A Aprovação do HB4 variedade de trigo transgênico desenvolvida pelo Conicet da Argentina, sob licença Creative Commons 2.5 e projeto de decreto presidencial no México viabilizando o uso do glifosato e do milho transgênico, gera reação de cientistas da região latino-americana à possibilidade de expandir utilização de transgênicos no continente. Cientistas em ambos os países pedem fim da tecnologia e reversão das autorizações, defendendo manutenção das moratórias sobre OGM, organismos genéticamente modificados, nos países que as possuem. A Argentina destina milhões de hectares aos transgênicos e aprovou o trigo HB4 resistente à seca e o herbicida glufosinato de amônio. O México “existe tradição forte de resistência camponesa, social e de cientistas que conseguiram impedir a entrada do milho transgênico, mas a pressão por mudança é constante”. O novo trigo HB4 tem em média 20% mais rendimento que o trigo convencional referindo-se como “modelo de agronegócio prejudicial em termos ambientais e sociais, principal causa da perda da biodiversidade, não resolvendo problemas de alimentação e ameaça a saúde”.
No México, o glifosato não é regulamentado e o plantio de milho transgênico está proibido desde 2013 por liminar e não por decreto presidencial, medida que pode ser modificada a cada mudança de governo. Além do México e Argentina, Cuba autorizou pesquisa, produção, uso e comércio internacional de OGM. No Peru, o presidente teve que decidir se promulgava ou não a aprovação já concedida pelo Congresso Nacional de prorrogar até 2035 moratória de 10 anos que expirou em 2021 e proíbe entrada de OGM no país, no entanto, foi removido pelo Congresso antes de tomar a decisão.
Moral da Nota: a carta de protesto acrescenta que o herbicida ao qual o trigo é tolerante é mais tóxico que o glifosato: “O glufosinato de amônio é amplamente questionado e proibido em muitos países pela alta toxicidade e efeitos teratogênicos, gera malformações neurotóxicas em neurônios além de genotóxico, na divisão celular”. O fato do novo trigo argentino ser resistente ao glufosinato de amônio é central em considerar pelo relativo desconhecimento químico, argumento de cientistas e ONGs ambientais. Sabe-se que é variante do glifosato, herbicida conhecido por ser utilizado desde 1990 na América do Sul no cultivo da soja. “São moléculas semelhantes que se comportam de modo semelhante no ambiente; como o modelo do glifosato está esgotado o mercado procura por essa variante". O mecanismo de ação não é simples do ponto de vista químico sendo que “uma parte fica na água, outra no ar e outra no solo".