quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Aliança Saudita

Os bancos centrais da Arábia Saudita e Hong Kong formam aliança à pagamentos e tokenização através de MOU, buscando promover iniciativas de inovação financeira combinando sinergias dos  respetivos mercados. O SAMA, Banco Central Saudita, e a HKMA, Autoridade Monetária de Hong Kong, em reunião  para discutir o desenvolvimento da infraestrutura financeira, operações de mercado aberto, conectividade de mercado e desenvolvimento, focam promover iniciativas de inovação financeira com o anúncio oficial conjunto estabelecendo que será aproveitada oportunidade para compartilhar experiências em áreas como tokenização, infraestrutura de pagamentos e tecnologias de supervisão. Os sauditas querem melhorar laços comerciais com Hong Kong, usando a região como ponte à China continental, seu maior parceiro comercial, enquanto Hong Kong fornece experiência em serviços financeiros à maior economia do Oriente Médio já participando em diversas iniciativas de tokenização com outros países, com a BOCI, subsidiária do banco de investimento do Banco da China, emitindo título tokenizado de US$ 28 milhões na rede Ethereum em Hong Kong, projeto que usou protocolo de tokenização GS DAP da Goldman Sachs e tokens representando reivindicações sobre dólar de Hong Kong.

Por sua vez, os Sauditas buscam blockchain de jogos e Web3 para diversificar economia, impulsionados pela sua Visão 2030, tentativa de diversificar afastando-a da dependência do petróleo, abraçando tecnologias emergentes como blockchain e IA aproveitando os mercados em expansão, como o de jogos. Embora o país não tenha deixado marca no desenvolvimento global de jogos e IA, seus investimentos no setor podem ir além, dito, pelos  especialistas da Web3 dadas as parcerias do reino com entidades como The Sandbox e Animoca, em esforço Saudita para se aventurar na nova iteração da internet, graças ao interesse da população jovem e conhecedora de tecnologia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos impulsionam o crescimento do mercado de jogos no Oriente Médio.  Relatório do Boston Consulting Group avalia que o reino Saudita representa 45% do setor na região, com valor de mais de US$ 1,8 bilhão possuindo uma das maiores receitas de jogos da região, conforme o estúdio de conteúdo de jogos Allcorrect, sendo que em 2017 criou a Federação Saudita de Esportes para regular e desenvolver a indústria de jogos do país. A Bloomberg informou que a Arábia Saudita através do Fundo de Investimento Público investiu US$ 38 bilhões no setor, na tentativa de se tornar centro global de jogos, embora o governo compreenda o “conceito de alto nível” da Web3 seu potencial e como se alinhar com esportes eletrônicos onde as equipes podem possuir participações nos jogos que jogam,  não está claro a que se devem as integrações aos jogos, embora não se saiba como seriam os aplicativos de jogos Web3 da Arábia Saudita, o reino olha para outros mercados e aprendendo. O cofundador da Animoca afirmou que a maioria dos usuários da Web2 não são investidores de capital, porque, em sua maioria, são trabalhadores, comparados a pessoas da Web3 que entendem de investimentos.

Moral da Nota: a outra realidade saudita mostra o desafio de dessalinização de água mais verde em que painéis solares absorvem luz para alimentar usina de dessalinização no leste da Arábia Saudita, passo em frente na tentativa de conciliar necessidades de água com obrigações ambientais. Sem lagos, rios ou chuvas regulares, o país depende de instalações que tornam potável a água do Golfo e Mar Vermelho, com a central de Jazlah, na cidade de Jubail,  utilizar energia solar à dessalinização, num país que descobriu esta prática há mais de um século com máquinas introduzidas pelas administrações otomanas aos peregrinos a Meca. Hoje, projetos como a central de Jazlah permitem satisfazer necessidades de dessalinização, indústria de utilização intensiva de energia, ao mesmo tempo que cumpre promessas de reduzir emissões de CO2 à alcançar neutralidade carbônica até 2060 e, com energia limpa permitirá a Jazlah poupar 60 mil toneladas de CO2, segundo autoridades sauditas, país, cuja população atingirá 100 milhões de habitantes em 2040,  comparada aos 32,2 milhões atuais. A busca por água potável na Arábia Saudita começou nas primeiras décadas da fundação do reino, em 1932, com estudos geológicos mapeaando enormes reservas de petróleo, com a primeira infraestrutura de dessalinização surgindo na década de 1970. A empresa nacional Saline Water Conversion Corporation, SWCC, atualmente com capacidade de produção de 11,5 milhões de metros cúbicos / dia, através de 30 usinas, cujo desenvolvimento a custo em 2010, em que as instalações de dessalinização consumiam 1,5 milhão de barris de petróleo / dia, ou, 15% da produção atual. Maior economia árabe e mais importante exportador de petróleo do mundo, os sauditas estão em condições de construir infra-estruturas necessárias para produzir água que necessitam com a  empresa SWCC afirmando querer cortar 37 milhões de toneladas métricas de emissões de carbono até 2025, objetivo que será alcançado graças ao abandono das centrais térmicas em favor de centrais como Jazlah, que utilizam osmose inversa, filtração por membranas movidas a electricidade. Já, a central, Ras Al Khair, a norte de Jubail, produz 1,1 milhões de metros cúbicos de água / dia, 740 mil graças à tecnologia térmica, o restante por osmose inversa, e tem problemas para manter suas reservas cheias devido à forte demanda em que grande parte da água se destina a capital, Riad, que necessita de 1,6 milhões de metros cúbicos / dia, valor que deve subir à 6 milhões até fins da década.