Relatórios sobre incêndios florestais no Canadá, inundações na Índia, Japão e leste dos EUA, ondas de calor na Espanha, China, EUA e México e o dia mais quente já registrado, caracterizando eventos extremos, dominaram o noticiário do verão do hemisfério norte. Estudo recente conduzido pelo Bay Area Environmental Research Institute, BAERI, e do NASA Ames Research Center fornece análise de como eventos extremos pioram à medida que a temperatura do planeta aumenta e, onde é mais provável que aconteçam e se combinem, de modo impactar a vida e os meios de subsistência. Publicado na Earth's Future, utiliza conjunto de dados da NASA disponível publicamente, o NASA Earth eXchange Global Daily Downscaled Projections, NEX-GDDP, que "amplia" mudanças projetadas em escala local permitindo comunidades começarem a se preparar hoje. Analisou um mundo cujo aquecimento excede 2 ºC graus em comparação aos tempos pré-industriais e se concentrou em padrões geográficos das mudanças projetadas à variáveis climáticas, incluindo mudanças na temperatura do ar, precipitação, umidade relativa, radiação e velocidade do vento. Amplamente considerados 2 ºC de aquecimento como limite crítico acima do qual a Terra testemunhará efeitos perigosos e em cascata das mudanças climáticas geradas e, conforme o estudo, espera-se que 2 ºC de aquecimento ocorram em algum momento na década de 2040 embora exista variação nas projeções dos modelos climáticos.
Dois indicadores de impacto climático tiveram prioridade no estudo, o primeiro, estresse térmico, ou, efeitos combinados de temperatura e umidade no corpo humano e descobriram que regiões do mundo experimentarão maior estresse térmico por volta 2040 comparados a linha de base de 1950-1979, enquanto países equatoriais sofrerão mais com um maior número de dias considerados extremos, por exemplo, um mês de dias adicionais de estresse extremo por calor para países na África Oriental. O estudo examina tempo de incêndio, outro indicador de impacto climático, que mostrou aumento global no clima extremo de incêndio medido pela combinação de variáveis de temperatura, precipitação, umidade, vento e índice climático de incêndio, ou, FWI e observaram aumentos excepcionais do clima de incêndio na Amazônia, América do Norte, central e ocidental e Mediterrâneo O conjunto de dados NEX-GDDP usado à pesquisa fornece projeções climáticas diárias globais até o ano 2100 e, para criar este conjunto de dados, projeções foram geradas pelos modelos climáticos do mundo usando técnicas estatísticas para "reduzi-los", um processo que melhora a resolução espacial, sendo que as projeções do modelo climático bruto forneceram resultados diários globais à áreas de 200 por 200 kms. O conjunto de dados NEX-GDDP aumenta para 25 por 25 kms, resolução que permite desenvolver planos direcionados de adaptação e mitigação do clima, sendo que os processos de redução de escala mesclam projeções em médias mensais e manter os dados diários é importante para capturar eventos extremos se combinados em média mensal. As conclusões do estudo indicam necessidade dos tomadores de decisão entenderem impactos climáticos compostos projetados para suas regiões, com a escala regional única dos dados do NEX-GDDP podendo ajudar líderes locais desenvolver planos de adaptação e mitigação do clima específicos à suas comunidades. A equipe se empenha em tornar os dados acessíveis a comunidades globais e tomadores de decisão locais para permitir mudanças positivas no mundo real.
Moral da Nota: estudo revela que medir o aquecimento global implica em avaliar a umidade, não apenas o calor, importante na geração de extremos climáticos perigosos. Considerar a umidade do ar com o calor mostra que a mudança climática desde 1980 é quase 2 vezes pior que o calculo anterior, conforme estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. O co-autor do estudo V. "Ram" Ramanathan, cientista climático da Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia e Universidade de Cornell diz que a energia gerada em condições climáticas extremas como tempestades, enchentes e chuvas, se relaciona à quantidade de água no ar, assim, a equipe de cientistas nos EUA e China decidiu usar uma medida meteorológica obscura chamada temperatura potencial equivalente, ou, theta, que reflete "a energia da umidade da atmosfera". O vapor d'água é potente gás retentor de calor na atmosfera que aumenta mudanças climáticas e, de 1980 a 2019, o mundo aqueceu 0,79 ºC, no entanto, levando em conta a energia da umidade, o mundo aqueceu e umedeceu 1,48 ºC, segundo o estudo, e nos trópicos o aquecimento chegou a 4 ºC. Ao julgar pela temperatura, parece que aquecimento é mais pronunciado na América do Norte, nas latitudes médias e pólos e menos nos trópicos, porque a alta umidade nos trópicos aumenta a atividade das tempestades, de tempestades regulares a ciclones tropicais e monções.