sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Perspectivas

A ciência médica inserida em mudanças climáticas e envelhecimento com cronificação da maioria das doenças, busca paradigmas para abordar o futuro, neste foco, a luta contra o estresse, o biohacking e o turismo médico mostram-se como tendências atípicas na medicina. Tecnologias de bem-estar, aí, cuidados de saúde baseados em valor, prestação inteligente e telemedicina, deverão influenciar a medicina no curto prazo, ao passo que a personalização baseada em dados, aí, hospitais inteligentes e dispositivos vestíveis, impactarão a curto e médio prazo enquanto alterações climáticas, migrantes climáticos e cuidados de saúde com baixo teor de carbono, formarão tendências a médio e longo prazo inseridas na sustentabilidade na saúde como fator de desenvolvimento subestimado. Vale considerar que as tendências atuais causadas pela pandemia impactam no curto prazo, lançando motores que transformarão o setor enquanto tecnologias de bem-estar, personalização em dados e alterações climáticas tornar-se-ão motores-chave no desenvolvimento da medicina em período de 1 a 50 anos, com opinião dos especialistas dividida sobre o futuro da disponibilidade em massa de tratamentos médicos avançados e desenvolvimento sustentável dos cuidados de saúde.

A esperança média de vida no início do século XIX girava em torno dos 40 anos passando na década de 1950 na Europa, América do Norte e outras partes do mundo para acima de 60 anos, por outro lado, surgiram novos riscos à saúde associados ao “estilo de vida sedentário” em países desenvolvidos e indústria de fast-food em que 1 em cada 3 adultos nos EUA é obeso e 60% dos americanos vivem com pelo menos uma doença crônica sendo que aproximadamente 85% dos custos anuais de saúde nos EUA são gastos no tratamento de condições crônicas e saúde mental. Na década de 1960, nos EUA, 50% do trabalho envolvia atividade física, em contraste, hoje, decorrente o progresso tecnológico, 80% das pessoas estão envolvidas em trabalhos “sedentários”, trabalhando em escritórios, no entanto, em 2020, a esperança de vida no mundo atingiu os 72,6 anos, mais de 100% nos últimos 10 anos, enquanto hoje em dia, as pessoas têm oportunidade de interessar pela sua saúde e acompanhar ampla gama de fatores, incluindo indicadores biológicos e estilo de vida. Pesquisas e descobertas científicas nas últimas décadas, ligam estilos de vida e desenvolvimento de doenças no futuro, nascendo assim, a tendência à estilos saudáveis e medicina preventiva focando na manutenção da saúde em vez de cura das doenças e devido o aumento do bem-estar econômico, residentes de países desenvolvidos prestam mais atenção ao bem-estar pessoal a partir de fins do século 20  assumindo liderança na gestão da sua própria saúde e transformando-se de receptores de cuidados em partícipes no processo de tratamento. Pessoas se acostumaram com pesquisas médicas e dispositivos tecnológicos como pesos e relógios ou eletroencefalogramas em miniatura auxiliando na meditação existindo mais de 300 mil aplicações de saúde disponíveis, o dobro de 2015, levando a menores barreiras de entrada no mercado para start-ups bem como empresas de tecnologia abrindo o setor a novos participantes e disruptores. As doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral e câncer continuam a serem causas mais comuns de morte nos dias de hoje, no entanto, na última década, por exemplo, a taxa global de mortalidade por câncer diminuiu com avanços atuais em genética e bioinformática e a chegada de startups de alta tecnologia, mudando recomendações de estilo de vida saudável à programas personalizados baseados em testes diagnóstico modernos e precisos, como testes de DNA, agora vendidos por alguns dólares. A pandemia acelerou o desenvolvimento da tecnologia na medicina, chamou a atenção à tendências que antes não eram tão perceptíveis, os robôs aprendem desinfetar espaços, cuidar de pacientes e entregar pacotes, algoritmos rastreiam respiração e a gravidade da tosse e a IA prevê a propagação de um vírus para gerir o fluxo de pessoas em locais públicos. Daí tendências óbvias, como medicina personalizada, combate ao stress, biohacking, turismo médico e colaboração homem e máquina em que personalização e tecnologização da saúde se tornarão tendências-chave no desenvolvimento da saúde no curto, médio e longo prazo.

Moral da Nota: as dietas modernas são desenvolvidas ao cliente individual e consideram parâmetros corporais, incluindo predisposição genética à doenças, índice de massa corporal e intolerância a alimentos e medicamentos, além disso entregar material genético à decodificação leva a pessoa continuar recebendo notícias sobre saúde e recomendações conforme descobertas científicas em genética aplicada. Na medicina desportiva, o genoma contém informações sobre predisposição à diferentes tipos de atividade física selecionando o esporte mais adequado e tipos de exercícios eficazes, além de análises de DNA identificando predisposição a doenças e tolerância a medicamentos, portanto, permitindo recomendações individuais de tratamento e prevenção à cada paciente. A urbanização, o trabalho em grandes escritórios abertos e o ruído da informação digital são fontes de stress crônico perigosos à saúde mental e fisiológica a longo prazo, por exemplo, associados a complicações cardiovasculares e enxaquecas e, para lidar com o estresse, as pessoas são mais propensas a recorrer a práticas tradicionais de relaxamento, como ioga e meditação permitindo o surgimento de novas soluções tecnológicas. Uma aplicação que mede o stress com base na variabilidade da frequência cardíaca ajuda identificar situações e atividades stressantes e tirar conclusões adequadas, por exemplo, passando os dados necessários ao médico assistente ou oferecendo-se para marcar consulta com especialista, da mesma forma, o arco eletroencefalográfico, que auxilia na meditação, registra a atividade cerebral e ajuda o usuário aprender como se acalmar. A forma extrema de preocupação com a saúde se popularizou entre empresas de tecnologia que “hackeiam” as limitações do corpo humano do mesmo modo que programas de computador são hackeados, sendo que os seguidores desta subcultura implantam dispositivos em miniatura sob a pele para medir com mais precisão indicadores do corpo ou mesmo obter habilidades “sobre-humanas”, como visão noturna ou sinestesia, além de passar fome ou comer alimentos especiais e tomar medicamentos e suplementos, que, segundo os próprios biohackers, melhoram a memória, concentração, libido e condicionamento físico, retardando o envelhecimento. Por fim, espera-se que o valor do mercado global de turismo médico atinja US$ 207,9 bilhões até 2027, expandindo-se a taxa composta de crescimento anual de 21,1% em que alguns vão ao estrangeiro buscar segunda opinião e cuidados médicos de alta tecnologia, que não estão disponíveis em todos os países, enquanto outros viajam em busca de tecnologias experimentais que não são reconhecidas ou permitidas em todos os lugares, além do turismo de vacinas a partir de dezembro de 2020, quando relatos de operadores turísticos indianos que assinaram acordos para transportar viajantes à países onde pudessem garantir a vacinação contra a Covid-19, pagando US$ 1.777 por pessoa para visitar um centro de saúde no estrangeiro e receber a vacinação Pfizer-BioNTech. A IA é tendência que muda a saúde moderna, e conforme pesquisas recentes, 70% das organizações de saúde na Europa e EUA adotam ou já implementaram IA para automatizar seu trabalho, dando importância a colaboração homem-máquina considerando que durante os surtos do coronavírus,  ajudou encontrar sinais primários da doença, manteve registros médicos eletrônicos, respondeu perguntas dos pacientes, acelerando, melhorando e reduzindo custos dos serviços clínicos, por exemplo, um serviço da Partners HealthCare, auxilia médicos na triagem inicial dos pacientes com IA determinando se há risco de infecção e, pela rapidez no processamento dos dados descarrega bastante a linha direta da clínica.