sexta-feira, 25 de julho de 2025

Hipertermia

Ação judicial movida no tribunal estadual de Washington alega que empresas petrolíferas são culpadas ​​pela morte de uma mulher em Seattle em onda de calor recorde, quer dizer, acusação de homicídio culposo relacionado às mudanças climáticas marcando que petrolíferas foram processadas por morte de pessoa em "desastre climático".  O Center for Climate Integrity, grupo de defesa do clima, informa que no dia mais quente de Seatle, 28 de junho de 2021, uma mulher de 65 anos foi encontrada inconsciente em seu carro sendo que a temperatura naquele dia atingiu  42°C e, conforme  processo movido no Tribunal Superior do Condado de King, morte por hipertermia em que a temperatura interna era 43°C, cita 6 petrolíferas incluindo ExxonMobil, BP e Chevron que supostamente sabiam há décadas que a queima de combustíveis fósseis altera a atmosfera da Terra resultando em condições climáticas extremas e "previsível perda de vidas humanas". O processo alega que empresas petrolíferas enganaram consumidores sobre riscos, quer dizer, "sabiam, desde sempre, que declarações falsas e omissões ceifariam vidas" e, segundo o processo, com a paciente "vítima da conduta dos réus" considerando estudo de atribuição divulgado dias após o evento por equipe de cientistas informando que a onda de calor de 2021 no noroeste do Pacífico teria sido "praticamente impossível sem mudanças climáticas causadas pelo homem". A filha da paciente que entrou com a ação por homicídio culposo no estado de Washington, pede que as petrolíferas paguem indenizações em valores determinados em julgamento e tenta forçá-la realizar campanha de educação pública visando corrigir "décadas de desinformação", considerando que enfrentam outros processos climáticos movidos por estados e municípios supostamente por enganarem o público por décadas sobre os perigos da queima de combustíveis fósseis, principal causa das mudanças climáticas. Várias tentativas de processo tem ocorrido em tribunais norte americanos com resultados mistos, considerando que um juiz da Pensilvânia rejeitou ação climática movida pelo Condado de Bucks contra petrolíferas afirmando que estava além do escopo da lei estadual e, como se tratava de emissões de gases efeito estufa, caberia ao governo federal, conforme a lei de ar limpo, considerando que outros tribunais rejeitaram ações semelhantes movidas por cidades e estados, incluindo Nova Jersey e Baltimore. A Suprema Corte rejeitou tentativa de empresas de petróleo e gás de bloquear ação climática movida por Honolulu e posteriormente juízes rejeitaram pedido de procuradores-gerais republicanos em impedir ações climáticas movidas por estados como Califórnia, Connecticut, Minnesota e Rhode Island, no entanto, o Departamento de Justiça do atual governo processou Michigan e Havaí na tentativa de impedir que entrassem com ações judiciais climáticas contra a indústria de combustíveis fósseis. Douglas Kysar, diretor do Programa de Direito, Meio Ambiente e Animais da Faculdade de Direito de Yale, disse que o processo de Seatle se destaca de outros casos climáticos tramitando nos tribunais, pois a "vantagem é que dá rosto humano individual às enormes consequências nocivas da inação climática coletiva", concluindo que, "a denúncia conta história de traição da confiança pública pela indústria através dos olhos de uma pessoa em particular."

Calor extremo no oeste da América do Norte é impossível sem mudanças climáticas causadas pelo homem e, nos últimos dias de junho de 2021 áreas do noroeste do Pacífico dos EUA e Canadá experimentaram temperaturas nunca antes observadas, com recordes quebrados em vários graus Celsius, cidades no Oregon, Washington e províncias ocidentais do Canadá registrando temperaturas acima de 40ºC incluindo recorde histórico de temperatura canadense de 49,6ºC na vila de Lytton, que posteriormente foi destruída por incêndio florestal. Temperaturas excepcionalmente altas levaram a picos de morte súbita e aumento acentuado de visitas a hospitais por doenças relacionadas ao calor e chamadas de emergência considerando que onda de calor é perigo natural mortal e, a onda de calor de 2021 afetou população desacostumada e despreparada à temperaturas extremas, por exemplo, a maioria das casas estava sem ar-condicionado, sendo que estimativas de mortalidade disponíveis mostram mortes adicionais quase certamente subestimadas pela extensão do impacto desse calor excepcional na saúde e não será conhecida por vários meses. Cientistas dos EUA, Canadá, Reino Unido, Holanda, França, Alemanha e Suíça colaboraram na avaliação em que medida mudanças climáticas induzidas pelo homem tornaram a onda de calor de 2021 mais quente e mais provável e, usando métodos publicados e revisados ​​por pares, analisaram como mudanças climáticas induzidas pelo homem afetaram as temperaturas máximas na região onde a maioria das pessoas foi impactada pelo calor incluindo Seattle, Portland e Vancouver com mais de 9 milhões de pessoas nas áreas metropolitanas combinadas. Com base em observações e modelagem a ocorrência de uma onda de calor com temperaturas máximas diárias seria virtualmente impossível sem mudanças climáticas causadas pelo homem, temperaturas observadas foram extremas situando além da faixa de temperaturas historicamente observadas dificultando quantificar com segurança a raridade do evento e, na análise estatística mais realista, estima-se que o evento ocorra de 1 em 1000 anos no clima atual, além disso, a onda de calor foi 2°C mais quente que teria sido se tivesse ocorrido no início da revolução industrial quando temperaturas médias globais eram 1,2°C mais frias que hoje. No futuro, em mundo com 2°C de aquecimento global, ou, 0,8°C a mais que hoje,  com os níveis de emissão atuais seria alcançado na década de 2040, sendo que o evento em questão teria sido 1º a mais, atualmente estimado como ocorrendo apenas uma vez em 1000 anos ocorreria aproximadamente em 5 a 10 anos naquele mundo futuro com 2°C de aquecimento global, em suma, um evento como a onda de calor do Pacífico Noroeste de 2021 é raro ou extremamente raro no clima atual, virtualmente impossível sem mudanças climáticas causadas pelo homem e, à medida que o aquecimento continua, se tornará menos raro.

Moral da Nota: pesquisa online nos EUA em amostra nacionalmente representativa de 1.500 participantes com 18 anos ou mais, diz que o uso ilícito de opioides pode ser mais prevalente que o anteriormente estimado e, novo estudo de dados nos EUA publicado no JAMA Health Forum, mostra que 11% dos entrevistados relataram utilização de opioides sem receita entre junho de 2023 e junho de 2024, além de 8% relatando utilização de fentanil de fabricação ilícita, estimativas superiores às da NSDUH, Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde de 2022, em que menos de 1% dos adultos afirmaram uso ilegal de fentanil no ano anterior a pesquisa embora a razão por trás dos resultados divergentes permaneça obscura, no entanto, pesquisadores observam que metade das investigações da NSDUH são presenciais, o que, segundo eles, pode influenciar o resultado. Vale concluir que, editorial que acompanha o estudo relata que instituir políticas baseadas em evidências "exige investimento em coleta de dados em escala compatível com riscos do problema a ser abordado", que o estudo demonstrou viabilidade de abordagem alternativa que poderia se associar a indicadores como monitoramento de águas residuais. Ainda neste tema, o DOJ, Departamento de Justiça dos EUA, informou que a Walgreens, rede de farmácias, concordou pagar ao governo norte americano US$ 300 milhões em acordo por alegações que preencheu ilegalmente receitas inválidas de opioides e outras substâncias controladas, em decorrência de ação civil movida sob alegação que a rede de farmácias violou a Lei de Substâncias Controladas e a Lei de Falsas Declarações ao aceitar receitas inválidas e exigir pagamento pelas receitas decorrente programas federais de saúde, incluindo o Medicare e, conforme a denúncia, os farmacêuticos supostamente dispensaram receitas apesar de "claros sinais de alerta" incluindo receitas de opioides aviadas antes do prazo em quantidades e combinações frequentemente abusadas, além de enfrentarem pressão da empresa para aviar receitas sem se preocupar em garantir a legalidade. O DOJ afirma que o valor do acordo se insere na capacidade de pagamento da Walgreens e, se a empresa for vendida, incorporada ou transferida antes de 2032, terá dívida com o governo dos EUA de mais US$ 50 milhões e, além dos pagamentos em dinheiro, valendo considerar que a a Walgreens firmou acordos com a DEA, Agência Antidrogas, e o DHHS, Escritório do Inspetor-Geral do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, buscando garantir cumprimento futuro das leis que regulam distribuição de substâncias controladas, com a ressalva que,  está em andamento processo semelhante contra a CVS, gigante farmacêutica.