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domingo, 12 de outubro de 2025

Crise da Água

A especialista em mudanças climáticas do AIIB, Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, declara que “a crise da água na Ásia não é só emergência humanitária, mas, emergência macroeconômica com repercussões globais, prejudicará a capacidade da região cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e agendas de desenvolvimento, ameaçará segurança alimentar, resiliência climática e estabilidade econômica de longo prazo”. O continente, declara, está no epicentro da crise mundial da água, preso entre inundações e secas, em junho,  200 mil pessoas foram evacuadas pós fortes chuvas em Punjab, Paquistão, que atingiu Vietnã causando destruição em massa, com o Iraque passando pelo ano mais seco já registrado e moradores de Basra dependendo do fornecimento diário de água, considerando que a Ásia abriga a maior parte da população mundial, projetando crescimento à mais de 5 bilhões de pessoas até 2050, devendo contribuir à maior parte do crescimento do PIB global nos próximos anos. Possui a maior concentração de países com estresse hídrico com meio bilhão de pessoas enfrentando escassez de água e mais de um bilhão sem acesso a água potável e serviços de saneamento, com análises da Organização Meteorológica Mundial, OMM, e, OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, classificando partes da Ásia entre as mais expostas à gravidade, frequência e perturbações econômicas futuras da seca no mundo, resultado das mudanças climáticas, em que o oeste e sul do continente verão secas até 10 vezes mais frequentes que atualmente até fins do século, ao mesmo tempo, chuvas extremas se intensificam do Paquistão à China, aumentando risco e gravidade de inundações, sendo que seu  crescimento populacional, a rápida urbanização, crescimento industrial e econômico tornam desafios hídricos mais urgentes. Declara que a segurança hídrica da Ásia se limita pela escassez de financiamento à infraestrutura e, sem investimentos em sistemas de irrigação, tratamento de águas residuais e drenagem urbana, governos terão dificuldades de atender necessidades básicas, proteger abastecimento de alimentos e reduzir riscos de desastres, com prioridades nacionais de desenvolvimento na região, desde expansão da irrigação na Ásia Central a melhoria do abastecimento de água e saneamento no Sul da Ásia, exigem capital e estruturas de governança que atraiam investimentos públicos e privados. Em 2024, BMDs, Bancos Multilaterais de Desenvolvimento, aprovaram US$ 19,6 bilhões em financiamento relacionado à água  dos quais US$ 14,4 bilhões foram a países de baixa e média renda elevando investimento total focado em água pelos BMDs entre 2019 e 2024 à US$ 50 bilhões focados em 400 milhões de pessoas, considerando que necessidades regionais excedem compromissos atuais e uma maior colaboração dos BMDs, governos e setor privado é necessária para fechar a lacuna em cenário de casas quase submersas devido enchentes em Sirajganj, Bangladesh, por exemplo. Soluções tecnológica podem apoiar implementação de ganhos de eficiência hídrica essenciais à países que enfrentam grave escassez de água e aumentam riscos de secas prolongadas devido às mudanças climáticas, através da implementação de sensores de monitoramento e observação da Terra fornecendo transparência sobre uso excessivo de água e compreendendo ameaças de vazamentos,  sistemas de alerta precoce e modelagem integrada preparando comunidades em períodos de chuvas intensas permitindo que respondam emergências, enquanto isso, a energia hidrelétrica representa oportunidade de alavancar padrões climáticos de monções do continente e fornecer fonte de energia confiável e renovável. 

Neste ecossistema, o governo do Paquistão impõe emergências climáticas e agrícolas em meio à crise de enchentes enquanto   luta contra chuvas de monções devastadoras e inundações generalizadas que atingiram o setor agrícola com partes provinciais, incluindo representantes de Gilgit-Baltistan e Azad Jammu e Caxemira, serão incluídas em reunião consultiva para garantir  implementação efetiva, sendo que o Ministro do Petróleo anunciou que o governo suspendeu a proibição de novas conexões de gás imposta em 2021 após a persistente demanda pública sendo que os consumidores poderão solicitar novas conexões de Gás Natural Liquefeito Regaseificado, GNL, 35% mais barato que o Gás Liquefeito de Petróleo, GLP, importado, trazendo alívio às famílias. Em vista das atuais chuvas de monções e da crise nacional de inundações, será desenvolvido um plano para evitar danos adicionais das consequências negativas das mudanças climáticas, convocando reunião dos principais ministros das províncias e  autoridades pertinentes para avaliar magnitude das perdas por inundações antes que a decisão fosse tomada, circulando  informação que milhões de acres de plantações e terras agrícolas haviam sido danificados e seus membros propuseram ações para restaurar infraestrutura, compensar agricultores e ajudar na recuperação agrícola. No leste do Paquistão, as enchentes afetaram quase 142 mil pessoas obrigando deslocados morar com parentes, enquanto outros passam noites em aterros ou campos de refugiados depois que suas casas foram submersas, com equipes de resgate em barcos cruzando as águas e resgatando pessoas de árvores e telhados, barracas à beira da estrada, famílias esperando por comida enquanto crianças choravam e mulheres sussurravam orações para que as águas baixassem, na esperança de um milagre. A  Autoridade de Gestão de Desastres de Punjab, esclarece que desde 23 de agosto, 4 mil vilarejos foram submersos afetando mais de 4,2 milhões de pessoas, deslocando 2,1 milhões e matando pelo menos 68 pós chuvas de monções mais intensas que o normal e vazamentos repetidos de água de represas indianas transbordando, "aqueles que podiam pagar proprietários de barcos particulares já deixaram o vilarejo", outros, dizendo que os suprimentos de comida são escassos e as famílias deslocadas recebem uma refeição por dia. Chuvas torrenciais inundaram ruas em Karachi, capital da província de Sindh, no sul do país, com autoridades alertando que a água dos rios transbordados fluirá para Sindh, aumentando temores de danos rio abaixo, com escavadeiras e máquinas pesadas reforçando diques ao redor de Jalalpur Pirwala em tentativa de proteger a cidade de 700 mil  habitantes, com a ministra-chefe do Punjab, Maryam Nawaz Sharif, prometendo indenização às famílias que perderam parentes, casas e gado nas enchentes e, desde o final de junho, as enchentes mataram no Paquistão mais de 900 pessoas. Por fim,  a Marinha do Paquistão resgatou mais de 4.300 pessoas em operação de socorro pós enchente em andamento em Punjab, Sindh e Khyber Pakhtunkhwa realocando 4.335 pessoas isoladas em locais mais seguros, com o detalhe que a liberação e retenção de água pela Índia em relação ao Paquistão e fez com que indianos por conta de inundações das Monções abriram comportas de água que se dirige ao Paquistão agravando a crise no país vizinho. 

Moral da Nota:  modelos do sistema terrestre e paleo-reconstruções indicam que mudanças na AMOC, força da Circulação Meridional do Atlântico, impactam profundamente o clima global quantificando a força média da água do fundo no Atlântico Norte profundo com estimativas de taxas de fluxo volumétrico de registros sedimentares e, de acordo com projeções futuras, as mudanças climáticas antropogênicas podem resultar em desaceleração sem precedentes da AMOC. Cientistas da Universidade de Heidelberg e Universidade de Berna reconstruíram padrões de circulação do Holoceno utilizando análises geoquímicas de sedimentos marinhos, reconstruindo a Circulação Meridional do Atlântico ao longo dos últimos 12 mil anos, sendo a primeira a calcular padrões de circulação em larga escala mostrando que, embora a AMOC tenha experimentado flutuações naturais ao longo de milênios permaneceu estável. A AMOC, Circulação Meridional do Atlântico, é parte de sistema global de águas que redistribui calor e água doce do hemisfério sul ao hemisfério norte impactando tempo, oceanos e clima tornando-se um dos principais componentes do sistema climático da Terra incluindo o sistema da Corrente do Golfo, fator-chave ao clima europeu, sendo que mudanças na intensidade da circulação podem impactar padrões climáticos, ecossistemas marinhos e tendências climáticas globais de longo prazo. O enfraquecimento da Circulação Meridional do Atlântico, um dos motores do clima terrestre, pode provocar chuvas irregulares e afetar ecossistemas como a Floresta Amazônica, conclusão de estudo publicado na Nature Communications alertando sobre a estabilidade da Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico, considerada um dos  motores do clima terrestre que funciona como "esteira oceânica" transportando calor e nutrientes entre o Atlântico Sul e Norte e regulando o clima global, sendo que um dos impactos mais preocupantes recairia sobre a região norte da Floresta Amazônica, com a porção mais preservada do bioma projetando queda das chuvas na área ameaçando biodiversidade e equilíbrio ecológico.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Ar e Água

Pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder estudando a qualidade do ar em região agrícola de Oklahoma, detectaram MCCPs, poluente industrial nunca antes medido na atmosfera do Hemisfério Ocidental, cujos resultados foram publicados na ACS Environmental Au, através de instrumento de alta tecnologia para medir como as partículas de aerossol se formam e crescem na atmosfera, um espectrômetro de massas de ionização química de nitrato que permite cientistas identificar compostos químicos no ar e, em análise na área agrícola 24 horas por dia durante 30 dias, depararam com as primeiras medições aéreas de Parafinas Cloradas de Cadeia Média, MCCPs, poluente orgânico tóxico. A nova classe de produtos químicos tóxicos, MCCPs, descoberta no ar americano pela primeira vez sugere poluição generalizada por práticas agrícolas levantando a suspeita que esses compostos tóxicos estejam entrando no ar através de fertilizantes biossólidos derivados de lodo de esgoto nos campos próximos de onde instalaram o instrumento, considerando-se primos menores dos MCCPs, as Parafinas Cloradas de Cadeia Curta, SCCPs, são atualmente regulamentadas pela Convenção de Estocolmo e, desde 2009, pela EPA nos EUA. Os MCCPs ainda não são regulamentados como seus primos SCCP, havendo semelhanças com os PFAS,  "produtos químicos eternos", e, a presença inesperada no ar levanta alerta sobre como substituições químicas e descarte de resíduos podem contaminar silenciosamente o ar rural, considerando ainda que, as MCCPs estão sob consideração para regulamentação pela Convenção de Estocolmo, tratado global para proteger saúde humana de produtos químicos. Embora tenham sido medidos na Antártida e Ásia, pesquisadores não tinham certeza de como documentá-los na atmosfera do Hemisfério Ocidental já que os MCCPs são usados ​​em fluidos para usinagem de metais, construção de PVC e têxteis frequentemente encontrados em águas residuais e, como resultado, podem acabar em fertilizantes biossólidos chamados de lodo de esgoto criados quando o líquido é removido das águas residuais em uma estação de tratamento. A busca por regulamentação decorre de estudos constatarem que os poluentes tóxicos que viajam por longas distâncias e permanecem na atmosfera eram prejudiciais à saúde, levantando-se a hipótese que a regulamentação dos SCCPs pode ter aumentado os MCCPs no ambiente considerando ainda que a composição dos MCCPs é semelhante à dos PFAS, substâncias químicas tóxicas de longa duração que se decompõem lentamente ao longo do tempo, daí, sua presença no solo levou o Senado de Oklahoma proibir fertilizantes biossólidos.

No Alabama, grupos de defesa da água limpa obtém vitória na luta para atualizar padrões de toxicidade da água ao solicitarem mudanças que reduzirão quantidades de 12 poluentes tóxicos ou relacionados ao câncer nos cursos d'água do estado, com reguladores ambientais concordando atualizar padrões, medida que os defensores da água limpa dizem ajudará proteger quem pesca e nada nos rios do Alabama. A comissão, um conselho nomeado por 7 membros que supervisiona o Departamento de Gestão Ambiental do estado, decidiu a favor dos grupos ambientais por 6 votos a 1, vitória rara à grupos ambientais que operam no estado profundamente republicano, de um conselho que raramente vota contra as recomendações do departamento, com o advogado que representa grupos ambientalistas esclarecendo que ficaram “surpresos, dada a relutância histórica em dar aos ambientalistas o que eles querem”,  disse ainda que, uma vez finalizados, os novos padrões resultarão em limites mais rigorosos sobre a quantidade das substâncias tóxicas que podem ser legalmente despejadas nos cursos d'água do Alabama, fontes de água potável e áreas de pesca populares do estado. A EPA,  Agência de Proteção Ambiental dos EUA, publicou novos padrões ao Sistema Integrado de Informações de Risco, IRIS, em 2015, mas o estado nunca atualizou seus limites para correspondê-los já que o programa IRIS avalia pesquisas científicas sobre produtos químicos perigosos à auxiliar órgãos reguladores federais, estaduais e locais determinar os padrões de segurança para exposição. Vale lembrar que a comissão é composta por especialistas do setor privado em direito, biologia, engenharia, medicina, geologia e medicina veterinária, nomeados pelo governador, considerou o argumento convincente devendo ser atualizados padrões para 12 poluentes químicos, cinco desses tóxicos, cianeto, 1,3-diclorobenzeno, 4,6-dinitro-2-metilfenol, etilbenzeno e tolueno, o estado adotará o padrão atualizado da EPA para dose de referência oral, refletindo limites de dose de referência IRIS da EPA, sendo que dose de referência é a quantidade de substância tóxica à qual uma pessoa pode ser exposta diariamente e que "provavelmente não apresenta risco apreciável" de causar danos, enquanto 6 outros compostos, 1,3-dicloropropileno, 2,4-dinitrotolueno, hexacloroetano, pentaclorofenol, tricloroetileno e arsênio, o estado usará o fator de potencial cancerígeno atualizado da EPA. A petição indica que os padrões atualizados são resultado de novas pesquisas e análises da EPA mostrando que os produtos químicos são prejudiciais em concentrações mais baixas que se acreditava anteriormente, estimando-se que a ingestão de 1 mg por dia de determinada substância química aumentará o risco de uma pessoa desenvolver câncer e, para o 1,2,4-triclorobenzeno, a petição solicitou que o estado mudasse o uso do limite de dose de referência ao limite do fator de potência do câncer. 

Moral da Nota:  a recente crise entre Índia e Paquistão com os indianos suspendendo com o Paquistão o tratado de 1960 das águas do indo, avisando que não pretendem retornar às condições anteriores, apesar do cessar-fogo, considerando que 80% das fazendas do Paquistão são irrigadas por 3 rios originários da Índia e declaração do Ministro do Interior federal Amit Shah que “a água que fluía ao Paquistão será levada ao Rajastão através da construção de um canal e o Paquistão ficará sem água, que vem recebendo injustificadamente”, segundo o ministro. Valendo esclarece que o acordo transfronteiriço sobre águas permite o compartilhamento que flui da bacia do Indo dando à Índia controle de 3 rios do Himalaia oriental, Ravi, Sutlej e Beas, enquanto o Paquistão obteve o controle dos 3 rios ocidentais, Jhelum, Chenab e Indo, estabelece a Comissão do Indo 'Índia-Paquistão' que supostamente resolveria questões que surgissem e, até o momento, sobreviveu a conflitos armados anteriores e tensões quase constantes entre Índia e Paquistão nos últimos 65 anos. O Paquistão não respondeu aos comentários do ministro mais poderoso do governo indiano diminuindo esperanças de negociação a curto prazo, no entanto, afirmou no passado que o tratado não prevê a possibilidade de uma das partes recuar unilateralmente e que qualquer bloqueio do fluxo de água do rio ao Paquistão será  "ato de guerra". Por mais de 60 anos, Índia e Paquistão administraram em conjunto as águas de 6 rios da bacia do Indo que deram origem a uma das mais antigas civilizações humanas e, apesar das guerras, usaram o THI, Tratado das Águas do Indo, para irrigar terras férteis em ambos os lados da fronteira, com a mídia indiana dizendo que, em 18/09/2024, a Índia notificou formalmente o Paquistão citando preocupações incluindo mudanças na demografia da população, desafios ambientais e outros fatores, solicitando reavaliação do tratado com o aviso indiano explicando que “a notificação destaca mudanças fundamentais e imprevistas em circunstâncias que exigem reavaliação de obrigações sob vários artigos do Tratado”. A posição do Paquistão é que detém direito histórico sobre os rios ocidentais conforme estabelecido no tratado e depende deles para manter sua infraestrutura agrícola desde a era colonial, no entanto, diz que a posição indiana mudou nas últimas décadas à medida que o país buscava construir mais infraestrutura para controlar mais águas dos rios ocidentais destinados ao Paquistão, sendo que, a chamada Iniciativa Paquistão Verde, busca investimentos de US$ 6 bilhões da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar e Bahrein à agricultura corporativa e cultivar 600 mil hectares de terras áridas e mecanizar 20 milhões de hectares de terras agrícolas no país. Por fim, as origens do THI remontam à divisão da Índia em agosto de 1947 quando o domínio britânico terminou emergindo daí 2 países como nações soberanas, com população combinada de mais de 1,6 bilhão de habitantes dependentes das águas dos rios que fluem do Himalaia.

domingo, 26 de junho de 2022

A Questão da Água

A ONU alerta que um quarto da humanidade não tem acesso a fonte segura de água, justamente a população mais pobre, sendo que, o acesso à água é determinado pela capacidade econômica. Quanto mais rico o país maior o acesso à água e, em países subdesenvolvidos,  populações mais ricas têm mais água disponível que as mais pobres e, as urbanas, mais que as rurais. O Paraguai, neste contexto, busca garantir acesso universal à sua população com distribuição mais igualitária que os vizinhos. Parte do problema se insere no fato da água ser um bem escasso, embora o planeta tenha mais água que terra,  97% é água salgada imprópria ao consumo humano ou irrigação, sendo que desses 3% de água doce, dois terços estão congelados e que  os 8 bilhões de habitantes do planeta dependem de fontes superficiais não salgadas, lagos, pântanos e rios,  representando menos de 1% do total de água doce, ou,  das águas subterrâneas,  nossa principal fonte,  emergindo daí,  o aquífero Guarani ganhando peso no abastecimento urbano. A OMS alerta que  "as águas subterrâneas fornecem metade da água usada pelas famílias no mundo, um quarto da água usada na agricultura de irrigação e um terço do abastecimento necessário à indústria".

Nesta cilada, o Paraguai, 15ª maior economia da América Latina, tem "cobertura quase universal de acesso à água potável" e comparado a outras nações latino-americanas como Chile, México e Uruguai,  destaca por ser o que distribui forma mais uniforme. Segundo o PNUD, "no Paraguai há menos de 2% de diferença no acesso à água entre áreas rurais e urbanas ou entre grupos mais ricos e mais pobres", o que  torna o país da região com acesso mais equitativo à água e, reconhecido pela ONG Water Aid,  ser um dos países do mundo que mais aumentou a distribuição de água à regiões rurais e, de acordo com o Programa Conjunto de Monitoramento da OMS/Unicef para abastecimento de água, saneamento e higiene, 99,6% dos paraguaios têm pelo menos "acesso básico" à água.

Moral da Nota: o modelo paraguaio remete a 1972, através do SeNaSa, Serviço Nacional de Saneamento Ambiental do Paraguai estabelecido em formato comunitário,  descentralizando a gestão da água a partir da figura dos Conselhos de Saneamento, "organizações comunitárias formadas por moradores da localidade que operam e mantêm os sistemas de água". Há 4 mil Conselhos de Saneamento funcionando no Paraguai,  em pequenos povoados ou cidades maiores que abastecem até 50 mil habitantes, sendo que grupos responsáveis pela gestão da água nas localidades são reconhecidos pelo Ministério da Saúde Pública que supervisiona a distribuição do recurso.  Os conselhos são formados por cinco pessoas, presidente, vice-presidente,  secretário, tesoureiro e um membro, eleitos por Assembleia, "não recebem salário nem ajuda de custo, sendo substituídos a cada cinco anos". "Existe a taxa básica pelo que se consome por mês, entre 12 mil a 15 mil litros  e, quem usa mais paga mais"  em média US$ 3 por 12 mil litros. Segundo o PNUD, avanços no Paraguai não "resultam de aumento repentino da quantidade de água disponível no país, mas do resultado de investimentos intencionais para melhorar a governança da água".