sábado, 16 de novembro de 2024

Sandbox First

O WEF, Fórum Econômico Mundial, recomenda uso de quadros regulamentares para incentivar inovação DeFi e mitigar riscos, endossando abordagem “Sandbox-first” instando  decisores políticos e reguladores realizarem inovações e experiências, DeFi, finanças descentralizadas,  em quadros regulamentares, concentrando-se na transparência e mitigação de riscos sob medida. Na avaliação de economias como Japão, Hong Kong, China, Suíça, EAU, EUA, Reino Unido, UE, Gibralta, identificou necessidade de abordagem adaptada para regular o ecossistema DeFi, com o relatório recomendando utilização de “quadros regulamentares” para manter  investimentos DeFi nos quadros e permitindo experimentação controlada, ao mesmo tempo que gere riscos associados e garante transparência. Os países que adotaram “abordagem ágil do tipo quadro regulamentar”, segundo o WEF, para lidar com  riscos inerentes, dão sinais de progresso na inovação DeFi com “sucesso das estruturas regulatórias destacando potencial à inovação colaborativa  DeFi”, observando que, 9% das jurisdições estudadas aplicam regulamentação financeira existente aos ativos digitais, com o Reino Unido, Hong Kong e Singapura como únicas jurisdições que estabeleceram ou desenvolvem quadro regulamentar personalizado. O relatório acrescenta que “33% das jurisdições carecem de quadro regulamentar e não estão atualmente trabalhando em quadro” sublinhando importância da colaboração entre reguladores e plataformas DeFi para garantir comunicação consistente sobre riscos envolvidos, sugerindo que modelos de licenciamento que levam em conta a natureza descentralizada DeFi facilitaram o progresso. Ressalta incompatibilidades entre regulamentações financeiras tradicionais e economias descentralizadas, cujos “decisores políticos e reguladores devem explorar possibilidade de alcançar objetivos de proteção dos consumidores, manter integridade do mercado e promover inovação, calibrando requisitos e definições de parâmetros às redes descentralizadas”, com a EBS, European Blockchain Sandbox Initiative, recrutando 41 autoridades e reguladores de 22 países à participarem na 2ª coorte da iniciativa de quadros regulamentares blockchain visando fornecer estrutura à projetos blockchain, reguladores e autoridades dialogarem e identificarem obstáculos legais e regulatórios à inovação blockchain.

Neste ecossistema, entre nós, o Drex tornará investimento no Tesouro Direto tão simples quanto comprar Bitcoin, é o que nos avisa o coordenador da CBDC, que dará acesso a população brasileira a produtos de investimento de renda fixa com rendimentos superiores à poupança, tornando investimento no Tesouro Direto tão simples quanto comprar Bitcoin. Permitirá que investidores brasileiros tenham acesso facilitado e praticamente instantâneo a produtos de investimento de renda fixa com rendimentos superiores à poupança, como títulos públicos, Tesouro Direto, CDBs, LCIs, LCAs, debêntures e fundos DI, segundo o coordenador do projeto da CBDC, moeda brasileira digital de banco central, além do que a RWA, tokenização de ativos do mundo real, no sistema financeiro nacional tornará compra e venda desses produtos rápida e prática quanto transferências por Pix, graças à automação do processo de compra, venda e liquidação através de contratos inteligentes. Tokens RWA poderiam ser negociados em mercados secundários e utilizados como garantia à tomada de empréstimos, assim como é comum no ambiente DeFi, finanças descentralizadas, esclarecido no painel "Fraud Day",  evento promovido pela Equifax, textualmente diz que, "investidores anunciam venda de um título com determinado vencimento, promovem leilão e quem quiser comprar dá um lance e, se houver acordo, a negociação ocorre diretamente entre partes", considerando que a maioria dos brasileiros opta por investir em poupança e criptomoedas, ou, prefere tentar multiplicar capital com apostas on-line, bets, devido complexidade dos produtos de investimento em renda fixa mais sofisticados. Dessa forma, o Drex democratiza o acesso da população a produtos e serviços financeiros sofisticados e com maior potencial de rendimentos, sem necessidade de abrir mão da segurança, considerando que a tokenização de títulos públicos e outros produtos financeiros já é testada  na 2ª fase do piloto do Drex com o consórcio formado por Mercado Bitcoin, MB, Banco Inter e ABC desenvolvendo projeto de infraestrutura à negociação, registro, liquidação, conciliação e custódia de títulos públicos federais tokenizados. B3, BTG Pactual e Santander desenvolvem solução para negociação de títulos de dívida, CCBs, Cédulas de Crédito Bancário, e debêntures, considerando que a utilização de títulos públicos e CDBs em operações de crédito é testada pelos consórcios formados pela ABBC, ABC e MB, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú, respectivamente, em ambos os casos, os tokens RWA são utilizados como garantia à concessão de empréstimos aos consumidores finais. A tokenização de produtos financeiros tradicionais é o principal caso de uso do setor RWA, em que Títulos do Tesouro dos EUA e de dívida corporativa respondem por US$ 9,1 bilhões e US$ 2,1 bilhões, respectivamente, capitalização total de US$ 12,7 bilhões desse mercado, dados da RWAxyz.

Moral da nota: a chegada de novembro na Coréia do sul, leva a nota sobre microplásticos que contaminam oceanos, rios e alimentos, com descobertas recentes disparando alarme ao descobrir que partículas microscópicas estão acumulando nos  órgãos vitais, incluindo o cérebro. Estudo ainda em fase de revisão por pares, revelou que o cérebro humano contém média de 0,5% de microplásticos por peso, descoberta, que vem de pesquisa realizada em 2024 onde foram analisadas amostras de cérebros humanos de pessoas que sofrem de demência, como doença de Alzheimer, cuja quantidade de microplásticos era até 10 vezes maior do que nos cérebros de pessoas saudáveis. Cientistas da Universidade do Novo México examinando cérebros de pessoas falecidas descobriram que, em média, há 50% mais microplásticos nas amostras de 2024 comparadas com amostras de 2016, esses plásticos, flutuando no ar ou escondidos nos alimentos, estão no interior dos cérebros, possivelmente alterando funções vitais e agravando doenças como a demência. O processo é simples de imaginar, já que, microplásticos, partículas menores que 5 milímetros, são inalados ou ingeridos através de alimentos e água e, dentro do corpo, atravessam barreiras protetoras como barreira intestinal e barreira hematoencefálica, que normalmente impede a passagem de substâncias nocivas ao cérebro, embora o impacto dos microplásticos na saúde humana ainda não seja bem  compreendido, evidências emergentes não apresentam boa imagem com estudos indicando que partículas podem contribuir à variedade de problemas de saúde, desde stress oxidativo a danos celulares, doenças cardiovasculares e, a presença de microplásticos no corpo associada a problemas de fertilidade, câncer e distúrbios neurológicos como dificuldades de aprendizagem e memória. Vale concluir dizendo que não existem normas governamentais em países como os EUA para regular a quantidade de microplásticos permitida nos alimentos e na água, deixando a população exposta à poluição constante, sem perceber, questão urgente na agenda global, não só para regular o uso de plásticos mas para investigar seus efeitos na saúde.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

O mar da Nova Zelândia

O The Guardian avisa que, nos últimos 20 anos, a água do mar de Nova Zelândia aqueceu 2 vezes mais que o resto do planeta com ondas de calor marinhas anteriores associadas ao branqueamento em massa de esponjas marinhas, extinção de algas marinhas do sul, encalhe em massa de peixes e à morte de pinguins, podendo ser devido à presença da super pluma gigante do manto Hikurangi, um gatilho ao aumento da atividade sísmica e vulcânica na região da Nova Zelândia. A Ilha Norte, no topo da maior erupção vulcânica da Terra, em que cientistas observaram aumento no solo acima do reservatório de magma do supervulcão Taupo causado pela aproximação do magma à superfície com alguns salientando que, temos que garantir que estamos bem informados para que possamos pressionar os que estão no poder tomarem decisões que beneficiem todos. As temperaturas do mar da Nova Zelândia atingiram recordes, superando médias globais, com especialistas dizendo que os novos números dissipam a noção que o país está protegido de temperaturas extremas aumentando temores pela vida marinha local superando médias globais 3 vezes em relação aos restante do planeta, gerando alarme sobre a saúde marinha e ecossistemas do país, com dados da Stats NZ mostrando que desde 1982 as temperaturas da superfície do mar oceânico aumentaram entre 0,16 e 0,26 °C por década e entre 0,19 e 0,34 °C por década em águas costeiras. O principal cientista do Instituto Nacional de Água e Atmosfera da Nova Zelândia aponta que cada região oceânica e costeira experimentou seus anos mais quentes já registrados em 2022 ou 2023, ao comparar dados dos 20 anos anteriores em que a taxa de aquecimento da superfície do oceano ao redor da região superou a média global por década de 0,18 °C em 2 vezes, com a região de Chatham Rise 3 vezes mais quente que a média global, com a possibilidade da Nova Zelândia estar experimentando temperaturas mais altas devido sua posição geográfica e modo como correntes oceânicas globais se movem e transportam calor.

Entre o Pacífico, o Mar da Tasmânia e os Oceanos do Sul com  aquecimento associado nessas três áreas, a Nova Zelândia recebe calor de todas as direções, conceito vigente que as altas temperaturas da região dissipam a noção que a nação insular está protegida de temperaturas extremas em que ondas de calor marinhas ou períodos prolongados de calor incomum da água do mar também atingiram novos níveis, por exemplo, a Ilha Ocidental do Norte experimentou condições de ondas de calor por 89% de 2022, a mais alta entre as regiões costeiras enquanto o Mar da Tasmânia passou 61% do ano em onda de calor a mais alta entre as regiões oceânicas. O professor de biologia marinha na Victoria University of Wellington explica que o conceito que ondas de calor marinhas intensas anteriores associadas ao branqueamento em massa de esponjas marinhas, morte de algas marinhas do sul, encalhes de peixes em grande escala e mortes de pinguins, é provável, tanto o aquecimento de fundo quanto as ondas de calor marinhas mais frequentes, intensas e longas estejam trabalhando para alterar permanentemente ecossistemas marinhos em Aotearoa. Acrescenta que a extensão em que oceanos mais quentes perturbarão ecossistemas ainda é pouco compreendida e o monitoramento de longo prazo é necessário à antecipar e planejar mudanças, particularmente avaliar cotas de pesca em que o conjunto de dados do Stats NZ, mostra que fitoplâncton, algas microscópicas que formam a base das teias alimentares marinhas, tende diminuir nas águas mais quentes do norte  sugerindo que há correlação entre diminuição do fitoplâncton e aumento das temperaturas da superfície do mar, enquanto isso, neozelandeses sentirão efeitos do aquecimento marinho com o oceano ditando grande parte do clima da nação insular, complementado pela cientista climática da GNS Science.

Moral da Nota: de 2010 a 2016, ocorreram 11 fortes terremotos na Nova Zelândia abrangendo zonas epicentrais dos eventos sísmicos e, com base em dados de observações contínuas de satélite GPS em 64 pontos da rede geodésica, obtiveram características dos movimentos e deformações da crosta terrestre realizando estudo sobre evolução dos movimentos horizontais e deformações identificando relação entre deformação observada e processos sísmicos. Foi analisada a deformação total, uma vez que as principais estruturas tectônicas da região são falhas com mecanismo de deslocamento de suas laterais, em que a presença de uma superpluma gigante do manto na área motivou o estudo do comportamento da deformação da dilatação horizontal e dos movimentos horizontais e verticais da crosta terrestre. Com base em modelos digitais de deformação obtidos foram geradas visualizações cinemáticas, ou, animações que fornecem observações do processo de deformação sísmica e sua análise e, como resultado do estudo, constatou-se que fortes terremotos podem estar interligados a processo de deformação única de longo prazo cujo início é causado pela formação de deformação anômala. O mais notável destes eventos foram os terremotos do Estreito de Cook, julho-agosto de 2013, uma vez que em suas zonas  ocorreram deslocamentos maiores que os deslocamentos de 2013 com 2 eventos inesperados ocupando lugar especial, ou, o terremoto de 24 de abril de 2015 que precedeu o terremoto de Kaikoura e ocorreu na falha de Clarence não relacionado com a ruptura sísmica deste terremoto e, o terremoto de janeiro 20 de outubro de 2014, o mais distante do evento principal cerca de 100 km, na mesma falha associada a fortes terremotos no Estreito de Cook, indicando ligação genética entre esses eventos, além disso, no período de 2008 a 2021, ocorreram mais de 80 terremotos na região. Estudos históricos da atividade sísmica e geodinâmica concentraram-se no estudo separado de 3 séries de eventos violentos permitindo estudar a evolução das deformações em área mais extensa que em outros estudos, cobrindo zonas destes eventos sísmicos mais fortes durante intervalo de tempo mais longo e identificando possível relação dos processos de deformação observados.