Júri da Califórnia condena indenizar em US$ 40 milhões duas pacientes decorrente nexo de causalidade entre desenvolvimento de câncer de ovário e uso diário do talco para bebês da Johnson & Johnson por 40 anos, retirado em 2020 do mercado norte-americano e substituído por fórmula à base de amido de milho. Concluiu que a Johnson conhecia riscos associados ao produto desde os anos 1960 omitindo informações aos consumidores, com as pacientes residentes na Califórnia passando por cirurgias e sessões de quimioterapia, no entanto, mais de 67 mil ações seguem tramitando nos EUA a maioria associada a câncer de ovário, além de processos por mesotelioma. Os autos mostraram que a companhia sabia dos riscos desde os anos 1960 omitindo informações não alertando consumidores, com Monica Kent diagnosticada em 2014 e Deborah Schultz em 2018, ambas, residentes no estado, relatando uso diário do talco pós banho por 40 anos, enquanto o advogado Andy Birchfield afirmou ao júri que a Johnson sabia da ligação entre uso do talco e câncer, declarando, "sabiam e estavam fazendo tudo que podiam para esconder, enterrar a verdade sobre os perigos". A defesa da empresa alegou falta de evidências científicas destacando que nenhuma autoridade de saúde dos EUA reconhece o talco como causador de câncer, no entanto, mais de 67 mil processos foram abertos contra a Companhia por consumidores que afirmaram ter desenvolvido câncer pós uso prolongado do talco, enquanto a Empresa alega que os produtos são seguros não contêm amianto e não provocam câncer e o talco foi retirado do mercado em 2020 substituído por fórmula com amido de milho.
O Júri do Tribunal Superior de Los Angeles concedeu US$ 18 milhões a Monica Kent e US$ 22 milhões a Deborah Schultz e seu marido, pós concluir que a companhia sabia há anos que seus produtos à base de talco eram perigosos e não alertando consumidores, com Erik Haas, vice-presidente mundial de litígios da Johnson & Johnson dizendo que a empresa planeja "recorrer da decisão e espera prevalecer como normalmente ocorre com veredictos adversos atípicos". Nas alegações finais em Courtroom View Network, Andy Birchfield, advogado das demandantes, disse ao júri que a companhia sabia desde a década de 1960 que o produto poderia causar câncer, Allison Brown, advogada da Johnson, afirmou que as únicas pessoas que informaram a Kent e Schultz que seus cânceres foram causados pelo talco foram seus advogados, já que o suposto nexo de causalidade não é respaldado por autoridade de saúde importante dos EUA e não há estudo que mostre que o talco possa migrar da parte externa do corpo aos órgãos reprodutivos, dizendo ao Juri que,"eles não têm provas neste caso e esperam que vocês não se importem". Documentos judiciais indicam a Johnson enfrentando processos de mais de 67 mil pessoas sob alegação de terem sido diagnosticadas com câncer pós uso do talco à bebês e outros produtos à base de talco. A companhia tentou encerrar os litígios através de pedidos de falência, estratégia rejeitada três vezes por tribunais federais, a última, em abril, com negativa judicial determinado a retomada dos processos enquanto o caso das californianas foi o primeiro a ser julgado desde a última tentativa de falência. Diante essas tentativas, a empresa já havia sido condenada em outros julgamentos com indenizações bilionárias enqaunto a maioria dos processos se relaciona a câncer de ovário, havendo ações envolvendo mesotelioma, forma rara de câncer em andamento nos tribunais estaduais dos EUA. Vale a nota que a empresa venceu alguns processos e teve outras indenizações reduzidas em apelação, enquanto a maioria dos enfrentamentos judiciais envolve alegações de câncer de ovário e já fez acordos em alguns desses casos, não firmou um acordo nacional, portanto, muitos processos relacionados ao mesotelioma foram a julgamento em tribunais estaduais nos últimos meses.
Moral da Nota: em 2018, júri do Missouri ordenou que a Johnson & Johnson pagasse valor recorde de US$ 4,69 bilhões a 22 mulheres que alegaram que os produtos da empresa à base de talco, incluindo o talco para bebês, continham amianto e causaram desenvolvimento de câncer de ovário, naquele, considerado o maior veredicto que a Johnson enfrentou por alegações que seus produtos à base de talco causam câncer, no entanto, a empresa enfrenta 9 mil processos relacionados ao talco. A companhia nega que os produtos de talco causem câncer e contenham amianto, afirmando que décadas de estudos comprovam segurança do talco e que reverteu veredictos anteriores sobre o mesmo produto com base em questões técnico-legais. A sentença do Tribunal da Cidade de St. Louis composta por US$ 550 milhões em indenizações compensatórias e US$ 4,14 bilhões em indenizações punitivas, conforme transmissão online do julgamento feita pela Courtroom View Network, a decisão do júri foi tomada após depoimentos de quase uma dúzia de especialistas de ambos os lados. Por fim, a empresa reverteu veredictos relacionados ao talco no passado com tribunais de apelação apontando à decisão de 2017 da Suprema Corte dos EUA limitando locais onde ações judiciais por danos pessoais podem ser ajuizadas, quer dizer, das 22 mulheres no julgamento de St. Louis, 17 eram de fora do Missouri, estado considerado favorável aos demandantes e a prática de reunir demandantes em tais jurisdições é criticada como "escolha de foro" pelos réus, contestada em apelação. Para concluir, a maioria dos processos judiciais enfrentados pela Johnson envolve alegações que o talco causou câncer de ovário, no entanto, número menor de casos alega que o talco contaminado causou mesotelioma, câncer de tecido intimamente ligado à exposição ao amianto. A FDA, Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA, encomendou estudo de amostras de talco coletadas entre 2009 e 2010, incluindo o Talco para Bebês da Johnson, afirmando que não foi encontrado amianto em nenhuma das amostras de talco, no entanto, argumentos no tribunal indicaram que usaram métodos falhos que não permitiram detecção adequada de fibras de amianto.