sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Cidades sustentáveis

A urbanidade encontra-se no centro da questão climática cujas projeções dizem que até 2050 duas em cada três pessoas no mundo estarão numa cidade, significando busca por soluções sustentáveis ​​para melhorar a qualidade de vida nestas áreas, com o Google, apostando na IA e, no último evento Research@ apresentando projetos para tornar as cidades mais sustentáveis. Trabalha iniciativas no combate a mudanças climáticas e se tornarem mais sustentáveis ​​usando IA, como atualizando cidades com IA cujas  “ilhas de calor urbanas” emergem como prioridade e o Google aplica IA a imagens de satélite para desenvolver ferramenta chamada de Resiliência ao Calor, tecnologia, fazendo com que cidades possam analisar como diminuir a temperatura em determinadas áreas, seja plantando árvores ou utilizando telhados que refletem luz solar em vez de absorvê-la, por exemplo, o condado de Miami-Dade utiliza a ferramenta para criar políticas que incentivam promotores reduzir calor nos projetos. Outra solução que auxilia combater o calor urbano é a instalação dos telhados que refletem o sol mantendo edifícios frescos e reduzindo uso de ar condicionado,  sendo que a ferramenta do Google por meio de imagens aéreas e algoritmos IA, mede a refletividade solar de telhados em alta resolução permitindo planejadores urbanos identificarem quais áreas podem se beneficiar mais com a solução, com a cidade de Stockton, na Califórnia, utilizando estes dados para reduzir ilhas de calor urbano, mudança que, se implementada em larga escala fará diferença. O Google criou ferramenta, parte do Environmental Insights Explorer, que utiliza IA e fotos aéreas para analisar cobertura arbórea urbana auxiliando identificar áreas vulneráveis ​​e priorizar plantio verde, por exemplo, a cidade de Austin utiliza a tecnologia não só para plantar mais árvores, mas, para colocar pontos de automóveis em zonas com maior necessidade de sombra, mudanças que melhoram a experiência de se locomover pela cidade.

Ainda sobre ferramentas do Google, cruzamentos urbanos respondem ​​por emissões de gases poluentes, com o Google lançando o Projeto Green Light que utiliza IA para otimizar semáforos e reduzir emissões nas áreas onde o tráfego é mais intenso e, desde seu primeiro teste em 2021, o projeto está em andamento no Rio de Janeiro, Seattle, Bengaluru e Boston ocasionando menos tempo gasto nos semáforos significando menos emissões. O Google Maps sugere rotas econômicas em termos de combustível com IA considerando não apenas o clima e o tráfego, mas, inclinação do terreno ou velocidade constante auxiliando reduzir mais de 2,4 milhões de toneladas métricas de CO2 equivalente retirar 500 mil carros abastecidos das estradas durante um ano, além do projeto Open Buildings que utiliza IA para mapear bilhões  de edifícios no mundo, incluindo áreas de difícil acesso e, com estes mapas, organizações melhoram distribuição de recursos como eletricidade ou cuidados de saúde criando planos sustentáveis ​​ao desenvolvimento urbano. Incêndios florestais ameaçam cidades devido às alterações climáticas, com o FireSat como sistema que usa constelação de satélites projetados para detectar pequenos incêndios do tamanho de salas de aula antes que cresçam tornando-se incontroláveis e, com imagens de alta resolução e algoritmos IA o FireSat detecta um incêndio em menos de 20 minutos permitindo reação com rapidez e eficácia, complementado por  ferramentas do Google como mapas de incêndios florestais disponíveis em 15 países da Europa e África e, usando IA, exibe limites de incêndio em tempo real no Google Maps e em pesquisas que ajudam equipes de emergência e fornecem informações a quem vive próximo das áreas de risco. Vale notar que a Saahas Zero Waste utiliza o modelo de aprendizado de máquina de código aberto do Google, CircularNet, na tentativa de classificar resíduos plásticos de modo eficaz e gerenciar mais de 500 toneladas de resíduos diariamente até 2026 e melhorar taxas de reciclagem na Índia, com o diretor associado de marketing da Recykal dizendo que “a Índia produz 62 milhões de toneladas métricas de resíduos por ano cujo ecossistema de gerenciamento está em estágios iniciais” alegando que desvia 50 mil toneladas métricas de resíduos dos aterros sanitários todo mês, detectando com precisão plásticos Pete, Hdpe e Ldpe, entre outros materiais, a taxa de mais de 90%. Por fim, o Google publicou whitepaper, ' Uma Agenda de Oportunidades de IA para a Índia ', descrevendo visão sobre como a Índia pode 'maximizar o potencial da IA', além de publicar Guia Design de Embalagens Sem Plástico em tentativa de ajudar o setor de eletrônicos de consumo abandonar as embalagens de materiais mistos e adotar alternativas sem plástico, sem sacrificar a proteção do produto, acessibilidade, o apelo estético ou a capacidade de descartar a embalagem de forma responsável.

Moral da Nota: pesquisas demonstram que a tecnologia de pavimentação fria reduz temperaturas da superfície no verão em até 11° C comparada com pavimento envelhecido convencional e Phoenix mostra resultados da 2ª fase de resfriamento do pavimento com a aplicação de Cool Pavement perto de Coral Gables Drive e 7th Street, com o Departamento de Transporte Urbano anunciando resultados dos testes de “pavimento frio” buscando reduzir temperaturas da superfície. Em parceria com a Arizona State University, ASU, para avaliar a eficácia, Phoenix acompanha o desempenho e potenciais benefícios do novo revestimento de pavimento CoolSeal 2.0, continuação do programa de pavimento frio municipal sendo que as principais descobertas indicam que o pavimento frio reduz temperaturas da superfície no verão comparados com o pavimento envelhecido convencional durante o dia, o pavimento frio pode, reduzir necessidades e custos de manutenção de estradas a longo prazo gerando benefícios econômicos e ambientais. A parceria City-ASU continuou na fase 2 em 2022, com base nas descobertas da fase 1 em 2021, no verão de 2022, sendo que as pesquisas continuaram investigando desempenho térmico das superfícies de pavimento frio em áreas residenciais, sendo que os produtos testados incluíram o novo “Phoenix Gray”, ou, CoolSeal 2.0, criado pela CoolSeal by GuardTop em resposta a moradores que pediam cor mais escura e diversificação.


                                             

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Relatório Lancet

A Índia, segundo relatório no Lancet, enfrenta ameaça de doenças sensíveis ao clima, como malária e dengue, decorrente exposição excessiva ao calor e a disseminação de doenças infecciosas sensíveis ao clima na Índia mostram que a população indiana enfrentou em 2023 temperaturas que atingiram níveis potencialmente prejudiciais à saúde humana em 50 dias adicionais, com o relatório solicitando políticas climáticas e assistência médica aprimoradas, enquanto áreas costeiras em risco devido aumento do nível do mar necessitam melhores planos de inundação. A disseminação da malária para a região do Himalaia e a transmissão expandida da dengue pelo país são evidências incontestáveis e, de acordo com a 8ª contagem regressiva da Lancet sobre saúde e mudanças climáticas, desenvolvida por 122 especialistas, a disseminação dessas doenças alimenta demanda por previsões climáticas integradas aprimoradas, infraestrutura de saúde fortalecida e maior conscientização da comunidade. O relatório baseado em evidências revelou que comunidades costeiras do país enfrentam riscos profundos devido aumento do nível do mar, forçando necessidade de planos eficazes de adaptação a enchentes, nos esclarecendo que, "as descobertas denotam chamado urgente à ação para que a Índia revitalize políticas de saúde e clima, priorize investimentos financeiros e construa respostas adaptativas robustas para proteger a população de ameaças cada vez mais intensas representadas por mudanças climáticas". Na verdade, o relatório Lancet expôs nova realidade, ou, que as pessoas no mundo lutam contra ameaças climáticas recordes, cujos dados revelaram que 10 de 15 indicadores que rastreiam riscos à saúde atingiram novos recordes em 2023, além dos 50 dias de temperaturas que atingiram níveis potencialmente prejudiciais à saúde humana.

Em 2023, o mundo enfrentou desafios climáticos sem precedentes, marcando o ano como o mais quente registrado, sendo que a escalada ininterrupta nas temperaturas globais precipitou secas severas, ondas de calor mortais e incêndios florestais catastróficos, tempestades e inundações, com aumento das fatalidades relacionadas ao calor especialmente entre os maiores 65 anos, com aumento impressionante de 167% em comparação com a década de 1990. Houveram enfrentamento de em média 1.512 horas de altas temperaturas que representaram pelo menos risco moderado de estresse por calor, aumento de 27,7% em relação à década de 1990, resultando perda de 512 bilhões de horas de trabalho em potencial e estimativa de US$ 835 bilhões em perdas de renda global, impactando países de baixa e média renda, ao passo que entre 2014 e 2023, eventos extremos de precipitação cresceram em 61% da área terrestre global, amplificando riscos de doenças e inundações. O aumento das temperaturas expandiu a adequação climática à disseminação de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, marcando recorde histórico de mais de 5 milhões de casos no mundo em 2023, enquanto a mudança climática cria ambientes cada vez mais propícios à transmissão de doenças infecciosas, como dengue, malária, vírus do Nilo Ocidental e vibriose, mesmo em áreas antes ausentes. Recorde de 48% da área terrestre global experimentou em 2023 pelo menos um mês de seca extrema, marcando o 2º nível mais alto desde 1951, afetando produtividade das colheitas, abastecimento de água e segurança alimentar, ao passo que a exacerbação de eventos de seca e ondas de calor de 1981 a 2010 foi associada a mais 151 milhões de pessoas sofrendo de insegurança alimentar moderada ou grave em 124 países em 2022. O relatório Lancet menciona desenvolvimentos positivos que ofereceram esperança à mundo melhor, com as mortes por poluição do ar diminuindo devido reduções na queima de carvão e investimento global em energia limpa aumentando à US$ 1,9 trilhão em 2023, com o emprego em energias renováveis ​​atingindo recordes ressaltando potencial do setor em apoiar segurança do emprego.

Moral da Nota: produtos químicos perigosos conhecidos como PFAS, compostos perfluoroalquil e polifluoroalquil, encontrados no ar da floresta amazônica, quando pesquisadores coletaram amostras 325 metros acima da copa da floresta mostrando altos níveis desses “produtos químicos eternos” usados ​​em embalagens de alimentos, utensílios domésticos e cosméticos. Vale dizer que PFAS são conhecidos pela persistência e capacidade de contaminar cursos de água no mundo, com cientistas se surpreendendo com o fato dos níveis dessas substâncias serem mais elevados em altitude, indicando seu transporte a longa distância e, conforme o Dr. Ivan Kurchev, da Universidade de Coventry, dizendo que “tornou-se um verdadeiro mistério”, considerando que o impacto dos PFAS na saúde humana e na vida selvagem é grande preocupação, com a pesquisa relacionando esses produtos químicos a doenças do fígado, tireoide e câncer, considerando ainda que no contexto da biodiversidade única da Amazônia, essas substâncias podem ter consequências catastróficas ao ecossistema e aos moradores locais. Quanto ao permafrost no Alasca, EUA, derrete, com quase 150 aldeias enfrentando reassentamento parcial ou total devido sua deterioração e ameaças ambientais causadas pelas alterações climáticas, com infraestruturas críticas em áreas povoadas, como sistemas de água, eletricidade e transporte, construídas sobre o permafrost, se desestabilizando tornando as casas e outras estruturas inseguras, obrigando a mudança. Por fim, o metano, aumentou à níveis recordes históricos nos últimos anos com mais de 1.900 partículas por bilhão, mesmo durante a pandemia, quando a produção foi interrompida no mundo, considerando que o metano dos combustíveis fósseis tem proporção maior de carbono-13 e, mesmo com o aumento do uso de combustíveis fósseis, o nível de carbono-13 no metano atmosférico tem diminuído nos últimos 17 anos sugerindo que num mundo mais quente, as bactérias têm metabolismo mais elevado, pelo que libertam metano de modo mais ativo e, à medida que as temperaturas globais aumentam, o gás continua aumentar. A pesquisa, avalia que o metano tenha causado 30% do aumento da temperatura atmosférica, além da descoberta que os micróbios respondem ​​por 90% do aumento, enquanto as concentrações de metano no ar quase triplicaram desde o século XVII e, à medida que o mundo aquece, o permafrost, as zonas húmidas e os micróbios do solo do planeta libertam mais metano, com cientistas apontando ao aumento natural na atmosfera, por exemplo, Tom Quirk mostrou que o metano sobe e desce com o vai e vem do El Niño, ou seja, tais flutuações são processo natural, enquanto outro cientista, Willie Soon, apontou que uma das luas de Saturno tem mais metano que todos os campos de petróleo e gás da Terra, mas não há dinossauros, vacas ou poços vazando que possam adicionar metano ao ambiente.