz, "a mudança climática já atinge os lares, cujos prêmios de seguro residencial nos EUA já registraram, em parte, duplicação apenas na última década". Os dados do estudo haviam sido incorporados aos cenários climáticos usados pela Rede ao Esverdeamento do Sistema Financeiro, com bancos centrais do mundo confiando à testes de estresse climático, daí, os autores buscaram revisar e reenviar o artigo. A retratação decorre após economistas da Universidade de Stanford liderados por Solomon Hsiang, descobrirem anomalias nos dados subjacentes do estudo, em que, o conjunto de dados do Uzbequistão mostrava PIB nacional despencando 90% em 2000, em seguida, se recuperando em mais de 90% em regiões até 2010, no entanto, tais números são inconsistentes com dados do Banco Mundial que mostravam crescimento anual real entre -0,2% e 7,7% nesse período, daí, Hsiang dizer, "quando removemos Uzbequistão, tudo mudou". Para finalizar, ao remover um único país da análise reduziu o impacto estimado pelo estudo das mudanças climáticas no PIB mundial de 62% à 23% até 2100 e, de 19% à 6% até 2050, com pesquisadores de Potsdam revisando estimativa que custos dos danos excederiam custos de construção de resiliência reduzindo a probabilidade de 99% à 91%.

Considerando melhores instrumentos visando estimativas e impactos futuros, John Martinis, Prêmio Nobel de Física de 2025 que alcançou supremacia quântica no Google em 2019, falando à Bloomberg News em Tel Aviv, nos alerta que a China fechou o que antes era lacuna de 3 anos na tecnologia da computação quântica estando atrás dos EUA por meros "nanossegundos", quer dizer, "é definitivamente muito competitiva nisso," concluiu. Alerta ainda que "as pessoas devem estar preocupadas que há uma corrida real" e o agora professor na Universidade da Califórnia, Santa Barbara, enquanto ambas as nações competem para construir computadores quânticos com aplicações práticas, marco que, especialistas dizem ainda estar entre 5 e 10 anos de distância, sendo que seus comentários ecoam preocupações similares levantadas pelo CEO da Nvidia, Jensen Huang, ao alertar que a China está "nanossegundos atrás dos EUA em IA". Vale a nota que, Martinis, liderou a equipe de desenvolvimento de computação quântica do Google, esclarecendo que cientistas chineses replicam rapidamente avanços ocidentais e, diz, "eu leio seus artigos, eles entendem o que estão fazendo muito claramente" e, conclui, "quando pessoas no Ocidente publicam artigos sobre avanços recentes, frequentemente em alguns meses publicam artigo com capacidades similares" e o progresso da China é evidente em desenvolvimentos de hardware. Para finalizar, em março de 2025, cientistas chineses revelaram o Zuchongzhi 3.0, processador quântico supercondutor de 105 qubits que supostamente opera 10^15 vezes mais rápido que os principais supercomputadores clássicos à tarefas específicas, daí, as métricas de desempenho do sistema incluindo 99,90% de fidelidade rivalizam de perto com as do chip Willow do Google, anunciado em dezembro de 2024. Quer dizer, a China mobilizou investimento em escala estatal para dominar tecnologias quânticas e, com apoio governamental, totalizou US$ 15,3 bilhões em 2023, mais que o dobro do apoio combinado dos setores público e privado norte americano e já lidera globalmente em comunicações quânticas com rede quântica se estendendo por mais de 10 km através de 17 províncias e 80 cidades.

Moral da Nota: a União Europeia acordou adiar a lei de desmatamento do bloco por um ano, estendendo o prazo à grandes empresas cumprirem até 30 de dezembro de 2026 e, o acordo, entre a Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho da UE, marca o 2º adiamento da regulamentação pela pressão da indústria e estados membros em encargos burocráticos e impactos comerciais. Duplica a proposta original da Comissão de um período de carência de 6 meses e elimina necessidade de fase de transição adicional, com pequenas e microempresas tendo até 30 de junho de 2027 para atender requisitos que proíbem venda de produtos vinculados a desmatamento pós dezembro de 2020 com especialistas avaliando que, proteger florestas, deveria ser do interesse de todos, mas as regras da UE sobre desmatamento colocam Estados-membros, ambientalistas e grupos de interesse uns contra os outros e, por enquanto, aqueles que são a favor da simplificação e de regras mais brandas levam vantagem. Para ambientalistas europeus, este é mais um revés pós término da COP30 que não apresentou plano de ação à conter desmatamento, enquanto o Parlamento Europeu votava pela simplificação do regulamento da UE sobre produtos livres de desmatamento, EUDR, apoiado no Partido Popular, PPE, e grupos de extrema-direita, desenvolvimento que repercutirá políticas duradouras. Além do adiamento da lei, requisitos de reporte às empresas serão flexibilizados,  incluindo obrigações em relação à apresentação de declaração de due diligence ao colocar produto no mercado da UE. A Diretiva de Desenvolvimento da UE, EUDR, adotada em 2023, foi saudada por ambientalistas como avanço na luta à proteger a natureza e combater mudanças climáticas, sendo que a lei proíbe produção de bens em áreas desmatadas pós dezembro de 2020 incluindo itens como café, cacau, soja, madeira, óleo de palma, papel de impressão e borracha, além de gado. Por fim, a indecisão em relação às regras irritou defensores do meio ambiente e empresas que já investiram para se adequarem, com a Ferrero e a Nestlé entre as que alertaram que o novo adiamento “prolonga incerteza jurídica e de mercado, penaliza pioneiros e recompensa inação”, com Pierre-Jean Sol Brasier, do grupo ambientalista Fern, dizer que a medida envia “sinal desastroso em todos os níveis”, com as idas e vindas sobre a lei como “caricatura da incompetência política da UE”, alertando que, “estamos criando instabilidade às empresas que investiram milhões” na adequação às normas e acrescentou que agora a porta está aberta “à que legisladores esvaziem” o texto.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Rota Norte Sul

A Pesquisadora e Chefe do Centro Cultural Oriental da Academia Russa de Ciências, ao avaliar o desenvolvimento do corredor de transporte Norte-Sul, informa ser discutido na Rússia devido os benefícios econômicos reorientando a economia russa do Ocidente ao Oriente, além do atalho Rússia/Índia. Utilizado pela 1ª vez por Afanasy Nikitin no século XV e na 2ª Guerra Mundial no fornecimento de suprimentos militares à URSS, além do programa Lend-Lease em que um dos principais países que atravessam a rota, o Irã, mostra grande interesse no projeto à utilizá-lo para melhorar política externa e posição econômica. Desenvolvido em 1999 pela Rússia, Irã e Índia em que empresas de transporte desses países assinaram acordo sobre o transporte de contêineres à importação e exportação ao longo do corredor internacional de transporte Rússia, Mar Cáspio, Irã, Índia e Sri Lanka. O acordo previa o tempo aproximado de trânsito das cargas e tarifas aproximadas, distribuindo responsabilidades entre partes delineando organização do transporte, enquanto a Rússia ratificou em 2002 cujo objetivo era reduzir o tempo de transporte de carga entre Rússia e Índia, desenvolver rota alternativa ao Canal de Suez, no Egito, mais curta e conveniente, dando vantagens do corredor de transporte Norte-Sul emrelação a outras rotas, em particular, à marítima pelo Canal de Suez consideradas a redução das distâncias pela metade ou mais, bem como redução do custo do transporte de contêineres comparados com o custo do transporte marítimo. Países como Cazaquistão, Bielorrússia, Armênia, Azerbaijão, Síria, Omã e Bulgária, como observadores, aderiram o acordo na inauguração do Corredor de Transporte Internacional, sendo que o projeto foi revisto e coordenado por longo período antes do início de sua implementação e, somente na última década, a Rússia delineou sua política de reaproximação com países do Oriente em política externa e econômica colocando o projeto em prática de forma vigorosa. A rota tem 7.200 km de extensão de São Petersburgo ao porto indiano de Mumbai prevendo operação de transporte ferroviário, marítimo e fluvial, envolvendo rotas ao transporte de carga, ou,Transcaspiana através dos portos russos de Astrakhan, Olya e Makhachkala, Oriental conexão ferroviária através do Cazaquistão, Uzbequistão e Turcomenistão, com acesso à rede ferroviária iraniana e Ocidental, Astrakhan, Makhachkala, Samur e, posteriormente, através do Azerbaijão até a estação de Astara e, para esta última rota se tornar operacional, necessita concluir o trecho ferroviário Resht-Astara no Irã considerando que as rotas passam pelo porto iraniano de Bandar Abbas, no Golfo Pérsico. Por fim, o Corredor Norte-Sul representa projeto geoeconômico à Rússia e Irã, no contexto de sanções e reconfiguração do comércio global, sendo que a rota reduz o tempo de transporte entre Rússia e Índia à menos de 25 dias comparados com os 40 dias necessários por via marítima além de diminuir custos logísticos em 30%.

Chama a atenção na Europa o tráfico de lixo à máfias enquanto a descoberta de lixo na Inglaterra expôs atuação de quadrilhas que atuam na Europa e lucram com despejo ilegal e tráfico transfronteiriço de resíduos. Grande pilha de lixo no Reino Unido chamou atenção ao problema do descarte ilegal de resíduos em que organizações criminosas expandem atuação na Europa em negócio lucrativo e de baixo risco, ou, o tráfico de lixo. A Europol, agência policial da UE, alertou em relatório sobre a ameaça do crime organizado em que "o tráfico de resíduos se intensifica com projeção de crescimento maior em escala e sofisticação", ao encontrarem modos de contornar contratos de gestão de resíduos sólidos domésticos e comerciais contando com rede de corrupção em todas etapas do processo, além de falsificarem documentos, explorar ineficiências e lacunas e cruzarem fronteiras para tirar proveito de aplicação mais frouxa da lei. O gabinete antifraude da UE, Olaf, informa que a atividade ilegal cresce por conta de sanções mais brandas que as impostas contra crimes mais "tradicionais" como tráfico de drogas, questão que voltou a chamar atenção com a descoberta de montanha de lixo de 6 metros de altura perto do rio Tâmisa, em Oxfordshire, Inglaterra, com evidências de resíduos de escolas e órgãos públicos locais, sugerindo abuso de contratos de gestão de resíduos com instituições estatais e empresas subcontratadas ilegalmente. Dados oficiais divulgados pelo Olaf estimam que "15% a 30% dos transportes de resíduos podem ser ilegais cujo valor pode atingir até 9,5 bilhões de euros anuais", enquanto a UE transporta 67 milhões de toneladas de resíduos/ano dentro das fronteiras e exporta 35,1 milhões de tonelada. A África é um destino comum de lixo eletrônico europeu, visto em lixão perto de Acra, capital de Gana, com estimativas que o grupo envolvido lucrou 4 milhões de euros sob acusação de usar rede de empresas legais para transportar resíduos que obtêm lucro ao cortar custos e evitar taxas associadas aos resíduos tóxicos. Alexandra Ghenea, da organização sem fins lucrativos romena ECOTECA, informa que "a Romênia possui casos envolvendo redes transfronteiriças com resíduos chegando da Itália, Alemanha, Reino Unido e Bélgica, falsamente declarados como material reciclável", esclarece que, "as redes falsificam documentos, organizam rotas de transporte complexas, usam empresas de fachada e misturam fluxos de resíduos legais e ilegais para evitar detecção". Acontece também do lixo ser descartado da forma menos trabalhosa possível, sem cruzar fronteiras, como em Oxfordshire. Casos assim são comuns na Romênia, como mostrou um incêndio florestal causado pela queima ilegal de materiais recicláveis que se aproximou da capital, Bucareste, em julho. "Essa região é emblemática, com incêndios que se repetem, gerando fumaça tóxica, poluição atmosférica grave e colocando em evidência lacunas no monitoramento, policiamento e gestão local", afirmou Ghenea. "É importante mencionar que o problema da Romênia não é a ausência de legislação cujo quadro jurídico está alinhado com as normas da UE, sendo que a principal fraqueza é a aplicação da lei, em capacidade pessoal, equipamento, conhecimentos especializados como de consistência." A Europol em relatório admite que "autoridades policiais investiram recursos na área apenas em alguns Estados-Membros", esclarecendo que, "grande parte das atividades criminosas ambientais são realizadas por empresas legais, frequentemente rotuladas como crimes corporativos ou crimes de 'colarinho branco' utilizarem empresas o que torna esses crimes menos visíveis", por fim, à medida que a Europa busca se tornar mais verde, encontra-se às voltas com dificuldades no lixo que produz e com pressão de grupos criminosos cada vez mais articulados.  

Moral da Nota: o jornal alemão Bild informa que, segundo o chefe do Departamento Federal de Polícia Criminal da Alemanha, contrabandistas adicionam cocaína a produtos alimentícios para transportá-los à Europa, dizendo que, "temos observado tendência em que grupos criminosos utilizam processos químicos para adicionar cocaína a produtos de exportação legal, como especiarias, sucos de frutas ou plástico, fornecidos da América do Sul à Europa", acrescentando que a droga é misturada de forma a ser impossível detecção sendo a cocaína extraída em laboratórios especializados. Magnus Brunner, Comissário Europeu à Assuntos Internos e Migração, informa que o consumo de cocaína na Europa aumentou 6 vezes em 10 anos ao admitir que "a situação na Europa atinge níveis catastróficos", relata que, de 2013 a 2023, o consumo de metadona triplicou e o consumo de ecstasy dobrou. 

Sem noção: em 24 de novembro, aviões israelenses lançaram bombas GBU-39B fornecidas pelos norte americanos sobre Beirute, uma delas não explodiu e foi recuperada pelos libaneses, com o governo norte americano querendo que o Líbano entregue a arma de origem norte americana usada por Israel para matar libaneses, feito de modo natural exigindo entrega da bomba, ameaçando com represálias caso o Lbano não o faça, com receio que outras nações se apoderem da munição não detonada e façam engenharia reversa.