quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Inovação

Os Nobel de economia de 2025, Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt, trabalharam na inovação e forças da "destruição criativa" que impulsionam o crescimento econômico e elevam padrões de vida, exlicam como a tecnologia origina novos produtos e métodos de produção que substituem os antigos, resultando em melhor padrão, qualidade e saúde de vida. A Academia de Ciências avaliou que os laureados mostraram que tal progresso não pode ser considerado garantido, que a "estagnação econômica, não o crescimento, tem sido norma na maior parte da história humana, seu trabalho mostra que devemos estar cientes e neutralizar ameaças ao crescimento contínuo". Os vencedores do prêmio destacam desafios das políticas comerciais do presidente norte americano e reformas do ensino superior de seu governo, consideradas por alguns como ataque à liberdade acadêmica, com Mokyr alertando dos ataques a ciência nos EUA embora a maioria dos economistas veja o crescimento econômico como motor de prosperidade, havendo quem não vê como bem absoluto. Formalmente conhecido como Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, vale 11 milhões de coroas suecas ou US$ 1,2 milhão, com Mokyr, da Universidade Northwestern, recebendo metade cuja pesquisa analisa "por que somos mais ricos e vivemos melhor que nossos tataravós", acrescentando que estava preocupado com a possibilidade  dos EUA perderem seu lugar na vanguarda da pesquisa científica e da educação sob o presidente Trump, por conta dos "ataques ao ensino superior e à pesquisa científica como o maior gol contra da história, ou, pelo menos o maior gol contra desde que a Dinastia Ming na China proibiu pesquisa e exploração científica", concluindo que,  "é autodestrutivo e movido por políticas irrelevantes." O Professor do College de France e do INSEAD em Paris e da London School of Economics and Political Science, Aghion, e, o professor da Brown University nos EUA, Howitt, dividiram a outra metade do prêmio com Aghion dizendo que tarifas são obstáculos ao crescimento e que o prêmio chega em ponto de inflexão potencial à economia global esperando que IA desencadeie novo surto de crescimento, destacando riscos estratégicos à Europa ficar mais atrás dos EUA e China nas tecnologias do futuro. Disse que a desglobalização e barreiras tarifárias eram "obstáculos ao crescimento", acrescentando que quanto maior o mercado, mais troca de ideias, transferência de tecnologias e competição saudável, concluindo que, "qualquer coisa que atrapalhe a abertura é obstáculo ao crescimento, então, uma espécie de nuvens escuras se acumulam pressionando por barreiras ao comércio e à abertura". Pediu à Europa que aprenda com os EUA e China, que, segundo ele, com meios de conciliar concorrência e política industrial, concluindo, "na Europa, em nome da política da concorrência nos tornamos contra qualquer forma de política industrial, acho que precisamos evoluir e encontrar modos de conciliar política industrial em áreas como defesa, clima, IA e biotecnologia".

Em 2024  Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson venceram o Nobel por estudos sobre desigualdade, com Johnson em particular, destacando como os benefícios da inovação tecnológica podem ser distorcidos em favor das elites, havendo debate sobre qual nível de crescimento é sustentável à luz das mudanças climáticas causadas pelo homem e da degradação ambiental. O prêmio de Economia foi concedido pela 1ª vez em 1969 com poucos economistas conhecidos, incluem o ex-presidente Fed, Ben Bernanke, Paul Krugman e Milton Friedman, sendo que o Comitê do Nobel disse que o prêmio foi "por ter identificado pré-requisitos ao crescimento sustentado através do progresso tecnológico". O comitê resumiu as contribuições dos laureados dizendo que nos últimos 2 séculos, pela 1ª vez na história, o mundo viu crescimento econômico sustentado, que tirou grande número de pessoas da pobreza e lançou bases da prosperidade, sendo que os vencedores deste ano explicam como a inovação fornece ímpeto à mais progresso. A tecnologia, segundo o Comitê, avança e afeta a todos, com novos produtos e métodos de produção substituindo antigos em ciclo interminável, esta é a base do crescimento econômico sustentado que resulta em melhor padrão de vida, saúde e qualidade de vida às pessoas, no entanto, nem sempre foi assim, muito pelo contrário, a estagnação foi a norma na maior parte da história humana e, apesar de descobertas esporádicas que levaram a melhores condições de vida e maiores rendas, o crescimento se estabilizava. Joel Mokyr utilizou fontes históricas como meio de descobrir causas do crescimento sustentado se tornando o novo normal, demonstrou que, para que inovações se sucedam em processo autogerado não precisamos saber que algo funciona mas ter explicações científicas do por quê, esta última frequentemente faltava antes da Revolução Industrial, que dificultava a construção de descobertas e invenções enfatizando importância da sociedade estar aberta a novas ideias e permitir mudança. Em um artigo de 1992, Philippe Aghion e Peter Howitt, construíram modelo matemático para o que é chamado de destruição criativa quando um produto novo e melhor entra no mercado, as empresas que vendem produtos mais antigos perdem, daí, a inovação representa algo novo e, portanto, é criativa, no entanto, é destrutiva pois a empresa cuja tecnologia se torna obsoleta é superada na concorrência. Os laureados, de modos diversos, mostram como a destruição criativa gera conflitos que devem ser gerenciados de forma construtiva, o contrário, a inovação será bloqueada por empresas estabelecidas e grupos de interesse que correm o risco de serem prejudicados. Joel Mokyr em "A Alavanca da Riqueza" cuja mensagem central não é inequivocamente otimista fornece poucos exemplos de sociedades tecnologicamente progressistas,de modo geral, forças que se opõem ao progresso tecnológico têm sido mais forte que aquelas que lutam por mudanças. O estudo do progresso tecnológico é estudo do excepcionalismo de casos em que, como resultado de circunstâncias raras, a tendência normal das sociedades de deslizarem em direção à estagnação e ao equilíbrio foi quebrada, a prosperidade sem precedentes desfrutada por proporção substancial da humanidade e decorre de fatores acidentais em  grau maior que se supõe comumente, além disso, o progresso tecnológico é como planta frágil e vulnerável cuja nutrição não depende do ambiente e clima próprios, mas cuja vida é quase sempre curta altamente sensível ao ambiente social e econômico e pode ser facilmente interrompida por mudanças externas relativamente pequenas, se há uma lição a ser aprendida com a história da tecnologia é que o crescimento não pode e não deve ser considerado garantido.

Moral da Nota: lançar um novo produto no mercado sempre foi risco, marcas experientes podem calcular mal a demanda, produzir em excesso ou perder o momento-chave para definir o preço, erros que não só geram milhões em perdas de estoque mas custam aos clientes e prejudicam a reputação da empresa. Historicamente muitas empresas confiaram em métodos básicos como médias móveis de 3 meses para prever vendas e necessidades de produção, no entanto, essa abordagem falha diante a volatilidade dos mercados globais onde preços e demanda mudam devido fatores econômicos, políticos ou sociais, sendo que um erro de cálculo na gestão de estoque pode levar a cenários perigosos como o excesso de estoque imobilizando capital ou escassez de produtos perdendo oportunidades de vendas, o mesmo acontece com a compra de matérias-primas em que comprar pelo preço errado ou quantidades erradas pode corroer a lucratividade. A startup sul-coreana Impactive AI, fundada em 2021, quer mudar esse cenário com a plataforma Quantum Deepflow, projetada para estrear na CES 2026, ferramenta que combina previsão de demanda IA com aprendizado de máquina quântico para antecipar não apenas vendas, mas todo o ciclo de vida de um produto e otimizar a compra de materiais. A Quantum Deepflow afirma prever preços de matérias-primas como cobre, alumínio ou aço com precisão de 97-98% com antecedência de até 6 meses em relação ao sucesso comercial de um produto, suas estimativas atingem entre 70% e 80% de precisão sendo um dos casos de uso mais marcantes vindo de cliente industrial que conseguiu reduzir seu estoque em 35%, liberando USD 22 milhões em liquidez, em outro exemplo em demonstração na Alemanha, a plataforma previu opreços diários de cobre e alumínio por 5 dias com precisão de 97%, enquanto isso, um fabricante de aço aumentou a precisão de sua previsão de estoque à 75% superando seus próprios métodos internos. A plataforma é treinada com mais de 60 mil variáveis, integrando padrões históricos, tendências, fatores sazonais e dados macroeconômicos e, ao contrário de ferramentas que dependem de dados passados, o Deepflow analisa conjunto mais amplo de sinais para detectar correlações menos óbvias com o uso da computação quântica através de recursos em nuvem permitindo que cenários complexos sejam processados mais rápido  gerando previsões mais detalhadas, embora o uso comercial da tecnologia seja limitado, a Impactive AI afirma que sua abordagem acelera tempos de treinamento e melhora capacidade de antecipar cenários com múltiplas variáveis. Diante a previsão de preços de matérias-primas a empresa cliente não precisa fornecer dados internos que facilite a integração inicial, no entanto, para otimizar estoques é necessário modelo adaptado a cada negócio com suas próprias informações históricas, se considerarmos os dias atuais que empresas usam combinação de modelos estatísticos, ferramentas ERP e sistemas convencionais de aprendizado de máquina, no entanto, essas soluções têm horizontes de previsão curtos e perdem precisão em mercados voláteis. Para se protegerem da incerteza, compradores de matérias-primas optam por manter "estoques de segurança" que imobiliza capital e reduz flexibilidade financeira, ao passo que o Quantum Deepflow eliminar essa necessidade oferecendo previsões confiáveis com horizonte de tempo mais longo, daí, se os números de precisão da empresa forem confirmados pelo uso generalizado, o Quantum Deepflow poderá se tornar ferramenta fundamental à fabricantes e fornecedores ajustarem preços, gerenciarem estoques e planejarem produção com nível de certeza incomum.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Mudança de Padrões

Padrões de chuva e clima à medida que se modificam tornam-se preocupações ao lado de  mudanças climáticas, com a Cúpula do Calor da Índia 2025, por exemplo, deliberando sobre o aumento das temperaturas e soluções compartilhadas, além de aconselhar o governo sobre medidas de longo prazo para lidar com seu impacto. Como um dos países mais vulneráveis aos impactos projetados das mudanças climáticas a Índia coloca o estresse térmico emergindo como maior preocupação, já que, a perspectiva de calor extremo e estresse térmico surgem das mudanças generalizadas e rápidas nas temperaturas oceânica, ao lado do aumento constante da retenção de calor na atmosfera. A deliberação decorrente a Cúpula de calor indiana de 2025, se concentra em questões relativas às chuvas fora de época, intensas e frequentes, que ocorrem nas partes ocidentais dp pais, incluindo  Mumbai quebrando recorde de 100 anos preocupando ambientalistas pela alta intensidade em curto período, com Saumya Swaminathan, presidente da MSSRF, esclarecendo que, inundações urbanas estão aumentando em parte, às mudanças climáticas e, em parte, ao planejamento inadequado, embora a precipitação pluviométrica total mude ao longo da década, agora,  caindo em menos horas e tornando mais difícil às cidades lidarem com a questão. Vishwas Chitale, do Conselho de Energia, Meio Ambiente e Água, ressalta que chuvas irregulares e monções precoces não são fenômenos novos, observados há muitos anos, no entanto, o que mudou foi intensidade e concentração pluviométrica em períodos curtos, com estudos mostrando que regiões como Rajastão, Gujarat, Maharashtra central e Karnataka registraram aumento de 30% nas chuvas na última década comparados a média dos últimos 30 anos, esse aumento não tem distribuíção uniforme ao longo da estação, em vez disso, é marcado por chuvas curtas e intensas como observadas em Mumbai, resultado cada vez mais errático das monções. Existe consenso que tais padrões climáticos extremos resultam das mudanças climáticas, apontando à lacunas na governança, com Aarti Khosla, da Climate Trends, observando que o aquecimento oceânico carrega mais umidade levando à chuvas mais intensas e erráticas enfatizando que cidades mal preparadas à tais eventos carecem de infraestrutura resiliente ao transporte, saúde pública e resposta a emergências, segundo ela, o início precoce das monções, como em Mumbai, é sinal de alerta e a Índia precisa integrar dados meteorológicos ao planejamento urbano à proteger populações vulneráveis.

O IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão científico climático da ONU, projeta a Índia como uma das regiões mais vulneráveis ​​a ondas de calor, estresse por calor úmido e eventos climáticos extremos em mundo 1,5°C mais quente, ameaças que podem trazer consequências irreversíveis com mais de 90% da força de trabalho empregada no setor informal, enfrenta maior exposição a perigos físicos e riscos econômicos do aumento do estresse por calor. Tem experimentado nos últimos anos temperaturas recordes, com o início do verão já em fevereiro ou março e ondas de calor frequentes, prolongadas e intensas, em muitas áreas as temperaturas atingiram 50°C nos últimos anos levando ao aumento de doenças e morte, especialmente grupos vulneráveis como idosos, crianças e trabalhadores ao ar livre. Lembrando que, a Índia abrange 5 zonas climáticas distintas, tropical, árida, semiárida, temperada e alpina, todas, sofrendo perturbações devido ao aumento das temperaturas, com o norte, apresentando derretimento das geleiras e formação de lagos glaciais agravando riscos de inundações, além de Incêndios florestais e água escassa pressionando ecossistemas montanhosos. Regiões áridas e semiáridas apresentam padrões de chuvas irregulares, alterando ciclos agrícolas em que zonas climáticas tradicionais se invertem e áreas de inundações enfrentam secas e, vice-versa, ao longo dos 7.500 km de litoral indiano a Baía de Bengala e o Mar Arábico testemunham aumento da ciclogênese, levando a tempestades mais e frequentes, intrusão de água salgada, ondas de calor úmidas, afetando pescaria e riscos crescentes de aumento do nível do mar. Estudos científicos mostram mudança espaço-temporal na ocorrência de ondas de calor na Índia, com tendências crescentes no noroeste, centro e centro-sul, conforme a NDMA, Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, o custo econômico e social dessas condições extremas são estimados pelo Reserve Bank of India que calor e umidade extremos podem levar a perda de 4,5% no PIB até 2030 devido à redução da produtividade no trabalho, que mudanças nos padrões de monções e aumento das temperaturas podem reduzir o PIB em 2,8% até 2030 potencialmente diminuindo padrões de vida de metade da população até 2050. Por fim, observa-se que em maio de 2024, o consumo de energia nacional aumentou 15%,com pico recorde de demanda de 250,07 GW, impulsionado pelo calor extremo superando recordes anteriores, com especialistas projetando aumento de 9%/10% na demanda por energia em 2025 impulsionado por forte aumento nas vendas de aparelhos de ar condicionado destacando crescente demanda por energia e crescente disparidade no acesso.

Moral da Nota: relatório do WELL Labs de 2023 observa que "transição sustentável à cultura com menor consumo de água exige estabelecimento de vínculos de mercado à alternativas, o contrário, o status das águas subterrâneas na maioria das regiões continuará crítico e superexplorado", ao passo que culturas indianas como leguminosas, lentilhas, baunilha, pimenta-do-reino utilizam relativamente pouca água e podem ser promovidas em áreas que lutam com esgotamento dos lençóis freáticos. Em conseuência, agricultura intensiva piora a crise das mudanças climáticas, modelo insustentável que contribui às emissões de gases efeito estufa aprofundando poluição do ar, aquecendo cidades e alterando ecossistemas, enquanto o cultivo de culturas híbridas e arroz contribui ao aumento das mudanças climáticas e degradação do solo. A Índia se esforça para alimentar sua população e reduzir dependência de importações de alimentos, no entanto, a rápida intensificação da agricultura leva a alto custo ambiental, já que, a expansão agressiva de terras agrícolas, o aumento do uso de fertilizantes químicos e práticas de uso intensivo de água como o cultivo de arroz, não apenas degradam o solo, mas, aceleram mudanças climáticas. A agricultura contribui com 16%/18% do PIB indiano, 2º maior contribuinte às emissões de gases efeito estufa, GEE, e, conforme relatório submetido à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, UNFCCC, pelo Ministério do Meio Ambiente, Florestas e Mudanças Climáticas da União, as emissões totais devido à agricultura aumentaram 4,5%, de 2.531 MtCO2e em 2016 à 2.647 MtCO2e em 2019. A agricultura indiana se expandiu com destruição de terras florestais para atender  demanda de população e reduzir dependência de importações, além do desmatamento, cultivo de culturas híbridas e arroz contribuírem ao aumento das mudanças climáticas e  degradação do solo. Considerando que a Índia é o 2º maior produtor e consumidor de arroz em casca do mundo, com área cultivada de 40,87 milhões de hectares em 2024 que pode levar a 60 milhões de toneladas de emissões de metano/ano, estimativa do IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, daí, emissões de metano ocorrerem a partir da prática de alagamento usada para cultivar arroz em estágios iniciais, prática, que levou ao aumento das emissões de óxido nitroso e degradação do solo. Para concluir, pulverização de fertilizantes aumenta rendimento das culturas levando ao aumento da poluição com escoamento do solo podendo levar à contaminação de águas subterrâneas, já que, gotículas de fertilizantes misturadas no ar levam a problemas respiratórios e de pele sendo o nitrato principal componente da poluição causada por fertilizantes e pesticidas, dissolvido em água quando consumido, prejudica a saúde humana causando irritação nos olhos e pele, produzindo sensação de queimação, sendo que o cobalto pode causar danos aos pulmões, o boro leva a baixa contagem de espermatozoides e o manganês prejudica a saúde respiratória, reprodutiva e gastrointestinal.