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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Prematuridade

Nos EUA, estudo publicado na Science Advances concluiu que poluição por petróleo e gás está relacionada a 91 mil mortes prematuras anualmente, ao lado de asma, câncer e partos prematuros, destacando danos desproporcionais às comunidades pobres e minoritárias com disparidades raciais e étnicas ligadas à geografia e a estágios da cadeia de suprimentos, no entanto, mesmo diante destas constatações, o governo norte americano reverteu padrões de poluição da EPA para expandir a produção de combustíveis fósseis, alarmando  ambientalistas. Em momento que governos migram ao verde, o dos EUA redobra a produção de combustíveis fósseis implementando ações visando diluir padrões de poluição do ar impostos pela EPA, Agência de Proteção Ambiental, sendo que ligação entre combustíveis fósseis e mortes prematuras é enfatizada há décadas por cientistas e médicos, embora a conexão seja subestimada pela indústria petrolífera. Outras fontes de energia mais seguras como a energia nuclear, recebem mais atenção pela percepção de ameaça negativa à saúde, no entanto, estudo do University College London e do Stockholm Environment Institute, da George Washington University e University of Colorado Boulder, mostra quantas mortes são causadas por ano pela poluição do ar decorrente queima de petróleo e gás com base em dados reais, considerando ainda que a poluição atmosférica causada por petróleo e gás mata e causa problemas de saúde impactando comunidades pobres de cor. Vale lembrar que, de acordo com o estudo, há mais de 10 nascimentos prematuros ligados a partículas finas de petróleo e gás, além  de 216 mil casos anuais de asma iniciando na infância e 1.610 casos anuais de câncer ao longo da vida, sendo que o maior número de mortes e doenças relacionadas à poluição foi observado na Califórnia, Texas, Nova York, Pensilvânia e Nova Jersey, com o autor do estudo, Karn Vohra, esclarecendo que "há muito tempo que as comunidades estão expostas a níveis desiguais de exposição, bem como problemas de saúde, simplesmente, quantificamos o que isso representa." Trata-se do primeiro estudo a avaliar de modo abrangente o impacto da poluição atmosférica relacionada ao petróleo e gás na saúde humana e nas mortes prematuras, estudando etapas da cadeia de suprimentos de petróleo e gás, da exploração ao uso final, avaliando dados de 2017, ano mais recente com dados completos disponíveis, no entanto, entre 2017 e 2023, a petróleo e gás norte americano aumentou 40% significando que os números do estudo provavelmente subestimam a situação atual e, para avaliar os dados, pesquisadores desenvolveram inventário das fontes de poluição atmosférica de petróleo e gás e, o executaram em modelo de computador que calcula a química do ar que forma poluentes nocivos nos EUA. Analisaram concentrações de poluentes atmosféricos e evidências epidemiológicas relativas a exposição e risco à saúde, utilizando dados censitários e de saúde à determinar resultados adversos à saúde em disparidades raciais e étnicas, sendo que a análise mostra que o estágio de uso final contribui com maior ônus à saúde à 96% de incidentes ligados à indústria de petróleo e gás, constatando ainda que, populações indígenas e hispânicas foram as mais afetadas pelas etapas de exploração, extração, transporte e armazenamento da produção de petróleo e gás e populações negra e asiática as mais afetadas pelas emissões das etapas de processamento, refino, fabricação, distribuição e uso. 

Com base nesta análise, a ExxonMobil no Global Outlook, em relatório denominado "Lições da Europa",  avalia que  políticas climáticas da UE são conto de advertência sobre o que acontece quando governos impulsionam a descarbonização com regulamentação pesada e pensamento mágico, afirmando que a cruzada climática de "alta regulamentação e alto custo" da Europa prejudicou a indústria, elevou preços da energia e enfraqueceu apoio público à tecnologia limpa para atingir metas de zero líquido, em outra palavra, fracasso, segundo a Exxon. O chefe da divisão de economia e energia da Companhia, esclarece que a empresa não disse que a transição não deveria acontecer, apenas, que a Europa errou na lição de casa, alertando que políticos venderam o conceito que energias renováveis ​​significariam energia mais barata e, na realidade a conta sempre seria alta, segundo a Exxon, e que  os períodos de transição podem se estender por 30 anos, observa, e as commodities de baixo carbono ainda custam caro comparados a hidrocarbonetos. O CEO da Exxon pressionou o governo norte americano usar negociações comerciais para rejeitar diretivas da UE que obrigam  empresas auditar suas cadeias de suprimentos em busca de riscos ambientais e direitos humanos e, para a Exxon, um aviso aos formuladores de políticas norte americanos para não copiarem o programa, já que previsivelmente, grupos ambientais não acreditam, com o grupo ativista holandês Follow This esclarecendo  que a Exxon é "cega" ao potencial disruptivo da energia limpa e luta para preservar seu modelo, no entanto, "com ou sem política climática, a demanda por petróleo e gás cairá estruturalmente", alertou Mark van Baal do grupo holandês, quer dizer, a Exxon pode não estar falhando com a Europa, mas pode estar reprovando o futuro, insistindo no entanto, que está sendo pragmática e, que o petróleo e gás continuarão impulsionando a economia global até 2050, a acessibilidade importa aos eleitores e os avanços tecnológicos levam tempo, sendo que a narrativa mais ampla é clara, ou, a empresa quer transformar a Europa em estudo de caso sobre o que não fazer, mesmo acumulando processos judiciais sob acusação de enganar o público sobre ciência climática. Por fim, a mensagem é que apressar a transição sem pesar custos pode sair pela culatra corroendo a competitividade industrial e a confiança pública, quer que formuladores de políticas aceitem a lição ou a descartem como interesse próprio, sendo que o debate ressalta tensão central da transição energética, ou, equilibrar a ambição climática com a realidade econômica, com Timothy Donaghy, diretor de pesquisa do Greenpeace EUA, enfatizando que  "dada a desregulamentação imprudente  promovida pela EPA e o chamado do presidente norte americano para 'perfurar', o estudo deve ser sinal de alerta vermelho à nação." 

Moral da Nota:  entre nós, estudo emissões de metano estão perto de recorde impulsionada pela pecuária, com setores de carne bovina e laticínios gerando 75% da produção de metano, quer dizer, no Brasil, emissões de metano aumentaram 6% entre 2020 e 2023, liberando 21,1 milhões de toneladas de metano, 2º maior nível já registrado, informado pela Reuters.  O estudo divulgado pelo Observatório do Clima mostra que  três quartos das emissões de metano do Brasil estavam ligadas à produção de gado de corte e leite, responsável por 14,5 milhões de toneladas do total de emissões em 2023, equivalente a 406 milhões de toneladas de CO2, número que superou os gases efeito estufa emitidos pela Itália no mesmo ano, 2023, declarando que "o metano é um gás efeito estufa que aquece o planeta muito mais que o CO2". O coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases Efeito Estufa do  Observatŕoio do Clima, explica que o Brasil abriga o 2º maior rebanho bovino do mundo necessitando desenvolver soluções para reduzir as emissões de metano e, completa, os combustíveis fósseis são um dos principais impulsionadores das emissões de metano em outros países, enquanto no Brasil o problema está na produção de alimentos, com o especialista em emissões de gases efeito estufa do Imaflora, ONG brasileira, apontando Nova Zelândia como exemplo de país produtor de gado que reduziu emissões, sendo que o  Brasil o 5º maior emissor de metano atrás da China, EUA, Índia e Rússia, subproduto do gado resultante do processo digestivo sendo que outras fontes incluem dejetos animais e produção de arroz irrigado.