Para comemorar o Dia da Terra, o Arquivo de Segurança Nacional dos EUA publicou coleção de registros da Biblioteca Presidencial de Nixon e outras fontes, lançando luz sobre debates internos que conselheiros do presidente tiveram sobre mudanças climáticas e outras questões ambientais em meio à ascensão da política ambiental americana, sendo que registros publicados entre o assessor de Nixon, Daniel Patrick Moynihan, o conselheiro de assuntos internos, John Ehrlichman, e o vice-diretor do Escritório de Ciência e Tecnologia da Casa Branca, Hubert Heffner, entre outros, fornecem detalhes sobre avaliação climática em 1971. Documentos da era Nixon publicados mostram que o presidente era reformista ambiental improvável, desdenhava o ativismo ambiental enquanto Democratas e Republicanos encontraram pontos em comum em questões ambientais e, os principais responsáveis da Casa Branca de Nixon, tiveram liberdade para discutir e debater origens e impactos das alterações climáticas e implicações à política governamental sem o nível de polarização visto hoje e como resultado, Nixon deixou legado ambiental significativo promovendo aprovação de legislação importante e estabelecimento de agências-chave como a EPA e CEQ. Na melhor das hipóteses Nixon era ambivalente, muitas vezes irônico nas opiniões sobre ambientalismo e, em reunião privada com Henry Ford II, disse que previsões ambientais eram “muito exageradas” e criticou ambientalistas por quererem que os humanos “voltassem viver como bando de animais malditos” mas suas fulminações privadas sobre ambientalistas não o fizeram transitar à formulação de políticas, confiando nos conselheiros para gerir a política ambiental. A historiadora Joan Hoff esclarece que Nixon “entregou as políticas ambientais a Ehrlichman”, dizendo-lhes para “mantê-lo longe de problemas em questões ambientais”, enquanto, em privado, chamava o movimento ambientalista de “merda para palhaços”, no entanto, trouxe “ambientalistas enérgicos” como William Ruckelshaus e Russell Train para dirigir a EPA e o CEQ. Senadores democratas, incluindo Edmund Muskie e Henry “Scoop” Jackson, pressionaram Nixon para reforçar regulamentações ambientais, “criaram problemas ao presidente”, com Jackson pretendendo coordenar a política ambiental do governo através do CEQ proposto pelo Congresso e Muskie propondo que empresas petrolíferas fossem responsabilizadas pelos derrames de óleo. Conselheiros de Nixon acreditavam que o aquecimento global, especificamente, era “assunto no qual a Administração deveria envolver-se” e 7 meses antes do 1º Dia da Terra, Moynihan escreveu a Ehrlichman alertando sobre perigos “do problema do CO2” incluindo temperaturas extremas e elevação do nível do mar, o que, segundo ele, significaria “Adeus, Nova Iorque. Um dos esforços ambientais internacionais mais notáveis, no entanto, foi o acordo ambiental EUA-URSS assinado por Nixon na Conferência de Moscou em Junho de 1972, abrangendo modelos de poluição atmosférica, pesticidas, conservação, preservação e previsões de terramotos com “até 700 cientistas e outros profissionais ambientais participando anualmente do programa de intercâmbio”, tornando-o um dos “mais abrangentes, bilaterais e ambientais”.
Um plano de 1971 buscando desenvolvimento de rede global de monitorização do CO2 nunca se concretizou, cuja proposta está detalhada em documento do Arquivo de Segurança Nacional dos EUA em que consultores científicos de Nixon iniciaram análise dos riscos potenciais das alterações climáticas propondo projeto de investigação sobre clima com benefícios que consideraram “imensos” à serem quantificados, envolvendo “garantir a sobrevivência do homem”, conforme documento da Casa Branca. Estabelecia 6 estações de monitorização global e 10 regionais em locais remotos para recolher dados sobre CO2, radiação solar, aerossóis e demais fatores que exercem influência na atmosfera, envolvia 5 agências governamentais em iniciativa de 6 anos e com gastos de US$ 23 milhões com ano de pico do projeto, 1974, equivalente a US$ 172 milhões em dólares atuais, utilizando tecnologia de ponta, algumas das quais só agora implementadas na monitorização do carbono, 50 anos depois, no entanto, investigadores do Arquivo de Segurança Nacional sediados na Universidade George Washington não encontraram documentação sobre o que aconteceu à proposta, já que esta nunca foi implementada. A monitorização foi autorizada pelo chefe do Gabinete de Ciência e Tecnologia da Casa Branca de Nixon, Edward E. David Jr. que ingressou na Exxon e, como presidente da Exxon Research and Engineering Company, de 1977 a 1986, assinou projeto que usou um dos petroleiros para coletar CO2 atmosférico e oceânico, começando em 1979, relatada pela primeira vez em 2015 confirmando o papel dos combustíveis fósseis no aquecimento global e mostrando que a indústria petrolífera conhecia danos dos produtos, agora peça-chave de prova em ações judiciais movidas por estados e cidades do país que procuram compensação da indústria petrolífera por danos climáticos. O Arquivo de Segurança Nacional em 2023 lançou projeto para compilar registro histórico do cálculo do governo dos EUA às alterações climáticas e, para marcar a Semana da Terra 2024, lançou livro informativo detalhando discussões sobre clima na Casa Branca de Nixon, incluindo o novo documento, considerando que conselheiros de Nixon o alertaram sobre riscos do aquecimento global com Daniel Patrick Moynihan instando o governo se envolver na questão já em 1969, mais tarde como senador por Nova York, observou que o aumento do nível do mar de 10 pés foi possível com um aumento de 3,9 ºC ao escrever “Adeus, Nova York”, “Adeus, Washington, por falar nisso.” Nixon, de fato, deixou para trás registro mais progressista em matéria de ambiente que seus sucessores republicanos, propôs e estabeleceu a Agência de Proteção Ambiental e mais tarde abraçou um Dia da Terra nacional, expandindo o conceito antes lançado pelo senador Gaylord Nelson, democrata de Wisconsin, e embora o governo nunca tenha embarcado em plano de monitorização do CO2 tão ambicioso como o proposto por conselheiros científicos, expandiria estações de investigação, como aconselharam, para além do único local em Mauna Loa, Havai, em funcionamento desde 1958 sendo que a NOAA, Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, abriu estações adicionais de medição de CO2 em Barrow, Alasca, Samoa Americana e Pólo Sul, em 1973.
Moral da Nota: nesta altura emergiu o escândalo Watergate e, Nixon, que tinha criticado ambientalistas por quererem que os humanos “voltassem viver como bando de animais malditos”, conforme recorda Santarsiero no livro informativo, aboliu o gabinete de ciência e tecnologia e, seu líder, desistiu frustrado no início de 1973, conforme obituário no New York Times em 2017, na Exxon, pressionou por mais ciência relacionada ao aquecimento global e, além da pesquisa de amostragem, supervisionou transição à mais trabalhos de modelagem climática como na projeção do aumento da temperatura relacionado a concentrações de CO2, mas, no final da carreira, assinou artigo de opinião no Wall Street Journal de 2012, no qual os céticos da ciência climática argumentavam que não havia nenhuma razão convincente para descarbonizar a economia mundial. Em última análise, investigadores do governo dos EUA na NASA, NOAA e outras agências liderariam grande parte da ciência que levou a consenso sobre o aquecimento global, mas a política governamental ficou aquém das advertências dos cientistas, como sublinha o último documento dos arquivos de Nixon.