quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Circulação atlântica

A circulação Atlântica é fundamental para avaliar interconexões oceânicas globais, conhecido como 'cinturão transportador global', porque extremos latitudinais do Atlântico e fronteira com regiões polares, regiões de formação de águas frias que desencadeiam a correia transportadora global e, devido sua alta densidade, a cada inverno as águas dessas regiões polares afundam e iniciam a esteira rolante, redistribuindo calor em escala planetária, influenciando o clima principalmente na Europa. Quantificar esta circulação em escala planetária necessita entender intensidade dos processos que causam intermitência espacial e temporal das correntes, ou seja, processos difusivos, sendo que estudo conduzido pelo Institut de Ciències del Mar, ICM-CSIC, Barcelona, investigando processos de difusão horizontal no Atlântico Sul, desenvolveu metodologia para calcular essa difusão em nível regional e global. Publicado no Journal of Atmospheric and Oceanic Technology, investigadores analisam deslocamentos entre 2002 e 2020, de mais de 600 bóias à deriva, ou, bóias arrastadas que deslocam com correntes oceânicas e permitem conhecer direção e velocidade. O estudo mostra que a difusão horizontal máxima ocorre próximo à superfície do oceano, nos primeiros 200 m de profundidade, enquanto valores mínimos são observados entre 1400 e 2000 mts de profundidade e a difusão aumenta nas frentes antárticas mais setentrionais pela presença da Corrente das Malvinas, fluindo ao norte na costa atlântica da Patagônia, atingindo o rio La Plata. A nova metodologia permite saber qual coeficiente de difusão horizontal é mais adequado à estudar cada região oceânica e, até agora, incertezas neste parâmetro limitaram a capacidade preditiva dos modelos numéricos oceanográficos.

Envolvendo a ciência climática disruptiva, florestas vitais são derrubadas com efeitos climáticos com os economistas Ben Olken do MIT e Claire Balboni  autores do artigo de revisão que examina a “revolução” no estudo do desmatamento provocado por satélites e  tipos de políticas que limitam desmatamento. O desmatamento é um dos contribuintes às alterações climáticas produzindo entre 6 e 17 % das emissões globais de gases efeito estufa conforme estudo de 2009, entretanto, como árvores absorvem CO2 removendo-o da atmosfera, mantém a Terra mais fria e protegem biodiversidade. Muitas vezes financeiramente lucrativo, continua a ritmo forte,  com os investigadores medindo esta tendência e, no último quarto de século, a tecnologia em satélites levou a mudança de paradigma no mapeamento do desmatamento em que novos conjuntos de dados baseados nos satélites Landsat, por exemplo, rastreiam alterações florestais desde 2000 com resolução de 30 metros, enquanto outros produtos oferecem imagens com resolução aproximada. Balboni e Olken escreveram artigo que fornece roteiro para pensar sobre esta crise, de acesso aberto, “A Economia do Desmatamento Tropical”, apareceu na Annual Review of Economics, co-autores Balboni, ex-membro do corpo docente do MIT, Aaron Berman, doutorando no Departamento de Economia do MIT, Robin Burgess, professor da LSE, e Olken, Jane Berkowitz Carlton do MIT e Dennis William Carlton Professor de Microeconomia.  Os economistas recomendam nestes casos impostos “Pigouvianos”, nomeados em homenagem ao economista britânico Arthur Pigou, cobrados contra pessoas que impõem externalidades a outras e, no entanto, pode ser difícil identificar quem está desmatando e, em vez de tributar pessoas pelo desmatamento das florestas, os governos podem pagar para manterem florestas intactas.  A ONU utiliza o PSA, Pagamentos por Serviços Ambientais, como parte do REDD+, Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, contudo, é difícil identificar proprietários de terras ideais para subsidiar e estes pagamentos podem não corresponder ao rápido retorno do desmatamento. Estudo de 2017 em Uganda mostrou que o PSA reduziu pouco o desmatamento e estudo de 2022 na Indonésia não encontrou redução, com outro estudo de 2022 no Brasil, mostrando que resultou alguma proteção florestal. Na Indonésia, estudo de 2020 concluiu que esses subsídios reduziram desmatamento perto das aldeias em 30%, no México, programa semelhante significou que mais pessoas poderiam comprar leite e carne criando novamente procura por mais agricultura e conduzindo a mais desmatamentos florestais, neste ponto, pode parecer que leis que proibissem o desmatamento  em áreas-chave funcionariam melhor, na verdade, 16 % das terras do mundo em geral estão protegidas de algum modo, no entanto, a dinâmica da proteção é complicada mesmo com áreas protegidas em vigor, há “vazamento” de desmatamento à outras regiões. Existem ainda “acordos não estatais”, como a Moratória da Soja na Amazônia brasileira em que comerciantes de cereais se comprometem não comprar soja de terras desmatadas e reduziram o desmatamento sem “vazamento” e, por fim, mudança de política em 2008 na Amazônia brasileira tornou mais difícil obtenção de crédito agrícola ao exigir que os beneficiários cumprissem regras ambientais e de registro de terras resultando em queda do desmatamento de até 60% em quase uma década.

Moral da Nota: revisão de quase mil estudos sobre efeitos das alterações climáticas e fenômenos meteorológicos extremos nos rios do mundo revelou efeito global negativo na qualidade da água a nível mundial. Cientistas da Universidade de Adelaide liderada pela Universidade de Utrecht, na Holanda, revisaram 965 estudos, provenientes de todos os continentes, realizados entre 2000-2022, ficando demonstrado que alterações climáticas aumentaram a temperatura da água e os níveis de algas em 56 % dos estudos, parcialmente responsável por diminuição geral nas concentrações de oxigênio dissolvido na água dos rios, sendo que a revisão conclui que secas e ondas de calor levaram ao aumento da salinidade e maiores concentrações de poluentes como produtos farmacêuticos. O rio Murray, por exemplo, atingiu níveis baixos sem precedentes de Oxigênio e sofreu de má qualidade da água, incluindo salinização e acidificação extremas, com impactos ecológicos como morte de peixes no Baixo Darling River em 2019, exemplo das consequências da má qualidade da água. Embora publicada na Nature Reviews Earth and Environment, delineia quadro terrível da influência deletéria de alterações climáticas no mundo, havendo esperança que a visão destes impactos ao longo de décadas fornecida no trabalho, levará ao desenvolvimento de novos sistemas de gestão da água.