sábado, 17 de novembro de 2018

Paisagem e urbanismo

Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e do Forum Econômico Mundial desenvolveram um índice chamado de Green View Index, usando dados do Google Street View para quantificar o número de árvores nas grandes cidades. Permite avaliar e comparar a cobertura verde em ambientes urbanos, cujo objetivo é oferecer ao cidadão ferramenta e dados obtidos a partir das análises realizadas. Denominado Treepedia o projeto coleta dados de 27 grandes cidades, embora expandam progressivamente suas análises graças aos mapas que recolhe, localizando áreas mais verdes e comparando com outras cidades. Qualquer um poderá no futuro adicionar informações sobre árvores em um mapa de código aberto e interagir com as autoridades, solicitando que mais árvores sejam plantadas em áreas específicas. Outra peculiaridade da Treepedia é o fato de levar em conta apenas árvores plantadas nas ruas, não nos parques urbanos, que aparece em branco em seus mapas. 
Foi demonstrado que as árvores podem ajudar a baixar a temperatura entre 2º e 8⁰ C, além do efeito calmante tornando mais agradável a vida urbana. Promovem a biodiversidade atraindo pássaros e insetos, absorvendo CO2 com efeito despoluidor e ilimitados benefícios ao ecosistema. As árvores das grandes metrópolis dão um papel de liderança nos planos de planejamento urbano. Cingapura ocupa o primeiro lugar com 29,3% de sua área coberta por vegetação, para uma população de 7.000 habitantes por metro quadrado e no extremo oposto, Paris, com 8,8%. Londres é uma cidade verde cheia de grandes parques urbanos, cujas ruas não têm muitas árvores ocupando o 23º lugar das 27 analisadas. Até 2050 Seatle tem proposta em transformar-se na cidade neutra em carbono cujo índice de floresta é 20%. Tampa em primeiro lugar na lista americana com cobertura verde quantificada com o Green View Index de 36,1% e densidade populacional de 1.283 habitantes/km². Frankfurt é uma das mais sustentáveis ​​e habitáveis ​​do mundo com cobertura arbórea 21,5%, além de promoção da mobilidade sustentável e uso de bicicletas, já reduzindo suas emissões em mais de 15%. Trata-se de um dos maiores centros financeiros e econômicos da Alemanha, provando que a sustentabilidade não está em desacordo com a prosperidade. 
Moral da nota: pesquisadores consideram os parques urbanos um componente essencial para a habitabilidade urbana. O projeto Treepedia tem como objetivo tornar visíveis as árvores plantadas nas ruas, muitas vezes desapercebidas, sendo componente fundamental à paisagem urbana.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Lá e cá

Com base em imagens de satélite fornecidas pelo Planet Labs, projetos de energia a carvão foram retomados na China após congelamento de dois anos. Análise da CoalSwarm estima que 46,7 gigawatts de construção de energia nova a base de carvão são visíveis. Por conta do aumento da demanda de energia o trabalho de construção avança.
Números do Departamento Nacional de Estatísticas mostram um salto de 9,4% no uso de eletricidade e em consequência, o consumo de carvão aumentou 3,1% no primeiro semestre de 2018 comparado com o mesmo período do ano anterior. Dados econômicos indicam que a recuperação da demanda de energia da China é impulsionada pela geração de energia a carvão. Desde 2016 a capacidade de geração excessiva foi um dos maiores problemas enfrentados pelo setor de carvão nacional. Quando concluídas, as usinas aumentarão a capacidade de energia a carvão em 4%. Em abril de 2016 a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma junto com a Administração Nacional de Energia, autoridades de planejamento econômico e regulamentação energética do país, emitiram documento instruindo as províncias a limitarem a capacidade total de energia a carvão. Quase metade das províncias foram orientadas a adiar a construção de novos projetos e em 2017, a Administração Estatal de Energia suspendeu o trabalho em mais de 100 usinas em construção.
Do lado de cá desmatar a Amazônia em tempos eleitorais, geralmente aumenta por promessas de candidatos em tornar a legislação ambiental mais flexível. Nesta campanha eleitoral, críticas a supervisão do Ibama, chamado de excessivo e ideologicamente tendencioso, desaguou num salto de 50% de perda florestal em três meses de campanha, com perda de 1.674 km² entre agosto e outubro ou o dobro do tamanho de Nova York ou 273% em relação ao mesmo período do ano passado. A área mais intensa foi a fronteira entre Acre e Amazonas. Os dados são do sistema de monitoramento por satélite, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em tempo real chamado Deter B, disponíveis publicamente, cuja taxa anual é calculada pelo projeto Prodes do INPE. 48,8% é diferença alertando o que poderá vir.
Moral da Nota: a escassez de eletricidade regional e relatos de demanda superando a oferta, resultou no afrouxamento das restrições no setor de energia do carvão. Em maio de 2018, a Administração Nacional de Energia chinesa permitiu o reinício da construção de usinas termoelétricas a carvão. Entre nós, desmatamento busca transformar tudo em um grande pasto ou mega monocultura. A pergunta que não cala é se tem mercado para toda a soja e carne produzida na Amazônia?