sábado, 9 de abril de 2022

IA e conservação

A inteligência artificial, identificada como tecnologia emergente em conservação,  auxilia proteger espécies no mundo, como  solução  inovadora para enfrentar a crise da biodiversidade e mitigar mudanças climáticas. Relatório da Wildlabs observa que  "IA pode aprender identificar quais fotos entre milhares contêm espécies raras, ou, identificar chamada de animal fora das horas de gravações de campo, reduzindo o trabalho manual necessário para coletar dados vitais de conservação.” Auxilia proteger espécies como baleias jubarte, coalas e leopardos-das-neves, apoiando cientistas, pesquisadores e guardas florestais em tarefas vitais, de patrulhas contra a caça furtiva ao monitoramento de espécies e, com ML, aprendizado de máquina, utilizando algoritmos e modelos de aprendizagem,  capaz de fazer  trabalho de centenas de pessoas obtendo resultados mais rápidos, baratos e eficazes.

O parque nacional de Kafue, na Zâmbia, abriga mais de 6.600 elefantes africanos da savana cobrindo 22.400 km² e parar caça ilegal torna-se grande desafio logístico e, no Lago Itezhi-Tezhi, na fronteira do parque,  caçadores furtivos se disfarçam de pescadores para entrar e sair sem serem detectados com alertas automatizados significando que apenas alguns guardas florestais são necessários para vigiar 24 horas por dia.  A Connected Conservation Initiative do Departamento de Parques Nacionais e Vida Selvagem da Zâmbia, usa IA aprimorando esforços de combate à caça furtiva, criando cerca virtual de 19 km de comprimento no Lago Itezhi-Tezhi. Na bacia do Congo,  segunda maior floresta tropical do mundo,  salvar espécies é tarefa gigantesca e,  em 2020, a empresa de ciência de dados Appsilon associada  à Universidade de Stirling, na Escócia e a agência de parques nacionais do Gabão, ANPN,  desenvolveram algoritmo de classificação de imagens Mbaza AI visando monitorar biodiversidade em larga escala nos parques nacionais de Lopé e Waka, no Gabão. Através de câmeras automatizadas capturam espécies, incluindo elefantes da floresta africana, gorilas, chimpanzés e pangolins, que tiveram que ser identificados manualmente.  Milhões de fotos são classificadas em país que perde cerca de 150 elefantes por mês para caçadores furtivos, o algoritmo Mbaza AI foi usado  para analisar mais de 50 mil imagens coletadas de 200 armadilhas fotográficas espalhadas por 7 mil km²  de floresta.  O Mbaza AI classifica até 3 mil imagens por hora com 96% de precisão, permitindo  monitoramento  e rastreamento de animais detectando rapidamente anomalias ou sinais de alerta, permitindo ação rápida quando necessário.  O algoritmo funciona offline em laptop comum, útil em locais com conectividade com a Internet deficiente.

Moral da Nota: o Brasil perdeu mais de 15% das águas superficiais nos últimos 30 anos,  crise que só veio à tona com a ajuda da IA.  Rios, lagos e pântanos enfrentam pressão de população crescente, desenvolvimento econômico, desmatamento e efeitos agravantes da crise climática, no entanto,  era desconhecida a escala do problema até agosto de 2021, quando, usando ML, o projeto de água MapBiomas divulgou resultados após processar mais de 150 mil imagens geradas pelos satélites Landsat 5, 7 e 8 da Nasa de 1985 a 2020 nos 8,5m² km de território brasileiro.  Sem IA,  pesquisadores não teriam analisado mudanças de água no país em escala e nível de detalhes necessários, distinguindo entre corpos d'água naturais e criados pelo homem. O Rio Negro,  afluente do Amazonas e um dos 10 maiores rios do mundo em volume, perdeu 22% de suas águas superficiais e a porção brasileira do Pantanal, maior área úmida tropical do mundo, perdeu 74% de sua água superficial, perdas devastadoras à vida selvagem ou 4 mil espécies de plantas e animais vivendo no Pantanal, incluindo onças, antas e sucuris e etc. O  líder do projeto de água MapBiomas do WWF-Brasil, informa que  “tecnologia de IA forneceu imagem chocante e clara” e  “sem tecnologia IA e ML, não saberíamos o quão séria é a situação, muito menos teríamos dados para convencer pessoas. Agora podemos tomar medidas e enfrentar desafios que tal perda de água de superfície representa à biodiversidade e comunidades do Brasil.”