domingo, 29 de setembro de 2019

Tempestade Perfeita

A conferência anual do Fundo Crawford da Austrália em Camberra, sobre o tema  "tempestade perfeita" antecipada por Beddington em 2009, avaliou o impacto nocivo na produção de alimentos das secas prolongadas e inundações em vários estados na Ásia Central. John Beddington conselheiro científico do governo inglês, desenvolveu a ideia que em 2030 uma “tempestade perfeita” de escassez combinada de alimentos, água, energia e mudanças climáticas, desencadearia tumultos populares, conflitos inter fronteiras e migração em massa nas regiões afetadas. Em 2014 a ONU alertou que a Índia enfrentaria a pior parte da crise da água, pela situação geográfica na península do sul da Ásia. A região compartilha bacias hidrográficas que gerariam choques entre Índia e Paquistão, China e Bangladesh sobre trocas de água pelas bacias dos rios Brahmaputra, Ganges e Indu, cruciais aos quatro países. Atualmente trocas de águas fluviais entre  estados indianos já causam disputas legais e políticas.
A questão se agrava por governança fragilizada e insuficiente na distribuição e geração da riqueza, além de incapacidade na resposta à alterações climáticas. Daí, ciência ao lado de novas formas de decisão além de participação cidadã devem caminhar juntas. A coisa se complica pelo acirramento da competição pela terra e recursos hídricos, impulsionada por demandas agrícolas, energéticas e indústriais. A realidade indica que produtores agrícolas de sobrevivência dependem de irrigação urgindo inovações na gestão de água, agricultura e energia, focados nos 10 bilhões de habitantes na terra em 2050 e limitada por ligação insustentável entre agricultura, água e energia. O World Resources Institute (WRI) ao publicar o novo Atlas de Risco da Água, indica que as políticas da Índia não visam responder desafios que enfrenta na questão. Classifica o país em 13º lugar entre 17 países com estresse hídrico “extremamente alto”, quase no Dia Zero. O sul da Ásia, apresenta pobreza e desnutrição em espiral de crescimento ao lado de rápido desenvolvimento econômico, ponto crítico no mundo, com demandas por alimentos, água e energia impactados pelas mudanças climáticas.
Moral da Nota: talvez a Índia seja uma amostragem de todos os emergentes variando a intensidade de demandas e soluções em cada caso. Uso excessivo de água e energia em atividades agrícolas, inclusive produção de biodíesel, má administração de terra, água, energia e ecossistemas devido a políticas inconsistentes, agravados pela emergência do clima levarão a insegurança alimentar e hídrica. Reduzir estresse hídrico na agricultura e outras frentes, garantindo alimentos derivados de culturas que consomem pouca água, otimizando a retirada de água subterrânea tem espaço de crescimento. A auto-suficiencia em energia limpa estancará crises decorrentes a aumentos no preço dos combustíveis fósseis. Daí que a eficiência energética é o primeiro passo na garantia de eletrificação baseada em energia solar tornar-se lucrativa.