quinta-feira, 27 de novembro de 2025

O Nepal

A questão que mais preocupa o Nepal é o Himalaia cujo derretimento representa risco que afeta mais de 2 bilhões de pessoas no sul da Ásia, dependentes dos ecossistemas de montanha e geleiras em que negociadores na Cop30 representaram mais que a nação, falaram em nome de reserva hídrica global e linha de frente na emergência climática. Madan Prasad Pariyar, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Pecuário e chefe da delegação nepalesa declarou no segmento de alto nível, apelando por justiça climática à comunidade internacional, delineando posição clara, ou, o país contribui quase nada às emissões globais, no entanto, sofre os mais severos aspectos da mudança climática em que ocupa no Índice de Risco Climático a 10ª posição global entre países mais afetados por desastres climáticos passados. Nesta premissa, a crise climática não é mais ameaça futura, é presente através de inundações, rompimentos glaciais, secas e desastres induzidos pelo clima tornando-se mais severos afetando particularmente agricultores e comunidades marginalizadas e, nos 2 últimos anos, desastres climáticos causaram mais de 500 mortes no Nepal, com mais de 300 óbitos registrados em 2025 devido secas, inundações fora de época e deslizamentos de terra. O derretimento das geleiras, a ameaça de rompimentos glaciais e deslizamentos de terra, coloca em risco comunidades a jusante com destaque a injustiça central, ou, o Nepal sofre perdas desproporcionais apesar de contribuir de modo insignificante à emissão de carbono global, reiterando na Cop 30 que financiamento climático deve ser justo, acessível e direcionado aos que sofrem impactos que não causaram. Por fim, o governo nepalês adotou o PNA, Plano Nacional de Adaptação, à ação, apresentou sua 3ª NDC, Contribuição Nacionalmente Determinada, pretendendo alcançar emissões líquidas zero até 2045 colocando o país à frente de muitos países ricos, destaque a cobertura florestal superior a 46%, compromisso de longa data com a natureza além de soluções lideradas localmente baseadas em ecossistemas e natureza, permanecem centrais à estratégia de resiliência criando empregos verdes apoiando inovação juvenil. Enfatiza que ambição não elimina vulnerabilidade em que mudanças climáticas ameaçam o sistema alimentar nacional, já que agricultura é espinha dorsal da economia e sensível às mudanças nos padrões de chuva e secas, além de necessidade de financiamento climático previsível baseado em doações para proteger segurança alimentar e meios de subsistência rurais, concluindo que, à medida que o Nepal se prepara para deixar de ser um País Menos Desenvolvido o progresso no desenvolvimento não reduz vulnerabilidade climática.

Nova Déli em destaque decorrente deterioração dos seus níveis de IQA, qualidade do ar, com a Comissão à Gestão da Qualidade do Ar passando gradualmente do estágio 1 e 2 ao estágio 3 do Plano de Ação de Resposta Gradual, enquanto alertas foram emitidos aos que enfrentam riscos à saúde havendo clara necessidade em compreender convergência de causas naturais e antrópicas da poluição do ar pois a crise de poluição atmosférica em Nova Delhi ultrapassa fronteiras da Índia. Em novembro de 2024, o leste, o norte do Paquistão e o norte da Índia, enfrentaram evento de poluição conhecido como "Smog Índia-Paquistão de 2024" em que Lahore e Nova Delhi competiram como cidade mais poluída com o maior índice de qualidade do ar, AQI, do mundo e, em 2025, Nova Delhi é seguida por Lahore, com o jornal Dawn, Karachi, dizendo que a poluição local e a fumaça chegam da Índia devido ventos fracos, observando que Bangladesh contribui à crise da poluição atmosférica com Daca apresentando agravamento do Índice de Qualidade do Ar, AQI, de moderado a muito ruim no inverno, conforme o americano Atlantic Council. Deve-se ressaltar que a poluição atmosférica na Planície Indo-Gangética e principais cidades sofre consequências que podem ser explicadas por fatores como topografia fixa da região, embora separadas pela geografia, a topografia regional do Sul da Ásia causa circulação fixa do ar natural e dispersão de poluentes, quer dizer, névoa transnacional e regional surge devido à complexa composição das partículas em suspensão no ar. Além da geografia, existe fator comum transnacional e regional, ou, a incapacidade de gerenciar crises devido à péssima vontade política, com o relatório do Banco Mundial sobre "Poluição do Ar e Saúde Pública no Sul da Ásia", de 2023, informando que 9 das 10 cidades com a pior poluição do ar no mundo estão localizadas no Sul da Ásia, com o Sri Lanka, Maldivas e Butão relativamente menos afetados pela poluição atmosférica transregional na região do Sul da Ásia. Estudo do Banco Mundial estima que os altos níveis do Índice de Qualidade do Ar, AQI, na Índia, resultam em gastos de 3% do PIB com saúde e perda de capital humano, com a The Lancet Health destacando que, em 2019, o PIB da indiano reduziu 1,36% devido à morbidade e mortalidade prematuras em decorrência poluição atmosférica, considerando que o aumento na venda de veículos automotores, falta de transporte público, apoio à mobilidade não motorizada inssuficiente e construção de estruturas de concreto em detrimento as áreas verdes urbanas são motivos que levam à deterioração da qualidade do ar, além de relatório do PNUMA de 2023 mostrando como padrões atuais de consumo e produção impulsionam mudanças climáticas, que, por sua vez, agravam a crise da poluição do ar. Por fim, a OMS, Organização Mundial da Saúde, reconhece que a qualidade do ar afeta a expectativa de vida, saúde pública, produtividade econômica e justiça ambiental em que índices de qualidade do ar resultam de desenvolvimento mal planejado cujas consequências são visíveis não apenas no norte da Índia, necessitando modelo de governança com forte vontade política para conter causas da crise, além de modelo de desenvolvimento humano que atenda necessidades dos trabalhadores e agricultores e mais regional, imperativos necessários para encontrar soluções sustentáveis. Para concluir, estudo do IIT Bhubaneshwar destaca importância de estratégia de gestão da qualidade do ar em escala regional mais ampla para combater poluição atmosférica, em vez de abordar o problema de modo fragmentado,com políticas que envolvam partes interessadas de regiões e estados buscando desenvolver mentalidade meteorológica capaz de erradicar causas da poluição do ar.

Moral da Nota: o Maine foi o 1º estado norte americano proibir o espalhamento de lodo contaminado com PFAS em terras agrícolas, em consequênca o lodo lota aterros sanitários, lembrando que PFAS são associados a câncer, defeitos congênitos e problemas de saúde que contaminaram poços de água potável, raízes de vegetais, carne bovina e leite no Maine.  O lodo orgânico úmido, fertilizante antes era usado e que desencadeou crise sobre os "químicos eternos" no centro do Maine em que durante anos, agricultores dependeram do lodo das estações de tratamento de esgoto locais para nutrir plantações e aumentar a produtividade, daí, Unity Township, por exemplo, comunidade agrícola com menos de 50 habitantes, apresenta as maiores concentrações de PFAS, substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas, em terras agrícolas do Maine, no entanto, testes mostraram que os PFAS já haviam se infiltrado em poços de água potável e plantações, contaminando vegetais, carne bovina e leite. A demanda pela proibição do lodo como fertilizante é saudada como medida corretiva ambiental, mas não há soluções fáceis ao dilema do PFAS em que legisladores e órgãos reguladores estaduais ainda não encontraram, já que em 2 anos de consultas, a solução de longo prazo os caminhões de lodo continuam sendo produzidos em estações de tratamento de esgoto e enviados para aterros sanitários. PFAS são dilema nos EUA, usados ​​desde 1940 em produtos domésticos incluindo panelas antiaderentes e tecidos impermeáveis ​​e não se decompõem facilmente no meio ambiente, com Connecticut instituindo proibição de aplicação de lodo em 2024, Minnesota e Michigan têm limites de uso como fertilizante, além de legislaturas de outros estados considerarem proibições parciais ou totais da aplicação de lodo desde a proibição do Maine. Diferentes métodos para degradar os produtos químicos PFAS são experimentados e assim reduzir o espaço que o lodo ocupa nos aterros sanitários com o estado criando força-tarefa ao PFAS e padrões de segurança à concentrações no leite, carne bovina e água potável e, em 2020, o leite contaminado foi encontrado em mais 2 fazendas leiteiras e,em 2021, a legislatura do Maine exigiu que o Departamento de Proteção Ambiental, DEP, do estado realizasse testes de PFAS nos locais que utilizavam lodo até 2025. Por fim, a aplicação de lodo de esgoto como fertilizante agrícola era considerada “benéfica” a partir da década de 1970, mas, na época, agricultores não sabiam que o PFAS era liberado por fábricas e residências e se acumulava no lodo produzido pelas estações de tratamento de esgoto, em 2000, cerca de 80% dos resíduos biossólidos do Maine eram utilizados em compostagem ou aplicados em terras agrícolas e, em 2022,o a proibição do lodo foi aprovada e a porcentagem havia caído à 40%.

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

O Fracking

O desenvolvimento de petróleo e gás não convencionais leva a preocupações sobre  impactos nas águas superficiais e subterrâneas, em que contaminação e fraturamento hidráulico introduzem hidrocarbonetos e poluentes nas fontes de água potável. Estudo desenvolvido na Pensilvânia durante 2 anos via recolhimento de 75 amostras de poços residenciais e águas superficiais coletadas em áreas vizinhas e analisadas quanto à presença de hidrocarbonetos leves, além de amostra inserida em MCI, Índice de Contaminação Multicomponente, escala de 0 a 6, na presença de hidrocarbonetos, ou, metano, etano e propano avaliando o nível de impacto. Resultados mostraram evidências de salmoura de petróleo e gás à química da água e metano fugitivo com 62% das amostras de água de poço apresentando ICM superior a 4, ao passo que 71% continham metano 19% acima de 10 ppm, enquanto análise geoespacial determinou que a extensão da contaminação foi maior que a relatada inicialmente, comprovando eventos de comunicação não intencionais resultando em contaminação generalizada de fontes de água subterrâneas em áreas mais amplas que as zonas de impacto especificadas pela regulamentação em vigor. 

Estimativas da Administração de Informação de Energia dos EUA giram em torno de 419 bilhões de barris e 215 trilhões de m³ de petróleo e gás respectivamente, além de  desenvolvimento de xistos compactos tornando-se viável pela combinação de perfuração com fraturamento hidráulico, embora depósitos não convencionais onde petróleo e gás são extraídos tenham  milhares de metros de profundidade, há situações que afetam estratos sobrejacentes até a superfície. O conceito de "fraturamento" se refere ao retorno inadvertido de misturas de fluidos de fraturamento/salmouras de xisto à superfície da Terra conhecido como "fraturamento" e geralmente ocorre quando poços fraturados hidraulicamente interagem com redes de poços horizontais existentes, em que fraturas podem ocorrer com mais frequência à medida que os poços são perfurados com maior densidade e laterais mais longas, aumentando potenciais interações com estruturas geológicas e poços históricos particularmente órfãos e abandonados de difícil detecção. O Departamento de Proteção Ambiental da Pensilvânia documentou 54 incidentes de comunicação entre janeiro de 2016 e maio de 2024 e, quando comparado ao número de poços fraturados hidraulicamente nesse período, fraturas ocorreram em 1% desses poços e se a taxa for aplicada à atividade de fraturamento hidráulico nos EUA em ano típico de 14 mil poços direcionais/horizontais/ano, deve haver aproximadamente 140 fraturamentos/ano no país ou um fraturamento a cada 2–3 dias. Os fraturamentos são impactantes pois forçam os fluidos atravessarem zona maior que a típica de um poço causando falha ou vazamento de líquido, sendo os impactos ambientais do fraturamento atualmente não foram documentados na literatura exacerbando desafios no uso de traçadores geoquímicos à examinar extensão dos impactos na qualidade da água. Por fim, New Freeport, Pensilvânia, EUA, situa-se sobre a formação Greene, conjunto de sequências sedimentares de arenito, xisto, leitos vermelhos, calcário fino e carvão fino e impuro, sendo que a mineração de carvão e extração convencional de petróleo e gás são centrais e a extração do xisto levou ao fraturamento hidráulico com o Departamento de Proteção Ambiental da Pensilvânia emitindo 5.085 licenças, das quais 4.727 à poços de gás entre 1º de janeiro de 2005 e 12 de setembro de 2024, enquanto 237 licenças à exploração de metano em leitos de carvão e 43 licenças à poços de petróleo convencionais foram emitidas nesse período.

Moral da Nota: combustíveis fósseis encontram evidências na água da Pensilvânia contaminada por fraturamento hidráulico, que após 3 anos de observação de descoloração e odores nos poços os moradores de New Freeport lutam por água limpa. Os testes realizados mostram evidências de contaminação por petróleo e gás em área geográfica maior que a relatada inicialmente, conforme estudo publicado e, das 75 amostras testadas, 71% continham metano sendo que 2 dos poços registraram "níveis explosivos de gás metano" cujos "proprietários não tinham ideia que era tão ruim." Além dos problemas de poluição, moradores de New Freeport notaram que seus poços estão secando e, em 2024, entraram com ação coletiva contra a EQT, empresa de fraturamento hidráulico, proprietária da área de poços que é a suposta fonte do fraturamento. O Departamento de Proteção Ambiental da Pensilvânia testou poços em New Freeport e descobriu que a água não era segura para consumo humano, mas não encontrou ligação com a perfuração de petróleo e gás, sendo que New Freeport não é a única cidade da Pensilvânia ter água contaminada pós perfuração de petróleo e gás, refletindo Dimock, comunidade no nordeste do estado sem água limpa há mais de uma década. Por fim, a contaminação das águas subterrâneas representa risco grave à saúde pública na Pensilvânia, onde mais de 25% dos adultos usam poços como fonte de água potável, 10 % a mais que a média nacional, sendo que a água dos poços privados que atendem mais de 3 milhões de pessoas raramente é testada, conforme o programa de Água Potável da Universidade Estadual da Pensilvânia.