segunda-feira, 15 de maio de 2023

Nova revisão

Revisão de pesquisa sobre os plásticos, 'do berço ao túmulo', remete a crise tóxica dizendo que a ONU deve agir para limitar produção e,  segundo a Comissão de Saúde Humana Minderoo-Monaco, substâncias químicas encontradas em plásticos causam câncer, alteram hormônios, prejudicam sistemas reprodutivos humanos e levam à obesidade e diabetes. Equipe de 50 cientistas em relatório avisa que o plástico causa doenças e mortes no seu ciclo de vida, da produção ao uso e descarte, decorrente origem na extração de petróleo e gás e, trabalhar em fábricas de plástico ou morar próximo, comer alimentos aquecidos em embalagens plásticas ou respirar o ar perto de incineradores onde resíduos plásticos são queimados como lixo pode levar a estados mórbidos. O relatório foi produzido pela Minderoo-Monoco Commission on Human Health, reunidos pela Minderoo Foundation, sediada na Austrália e publicado pela Annals of Global Health revista científica revisada por pares. A comissão concluiu que os padrões globais de produção, uso e descarte de plástico são responsáveis por danos à saúde humana, ao ambiente e à economia, causam injustiças sociais às crianças. Recomendou estabelecimento de padrões de proteção à saúde a produtos químicos plásticos sob um tratado de plásticos da ONU sendo negociado e limite à produção de plástico que deve triplicar até 2060. O relatório, a mais recente documentação da natureza onipresente do plástico no mundo e consequências ambientais, explica que resíduos plásticos e partículas micro-plásticas foram encontrados nos picos de montanhas, fossas oceânicas, estômago de baleias e outros mamíferos marinhos e, em nós humanos, levando a preocupações sobre o que esse plástico pode causar no planeta, à vida selvagem e as pessoas.

Neste clima, estudo da Universidade Médica de Viena, mostra como partículas de plástico rompem a barreira hematoencefálica, que separa o sangue do tecido cerebral, esclarecendo o mecanismo que fornece base à  pesquisas protegerem seres humanos e meio ambiente. Publicado na revista Nanomaterials, o estudo utilizou modelo animal com administração oral de MNPs, nanoplásticos, neste caso poliestireno,  um plástico utilizado e encontrado em embalagens de alimentos, determinando que minúsculas partículas de poliestireno poderiam ser detectadas no cérebro apenas 2 horas após a ingestão. O mecanismo que permite romper a barreira hematoencefálicam antes desconhecido da ciência médica, "com modelos de computador, descobriu-se que certa estrutura de superfície encefálica, coroa biomolecular, era crucial em permitir que partículas de plástico passassem ao cérebro". A barreira hematoencefálica é importante no impedimento de patógenos ou toxinas chegarem ao cérebro, como o intestino tem uma parede protetora semelhante, barreira intestinal, que também pode ser rompida por MNPs, segundo estudos demonstrados, as MNPs no trato gastrointestinal foram associadas a reações inflamatórias, imunes locais e desenvolvimento de câncer. A pesquisa mostra que “no cérebro, as partículas de plástico aumentam risco de inflamação, distúrbios neurológicos ou doenças como Alzheimer ou Parkinson”, no entanto, mais pesquisas são necessárias. Nanoplásticos são definidos como de tamanho inferior a 0,00 1 mm,  enquanto microplásticos, de 0,001 a 5 mm, são visíveis a olho nu e penetram na cadeia alimentar através de várias fontes, incluindo resíduos de embalagens e, de acordo com um estudo, água em garrafas plásticas provocam ingestão de 90 mil partículas de plástico/ano.

Moral da Nota: o  G7, EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá, comprometeram-se reduzir a zero sua poluição plástica até 2040, através da economia circular e redução ou abandono dos plásticos não recicláveis e descartáveis, conforme comunicado divulgado. Em Nairóbi, Quênia, 175 países concordaram acabar com a poluição global por plásticos desenvolvendo tratado juridicamente vinculativo no âmbito da ONU até fins de 2024, sendo a próxima sessão de negociação em Paris em maio de 2023. Estão sendo consideradas medidas que incluem proibição global de itens de plástico descartáveis, introdução de sistema "poluidor-pagador" e imposto sobre nova produção de plástico, considerando que a produção global de plástico dobrou entre 2000 e 2019, de 234 para 460 milhões de toneladas, Mt,  de acordo com relatório de 2022 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, no entanto, a produção de resíduos plásticos mais que dobrou chegando a 353 Mt em 2019. A OCDE avisa que somente em 2019, 22 milhões de toneladas de plástico foram despejadas no ambiente, incluindo 6 Mt em rios, lagos e oceanos e, segundo a ONU, os  plásticos representam "pelo menos 85% do lixo marinho total". Relatório da Plastics Europe avisa que mais da metade de todos os plásticos em 2020 vieram da Ásia com a a produção chinesa representando um terço do total mundial, 32% e, na década 2010-2020, disparou 82%, de 64 Mt para 117 Mt por ano, enquanto o crescimento global foi de 30%. Estimativas do relatório do WWF de 2021, explicam que a produção global de plástico dobrará até 2040 e "acelerará a crise climática", se as tendências continuarem segundo o relatório do Economist Impact de 2022, o uso de plásticos dobrará até 2050 comparado aos níveis de 2019 nos países do G20, atingindo 451 milhões de toneladas/ano. Globalmente,  segundo a OCDE,  9% dos resíduos plásticos, ou,  33 milhões de toneladas foram reciclados em 2019 e ONGs como a Zero Waste defendem a redução do uso de plásticos via produção global e o desenvolvimento de alternativas “para prolongar a vida útil dos produtos”,  sendo que a produção de bioplásticos é vista como forma de reduzir o uso de petróleo, mas representa pequena parte da indústria, produzidos a partir de açúcar, amido, milho ou trigo, ou, menos de 1% da produção mundial.