segunda-feira, 5 de maio de 2025

Imobilismo

Relatório do Boston Consulting Group, BCG, e da Universidade de Cambridge avalia que danos econômicos causados pelo clima, além de enchentes e incêndios, desarticulará cadeias de suprimentos com perda dos meios de subsistência, enquanto a produção econômica se reduzirá em até 34% caso a temperatura se eleve a até 3 º C neste século, no entanto, investimentos de 2% do PIB agora poderia eliminar maior parte das perdas. Analisando dados econômicos e científicos sobre o clima, o relatório conclui que a maior parte dos danos econômicos não virá de impactos diretos como enchentes e incêndios, mas da queda na produtividade decorrente redução da força de trabalho, interrupções nas cadeias de suprimentos e colapso de indústrias essenciais como pesca e turismo e, de 2000 a 2023, as perdas diretas dos EUA por desastres naturais atribuídos às mudanças climáticas totalizaram US$ 700 bilhões enquanto prejuízos à produtividade foram quase 6 vezes chegando a US$ 4 trilhões. O professor de economia e política na Cambridge Judge Business School e, coautor do relatório, Kamiar Mohaddes, nos informa que  "que a perda de produtividade e, não apenas a destruição de capital, é o principal fator dos danos econômicos”,  concluindo que, “mudanças climáticas reduzirão a renda dos países, afetando indústrias, do transporte à manufatura e varejo, não apenas agricultura e outros setores tradicionalmente associados à natureza”, no entanto, o relatório aponta que, ao investir 1% a 2% do PIB em iniciativas à reduzir emissões de gases efeito estufa e se adaptar a impactos futuros, o aquecimento poderia ser limitado a 2 º C reduzindo danos econômicos em até 90%, daí, perdas resultantes seriam de 2% a 4% do PIB. O relatório calcula que os investimentos na mitigação de emissões precisariam aumentar 9 vezes, enquanto investimentos no fortalecimento dos sistemas de adaptação teriam que crescer 13 vezes, retorno sobre esse investimento convincente, enquanto Annika Zawadzki, diretora-gerente e parceira do BCG, coautora do relatório, complementa que, "investimento em mitigação e adaptação pode trazer retorno de 10 vezes até 2100” e conclui que, “o argumento econômico a favor da ação climática é claro, pouco conhecido e compreendido”.

Neste ecossistema emergem tendências à reciclagem de plástico nos avisando que 2025 é ano crucial à reciclagem de plásticos, onde, progresso, promessas e políticas estão prestes a colidir e, à medida que empresas reavaliam compromissos de longa data, formuladores de políticas pressionam por regulamentações, enquanto desinformação obscurece a percepção pública, recicladores devem navegar em desafios e oportunidades e, se as escolhas certas serão feitas agora devem fortalecê-la e expandi-la. O 30º aniversário do Guia de Design para Reciclabilidade de Plásticos da Association of Plastic Recyclers, ressalta quão crítico o design é ao sucesso da reciclagem de plásticos se tornando padrão global reconhecido para projetar embalagens que podem ser efetivamente recicladas, fornecendo orientação e prática à designers e engenheiros de embalagens para garantir que produtos sejam compatíveis com sistemas de reciclagem e não se tornem contaminantes. A aparência, potencial de marketing e desempenho de prateleira tinha precedência sobre reciclabilidade no fim da vida útil, hoje, mais empresas entendem que projetar reciclabilidade é essencial para atingir metas de sustentabilidade com 30% das embalagens plásticas hoje seguindo o APR Design Guide e projetar para reciclabilidade é fundamental à alcançar economia circular e, se a embalagem não for projetada para ser reciclável não importa quão eficientes sejam os sistemas de processamento, classificação e coleta, não será reciclada. Desafio na indústria de reciclagem de plásticos é o excesso de oferta de plástico virgem em escala global com empresas petroquímicas expandindo capacidade de produção, saturando mercados com resina virgem de baixo custo, com o material importado que entra na América do Norte e Europa levando preços da resina virgem a níveis baixos sendo que o PCR custa mais para ser produzido que a resina virgem, em grande parte devido à infraestrutura, mão de obra e processos envolvidos na coleta, classificação e reprocessamento de materiais e, quando o plástico virgem é vendido a preços extremamente baixos, desincentiva empresas usarem materiais reciclados independente de compromissos de sustentabilidade. Que 2025 seja meta à compromissos de sustentabilidade corporativa em relação ao uso de conteúdo de PCR e quando empresas reduzem ou atrasam compromissos, a infraestrutura se torna subutilizada, colocando em risco investimentos futuros e paralisando desenvolvimento de sistemas circulares, daí, necessidade das marcas reconhecerem que demanda inconsistente enfraquece o sistema, enquanto contratos de longo prazo para conteúdo de PCR podem fornecer aos recicladores estabilidade de mercado que precisam para continuar expandindo capacidade e, sem esse compromisso, a indústria corre risco de estagnar quando precisa crescer. A desinformação sobre a reciclagem de plásticos se torna obstáculo, nos últimos anos, esforço concentrado para minar confiança pública na reciclagem impulsionado por grupos que defendem eliminação completa dos plásticos, esses ataques têm como alvo a reciclagem que reduz necessidade de produção de plástico virgem e atenua danos ambientais, sendo que o impacto dessa desinformação é evidente nos dados da opinião pública, quando há 5 anos 15% dos consumidores questionavam se seus recicláveis ​​eram realmente reciclados, hoje, esse número mais que dobrou inserido na dúvida crescente quando consumidores perdem a confiança na reciclagem e não param de comprar plástico, apenas param de colocá-lo na lixeira de reciclagem. Na história recente, a atividade de reciclagem à nível federal tem sido limitada enquanto estados preenchem o vazio para lidar com desafios da reciclagem de plásticos através de programas de responsabilidade estendida do produtor que transfere encargos financeiros aos produtores, ganhando força nos EUA, estrutura que fornece incentivo às empresas projetarem embalagens mais recicláveis ​​e investirem em sistemas de reciclagem.

Moral da Nota: o BCG conclui que retornos representam “oportunidade” e ao analisar a média dos ganhos acumulados de 11% a 27% na produção econômica garantida por investimentos climáticos, descobriram que um octogésimo das economias resultantes, ou, US$ 324 bilhões, poderia erradicar a pobreza extrema global, um sétimo das economias poderia cobrir necessidades globais de investimento em infraestrutura neste século, abrangendo setores como energia, telecomunicações, transporte e água, os gastos com saúde poderiam ser triplicados no mundo e um oitavo das economias poderia cobrir todos os gastos militares globais até 2100. Cinco passos, segundo o relatório, ajudaria educar o público e líderes políticos sobre os riscos e oportunidades da inação climática e investimentos na área, reformulando o debate sobre custos das mudanças climáticas, incluindo inserção do custo econômico da ação climática na agenda da ONU e de outras reuniões multilaterais, criando transparência sobre custo líquido da inação por meio de relatórios de risco climático por empresas e avaliações macroeconômicas de rotina realizadas por bancos centrais, fortalecimento das políticas climáticas nacionais para acelerar mitigação e adaptação, priorizando financiamento e políticas que ajudem comunidades lidar com riscos climáticos e reforçar cooperação internacional sobre mudanças climáticas incluindo submissão de planos climáticos nacionais antes da COP30. Por fim, o IFoA, Instituto e Faculdade de Atuários, profissionais de finanças especializados em calcular riscos e incertezas, alerta que “riscos das mudanças climáticas não mitigadas e ameaças impulsionadas pela natureza foram subestimados” e pode levar a perda de 50% do PIB global entre 2070 e 2090.