domingo, 16 de fevereiro de 2020

Poluição e dano cerebral

Investigadores da University College London em publicação na revista científica “Environmental Health Perspectives” associam poluição a dano  mental, sugerindo que pessoas expostas a níveis elevados de poluição têm maior probabilidade de depressão e suicídio. A pesquisa citada no “The Guardian” com o título “Depression and suicide linked to air pollution in new global study” relata que a coordenadora do projeto explicou que “partículas mais finas de ar poluído chegam ao cérebro através da circulação ou por aspiração nasal, podendo causar aumento da inflamação no tecido do cérebro, danos nas células nervosas e alterações na produção do hormônio associado ao stress, prejudicando a saúde mental”. A pesquisa utilizou critérios de qualidade para selecionar e reunir dados de 16 países publicados até 2017, revelando ligação estatística entre ar tóxico, depressão e suicídio. Os dados apontam que pequenos aumentos de risco podem resultar em danos, pois mais de 90% da população global vive com a poluição do ar acima dos níveis recomendados pela OMS. Os resultados mostram correlações, mas a pesquisa que provaria ‘Nexo de Causalidade’ depara na  dificuldade de que experimentos éticos não podem expor deliberadamente pessoas a danos. Os estudos analisados consideraram fatores que podem afetar a saúde mental, incluindo localização, renda, educação, tabagismo, emprego e obesidade, não se conseguindo separar o impacto potencial do ruído que ocorre com a poluição conhecido pelos efeitos psicológicos.
A poluição do ar é medida, entre outras variáveis, pelos níveis de partículas finas inaláveis chamadas de PM 2,5. Valores fixados pela UE indicam que a concentração média anual não deve exceder 25 μg/m3 sendo que a OMS recomenda que esse valor seja até 10 μg/m3. As cidades do Reino Unido em 2017 tinham um nível médio de PM 2,5 de 13µg/m3. Nova Deli é a cidade com maiores níveis de partículas poluentes atingindo 114 µg/m3, em contraste com Ottawa no Canadá com 6µg/m3. Em escala composta por 73 países, Bangladesh aparece em primeiro e a Islândia em último com a menor concentração.
Moral da Nota: a investigação britânica aponta que “pessoas expostas a aumento de 10 μg/m3 no nível de partículas poluentes por um ano ou mais, têm 10% mais risco de ter depressão”. Segundo a coordenadora da pesquisa, se  cumpridos os limites definidos pela UE para concentração de poluentes no ar, “permitiria prevenir 15% dos casos, assumindo que há de fato relação causal, algo com grande impacto, pois depressão é doença comum e há cada vez mais casos”. A OMS informa que mais de 246 milhões de pessoas no mundo têm depressão e pesquisadores afirmam que caminhar, andar de bicicleta e mais espaços verdes não apenas reduzem a poluição do ar, mas melhoram a saúde mental.