sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Ar e Água

Pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder estudando a qualidade do ar em região agrícola de Oklahoma, detectaram MCCPs, poluente industrial nunca antes medido na atmosfera do Hemisfério Ocidental, cujos resultados foram publicados na ACS Environmental Au, através de instrumento de alta tecnologia para medir como as partículas de aerossol se formam e crescem na atmosfera, um espectrômetro de massas de ionização química de nitrato que permite cientistas identificar compostos químicos no ar e, em análise na área agrícola 24 horas por dia durante 30 dias, depararam com as primeiras medições aéreas de Parafinas Cloradas de Cadeia Média, MCCPs, poluente orgânico tóxico. A nova classe de produtos químicos tóxicos, MCCPs, descoberta no ar americano pela primeira vez sugere poluição generalizada por práticas agrícolas levantando a suspeita que esses compostos tóxicos estejam entrando no ar através de fertilizantes biossólidos derivados de lodo de esgoto nos campos próximos de onde instalaram o instrumento, considerando-se primos menores dos MCCPs, as Parafinas Cloradas de Cadeia Curta, SCCPs, são atualmente regulamentadas pela Convenção de Estocolmo e, desde 2009, pela EPA nos EUA. Os MCCPs ainda não são regulamentados como seus primos SCCP, havendo semelhanças com os PFAS,  "produtos químicos eternos", e, a presença inesperada no ar levanta alerta sobre como substituições químicas e descarte de resíduos podem contaminar silenciosamente o ar rural, considerando ainda que, as MCCPs estão sob consideração para regulamentação pela Convenção de Estocolmo, tratado global para proteger saúde humana de produtos químicos. Embora tenham sido medidos na Antártida e Ásia, pesquisadores não tinham certeza de como documentá-los na atmosfera do Hemisfério Ocidental já que os MCCPs são usados ​​em fluidos para usinagem de metais, construção de PVC e têxteis frequentemente encontrados em águas residuais e, como resultado, podem acabar em fertilizantes biossólidos chamados de lodo de esgoto criados quando o líquido é removido das águas residuais em uma estação de tratamento. A busca por regulamentação decorre de estudos constatarem que os poluentes tóxicos que viajam por longas distâncias e permanecem na atmosfera eram prejudiciais à saúde, levantando-se a hipótese que a regulamentação dos SCCPs pode ter aumentado os MCCPs no ambiente considerando ainda que a composição dos MCCPs é semelhante à dos PFAS, substâncias químicas tóxicas de longa duração que se decompõem lentamente ao longo do tempo, daí, sua presença no solo levou o Senado de Oklahoma proibir fertilizantes biossólidos.

No Alabama, grupos de defesa da água limpa obtém vitória na luta para atualizar padrões de toxicidade da água ao solicitarem mudanças que reduzirão quantidades de 12 poluentes tóxicos ou relacionados ao câncer nos cursos d'água do estado, com reguladores ambientais concordando atualizar padrões, medida que os defensores da água limpa dizem ajudará proteger quem pesca e nada nos rios do Alabama. A comissão, um conselho nomeado por 7 membros que supervisiona o Departamento de Gestão Ambiental do estado, decidiu a favor dos grupos ambientais por 6 votos a 1, vitória rara à grupos ambientais que operam no estado profundamente republicano, de um conselho que raramente vota contra as recomendações do departamento, com o advogado que representa grupos ambientalistas esclarecendo que ficaram “surpresos, dada a relutância histórica em dar aos ambientalistas o que eles querem”,  disse ainda que, uma vez finalizados, os novos padrões resultarão em limites mais rigorosos sobre a quantidade das substâncias tóxicas que podem ser legalmente despejadas nos cursos d'água do Alabama, fontes de água potável e áreas de pesca populares do estado. A EPA,  Agência de Proteção Ambiental dos EUA, publicou novos padrões ao Sistema Integrado de Informações de Risco, IRIS, em 2015, mas o estado nunca atualizou seus limites para correspondê-los já que o programa IRIS avalia pesquisas científicas sobre produtos químicos perigosos à auxiliar órgãos reguladores federais, estaduais e locais determinar os padrões de segurança para exposição. Vale lembrar que a comissão é composta por especialistas do setor privado em direito, biologia, engenharia, medicina, geologia e medicina veterinária, nomeados pelo governador, considerou o argumento convincente devendo ser atualizados padrões para 12 poluentes químicos, cinco desses tóxicos, cianeto, 1,3-diclorobenzeno, 4,6-dinitro-2-metilfenol, etilbenzeno e tolueno, o estado adotará o padrão atualizado da EPA para dose de referência oral, refletindo limites de dose de referência IRIS da EPA, sendo que dose de referência é a quantidade de substância tóxica à qual uma pessoa pode ser exposta diariamente e que "provavelmente não apresenta risco apreciável" de causar danos, enquanto 6 outros compostos, 1,3-dicloropropileno, 2,4-dinitrotolueno, hexacloroetano, pentaclorofenol, tricloroetileno e arsênio, o estado usará o fator de potencial cancerígeno atualizado da EPA. A petição indica que os padrões atualizados são resultado de novas pesquisas e análises da EPA mostrando que os produtos químicos são prejudiciais em concentrações mais baixas que se acreditava anteriormente, estimando-se que a ingestão de 1 mg por dia de determinada substância química aumentará o risco de uma pessoa desenvolver câncer e, para o 1,2,4-triclorobenzeno, a petição solicitou que o estado mudasse o uso do limite de dose de referência ao limite do fator de potência do câncer. 

Moral da Nota:  a recente crise entre Índia e Paquistão com os indianos suspendendo com o Paquistão o tratado de 1960 das águas do indo, avisando que não pretendem retornar às condições anteriores, apesar do cessar-fogo, considerando que 80% das fazendas do Paquistão são irrigadas por 3 rios originários da Índia e declaração do Ministro do Interior federal Amit Shah que “a água que fluía ao Paquistão será levada ao Rajastão através da construção de um canal e o Paquistão ficará sem água, que vem recebendo injustificadamente”, segundo o ministro. Valendo esclarece que o acordo transfronteiriço sobre águas permite o compartilhamento que flui da bacia do Indo dando à Índia controle de 3 rios do Himalaia oriental, Ravi, Sutlej e Beas, enquanto o Paquistão obteve o controle dos 3 rios ocidentais, Jhelum, Chenab e Indo, estabelece a Comissão do Indo 'Índia-Paquistão' que supostamente resolveria questões que surgissem e, até o momento, sobreviveu a conflitos armados anteriores e tensões quase constantes entre Índia e Paquistão nos últimos 65 anos. O Paquistão não respondeu aos comentários do ministro mais poderoso do governo indiano diminuindo esperanças de negociação a curto prazo, no entanto, afirmou no passado que o tratado não prevê a possibilidade de uma das partes recuar unilateralmente e que qualquer bloqueio do fluxo de água do rio ao Paquistão será  "ato de guerra". Por mais de 60 anos, Índia e Paquistão administraram em conjunto as águas de 6 rios da bacia do Indo que deram origem a uma das mais antigas civilizações humanas e, apesar das guerras, usaram o THI, Tratado das Águas do Indo, para irrigar terras férteis em ambos os lados da fronteira, com a mídia indiana dizendo que, em 18/09/2024, a Índia notificou formalmente o Paquistão citando preocupações incluindo mudanças na demografia da população, desafios ambientais e outros fatores, solicitando reavaliação do tratado com o aviso indiano explicando que “a notificação destaca mudanças fundamentais e imprevistas em circunstâncias que exigem reavaliação de obrigações sob vários artigos do Tratado”. A posição do Paquistão é que detém direito histórico sobre os rios ocidentais conforme estabelecido no tratado e depende deles para manter sua infraestrutura agrícola desde a era colonial, no entanto, diz que a posição indiana mudou nas últimas décadas à medida que o país buscava construir mais infraestrutura para controlar mais águas dos rios ocidentais destinados ao Paquistão, sendo que, a chamada Iniciativa Paquistão Verde, busca investimentos de US$ 6 bilhões da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar e Bahrein à agricultura corporativa e cultivar 600 mil hectares de terras áridas e mecanizar 20 milhões de hectares de terras agrícolas no país. Por fim, as origens do THI remontam à divisão da Índia em agosto de 1947 quando o domínio britânico terminou emergindo daí 2 países como nações soberanas, com população combinada de mais de 1,6 bilhão de habitantes dependentes das águas dos rios que fluem do Himalaia.