A paternidade do sistema financeiro moderno é atribuída a John Law, escocês nascido em 1671 que estudou o sistema bancário ligado à introdução do papel-moeda na França, onde conseguiu fortuna, sucesso e poder sem precedentes, tornando-se o primeiro pensador a partir da economia controlar um país. Publicou em 1705 'Considerações sobre o Dinheiro e o Comércio' expondo teorias da relação entre prosperidade de um país e a emissão de papel-moeda, rejeitadas pelo Parlamento inglês. Duas de suas teorias econômicas tiveram grande repercussão; a 'Teoria do Valor pela Escassez' e a 'Doutrina das Letras Reais' fazendo distinção entre 'valor de troca' e 'valor de uso'. Aos 59 anos foi considerado o homem mais rico do mundo, depois de tornar-se proprietário do Banco Central Francês e através de suas empresas, deter o monopólio do comércio com as Américas permitindo-lhe adquirir o território francês da Lousiana. Morreu em 1729 totalmente desacreditado. Claude Cueni autor do livro biográfico 'A grande Jogada' descreve a trajetória deste matemático e financista com afinidades à estatística e probabilidade, explicando que o meio circulante na França à época foi inundado por papel-moeda emitido pelo regente Duque d’Orleans. Governantes modernos se subordinam a Bancos Centrais, controladores das emissões monetárias, sem evitar bolhas especulativas, obrigando-os emitir dinheiro para cobrir rombos do mercado financeiro, socializando perdas, evitando assim caos maior que o vivido por Law e o povo francês.
A teoria em que oferta de moeda deve se guiar por necessidades de troca, criada num sistema financeiro anárquico, multimonetário, com desvalorizações constantes, acabaram por levá-lo a desgraça. Propôs Banco Central centralizador, controlado pelo Estado com a frase “Não existe país forte sem banco forte”. Defensor da moeda fiduciária e lançamento de títulos de modo endógeno pelas "necessidades de troca", lastreado em arrecadação de impostos e posse de propriedades em detrimento a importações de ouro ou saldo da balança comercial. Em 1717 criou a Companhia da Louisiana proprietária do monopólio do comércio no rio Mississipi. A estatização do banco de Law sob o nome de Banque Royale lhes dá a condição de especulador para cobrir rombos e ao lado da emissão excessiva de papel-moeda, determinam a fusão do Banque Royale com a Companhia do Mississipi convertendo Law em Ministro das finanças. Em 1720 uma corrida bancária gerou desconfiança no uso do papel-moeda, um dos acontecimentos base no desenvolvimento da Revolução Francesa.
Moral da Nota: desde Law passando por Marx até nossos dias questões como dinheiro referenciando medida de valor, sua circulação e acumulação gerando riqueza, compõe um leque não equacionado consensualmente. A instabilidade das economias com a especulação do dinheiro criando dinheiro, junto o descontrole das finanças por agentes públicos ou estagnação pela excessiva acumulação acarretando ausência de moeda em circulação, segue em marcha por gerações. Diante novo capítulo deste enredo chamado de Quarta Revolução, insere-se a internet de valor e a contabilidade distribuída.