Estudo publicado na revista acadêmica Water Resources Management, com a participação de equipe multidisciplinar de investigadores da Universidade de Alicante, Universidade Católica de Múrcia e Universidade Politécnica de Madrid, liderada pelo Conselho Superior de Pesquisa Científica, CSIC, da Espanha, intitulado “Uberizando a agricultura em terras áridas, alguns enriquecidos, todos em perigo”, analisa consequências sociais, econômicas e ambientais da agricultura com efeito estufa em zonas áridas, tomando Almeria na Espanha como modelo. Zonas áridas caracterizam-se pelo fraco equilíbrio hidrológico, chove pouco, de modo irregular, enquanto a elevada radiação provoca evaporação de água, tradicionalmente locais pouco desenvolvidos, apresentando características como invernos amenos e muitas horas de sol que as tornam regiões com elevado potencial agrícola, daí, a exploração das águas subterrâneas, com fatores tecnológicos e políticos, transformando estas áreas em prosperidade a ponto de adquirirem nome de “milagre econômico”. O interesse por parte dos europeus, segundo o investigador da EEZA, Estação Experimental de Zonas Áridas do CSIC, que consomem frutas e vegetais produzidos no sul da Europa, conhecer efeitos da produção no ambiente e a procura de produtos nos mercados europeus, tem impacto nas reservas de águas subterrâneas do sudeste da península, “no entanto, é questão com arestas e impactos, cuja análise é abordada no estudo”. “Toma como exemplo agricultura em estufas de Almeria, mostrando custo social e ambiental de desenvolvimento desordenado transformando milagre em evento efêmero”, segundo o pesquisador, enquanto “o esgotamento gradual dos recursos hídricos, sua degradação, perda de biodiversidade e poluição plástica são o lado menos amigável de negócio que procura investimentos cada vez maiores”, acrescentando que “gera dívidas e desigualdades sociais, levando à intensificação de modelo de produção que busca baixar custos de produção a todo custo, resultando um agronegócio dependente de recursos externos, energia, fertilizantes, trabalho e capital, colocando em posição de crescente dependência e vulnerabilidade”. Padrão observado em outras zonas áridas do mundo, como Peru, Norte da África, noroeste da China e Arábia Saudita, a compreensão dos mecanismos é fundamental para propor soluções, desde procura de recursos hídricos alternativos à redução da área cultivada, procura de culturas mais adaptadas à aridez ou expansão das margens de lucro dos agricultores.
Neste contexto, a França julga acusados de tráfico internacional de resíduos na cidade de Lille, 200 kms de Paris, acusados de tráfico transfronteiriço de resíduos, crime, que levou a despejo de 10 mil toneladas de lixo provenientes da Bélgica no nordeste e norte da França abrindo espaço à condenação de até 6 anos de prisão. O principal acusado, Johnny Demeter, foi condenado em 2016 por gestão irregular de resíduos, com a procuradora Emilie Julien solicitando 6 anos de prisão e revogação dos 2 anos da pena a que tinha sido condenado antes, suspensa, com mandado de prisão preventiva esclarecendo que “traficar resíduos e acreditar que as mãos estão menos sujas que as do traficante de drogas”, trás à tona , segundo a procuradora, que o tráfico de drogas gera entre € 10 e € 12 bilhões / ano na UE, valor equivalente ao do tráfico de lixo. Insistiu na importância da decisão de Lille, que abre precedente porque é o primeiro julgamento de tráfico de resíduos na França perante jurisdição inter-regional especializada, dedicada ao crime organizado, neste caso, 5 membros da família Demeter e outras 4 pessoas estão sendo julgados, sendo que a Justiça enfrenta “gangue familiar, rústica e organizada, que perturba a ordem pública”. A acusação foca importação e despejo ilegal na França de 10 mil toneladas de resíduos belgas entre 2018 e 2021, sem respeitar legislação sobre importação e transporte de resíduos, com o lixo, que inclui detritos domésticos, industriais e de obras mistas, foi despejado em estações de tratamento que nunca receberam pagamento para tratá-lo, em terrenos privados de modo irregular e locais inadequados à atividade. O tráfico internacional de resíduos é modo menos conhecido de crime organizado, no caso em julgamento, um grande centro de reciclagem da Bélgica pensou descartá-los legalmente no país vizinho, no entanto, intermediários são acusados de falsificar documentos para transportar os detritos à centros de processamento na França enganados quanto à origem ou abandono na natureza, daí, vilarejos no norte e leste do país acumulam toneladas de entulho e resíduos despejados de modo criminoso, lixões ilegais que poluem solo e cursos de água, com o detalhe que os municípios não têm dinheiro para gerí-los. No caso franco-belga, o trabalho da Justiça está em curso, mas, em geral, traficantes vendem o serviço de tratamento ou eliminação de resíduos e, na realidade, só gastam com transporte, uma vez que os resíduos nunca são tratados, com isso, é considerável a margem de lucro, sendo interessante porque a alfândega e a polícia não têm meios de controle, além disso, flagrados, as penalidades e multas são baixas se comparadas aos benefícios. A advogada da FNE, associação ambiental France Nature Environnement, parte civil no caso franco-belga, esclarece que o tráfego de resíduos é realizado por caminhões, trens e barcaças e, “na Europa, o crime organizado no domínio dos resíduos cresce porque se produz resíduos demais, tanto domésticos como construção, e há dificuldade em processá-los através de canais legais”, explicando que na França, por exemplo, resíduos da indústria de construção e manutenção de prédios públicos representam maior fonte entre diferentes fluxos de detritos, com o setor da construção civil produzindo 46 milhões de toneladas/ano, tanto quanto resíduos domésticos”. Oficialmente, os resíduos deveriam ser descontaminados, reutilizados ou reciclados, evitando consequências à saúde e ao ambiente dos países receptores e, desde que a China fechou as portas a importações de resíduos, estes carregamentos foram transferidos à países asiáticos e África Ocidental, agora, Líbia, Líbano e Egito.
Moral da Nota: a Visa anuncia lançamento do VPI, Visa Provisioning Intelligence, produto baseado em IA projetado para lidar com fraudes de tokens em sua origem, serviço, disponível como oferta de valor agregado aos clientes, utilizando técnicas de aprendizado de máquina para avaliar probabilidade de fraude em solicitações de provisionamento de tokens. A VPI colabora com instituições financeiras para prevenir fraudes, facilitando transações seguras e tranquilas aos titulares de cartões Visa, sendo que a tokenização, iniciativa inovadora da Visa, representa tecnologia projetada à combater fraude, protegendo informações das contas dos consumidores substituindo números das contas por códigos exclusivos. Decorrente possibilidade dos tokens serem fornecidos ilicitamente às mãos de criminosos, implementou o serviço com IA para combate à fraude e, de acordo com a Visa, as perdas relacionadas ao provisionamento de tokens atingiram US$ 450 milhões em 2022, sendo que o VPI consiste em avaliação em tempo real da propensão à fraude, expressa em escala de 1 a 99, sendo 1 indicando a menor probabilidade de fraude e 99 maior probabilidade em pontuação fornecida aos emissores conectada a cada solicitação de provisionamento de token. A metodologia VPI é baseada em modelo de aprendizado de máquina supervisionado à nível de segmento, concentrando na identificação de padrões em solicitações de tokens feitas anteriormente, abrangendo tokens de dispositivos, tokens de comércio eletrônico e tokens de cartões armazenados, em resumo, a pontuação VPI foi projetada para fornecer benefício às instituições financeiras, incluindo previsão de fraudes, permitindo que emissores detectem fraudes de provisionamento e neguem solicitações de provisionamento antes que a fraude ocorra.