O site 'State of Global Air' dos institutos Health Effects Institute e Health Metrics and Evaluation, gerenciado pela Universidade da Colúmbia Britânica no Canadá, contabiliza mais de 26 mil mortes por poluição no Afeganistão em 2017 com o detalhe que, segundo as Nações Unidas, morreram naquele ano 3.483 civis consequente a guerra. Kabul com seis milhões de habitantes está no topo das capitais mais poluídas, acima de Nova Deli e Pequim sendo que, quase o ano todo, está coberta por nuvem poluente de veículos antigos e poluentes circulantes de geradores de eletricidade movidos a combustível de baixa qualidade. O 'State of Global Air' avisa que as vítimas do ar poluído são famílias que queimam tudo para se aquecer no inverno, desde carvão, lixo, plástico até borracha, dentro de casa e serviços de banhos públicos ou padarias. Daí, 19.400 mortes em 2017 contribuírem à queda na expectativa de vida em dois anos e dois meses.
Nesta ideia de crise climática com incêndios na Austrália, Califórnia, Amazônia e Sibéria, inundações na Inglaterra, ciclones em Bangladesh e Japão e poluição no norte da Índia, investidores e empresas enfrentam a tarefa em 2020 de colocar o mundo para reduzir à metade as emissões até 2030, tentando evitar impactos mais graves. Advogam que deveria ser seguido um plano de gerenciamento a longo prazo, revisando sistemas de energia, industrial e transporte, delineando etapas do caminho a percorrer. O World Energy Outlook, WEO, publicação anual da Agência Internacional de Energia, AIE, é norte aos tomadores de decisão sobre energia, investimentos e políticas. Cenários descritos como "padrão ouro" da análise de energia e referenciados nas decisões dos executivos, investidores e funcionários públicos repercutem através da AIE na questão do clima por décadas, buscando construir cenários sem prever ou projetar futuro.
Moral da Nota: decorrente utilizações do WEO fora de contexto, a AIE está caminhando em Cenário de Políticas Declaradas em vez de Cenário de Novas Políticas, esclarecendo que o cenário segue promessas de políticas atuais. O caminho central da WEO 2019 leva a pelo menos 2,7°C de aquecimento, enquanto o Cenário de Desenvolvimento Sustentável leva a 1,8°C, com emissões líquidas zero até 2070, duas décadas em relação a 2050 considerada tarde demais. A AIE diz que o Cenário de Desenvolvimento Sustentável 2019 oferece 50% de chance de permanência dentro de 1,5°C, no entanto, levanta questões de viabilidade. Emissões líquidas zero até 2050 requer expansão maciça de energia e eficiência renováveis, eletrificação automotiva, em aquecimento e na indústria pesada além do fim da extração e queima de carvão, petróleo e gás.