O mapeamento de florestas secundárias do Brasil identifica extensão, idade e localização da vegetação em regeneração em qualquer região do país, dando oportunidade à programas de incentivo, prevenção de incêndios florestais e monitoramento. Dentre as descobertas, 12% do total de emissões de carbono do desmatamento da Amazônia foram compensados por florestas secundárias, tornando a regeneração natural ferramenta subestimada para mitigar emissões de CO2 e o colapso do ecossistema regional. De acordo com o mapa publicado na revista Scientific Data, um terço das florestas perdidas no Brasil se recuperam naturalmente, área do tamanho do Reino Unido, 262.791 kms², daí, segundo autores do estudo, a necessidade de interrupção do desmatamento da floresta primária.
Não se pode no Brasil quantificar a extensão exata da regeneração da floresta, de quantos anos essas florestas eram ou onde estavam localizadas. Agora, os mapas podem ser usados para apoiar a recuperação, rastrear padrões de desmatamento e prevenir incêndios florestais. Na Amazônia, florestas secundárias nascem de pastagens que perderam produtividade comercial, sendo que a fertilização do solo não é praticada e a gestão da terra inadequada. A medida que o solo da floresta perde nutrientes, agricultores mudam-se para novas áreas abandonando pastagens que voltam a crescer naturalmente, enquanto comunidades tradicionais fazem rotação das terras em pequena escala, retendo fertilidade, detectado por satélites depois de alguns anos como área de floresta secundária. Tais práticas agrícolas centenárias coexistiram com o ecossistema da floresta tropical, ao contrário de vastas áreas de pastagens responsáveis em grande parte do desmatamento na Amazônia. Relatório da Climate Policy Initiative, de 2019, identificou que 40% das terras desmatadas em áreas protegidas da Amazônia brasileira estavam em processo de regeneração até 2014, totalizando 2 milhões de hectares. Em ano seco, autoridades podem usar informações evitando incêndios florestais com corte raso antes que aconteça, no entanto, a vegetação pode crescer em lotes desmatados por grilagem quando forçados a abandonar a terra após mau planejamento, assentamentos ilegais e escassez de dinheiro, significando incapacidade de estabelecer pastagens ou terras cultiváveis após o desmatamento.
Moral da Nota: estudo de 2018 mostra que em apenas um ano, áreas desertas iniciam lento processo de crescimento contínuo e após 15 anos essa nova vegetação se assemelha a floresta, levando 40 anos em média na Amazônia para florestas secundárias recuperar 85% da biodiversidade original. No entanto, pesquisadores alertam que não há garantia de longo prazo à restauração florestal, pois florestas secundárias são destinadas ao desmatamento pela facilidade de limpeza, muitas vezes, se localizando em áreas com menos proteção legal. Sobrepondo mapas de floresta secundária com comunidades tradicionais, pequenas e grandes pastagens e terras agrícolas privadas, pesquisadores e formuladores de políticas no Brasil obterão imagem clara das diferentes dinâmicas agrícolas e, em última análise, direcionando políticas eficazes.