terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Finlândia dissonante

A crise de 2008 e possibilidade de retorno, deixou como sequela visível em países da União Europeia a falta de moradia. A situação de miséria abrange inclusive questões não econômicas, no entanto, as soluções estão no compromisso com políticas públicas, dito por quem entende a questão. Paradoxalmente, estatísticas oficiais não são homogêneas, tornando comparação entre países longe da realidade. 
A FEANTSA, Federação Européia de Associações Nacionais de Trabalho, fala em crescimento da pobreza em todos os membros da União Europeia. Na França aumentou 50% entre 2001 e 2012 ou 141.500 pessoas sem-teto, na Alemanha 35% entre 2012 e 2014 ou 335 mil pessoas, Luxemburgo 61% entre 2012 e 2016 ou 2.144 pessoas, na Áustria 28% entre 2008 e 2014 ou 14.600 sem-teto, na Bélgica cresceu 34% entre 2010 e 2014 ou 2.603, na Dinamarca 23% entre 2009 e 2015 ou 6.138 e nos Países Baixos 24% entre 2013 e 2016 ou 31 mil pessoas sendo 12.400 entre 18 e 30 anos. O detalhe está em metodologias diferentes não comparáveis entre si e muito menos relativas aos padrões de terceiro mundo. 
Moral da Nota: a Finlândia desafina nessa tendência, não apenas impediu o aumento da indigência como reduziu-a, mesmo com 6.700 pessoas sem-teto em 2016 diminuiu 10% em comparação a 2013. A resposta está na intervenção de órgãos públicos nas fases inciais do processo, mudando a realidade e impedindo a cronificação da questão, pois indigência prolongada é trilha fértil a manifestação de distúrbios psicológicos, depressão, esquizofrenia, alcoolismo, consumo de drogas, doenças ou atividades ilegais dificultando o redirecionamento da vida. O governo finlandês ofereceu 16 300 apartamentos aos sem-teto, com assistentes sociais dando apoio adicional e educação, coisa que é exemplo. Em paralelo busca quebrar o "círculo vicioso da pobreza" ou situações contribuintes ao seu retorno, consequente renda insuficente obtida não evitar o estado de insegurança material. A falta de educação resulta baixa produtividade, baixos salários, consumo insuficiente e taxas de poupança inadequadas ao investimento em capital humano. O crescimento econômico isoladamente é insuficiente no combate a indigência no tecido social; se o problema fosse simples não haveria miséria.