segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Um Olhar

Mudanças climáticas cada vez mais levam a violações do direito à vida e à saúde, na verdade, chamadas de “a maior ameaça global à saúde que o mundo enfrenta no século XXI ”,  inseridos em eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, inundações, secas, incêndios florestais e ciclones tropicais, cada vez mais prováveis ​​e severos decorrente mudanças induzidas pelo homem representam ameaça ao direito das pessoas à saúde mental e física, não apenas pessoas feridas e mortas nesses eventos, mas instalações de saúde pública danificadas ou destruídas e doenças se espalhando entre deslocados. O aumento do calor extremo nas regiões resulta em mortes e doenças, maior ocorrência de doenças e mais migração de pessoas, esperando-se que o número de mortes por mudanças climáticas seja significativo e, um número maior de pessoas desenvolvendo deficiências e problemas de saúde, o Fórum Econômico Mundial estima que, até 2050, mudanças climáticas resultarão em 14,5 milhões de mortes no mundo, considerando que a queima de combustíveis fósseis, carvão, petróleo e gás, é impulsionador das mudanças, além disso, extração, processamento, transporte e queima de combustíveis fósseis deterioram saúde comunitária  próximas dessas operações. A queima de combustíveis fósseis é uma das principais causas da poluição do ar,  fator de problemas de saúde em que poluição se associa a doenças cardíacas, derrames, câncer de pulmão, asma e outras doenças crônicas, com estudo estimando que mais de 5 milhões de pessoas morrem a cada ano decorrente poluição do ar causada pelo uso de combustíveis fósseis, por essas razões, a Anistia Internacional endossou proposta de Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis visando acelerar transição à energias renováveis. 

Redes de cientistas como a World Weather Attribution e a Climate Central realizam estudos de atribuição rápida para entender o papel da mudança climática em inundações, secas, furacões, incêndios florestais e eventos extremos individuais, por exemplo, em 2024, países do continente asiático, incluindo Israel, Palestina, Líbano, Síria, Mianmar, Tailândia, Vietnã e Filipinas, tiveram temperaturas acima de 40 °C por muitos dias, exacerbando riscos à saúde dos que vivem em campos de refugiados e zonas de conflito, incluindo 1,7 milhão de pessoas deslocadas em Gaza com a World Weather Attribution descobrindo que as ondas de calor estavam se tornando mais frequentes e mais extremas devido mudanças climáticas. Os impactos no direito à saúde são sentidos nos continentes, no entanto, comunidades na linha de frente estão entre as mais afetadas, com ampla gama de fatores socioeconômicos afetando se as pessoas podem levar vidas saudáveis incluindo acesso a alimentos, moradia, água, cuidados de saúde, extensão que enfrentam marginalização decorrente racismo, xenofobia, homofobia e sexismo e se vivem em ambiente saudável, significando que estão entre as com maior risco de danos à saúde relacionados ao clima, ou, vivendo na pobreza, mulheres e meninas, povos indígenas, enfrentando discriminação racial, em situação de rua e em assentamentos informais. A maioria dos estados ao redor do mundo concordou se vincular a instrumentos internacionais de direitos humanos que exigem e respeitem, protejam e cumpram direitos, incluindo direito ao mais alto padrão possível de saúde física e mental em que mudança climática necessita ser vista como questão de injustiça, semelhante como pensamos sobre outras violações de direitos humanos.  A Anistia Internacional destaca impactos das mudanças climáticas nos direitos humanos e propõe medidas para prevenir e recuperar danos, incluindo fazer campanha pelo fim do uso de combustíveis fósseis e por maior financiamento climático dos países mais responsáveis ​​pelas mudanças climáticas, promovendo justiça climática nos países menos responsáveis. Pesquisa da Anistia expôs como governos falham em proteger direitos processuais das comunidades que vivem perto de operações de combustíveis fósseis, incluindo direitos de acesso à informação, participação pública, justiça, recursos efetivos e, no caso dos povos indígenas, direito ao consentimento livre, prévio e informado, também a Human Rights Watch por exemplo, publicou estudos sobre danos à saúde causados ​​pelas mudanças climáticas em povos das Primeiras Nações no Canadá, pessoas com deficiência e idosos na Colúmbia Britânica, grávidas negras e pardas de baixa renda nos EUA e com deficiência na Espanha.  

Moral da Nota: estudo publicado Proceedings of the National Academy of Sciences, avalia que o clima extremo influencia migração não autorizada e de retorno entre EUA e México e que o clima extremo contribui à migração ilegal e de retorno sugerindo que mais migrantes podem arriscar as vidas para cruzar a fronteira já que as mudanças provocam mais secas, tempestades e outras condições em que pessoas em áreas agrícolas do México tinham maior probabilidade de cruzar a fronteira sem autorização pós secas e menor probabilidade de retornar às comunidades originais caso o clima extremo continuasse. No mundo, mudanças causadas pela queima de combustíveis fósseis como carvão e gás natural agravam condições climáticas extremas, com secas mais longas, calor mais mortal e tempestades se intensificando rapidamente e despejando chuvas recordes, enquanto no México, país de 130 milhões de habitantes, a seca esgotou reservatórios, criou escassez de água e reduziu a produção de milho, ameaçando meios de subsistência. O México é país de destaque no estudo das ligações entre migração, retorno e estressores climáticos com previsão que a temperatura média anual aumente em até 3 º C até 2060, probabilidade que condições climáticas extremas devastem economicamente comunidades rurais que dependem da agricultura de sequeiro, além disso,  EUA e México têm o maior fluxo migratório internacional do mundo. Cientistas preveem que a migração aumentará à medida que o planeta se aquece e, nos próximos 30 anos, 143 milhões de pessoas no mundo serão deslocadas pela elevação do nível do mar, secas, temperaturas e outras catástrofes climáticas, conforme relatório do  IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. O repórter do Los Angeles Times Soudi Jimenez no seu livro 'Ecos migrantes' lança luz sobre as contribuições dos latinos nos EUA analisando 84 comunidades agrícolas no México onde o cultivo de milho dependia do clima e estabelece correlação na decisão de uma pessoa migrar e retornar com mudanças anormais de temperatura e precipitação nas comunidades na estação de cultivo de milho, de maio a agosto. Descobriu que comunidades que enfrentavam seca tinham taxas de migração mais altas comparadas a comunidades com chuvas normais enquanto as pessoas tinham menos probabilidade de retornar dos EUA ao México se suas comunidades estivessem anormalmente secas ou úmidas, decorrente fatores sociais e econômicos influenciando migração com descobertas do estudo ressaltando desigualdades da adaptação climática em que eventos climáticos extremos, nem sempre respondem da mesma forma, “e as vantagens ou desvantagens sociais e econômicas típicas moldam o modo como as pessoas vivenciam os eventos”.

domingo, 12 de outubro de 2025

Crise da Água

A especialista em mudanças climáticas do AIIB, Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, declara que “a crise da água na Ásia não é só emergência humanitária, mas, emergência macroeconômica com repercussões globais, prejudicará a capacidade da região cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e agendas de desenvolvimento, ameaçará segurança alimentar, resiliência climática e estabilidade econômica de longo prazo”. O continente, declara, está no epicentro da crise mundial da água, preso entre inundações e secas, em junho,  200 mil pessoas foram evacuadas pós fortes chuvas em Punjab, Paquistão, que atingiu Vietnã causando destruição em massa, com o Iraque passando pelo ano mais seco já registrado e moradores de Basra dependendo do fornecimento diário de água, considerando que a Ásia abriga a maior parte da população mundial, projetando crescimento à mais de 5 bilhões de pessoas até 2050, devendo contribuir à maior parte do crescimento do PIB global nos próximos anos. Possui a maior concentração de países com estresse hídrico com meio bilhão de pessoas enfrentando escassez de água e mais de um bilhão sem acesso a água potável e serviços de saneamento, com análises da Organização Meteorológica Mundial, OMM, e, OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, classificando partes da Ásia entre as mais expostas à gravidade, frequência e perturbações econômicas futuras da seca no mundo, resultado das mudanças climáticas, em que o oeste e sul do continente verão secas até 10 vezes mais frequentes que atualmente até fins do século, ao mesmo tempo, chuvas extremas se intensificam do Paquistão à China, aumentando risco e gravidade de inundações, sendo que seu  crescimento populacional, a rápida urbanização, crescimento industrial e econômico tornam desafios hídricos mais urgentes. Declara que a segurança hídrica da Ásia se limita pela escassez de financiamento à infraestrutura e, sem investimentos em sistemas de irrigação, tratamento de águas residuais e drenagem urbana, governos terão dificuldades de atender necessidades básicas, proteger abastecimento de alimentos e reduzir riscos de desastres, com prioridades nacionais de desenvolvimento na região, desde expansão da irrigação na Ásia Central a melhoria do abastecimento de água e saneamento no Sul da Ásia, exigem capital e estruturas de governança que atraiam investimentos públicos e privados. Em 2024, BMDs, Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, aprovaram US$ 19,6 bilhões em financiamento relacionado à água  dos quais US$ 14,4 bilhões foram a países de baixa e média renda elevando investimento total focado em água pelos BMDs entre 2019 e 2024 à US$ 50 bilhões focados em 400 milhões de pessoas, considerando que necessidades regionais excedem compromissos atuais e uma maior colaboração dos BMDs, governos e setor privado é necessária para fechar a lacuna em cenário de casas quase submersas devido enchentes em Sirajganj, Bangladesh, por exemplo. Soluções tecnológica podem apoiar implementação de ganhos de eficiência hídrica essenciais à países que enfrentam grave escassez de água e aumentam riscos de secas prolongadas devido às mudanças climáticas, através da implementação de sensores de monitoramento e observação da Terra fornecendo transparência sobre uso excessivo de água e compreendendo ameaças de vazamentos,  sistemas de alerta precoce e modelagem integrada preparando comunidades em períodos de chuvas intensas permitindo que respondam emergências, enquanto isso, a energia hidrelétrica representa oportunidade de alavancar padrões climáticos de monções do continente e fornecer fonte de energia confiável e renovável. 

Neste ecossistema, o governo do Paquistão impõe emergências climáticas e agrícolas em meio à crise de enchentes enquanto   luta contra chuvas de monções devastadoras e inundações generalizadas que atingiram o setor agrícola com partes provinciais, incluindo representantes de Gilgit-Baltistan e Azad Jammu e Caxemira, serão incluídas em reunião consultiva para garantir  implementação efetiva, sendo que o Ministro do Petróleo anunciou que o governo suspendeu a proibição de novas conexões de gás imposta em 2021 após a persistente demanda pública sendo que os consumidores poderão solicitar novas conexões de Gás Natural Liquefeito Regaseificado, GNL, 35% mais barato que o Gás Liquefeito de Petróleo, GLP, importado, trazendo alívio às famílias. Em vista das atuais chuvas de monções e da crise nacional de inundações, será desenvolvido um plano para evitar danos adicionais das consequências negativas das mudanças climáticas, convocando reunião dos principais ministros das províncias e  autoridades pertinentes para avaliar magnitude das perdas por inundações antes que a decisão fosse tomada, circulando  informação que milhões de acres de plantações e terras agrícolas haviam sido danificados e seus membros propuseram ações para restaurar infraestrutura, compensar agricultores e ajudar na recuperação agrícola. No leste do Paquistão, as enchentes afetaram quase 142 mil pessoas obrigando deslocados morar com parentes, enquanto outros passam noites em aterros ou campos de refugiados depois que suas casas foram submersas, com equipes de resgate em barcos cruzando as águas e resgatando pessoas de árvores e telhados, barracas à beira da estrada, famílias esperando por comida enquanto crianças choravam e mulheres sussurravam orações para que as águas baixassem, na esperança de um milagre. A  Autoridade de Gestão de Desastres de Punjab, esclarece que desde 23 de agosto, 4 mil vilarejos foram submersos afetando mais de 4,2 milhões de pessoas, deslocando 2,1 milhões e matando pelo menos 68 pós chuvas de monções mais intensas que o normal e vazamentos repetidos de água de represas indianas transbordando, "aqueles que podiam pagar proprietários de barcos particulares já deixaram o vilarejo", outros, dizendo que os suprimentos de comida são escassos e as famílias deslocadas recebem uma refeição por dia. Chuvas torrenciais inundaram ruas em Karachi, capital da província de Sindh, no sul do país, com autoridades alertando que a água dos rios transbordados fluirá para Sindh, aumentando temores de danos rio abaixo, com escavadeiras e máquinas pesadas reforçando diques ao redor de Jalalpur Pirwala em tentativa de proteger a cidade de 700 mil  habitantes, com a ministra-chefe do Punjab, Maryam Nawaz Sharif, prometendo indenização às famílias que perderam parentes, casas e gado nas enchentes e, desde o final de junho, as enchentes mataram no Paquistão mais de 900 pessoas. Por fim,  a Marinha do Paquistão resgatou mais de 4.300 pessoas em operação de socorro pós enchente em andamento em Punjab, Sindh e Khyber Pakhtunkhwa realocando 4.335 pessoas isoladas em locais mais seguros, com o detalhe que a liberação e retenção de água pela Índia em relação ao Paquistão e fez com que indianos por conta de inundações das Monções abriram comportas de água que se dirige ao Paquistão agravando a crise no país vizinho. 

Moral da Nota:  modelos do sistema terrestre e paleo-reconstruções indicam que mudanças na AMOC, força da Circulação Meridional do Atlântico, impactam profundamente o clima global quantificando a força média da água do fundo no Atlântico Norte profundo com estimativas de taxas de fluxo volumétrico de registros sedimentares e, de acordo com projeções futuras, as mudanças climáticas antropogênicas podem resultar em desaceleração sem precedentes da AMOC. Cientistas da Universidade de Heidelberg e Universidade de Berna reconstruíram padrões de circulação do Holoceno utilizando análises geoquímicas de sedimentos marinhos, reconstruindo a Circulação Meridional do Atlântico ao longo dos últimos 12 mil anos, sendo a primeira a calcular padrões de circulação em larga escala mostrando que, embora a AMOC tenha experimentado flutuações naturais ao longo de milênios permaneceu estável. A AMOC, Circulação Meridional do Atlântico, é parte de sistema global de águas que redistribui calor e água doce do hemisfério sul ao hemisfério norte impactando tempo, oceanos e clima tornando-se um dos principais componentes do sistema climático da Terra incluindo o sistema da Corrente do Golfo, fator-chave ao clima europeu, sendo que mudanças na intensidade da circulação podem impactar padrões climáticos, ecossistemas marinhos e tendências climáticas globais de longo prazo. O enfraquecimento da Circulação Meridional do Atlântico, um dos motores do clima terrestre, pode provocar chuvas irregulares e afetar ecossistemas como a Floresta Amazônica, conclusão de estudo publicado na Nature Communications alertando sobre a estabilidade da Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico, considerada um dos  motores do clima terrestre que funciona como "esteira oceânica" transportando calor e nutrientes entre o Atlântico Sul e Norte e regulando o clima global, sendo que um dos impactos mais preocupantes recairia sobre a região norte da Floresta Amazônica, com a porção mais preservada do bioma projetando queda das chuvas na área ameaçando biodiversidade e equilíbrio ecológico.

sábado, 11 de outubro de 2025

Solastalgia

O termo solastalgia se refere a fusão de termo 'consolo' e do sufixo grego 'dor', 'algia', consiste em crise de saúde mental oculta pelas mudanças do clima e, segundo especialistas, ajuda explicar os efeitos nocivos das mudanças climáticas na saúde mental, cunhado em 2003 pelo filósofo australiano Glenn Albrecht, se referindo ao sofrimento humano causado por mudanças ambientais na casa ou arredores, levando à perda ou falta de consolo resultando em sentimentos de dor ou doença. O conceito encontra base no ensaio clássico de Freud de 1919, 'Das Unheimliche', argumentando que a ansiedade depende de elemento que chamou de 'unheimliche', ou, 'estranho' conforme desenvolvido no Medscape Medical News, por Jacob Lee, MD, presidente do Comitê de Mudanças Climáticas e Saúde Mental da Associação Psiquiátrica Americana, APA, ao observar que “Freud argumenta que era perturbador ver objetos ou ambientes familiares se tornarem desconhecidos por vezes desafiando crenças sobre si mesmo”, ao contrário de nostalgia que pode ser aliviada ao voltar para casa, a solastalgia surge porque o próprio lar mudou. Considerada questão de saúde mental, trata-se de "termo útil para reconhecer emoções associadas à perda ou dano a lugares  pessoalmente significativos", conforme Susan Clayton, PhD, professora e chefe de psicologia do The College of Wooster, Wooster, Ohio, no entanto, não acredita que deva ser considerado questão de saúde mental, mas, "fonte de estresse que contribui à problemas de saúde mental, assim como o luto decorrente perda de ente querido não é questão de saúde mental, as pessoas podem se beneficiar de ajuda para lidar com essas emoções". Revisão publicada online no BMJ Mental Health, cientistas suíços vasculham literatura em busca de estudos que analisassem relação entre solastalgia e problemas de saúde mental e, de 80 estudos, 19 foram incluídos na revisão com base em dados de mais de 5 mil participantes na Austrália, Alemanha, Peru e EUA, enquanto 5 estudos quantitativos incluídos na análise revelaram associações positivas entre solastalgia e problemas de saúde mental, incluindo, depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, TEPT, e somatização. Vale dizer que, os pesquisadores reforçaram as descobertas dos estudos quantitativos, 14 estudos fornecendo evidências que a solastalgia é “construto útil para entender respostas emocionais de afetados por mudanças ambientais”, enquanto,  Susanne Fischer, PhD, professora assistente de saúde planetária da Universidade de St. Gallen, e do Instituto de Psicologia da Universidade de Zurique,  ambos na Suíça, que trabalhou na revisão, corrobora que “em geral, as descobertas estavam  de acordo com o que esperávamos”, disse e, conclui, “pessoas com sentimentos de perda relacionados ao local eram propensas a também terem problemas de saúde mental.” Estudo avalia que moradores expostos aos incêndios do "Verão Negro" australiano de 2019/2020 que relataram alta solastalgia tiveram 2 vezes mais probabilidade de apresentar resultado positivo à depressão ou ideação suicida 6 meses depois, enquanto revisão do Departamento de Ciências Ambientais e de Saúde Ocupacional da Universidade de Washington, em Seattle, destaca como a exposição prolongada à fumaça de incêndios florestais e a obrigação de ficar em ambientes fechados contribuem  ao estresse, depressão, aumento da ansiedade, isolamento/solidão e desenvolvimento de solastalgia. Por fim, várias escalas para medir a solastalgia foram desenvolvidas e validadas, incluindo a Escala de Angústia Ambiental, EDS, a Escala de Solastalgia e a Escala Breve de Solastalgia, uma subescala de nove itens da EDS, tais escalas funcionam e pode haver "grande valor" na avaliação da solastalgia em moradores de áreas que passam por mudanças ambientais significativas, observando que “questionários curtos e entrevistas em profundidade parecem ser adequados para avaliar a solastalgia, os primeiros são econômicos e, portanto, podem ser facilmente utilizados na prática clínica”, embora a solastalgia não seja formalmente reconhecida como condição de saúde mental, a Climate Psychiatry Alliance usa para treinar clínicos sobre luto baseado em local e lista entre as principais emoções climáticas. Trata-se de uma das várias "ecoemoções", como ecoansiedade, ecotristeza ou ecovergonha/culpa, que podem ser importante para explicar questões de saúde mental decorrente crises ecológicas e, identificar ecoemoções de um indivíduo e agir conforme elas, pode ser útil, concluem os pesquisadores. 

Neste ambiente, fumaça de Incêndios Florestais impactam mais a saúde de populações vulneráveis, além da crescente gravidade das temporadas de incêndios florestais, a crescente interface urbano-florestal onde assentamentos humanos se chocam com terras não desenvolvidas aumenta o número de comunidades em risco em que os mais vulneráveis a incêndios florestais são aqueles com condições crônicas existentes particularmente doenças cardíacas ou pulmonares como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, DPOC, enfisema, insuficiência cardíaca, ICC, angina ou doença cardíaca isquêmica, sendo que mulheres com asma e DPOC tendem ser mais gravemente afetadas que os homens, por fim, idosos, crianças, adolescentes, mulheres grávidas e indivíduos de baixo nível socioeconômico demonstram apresentar maior risco de exposição à fumaça e/ou impactos à saúde associados. Evidências que a exposição contínua à fumaça de incêndios florestais em ambiente ocupacional pode impactar mais na saúde do que no público em geral, os socorristas, especialmente os não tradicionais como civis e presidiários que são pouco estudados, sendo que alguns dos impactos na saúde ocupacional incluem, função pulmonar prejudicada, embora a duração da deficiência seja menos bem estabelecida, risco aumentado de desenvolver COVID-19 grave e impactos na saúde mental, como TEPT, qualidade e quantidade de sono prejudicadas. Composição química e toxicidade da fumaça de incêndios florestais variam conforme a paisagem, o estágio da combustão do incêndio, quer dizer, chamas abertas versus latente, e o tipo de combustível em que PM2.5 específicas de incêndios florestais podem ser até 10 vezes mais prejudiciais à saúde humana que as PM2.5 de outra fonte, sendo que a fumaça pode conter gases efeito estufa, incluindo dióxido de carbono, CO2, metano, CH4, e óxido nitroso, N20, monóxido de carbono, CO, dióxido de nitrogênio, ozônio, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, HAPs, compostos fotoquimicamente reativos, por exemplo, CO, carbono orgânico volátil não metano, óxidos de nitrogênio, compostos orgânicos voláteis, COVs, HCN, HF, HCl, isocianatos, dioxinas e furanos, compostos orgânicos tóxicos, por exemplo, benzeno, tolueno, xilenos, estireno, formaldeído, metais, por exemplo, Cr, Cd, As, acroleína e benzeno. A exposição à fumaça de incêndio florestal pode produzir efeitos imediatos desagradáveis ​​à saúde a curto prazo, mesmo em indivíduos saudáveis, sendo os fisiológicos, ardência nos olhos, irritação na garganta, coriza, irritação nos seios da face, dores de cabeça, cansaço, os respiratórios como tosse, dificuldade para respirar, chiado no peito, crises de asma e os cardiovasculares como dor no peito e batimentos cardíacos acelerados. A exposição persistente à fumaça e/ou a necessidade de se abrigar em ambientes fechados da fumaça de incêndios florestais pode impactar a saúde mental, como estresse, depressão, ansiedade, isolamento/solidão e falta de motivação, sendo que grande número de dias com fumaça pode contribuir no desenvolvimento de solastalgia, ou, luto relacionado a mudanças ambientais, além de evidências que a exposição à fumaça de incêndios florestais aumenta a mortalidade por todas as causas por alguns dias após a exposição sendo que o risco de mortalidade respiratória é alto pós exposição à fumaça e, dado o tempo de espera e o fato que a exposição, exacerba as condições existentes, pode ser difícil atribuir mortes à exposição à fumaça de incêndios florestais.  Para concluir, estudo estima que 33.510 mortes por causas/ano são atribuídas à exposição à fumaça de incêndios florestais, número, relatado em estudo cujo objetivo foi estimar taxas de mortalidade comparativas, provavelmente subestimando o número real de mortes anuais globalmente, no entanto, há impactos adversos à saúde decorrentes exposição à fumaça de incêndios florestais, incluindo impactos neurológicos, envelhecimento neurológico e aumento da incidência de doença de Alzheimer e demência associados à exposição a PM2.5 derivada de incêndios florestais por risco aumentado de doenças cerebrovasculares, sendo que mais pesquisas são necessárias, na saúde gestacional, exposição intrauterina à fumaça de incêndios florestais é associada à redução do peso ao nascer, aumento de nascimentos prematuros e crescimento atrofiado a longo prazo e, por fim, câncer, cuja exposição a poluentes atmosféricos perigosos, PAPs, liberados nos incêndios florestais aumenta o risco de desenvolvimento de câncer, especialmente pulmão.

Moral da Nota: na Austrália, solastalgia após o verão de incêndios florestais mostram indivíduos com percepções qualitativas e quantitativas sobre sofrimento ambiental e recuperação destacando angústia como elemento temporal de solastalgia antecipatória, se apresenta como sensação de traição em relação à mudança indesejada vivenciada com sintomas intensos de ansiedade, TEPT e raiva além da contribuição da comunidade para proteger o ambiente, fundamental ao bem-estar. A Solastalgia emerge nas pessoas que obtêm menos consolo de ambientes que se tornam degradados ou destruídos e, após  incêndios florestais de 2019-2020 na Austrália, muitos enfrentaram ambiente natural diferente, por exemplo, carbonizado pelo fogo e vazio de animais que antes lá viviam, com entrevistas individuais com membros de comunidades afetadas descrevendo uso de pistas ambientais para entender e se preparar ao risco de incêndio e como a mudança ambiental levou a emoções de tristeza e frustração bem como crescimento e resiliência pessoal e ambiental. Identificam aspectos temporais da solastalgia incluindo forma antecipatória caracterizada por medos sobre futuros incêndios e perdas ambientais, sendo que dados mostrando que participantes que experimentaram maior solastalgia relataram sintomas mais elevados de estresse pós-traumático e ansiedade, sentiram mais raiva e perda de controle com áreas áridas ao redor do globo afetadas por incêndios florestais de intensidade e frequência crescentes à medida que o clima muda .  Concluindo, à medida que danos ambientais relacionados às mudanças climáticas em regiões ao redor do mundo tornam-se mais vulneráveis ​​a incêndios florestais mudanças no ambiente local evocam solastalgia, tanto em relação às mudanças que ocorreram quanto às preocupações com mudanças futuras que não se alinha estreitamente à exposição objetiva a incêndios florestais nem se relaciona com desafios de saúde mental, em vez disso, solastalgia é desafio distinto aos que lutam com perda ambiental não necessariamente os mais impactados pelos incêndios florestais, podendo incluir os que percebem maior perda nos aspectos que tornaram o lugar natural especial como os mamíferos e aves nativos da Austrália.  A solastalgia é exacerbada pela gestão ambiental que ignora o conhecimento local, contribuindo aos sentimentos de impotência associada à raiva e percepções de perda de controle, que sugerem proteção e restauração ambiental, em consulta com comunidades locais buscando proteger o bem-estar.