sábado, 22 de outubro de 2022

Deus e a matemática

Considerando os últimos mil anos,  matemáticos buscam uma prova lógica à existência de Deus, deixando em aberto a questão se Deus pode ser provado matematicamente. Provar a existência de um ser divino, de Descartes e  Pascal no século 17, Leibniz no século 18 e Godel no século 20, este, com escritos publicados em 1987, sendo que, em estudo de pré-impressão publicado em 2013, o assistente de prova algorítmica checou a cadeia lógica de raciocínio de Godel e descobriu que estava correta. Godel prova que a existência de algo que definiu como divino,  decorre de suposições justificadas podendo ser questionadas. Coisas observáveis ​ no ambiente, como animais por exemplo, podem ser verificadas por investigação científica mas em se tratando de prova da existência divina, a questão complica.

Abordagens ontológicas que lidam com a natureza do ser são convincentes, mesmo que não mudem a mente dos incrédulos.  O conceito que Deus como ser além do qual nada maior pode ser pensado, imaginado por Anselmo De Cantuária no século XI,  e, se Deus não existe, pode-se imaginar algo maior: um ser além do qual nada maior pode ser contemplado, ideia prevalente, até Descartes no século XVII argumentar à existência divina um ser perfeito até que Leibniz  no século XVIII viu falhas ao afirmar que Descartes não demonstrou as “propriedades perfeitas” de certas entidades.  Sob o argumento que a perfeição não poderia ser investigada adequadamente, portanto, nunca seria refutado que as propriedades perfeitas se unem em um ser, assim, a possibilidade de um ser divino seria real co base nos argumentos de Anselmo e Descartes, segue-se necessariamente que Deus existe. Leibniz, Descartes e Godel basearam em prova ontológica de Deus  deduzindo a existência de um ser divino a partir da sua possibilidade por inferência lógica, quer dizer, deduzir um resultado com base na interpretação de outras informações,  enquanto, Pascal no século XVII analisou a questão do ponto de vista considerado hoje como teoria dos jogos desenvolvendo a aposta de Pascal. Considera duas possibilidades, ou, Deus existe. ou não,  examinando  as consequências de crer ou não em Deus após a morte e se existe um ser divino e se acreditamos nele, iremos ao paraíso; caso contrário, ao inferno.  Pascal argumenta que se Deus não existe, nada mais acontece e a melhor estratégia é crer em Deus, pois na melhor das hipóteses, acabamos no paraíso; no pior cenário nada acontece e, se não acreditamos, na pior das hipóteses acabamos no inferno.

Moral da Nota: do ponto de vista matemático, experimentos mentais por esforços de Godel mostram que a matemática contém afirmações verdadeiras que não podem ser provadas e, ao fazer isso, faz uso da lógica que lhe permite provar a existência de Deus.  O pensamento de Godel  começa com um axioma, uma suposição,  se φ tem a propriedade P e de φ sempre segue ψ, então ψ também tem a propriedade P.  Supomos que P significa “positivo”,  se uma fruta é agradável, propriedade positiva, então é divertida de comer, portanto, a diversão de comê-la é propriedade positiva. O segundo axioma estabelece estrutura para P., se o oposto de algo é positivo, então esse “algo” deve ser negativo,  Godel dividiu o mundo em preto e branco ou algo é bom ou ruim,  se a saúde é boa então a doença deve ser ruim. Com essas premissas Godel deriva seu primeiro teorema argumentando que  se φ é uma propriedade positiva existe a possibilidade de existir um x com propriedade φ, ou seja, é possível que coisas positivas existam. Volta-se à definição de um ser divino, x é divino se possui propriedades positivas φ, o segundo axioma assegura que Deus assim definido não pode ter características negativas,  caso contrário, criar-se-ia contradição. O terceiro axioma diz que a divindade é característica positiva,  ponto não discutível porque a divindade combina todas características positivas. O segundo teorema combina o terceiro axioma, a divindade é positiva, e o primeiro teorema, existe a possibilidade que algo positivo exista, poderia existir um ser x que é divino. O foco de Godel é que Deus deve  existir na estrutura que foi apresentada, para tanto, introduz na segunda definição a “essência” φ de um objeto x,  propriedade característica que determina outras características. O quarto axioma afirma que se algo é positivo,  é sempre positivo, não importa o tempo, situação ou lugar, ter um bom gosto por exemplo, é sempre positivo, durante o dia ou à noite em qualquer lugar. O terceiro teorema:, se um ser x é divino,  a divindade é sua propriedade essencial, quer dizer, se algo é divino, possui características positivas e, portanto, propriedades de x são fixas. Quanto à existência de um determinado ser e se em algum lugar um ser y possui a propriedade φ, propriedade essencial de x, então x também existe,  Isto é, se algo é parecido com um filhote, então filhotes devem existir. O quinto axioma, a existência é uma propriedade positiva, daí, concluir que Deus existe porque este ser possui propriedades positivas e a existência é positiva. Os argumentos acima são chamados de inferências lógicas de Godel e são tidos como corretos e até os computadores provam isso, no entanto, essas inferências atraíram críticas pois Godel não dá detalhes sobre o que é uma propriedade positiva.