A ciência observou que estão aumentando concentrações de compostos de mercúrio nos solos, isto ocorre porque acelerou o metabolismo entre plantas e solo como resultado das alterações climáticas, ao passo que aumenta o interesse pela quantidade de mercúrio encontrada nas camadas superficiais do solo, inserido no questionamento de qual papel das plantas, cujas folhas e outras partes da biomassa absorvem átomos do metal precipitado, do ar e do acúmulo no solo, a resposta decorre de análise de mais de 19 mil medições individuais de concentrações de mercúrio em solos de diferentes regiões do mundo usando dados para criar modelo computacional que descreve como ocorre o ciclo do metal entre solo, atmosfera e hidrosfera em nível global. A quantidade total de metal na camada superior do solo encontrada foi de 4,7 milhões de toneladas, o dobro do estimado, com análises mostrando que o rápido acúmulo de mercúrio na camada superior do solo é característico de regiões temperadas, incluindo o leste asiático, norte da Europa e América do Norte, além de grandes quantidades de mercúrio encontradas no permafrost Ártico cuja circulação natural da atmosfera faz com que os poluentes se desloquem à latitudes mais elevadas, como resultado, o mercúrio acumula-se no Ártico onde é absorvido pelas plantas que depois morrem e passam fazer parte do solo. Armazenado no permafrost onde permanece congelado o ano todo, ao longo de milhares de anos, a concentração de mercúrio se acumula no solo sendo liberado quando descongela, cada vez mais comum devido mudanças climáticas, ao passo que o Ártico aquece 4 vezes mais rápido que a média do planeta considerando que o mercúrio armazenado em depósitos de permafrost por milhares de anos está sendo liberado no ambiente, daí, a “bomba de mercúrio” representa ameaça ao ambiente e à saúde dos 5 milhões de pessoas no Ártico.
O estudo publicado no periódico Environmental Research Letters nos avisa que o derretimento do permafrost também pode levar a outras consequências ecológicas que ameaçam humanos e o ecossistema, sendo que o descongelamento de mercúrio decorrente o permafrost, extensão gelada que, como o nome sugere, permanece congelada, em processo de derretimento liberando mercúrio com efeitos negativos à saúde e ao ambiente. Avalia que "pode haver uma bomba gigante de mercúrio no Ártico esperando explodir", conforme o coautor do estudo Josh Wes em declaração, pois o mercúrio está preso no Ártico há milhares de anos em que correntes de ar naturais captam o mercúrio atmosférico e o empurram em direção ao Ártico "onde é absorvido pelas plantas que depositam a toxina no solo" e, conclui que, "ao longo dos séculos, se acumulou no solo congelado, de modo que hoje, o permafrost ártico pode conter mais mercúrio que a atmosfera, oceanos e todos organismos combinados." Considera que o conteúdo de mercúrio do Ártico aumentou nos últimos 500 anos como resultado da industrialização, embora o permafrost cubra 25% do Ártico, com risco de desaparecimento até 2050 e, para determinar o risco de mercúrio, pesquisadores coletaram núcleos mais profundos do permafrost que os extraídos antes, com o The Independent nos informando que "os cientistas analisaram o mercúrio em sedimentos coletados de margens de rios e bancos de areia, que lhes permitiu explorar camadas mais profundas do solo", concluindo que, "este método oferece imagem mais precisa de quanto mercúrio é liberado e quanto mais pode escapar à medida que o permafrost continue derreter." Reportagem do The Independent avalia que "o mercúrio se acumula na cadeia alimentar ao longo do tempo e, a exposição contínua, mesmo em níveis baixos, pode ter consequências graves à saúde" considerando que "para comunidades que dependem da pesca e caça, pode significar aumento lento, mas constante, nos níveis de mercúrio na dieta", enquanto "em quantidades, há risco de envenenamento, que pode causar tosse, náusea, convulsões e danos cerebrais em casos extremos", considerando que o envenenamento por mercúrio não é necessariamente ameaça imediata, pois leva tempo para acumular na cadeia alimentar e o risco de beber água é mínimo. Conclui que, além disso, "parte do mercúrio liberado pelo permafrost é enterrado em sedimentos de rios, embora não esteja claro quanto está sendo bloqueado, já que, o metal pesado não é a única consequência do derretimento do permafrost pois a prisão gelada contém quantidades significativas de CO2 e patógenos que são liberados à medida que descongela".
Moral da Nota: estudo da UC Davis publicado no Journal of Exposure Science and Environmental Epidemiology, descobriu que, no cotidiano dos moradores do Vale Central da Califórnia, respiram regularmente "sopa tóxica" de pesticidas, incluindo um que foi proibido por lá e outro cujos efeitos não são claros. Conduzido em 2022 com a ajuda de moradores do Vale Central, descobriu que 7 em cada 31 adultos e 1 em cada 11 crianças foram expostos a quantidades detectáveis de pesticidas, incluindo clorpirifós, proibido no estado em 2020 após pesquisas mostrarem que tinha efeito neuro desenvolvimentista prejudicial em crianças. Recrutaram voluntários para usar mochilas com tubos de coleta de ar por pelo menos 8 horas/dia e observaram que moradores foram expostos a 5 outros pesticidas, incluindo 1,3-dicloropropeno, conhecido como 1,3-D, pesticida usado para erradicar vermes parasitas, proibido em mais de 20 países, o pentiopirad, fungicida usado para prevenir mofo e bolor que não foi estudado quanto ao efeito em mamíferos e, de impacto humano desconhecido. O monitoramento de pesticidas deveria ser expandido porque a exposição pessoal dos moradores incluía compostos que não eram medidos regularmente de rotina e concluiu que os pesticidas deveriam passar por testes de toxicidade adicionais conforme a professora da UC Davis e principal autora do estudo dizendo que, “realmente destaca necessidade de pesquisarmos o impacto na saúde dos diferentes pesticidas usados porque as pessoas estão sendo expostas a vários deles”, avaliou que ficou surpresa ao encontrar quantidades detectáveis de clorpirifós porque os fazendeiros deveriam ter parado de aplicar o pesticida, comumente usado em alfafa, amêndoas, frutas cítricas, algodão, uvas e nozes e, antes de ser proibido, mais de 900 mil libras de clorpirifós foram usadas em 2017, mais do que em qualquer outro estado norte americano, com o principal fabricante avisando em 2020 que encerraria a produção devido redução da demanda. A codiretora da Californians for Pesticide Reform e coautora do estudo, disse que não ficou surpresa com a “sopa tóxica” de pesticidas que e encontraram no estudo, “não há monitoramento suficiente de pesticidas no estado da Califórnia”.