As lições do coronavírus serão consideradas no relatório de ciências climáticas da ONU com vencimento em 2021 examinando ligações entre pandemias e pressões humanas no mundo, orientando formuladores de políticas. Está em estudo até que ponto pressões humanas no mundo natural aumentam riscos de pandemias, com lições do surto de coronavírus supondo-se que o Covid-19 tenha se originado em animais, talvez morcegos, antes de infectar pessoas em Wuhan, na China. Aquecimento global, aumento da população humana, poluição e destruição de habitats da vida selvagem são fatores que aumentam risco de doenças zoonóticas saltando de animais.
A doença zoonótica foi mencionada na rodada 2013/2014 do IPCC, Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, sem previão potencial de pandemias. O relatório do IPCC em 2014 teve um capítulo sobre saúde e mudança climática, descrevendo ameaças à saúde por ondas de calor e incêndios florestais, desnutrição decorrente menor produção de alimentos em regiões pobres e doenças como malária e dengue expandindo seus limites. Pesquisa científica constatou que 96% de todos os mamíferos vivos são pessoas e animais domesticados, com apenas 4% de criaturas selvagens, sendo que as atividades humanas são força de mudanças no planeta se qualificando à nova época geológica chamada Antropoceno, do grego 'anthropos' que significa 'homem', sucedendo o Holoceno atual que começou em fins da última Era Glacial há 11.700 anos atrás. Busca-se descobrir até que ponto humanos influenciam o planeta antes do colapso dos ecossistemas, como os recifes de corais tropicais em processo de branqueamento e morte nas águas quentes.
Moral da Nota: o IPCC, antes da pandemia, planejava explorar vínculos entre mudança climática e biodiversidade em workshop conjunto com a IPBES, Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas, no entanto, passaram a examinar vínculos entre biodiversidade, mudança climática e coronavírus, cujas primeiras descobertas serão incluídas no próximo relatório. O próximo relatório de avaliação, publicado ao longo de 2021-22, será guia científico à ação de governos sobre aquecimento global. A publicação da primeira parte do próximo relatório do IPCC que analisa a ciência física das mudanças climáticas, incluindo cenários ao aquecimento futuro, deve demorar mais de três meses a partir de abril de 2021. Prevê-se que emissões de gases efeito estufa caiam 6% em 2020, pois, trabalho não essencial e viagens suspensas retardam propagação do Covid-19. A ONU estima que as emissões necessitam cair 7,6%/ano na próxima década com foco no limite de temperaturas em 1,5°C acima dos tempos pré-industriais, objetivo mais difícil do Acordo de Paris 2015.