domingo, 10 de novembro de 2024

Clima e Migração

Dados de saúde pública mostram queda repentina e esperançosa nas mortes por overdose de drogas nos EUA com a dra Nora Volkow, chefe do National Institute On Drug Abuse, NIDA, laboratório federal encarregado de estudar o vício dizendo que “parece real, parece muito, muito real”, com pesquisas compiladas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças mostrando declínio sem precedentes em mortes por drogas de aproximadamente 10,6 % , reversão em relação aos anos recentes, quando overdoses fatais aumentavam regularmente em porcentagens de 2 dígitos. Pesquisadores acreditam que os dados mostrarão declínio maior nas mortes por drogas quando as pesquisas federais forem atualizadas para refletir melhorias observadas a nível estadual, especialmente leste dos EUA, com o Dr. Nabarun Dasgupta, especialista em drogas ilícitas na Universidade da Carolina do Norte dizendo que “nos estados que têm sistemas de coleta de dados mais rápidos, vemos declínios de 20% a 30%” e, conforme análise que gerou discussão entre especialistas em políticas de drogas e dependência química, a queda nos números de mortalidade em nível estadual corresponde a declínios acentuados semelhantes em visitas a prontos-socorros relacionadas a overdoses.

Outra questão relacionada ao atual momento, mostra que a temperatura média mais quente registrada desde 1850 ocorreu em 2023, com estudos descobrindo que a exposição ao calor extremo se associa à mortalidade com variabilidade por idade, sexo, raça e etnia enquanto pesquisas sugerem que o risco de mortalidade relacionada ao calor aumenta globalmente, no entanto, faltam análises formais das tendências de mortalidade relacionadas ao calor nos EUA até 2023, considerando que, os estudos examinam tendências nas taxas de mortalidade relacionadas ao calor na população norte americana de 1999 a 2023. A crise climática piora e estamos vendo efeitos em todos lugares com recordes de temperatura quebrados, níveis do mar subindo ao redor do mundo e impactos devastadores de eventos climáticos extremos, no verão no hemisfério norte, recordes ao dia mais quente do mundo quebrados 2 vezes, questões que atingem o sul global com mais força, enquanto o Reino Unido passa por mudanças climáticas significativas nas últimas décadas em que inundações e eventos climáticos extremos tornam-se mais frequentes e severos e a previsão é que continue. A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido alerta que mudanças climáticas representam grande ameaça à saúde e ao bem-estar no Reino Unido, especialmente à aqueles com condições pré-existentes, idosos e comunidades carentes, com o NHS chamando emergência climática de emergência de saúde e o Lancet declarando que a crise climática é a maior ameaça global à saúde do século XXI cujos impactos à saúde são graves e vistos em todo o mundo, desde aumento do estresse pelo calor a lesões por eventos climáticos extremos como inundações, incêndios e escassez de alimentos. No Reino Unido, o aumento das mortes relacionadas ao calor com estimativa de 2 mil mortes relacionadas ao calor somente em 2023 e condições como asma e alergias tornando-se prevalentes devido à má qualidade do ar, com a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido alertando que mudanças climáticas representam grande ameaça à saúde e ao bem-estar no Reino Unido especialmente à aqueles com "condições pré-existentes, idosos e comunidades carentes". Evidências crescentes que a crise climática impacta significativamente a saúde mental e física com ansiedade, depressão e demais desafios de saúde mental exacerbados devido à emergência climática, cujas razões são muitas, do estresse ou trauma de vivenciar ou antecipar eventos climáticos extremos, a sentir impactos da crise na economia e fontes de alimentos do Reino Unido, ao medo existencial de futuro incerto algo nos mostrando quão significativa a crise climática será para nós. Jovens particularmente vulneráveis, herdando mundo onde a crise climática molda a concepção do amanhã em que resultados de pesquisa com 10 mil jovens em 10 países publicada em 2021 mostram que 84% estavam pelo menos moderadamente preocupados com mudanças climáticas, enquanto 59% estavam muito ou extremamente preocupados, números significativos, em consequências potenciais de preocupação generalizada que não devem ser ignoradas, com o foco da questão crescendo e mais trabalho sendo feito para entender impactos complexos da crise na saúde mental, com pesquisadores do Climate Cares Centre no Imperial College London lançando "Agenda Global de Pesquisa e Ação à Mudanças Climáticas e Saúde Mental" como parte do projeto financiado pelo Wellcome "Connecting Climate Minds". Descrevem prioridades de pesquisa e etapas concretas para abordar impactos da crise climática na saúde mental, de forma mais geral, a questão parece limitada refletindo subpriorização mais ampla da saúde mental, ou, talvez porque é difícil medir diretamente esses impactos, no entanto, é crucial compreensão de como a crise impacta na saúde mental para que formuladores de políticas possam se adaptar e garantir que serviços de saúde mental estejam equipados à atender urgências  em evolução de nossas comunidades.

Moral da Nota: o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, buscam alavancar o  programa “Sembrando Vida” em San Luis Talpa, El Salvador, um programa de apoio produtores rurais com o qual ambos os países tentarão impedir a saída de milhares de migrantes que procuram o “sonho americano” e que muitas vezes termina com a morte antes mesmo de colocarem os pés nos EUA, valendo dizer que esta tentativa passa pelo processo inclusivo de criptomoedas.  Os agricultores salvadorenhos receberão US$ 250 por mês para plantar árvores frutíferas ou madeireiras e não precisarem deixar as comunidades por falta de recursos econômicos, além disso, o que for colhido será para eles, decorrente doação mexicana de US$ 31 milhões para implementar o plano e as autoridades esperam gerar 20 mil empregos, sendo que o anúncio do programa ocorre em contexto de saída crescente de migrantes centro-americanos especialmente guatemaltecos, salvadorenhos e hondurenhos buscando fugir da pobreza e violência nos locais de origem e começar vida nos EUA, algo que irritou o governo Trump. O mesmo plano está em curso no México com o mesmo objetivo de gerar melhores condições econômicas para evitar a emigração, com o representante da presidência mexicana destacando que o México não tem dinheiro suficiente, que no seu país existem 52 milhões de pessoas na pobreza, mas “temos que contribuir para outros países que precisam porque somos irmãos”, esclarecendo que apoiam El Salvador sem nenhum interesse particular, que não pediram nada, nem querem ter influência no país, estimando que 100 mil salvadorenhos partem todos os anos e que um único emprego no seu país subtrairia 3 migrantes que procuram chegar aos EUA, “porque um emprego sustenta 2 outras pessoas”. Em suma, mais de 90% dos salvadorenhos não realizam transações com Bitcoin, mas expressaram sua aprovação ao presidente Bukele embora ainda não ficaram entusiasmados com a adoção Bitcoin como moeda legal, apenas 7,5% dos participantes de uma  pesquisa realizada em 10 de outubro pela Universidade Francisco Gavidia, em San Salvador, disseram que usavam Bitcoin, com os últimos resultados sugerindo ligeira queda no uso Bitcoin no país centro-americano, já que pesquisa anterior do instituto de opinião pública da Universidade Centro-Americana descobriu que 88% dos salvadorenhos não usavam Bitcoin para realizar transações em 2023. Cerca de 60% dos entrevistados acreditam que o país caminha na direção certa e expressaram apoio ao Presidente Bukele, no entanto, a pesquisa constatou que 1,3% acreditava que o Bitcoin deveria ser a “principal aposta” ao futuro do país, com grande maioria dos entrevistados afirmando que a educação e a indústria deveriam ser o foco principal, já que em setembro de 2021, Bukele tomou a decisão de El Salvador  tornar-se o primeiro país a adotar Bitcoin como moeda legal e desde então tentou atrair capital estrangeiro oferecendo vistos de “Liberdade” e  promessa de desenvolver uma Cidade Bitcoin.

sábado, 9 de novembro de 2024

Quem quer o quê

A conferência em Baku, Azerbaijão, COP29, que se incia em 11/11, definirá meta para canalizar financiamento climático à países em desenvolvimento, tópico controverso que deve dominar, já que as nações estão divididas sobre quem deve fornecer dinheiro, quanto deve ser e que forma esse apoio deve assumir, no entanto, isto é parte das negociações. Agenda lotada deverá discutir pontos mais sutis da adaptação climática, mercados de carbono e aumento da redução de emissões, entre outras questões, além de debate sobre melhor forma de levar adiante resultados da COP28 de 2023, incluindo acordo global para “transição dos combustíveis fósseis”, no momento em que as nações enfrentam prazo em lançar novos planos climáticos sob o Acordo de Paris. No entanto, a maior questão será a “ nova meta quantificada coletiva”, NCQG, ao financiamento climático, sendo que as nações estão em impasse há meses nas discussões sobre detalhes dessa meta, que deve ser acordada em 2024, substituindo a meta existente acordada em 2009 para que os países desenvolvidos forneçam US$ 100 bilhões anualmente a partir de 2020 aos países em desenvolvimento, a fim de buscar reduzir emissões e se preparar às mudanças climáticas. Quando o Acordo de Paris de 2015, foi decidido que as nações se comprometeram aumentar provisões de financiamento climático à países em desenvolvimento “de um piso de US$ 100 bilhões” a partir de 2025, com avaliações concluindo que os países em desenvolvimento precisarão de apoio para investir trilhões de dólares nos próximos anos para cumprir compromissos climáticos, com alguns sugerindo meta na região de US$ 1 trilhão/ano ou mais, no entanto, países desenvolvidos que até agora foram responsáveis ​​por fornecer financiamento climático hesitaram sugerir quaisquer números. Sendo que o número, ou “ quantum ”, vinculado à meta é uma das questões, com negociadores na COP29 devendo chegar a decisão sobre quem responde por fornecer financiamento climático, de onde deve vir e como deve ser definido.

Países em desenvolvimento necessitam dinheiro oriundo em grande parte de fundos públicos fornecidos por países desenvolvidos, enquanto isso, países desenvolvidos gostariam de ver economias ricas e emergentes dividirem parte do fardo, bem como ênfase em outras fontes, como investimento privado e reformas de bancos de desenvolvimento. Outra questão é o Artigo 6º como uma das “prioridades” o lançamento total dos mercados de carbono incluindo “operacionalização” do comércio direto de país à país, nos termos do Artigo 6.2, como o mercado internacional de carbono, nos termos do Artigo 6.4, conhecido como “mecanismo de crédito de Paris”, área sem solução durante anos e discussões na COP28 que buscavam resolver questões técnicas pendentes terminaram em falta de acordo, daí, significa que, por exemplo, não está claro que tipos de projetos poderiam gerar créditos à negociar sob sistemas dos Artigos 6.2 e 6.4. Incluem ainda se as partes podem ou não reservar o direito de revogar a autorização de créditos que emitiram, bem como o quão confidenciais as partes podem ser sobre negociações que fazem com outros países, considerando que antes da COP29, o órgão supervisor do Artigo 6.4 concordou com “ferramenta de desenvolvimento sustentável” obrigatória, bem como com padrões à projetos que desejam gerar créditos de carbono para venda no novo mercado, sendo um deles metodologias para calcular quantos créditos cada projeto de redução de carbono será capaz de gerar, enquanto o outro é sobre o que conta como “remoção de carbono” e como lidar com reversões, por exemplo, quando uma área reflorestada é perdida em um incêndio florestal. Vale dizer que após a COP28, as partes entraram em conflito sobre como levar adiante resultados da cúpula, incluindo apelo que ganhou as manchetes para que os países contribuam à "transição dos combustíveis fósseis" e alcancem o nível global de emissões líquidas zero até 2050, compromisso oriundo do “ balanço global ” que incluiu contribuir para triplicar a capacidade de energia renovável e duplicar a taxa de melhorias na eficiência energética globalmente até 2030, com países solicitados a continuar as discussões no âmbito do “ diálogo dos Emirados Árabes Unidos sobre a implementação dos resultados do balanço global ”. Houve desacordo sobre o que esse diálogo cobriria com países desenvolvidos e pequenas ilhas entre os que buscam incluir foco em esforços para cortar emissões, bem como outros resultados do inventário, por exemplo, a UE diz que o diálogo deve “acompanhar implementação” em questões de avaliação, mitigação, financiamento, adaptação e pretende que o balanço global seja incorporado “em programas de trabalho relevantes e organismos constituídos”, incluindo o “programa de trabalho de ambição e implementação de mitigação”, MWP, em curso.

Moral da Nota:  se espera que as nações lancem novos planos climáticos conhecidos como “contribuições nacionalmente determinadas”, NDCs, até fevereiro de 2025, já que o balanço “encorajou” países garantir que esta nova ronda de NDCs esteja “alinhada” com a meta de expansão do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 °C, embora o significado de “alinhado” não seja claro. Algumas nações em desenvolvimento, incluindo grupos de Países em Desenvolvimento com Ideias Semelhantes, LMDC, incluindo China, Arábia Saudita e Índia, argumentam que o diálogo dos Emirados Árabes Unidos deve ser “exclusivamente focado nas finanças”, além disso, e argumentam que não há “mandato à atividades que ‘façam balanço’ do progresso da implementação do Acordo de Paris” fora do processo de balanço quinquenal, considerando que na COP28, países concordaram com “estrutura” para orientar ações de adaptação sob a “meta global de adaptação” e criaram programa de trabalho para desenvolver “indicadores” universais usados ​​para rastrear o progresso na adaptação. Para concluir, o tão aguardado fundo de perdas e danos na COP28, amplamente visto como triunfo diplomático à presidência dos Emirados Árabes Unidos, até agora, depende da generosidade dos doadores preenchê-lo, já que as nações não são obrigadas a fazê-lo, com a promessa ao fundo, mas os valores são pequenos comparados ao dinheiro que países em desenvolvimento precisam para responder a desastres causados ​​pelo clima, valendo dizer que, perdas e danos não serão tão visíveis na COP29 quanto foram nas outras cúpulas climáticas da ONU, no entanto, haverá um empurrão dos países em desenvolvimento para fornecer mais fundos, incluindo submeta separada sob o NCQG.