segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Rota Norte Sul

A Pesquisadora e Chefe do Centro Cultural Oriental da Academia Russa de Ciências, ao avaliar o desenvolvimento do corredor de transporte Norte-Sul, informa ser discutido na Rússia devido os benefícios econômicos reorientando a economia russa do Ocidente ao Oriente, além do atalho Rússia/Índia. Utilizado pela 1ª vez por Afanasy Nikitin no século XV e na 2ª Guerra Mundial no fornecimento de suprimentos militares à URSS, além do programa Lend-Lease em que um dos principais países que atravessam a rota, o Irã, mostra grande interesse no projeto à utilizá-lo para melhorar política externa e posição econômica. Desenvolvido em 1999 pela Rússia, Irã e Índia em que empresas de transporte desses países assinaram acordo sobre o transporte de contêineres à importação e exportação ao longo do corredor internacional de transporte Rússia, Mar Cáspio, Irã, Índia e Sri Lanka. O acordo previa o tempo aproximado de trânsito das cargas e tarifas aproximadas, distribuindo responsabilidades entre partes delineando organização do transporte, enquanto a Rússia ratificou em 2002 cujo objetivo era reduzir o tempo de transporte de carga entre Rússia e Índia, desenvolver rota alternativa ao Canal de Suez, no Egito, mais curta e conveniente, dando vantagens do corredor de transporte Norte-Sul emrelação a outras rotas, em particular, à marítima pelo Canal de Suez consideradas a redução das distâncias pela metade ou mais, bem como redução do custo do transporte de contêineres comparados com o custo do transporte marítimo. Países como Cazaquistão, Bielorrússia, Armênia, Azerbaijão, Síria, Omã e Bulgária, como observadores, aderiram o acordo na inauguração do Corredor de Transporte Internacional, sendo que o projeto foi revisto e coordenado por longo período antes do início de sua implementação e, somente na última década, a Rússia delineou sua política de reaproximação com países do Oriente em política externa e econômica colocando o projeto em prática de forma vigorosa. A rota tem 7.200 km de extensão de São Petersburgo ao porto indiano de Mumbai prevendo operação de transporte ferroviário, marítimo e fluvial, envolvendo rotas ao transporte de carga, ou,Transcaspiana através dos portos russos de Astrakhan, Olya e Makhachkala, Oriental conexão ferroviária através do Cazaquistão, Uzbequistão e Turcomenistão, com acesso à rede ferroviária iraniana e Ocidental, Astrakhan, Makhachkala, Samur e, posteriormente, através do Azerbaijão até a estação de Astara e, para esta última rota se tornar operacional, necessita concluir o trecho ferroviário Resht-Astara no Irã considerando que as rotas passam pelo porto iraniano de Bandar Abbas, no Golfo Pérsico. Por fim, o Corredor Norte-Sul representa projeto geoeconômico à Rússia e Irã, no contexto de sanções e reconfiguração do comércio global, sendo que a rota reduz o tempo de transporte entre Rússia e Índia à menos de 25 dias comparados com os 40 dias necessários por via marítima além de diminuir custos logísticos em 30%.

Chama a atenção na Europa o tráfico de lixo à máfias enquanto a descoberta de lixo na Inglaterra expôs atuação de quadrilhas que atuam na Europa e lucram com despejo ilegal e tráfico transfronteiriço de resíduos. Grande pilha de lixo no Reino Unido chamou atenção ao problema do descarte ilegal de resíduos em que organizações criminosas expandem atuação na Europa em negócio lucrativo e de baixo risco, ou, o tráfico de lixo. A Europol, agência policial da UE, alertou em relatório sobre a ameaça do crime organizado em que "o tráfico de resíduos se intensifica com projeção de crescimento maior em escala e sofisticação", ao encontrarem modos de contornar contratos de gestão de resíduos sólidos domésticos e comerciais contando com rede de corrupção em todas etapas do processo, além de falsificarem documentos, explorar ineficiências e lacunas e cruzarem fronteiras para tirar proveito de aplicação mais frouxa da lei. O gabinete antifraude da UE, Olaf, informa que a atividade ilegal cresce por conta de sanções mais brandas que as impostas contra crimes mais "tradicionais" como tráfico de drogas, questão que voltou a chamar atenção com a descoberta de montanha de lixo de 6 metros de altura perto do rio Tâmisa, em Oxfordshire, Inglaterra, com evidências de resíduos de escolas e órgãos públicos locais, sugerindo abuso de contratos de gestão de resíduos com instituições estatais e empresas subcontratadas ilegalmente. Dados oficiais divulgados pelo Olaf estimam que "15% a 30% dos transportes de resíduos podem ser ilegais cujo valor pode atingir até 9,5 bilhões de euros anuais", enquanto a UE transporta 67 milhões de toneladas de resíduos/ano dentro das fronteiras e exporta 35,1 milhões de tonelada. A África é um destino comum de lixo eletrônico europeu, visto em lixão perto de Acra, capital de Gana, com estimativas que o grupo envolvido lucrou 4 milhões de euros sob acusação de usar rede de empresas legais para transportar resíduos que obtêm lucro ao cortar custos e evitar taxas associadas aos resíduos tóxicos. Alexandra Ghenea, da organização sem fins lucrativos romena ECOTECA, informa que "a Romênia possui casos envolvendo redes transfronteiriças com resíduos chegando da Itália, Alemanha, Reino Unido e Bélgica, falsamente declarados como material reciclável", esclarece que, "as redes falsificam documentos, organizam rotas de transporte complexas, usam empresas de fachada e misturam fluxos de resíduos legais e ilegais para evitar detecção". Acontece também do lixo ser descartado da forma menos trabalhosa possível, sem cruzar fronteiras, como em Oxfordshire. Casos assim são comuns na Romênia, como mostrou um incêndio florestal causado pela queima ilegal de materiais recicláveis que se aproximou da capital, Bucareste, em julho. "Essa região é emblemática, com incêndios que se repetem, gerando fumaça tóxica, poluição atmosférica grave e colocando em evidência lacunas no monitoramento, policiamento e gestão local", afirmou Ghenea. "É importante mencionar que o problema da Romênia não é a ausência de legislação cujo quadro jurídico está alinhado com as normas da UE, sendo que a principal fraqueza é a aplicação da lei, em capacidade pessoal, equipamento, conhecimentos especializados como de consistência." A Europol em relatório admite que "autoridades policiais investiram recursos na área apenas em alguns Estados-Membros", esclarecendo que, "grande parte das atividades criminosas ambientais são realizadas por empresas legais, frequentemente rotuladas como crimes corporativos ou crimes de 'colarinho branco' utilizarem empresas o que torna esses crimes menos visíveis", por fim, à medida que a Europa busca se tornar mais verde, encontra-se às voltas com dificuldades no lixo que produz e com pressão de grupos criminosos cada vez mais articulados.  

Moral da Nota: o jornal alemão Bild informa que, segundo o chefe do Departamento Federal de Polícia Criminal da Alemanha, contrabandistas adicionam cocaína a produtos alimentícios para transportá-los à Europa, dizendo que, "temos observado tendência em que grupos criminosos utilizam processos químicos para adicionar cocaína a produtos de exportação legal, como especiarias, sucos de frutas ou plástico, fornecidos da América do Sul à Europa", acrescentando que a droga é misturada de forma a ser impossível detecção sendo a cocaína extraída em laboratórios especializados. Magnus Brunner, Comissário Europeu à Assuntos Internos e Migração, informa que o consumo de cocaína na Europa aumentou 6 vezes em 10 anos ao admitir que "a situação na Europa atinge níveis catastróficos", relata que, de 2013 a 2023, o consumo de metadona triplicou e o consumo de ecstasy dobrou. 

Sem noção: em 24 de novembro, aviões israelenses lançaram bombas GBU-39B fornecidas pelos norte americanos sobre Beirute, uma delas não explodiu e foi recuperada pelos libaneses, com o governo norte americano querendo que o Líbano entregue a arma de origem norte americana usada por Israel para matar libaneses, feito de modo natural exigindo entrega da bomba, ameaçando com represálias caso o Lbano não o faça, com receio que outras nações se apoderem da munição não detonada e façam engenharia reversa.

domingo, 7 de dezembro de 2025

Visita de Estado

O presidente da Rússia visitou a Índia a convite, com o conselheiro presidencial russo, Yuri Ushakov, dizendo "ser um grande sucesso fortalecendo relações amistosas" entre Rússia e Índia, que "já, em ascensão". Inseridos no clima da COP30, vislumbra mais que amizade, busca metas a futuro aquecido e resiliente, valendo considerar que os indianos, aos desatentos, possuem mais que miséria, tem um Brasil, 200 milhões, de pós doutorado, quer dizer, a conversa é outra. Conversam grande, pensam alto, à nós, parceiros no Brics e maiores por aqui, nos leva a pensar como participar. Em conferência de imprensa a Rússia reafirma papel como fornecedor de energia aos indianos, além de hidrocarbonetos, construção de central nuclear e transferência de tecnologia por parte de Moscou à reatores modulares menores e tecnologia nuclear em áreas como agricultura e medicina. Assinaram contrato à criação, na Rússia, de fábrica conjunta de produção de medicamentos de alta qualidade contra o câncer, criação de fábricas conjuntas em território russo à produção de fertilizantes.

Neste ambiente, indianos começam fabricar componentes ao avião de passageiros russo SJ-100, além de livre comércio entre Índia e o mercado comum da União Econômica EuroAsiática, acordando intensificar implementação do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul que ligará Rússia e Índia através de rede de rotas imunes a abusos logísticos ocidentais, segundo eles, bem como cooperação à utilização da Rota Marítima do Norte, no Ártico, trajeto mais curto entre Ásia e Europa. Acirram competição militar InterBrics com a China, parceira do Paquistão, apontando à compra, por parte da Índia, de caças russos Su-57, avançados sistemas de defesa antimísseis S-400 e equipamentos à Marinha Indiana. O diálogo russo indiano remete à margem da 25ª Cúpula da OCX,Organização de Cooperação de Xangai, na cidade chinesa de Tianjin, "onde tiveram conversa boa e produtiva", além de conversas telefônicas enquanto o presidente russo recebeu o Conselheiro de Segurança Nacional da Índia, Ajit Doval, e o Ministro das Relações Exteriores, Subrahmanyam Jaishankar, em Moscou. Vale a nota que em conversas privadas são "discutidas questões mais relevantes, sensíveis e importantes das relações bilaterais e situação internacional" como a aprovação de programa ao desenvolvimento da cooperação econômica russo-indiana até 2030 além de documentos intergovernamentais, bem como acordos e memorandos entre entidades comerciais. Considera dificuldades populacionais russas no envelhecimento populacional, em pauta, acordo sobre mobilidade laboral entre os países e criação de sistemas de pagamento que poderiam "fornecer alternativa a sistemas que podem ser usados ​​como ferramenta política para exercer pressão". Com relação IA "a parceria com os indianos abrange áreas como exploração espacial, energia, construção naval e aviação" em que empresas russas e indianas estabelecem relações comerciais mesmo antes da situação na Ucrânia e "crucial garantir estabilidade em áreas-chave de cooperação, pois, contribui à alcance de objetivos", assim se expressou o presidente russo. 

Moral da Nota: o comércio bilateral Rússia/Índia atingiu US$ 68,7 bilhões em 2024-2025, com planos de atingir US$ 100 bilhões até 2030, daí, discussões envolvendo expansão de exportações indianas à Rússia, cooperação financeira e introdução do sistema de pagamentos russo “Mir” na Índia, o acordo de mobilidade laboral permite trabalhadores indianos 'qualificados' apoiarem projetos russos em TI, construção e indústria. Na questão militar, 70% do arsenal de defesa indiano é russo, sendo seu inimigo potencial o Paquistão Chinês, inclusive, na ciberguerra, no embate sino iraniano sobre israelenses, com possíveis capacidades de bloquear GPS marítimo no Golfo e em aeronaves civis e militares mundo afora. A India deve ganhar escala na produção conjunta de jatos Su-57, sistemas avançados de defesa aérea S-500 e transferência de tecnologia no âmbito da iniciativa “Make in India”, considerando que na recente guerra relâmpago Índia/Paquistão, houveram restrições aos franceses. Na berlinda a Eurásia com o Corredor Internacional Norte-Sul, ITC, projeto logístico desenvolvido em 1999 pela Rússia, Irã e Índia ao criar rota multimodal ferroviária, marítima e fluvial conectando São Petersburgo ao porto indiano de Mumbai, quer dizer, Eurásia e Sul da Ásia, alternativa mais curta e econômica ao Canal de Suez que realizou sua 1ª remessa em 2022, compreendendo 3 rotas, ou, Transcaspiana, Oriental e Ocidental, permitindo a Rússia acesso aos portos do sul do Irã e, a partir daí, ao Golfo Pérsico e mercados do Sul e Sudeste Asiático. Por fim, em  a linha ferroviária Rasht-Astara atravessa o Irã "ferrovia de 162 km entre as cidades iranianas de Rasht e Astara que permitirá conexão à rota Norte-Sul", conectando portos russos no Mar Báltico e mares do norte com portos iranianos no Golfo Pérsico e costas do Oceano Índico.