segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Próximo passo

A ação climática continuar crescer, embora necessite mais ambição para acelerar que o progresso seja medido em meses e não em décadas, com a COP28 no meio de evidências crescentes de que o mundo não tem feito transição suficientemente rápida para cumprir a meta de 1,5˚ C acordada em Paris. A conclusão da COP28 dá sensação que o progresso em direção à descarbonização está acontecendo, mas, a oportunidade de limitar o aquecimento a 1,5 ˚C, necessita mais, bem como o foco na conversão de compromissos em ações mensuráveis e, de acordo com estimativa da Agência Internacional de Energia, o cumprimento integral dos compromissos relacionados à energia assumidos na COP28 resultaria em emissões globais de gases efeito estufa, GEE, em 2030 de 4Gt, gigatoneladas métricas, inferiores ao esperado sem eles, com potencial adicional de compromissos não energéticos e de outras iniciativas, como créditos de transição ao carvão, no entanto, a AIE estima que serão necessárias reduções totalizando 22 Gt para limitar o aquecimento a 1,5˚ C. Negociações na COP28 concluídas no “Consenso dos EAU”, um elemento notável foi o acordo sobre “transição global à abandonar combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de modo justo, ordenado e equitativo, acelerando ação nesta década, para atingir o zero líquido em 2050 e, de acordo com a ciência”, sendo esta a primeira vez que combustíveis fósseis são mencionados coletivamente em acordo COP, embora haja compromisso de “reduzir gradualmente a energia do carvão” na COP26.

A COP28 registrou mais de US$ 80 bilhões em financiamento climático de países, bancos de desenvolvimento, fontes privadas e filantropos, nível de financiamento abaixo do necessário, com oportunidades para que estimule financiamento adicional à transição, além de novos canais de financiamento no sentido de ampliar estruturas de financiamento misto, incluindo veículo de investimento privado financiado pelos EAU, Alterra, entre vários outros que ajuda desbloquear investimentos que antes poderiam não ter sido atraentes ao capital privado, sendo que o foco é que tais estruturas “atraíssem” capital privado ao financiamento climático e reduzissem  dependência de bancos multilaterais de desenvolvimento. Acordos na COP28 alcançados em outras áreas, incluíram operacionalização do Fundo de Perdas e Danos, um quadro conjunto destinado a garantir integridade dos mercados voluntários de carbono e créditos de transição ao carvão, sendo que as Centrais Elétricas a Carvão, CFPPs, respondem por 27 % das emissões de CO2 provenientes do consumo de combustível e o novo “crédito de transição” de carvão lançado pela Coal to Clean Credit Initiative, CCCI, para incentivar reforma antecipada das CFPPs e transição à energias limpas nas economias emergentes. O desafio é acelerar implantação, através da construção de negócios verdes sendo que 92% da redução de CO2 necessária à metas de emissões líquidas zero seria alcançada utilizando tecnologias climáticas já comprovadas e, na última década, a implantação destas tecnologias acelerou, muitas vezes ultrapassando as expectativas, por exemplo, a energia solar e eólica responde por mais de 10% da geração de eletricidade e mais de 80% da capacidade de geração,  necessitando mais aceleração, tanto às renováveis como à gama de tecnologias climáticas em grande parte interdependentes, enquanto cada tecnologia crítica crescerá mais de 20% anualmente na próxima década, atingindo maturidade comercial e prontidão tecnológica. Setores com emissões elevadas, energia, transportes e indústria, inovam, investem e colaboram buscando reduzir emissões e avançar em direção ao carbono zero, dado que as indústrias consomem 78 % da procura global de energia e, sua descarbonização é essencial para alcançar transição do sistema para longe dos combustíveis fósseis, sendo que o Acelerador de Transição Industrial dimensiona implementação e entrega da descarbonização nos setores de aço, alumínio, cimento, transporte e energia, enquanto governo e empresas fizeram compromissos visando tornar a construção quase zero até 2030, como o Buildings Breakthrough, o Avanço no Cimento e Concreto e o Compromisso de Contratos Públicos Verdes.

Moral da Nota: empresas e indústrias podem acelerar descarbonização dos ativos e cadeias de valor existentes obtendo resultados economicamente viáveis, com as que já possuem produtos com zero emissões de carbono  aproveitando lacunas de oferta e procura em mercados emergentes construindo negócio, incluindo prêmios verdes nos cálculos de custos e estimulando crescimento adicional, embora a descarbonização exija investimentos que implique custos adicionais à muitas indústrias, cada vez mais empresas estão reduzindo custos, bem como emissões ganhando mercado, permitindo financiar iniciativas de descarbonização. Operadores históricos, investidores e startups impulsionam tecnologias climáticas e criam negócios verdes em escala, com inovações que tornem a transição mais acessível além da crescente procura de tecnologias, materiais e serviços com zero emissões de carbono criando oportunidades às empresas construírem negócios verdes. Investigação da  McKinsey mostra que até 2030 a procura de tecnologias verdes gerará até US$ 12 bilhões em receitas anuais com níveis de maturidade das tecnologias climáticas variando, sendo que os intervenientes do setor podem recorrer a tecnologias óbvias e comercialmente prontas, desde bombas de calor a veículos elétricos identificando e concentrando em nova onda de tecnologias em maturação, que exigem reduções de custos e aumento de escala. O setor financeiro desempenha papel importante na facilitação e implementação do investimento de capital que as novas tecnologias climáticas exigem necessitando fundos de transição verde que invistam em inovações para transformar operadores históricos em setores difíceis de reduzir e capital de risco industrial disposto assumir riscos tecnológicos para crescer, além de, fundos de crescimento de infraestrutura. A investigação sugere que, dependendo de ambiente favorável, as instituições financeiras privadas facilitariam até US$ 3,5 bilhões de financiamento anual entre 2022 e 2050 com bancos comerciais fornecendo US$ 2 bilhões a US$ 2,6 bilhões por ano, enquanto gestores de ativos, capitais privados, empresas de risco e fundos de capital adicionariam entre US$ 950 bilhões e US$ 1,5 bilhão, tarefa dos intervenientes financeiros aproveitando oportunidade enquanto navegam em exigências estratégicas e operacionais no contexto de ambientes operacionais em evolução.