terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Nexo de Causalidade

Júri da Califórnia condena indenizar em US$ 40 milhões duas pacientes decorrente nexo de causalidade entre desenvolvimento de câncer de ovário e uso diário do talco para bebês da Johnson & Johnson por 40 anos, retirado em 2020 do mercado norte-americano e substituído por fórmula à base de amido de milho. Concluiu que a Johnson  conhecia riscos associados ao produto desde os anos 1960 omitindo informações aos consumidores, com as pacientes residentes na Califórnia passando por cirurgias e sessões de quimioterapia, no entanto, mais de 67 mil ações seguem tramitando nos EUA a maioria associada a câncer de ovário, além de processos por mesotelioma. Os autos mostraram que a companhia sabia dos riscos desde os anos 1960 omitindo informações  não alertando consumidores, com Monica Kent diagnosticada em 2014 e Deborah Schultz em 2018, ambas, residentes no estado, relatando uso diário do talco pós banho por 40 anos, enquanto o advogado Andy Birchfield afirmou ao júri que a Johnson sabia da ligação entre uso do talco e câncer, declarando, "sabiam e estavam fazendo tudo que podiam para esconder, enterrar a verdade sobre os perigos". A defesa da empresa alegou falta de evidências científicas destacando que nenhuma autoridade de saúde dos EUA reconhece o talco como causador de câncer, no entanto, mais de 67 mil processos foram abertos contra a Companhia por consumidores que afirmaram ter desenvolvido câncer pós uso prolongado do talco, enquanto a Empresa alega que os produtos são seguros não contêm amianto e não provocam câncer e o talco foi retirado do mercado em 2020 substituído por fórmula com amido de milho.

O Júri do Tribunal Superior de Los Angeles concedeu US$ 18 milhões a Monica Kent e US$ 22 milhões a Deborah Schultz e seu marido, pós concluir que a companhia sabia há anos que seus produtos à base de talco eram perigosos e não alertando consumidores, com Erik Haas, vice-presidente mundial de litígios da Johnson & Johnson dizendo que a empresa planeja "recorrer da decisão e espera prevalecer como normalmente ocorre  com veredictos adversos atípicos". Nas alegações finais em Courtroom View Network, Andy Birchfield, advogado das demandantes, disse ao júri que a companhia sabia desde a década de 1960 que o produto poderia causar câncer, Allison Brown, advogada da Johnson, afirmou que as únicas pessoas que informaram a Kent e Schultz que seus cânceres foram causados ​​pelo talco foram seus advogados, já que o suposto nexo de causalidade não é respaldado por autoridade de saúde importante dos EUA e não há estudo que mostre que o talco possa migrar da parte externa do corpo aos órgãos reprodutivos, dizendo ao Juri que,"eles não têm provas neste caso e esperam que vocês não se importem". Documentos judiciais indicam a Johnson enfrentando processos de mais de 67 mil pessoas sob alegação de terem sido diagnosticadas com câncer pós  uso do talco à bebês e outros produtos à base de talco. A companhia tentou encerrar os litígios através de pedidos de falência, estratégia rejeitada três vezes por tribunais federais, a última, em abril, com negativa judicial determinado a retomada dos processos enquanto o caso das californianas foi o primeiro a ser julgado desde a última tentativa de falência. Diante essas tentativas, a empresa já havia sido condenada em outros julgamentos com indenizações bilionárias enqaunto a maioria dos processos se relaciona a câncer de ovário, havendo ações envolvendo mesotelioma, forma rara de câncer em andamento nos tribunais estaduais dos EUA. Vale a nota que a empresa venceu alguns processos e teve outras indenizações reduzidas em apelação, enquanto a maioria dos enfrentamentos judiciais envolve alegações de câncer de ovário e já fez acordos em alguns desses casos, não firmou um acordo nacional, portanto, muitos processos relacionados ao mesotelioma foram a julgamento em tribunais estaduais nos últimos meses.

Moral da Nota: em 2018, júri do Missouri ordenou que a Johnson & Johnson pagasse valor recorde de US$ 4,69 bilhões a 22 mulheres que alegaram que os produtos da empresa à base de talco, incluindo o talco para bebês, continham amianto e causaram desenvolvimento de câncer de ovário, naquele, considerado o maior veredicto que a Johnson enfrentou por alegações que seus produtos à base de talco causam câncer, no entanto, a empresa enfrenta 9 mil processos relacionados ao talco. A companhia nega que os produtos de talco causem câncer e contenham amianto, afirmando que décadas de estudos comprovam segurança do talco e que reverteu veredictos anteriores sobre o mesmo produto com base em questões técnico-legais. A sentença do Tribunal da Cidade de St. Louis composta por US$ 550 milhões em indenizações compensatórias e US$ 4,14 bilhões em indenizações punitivas, conforme transmissão online do julgamento feita pela Courtroom View Network, a decisão do júri foi tomada após depoimentos de quase uma dúzia de especialistas de ambos os lados. Por fim, a empresa reverteu veredictos relacionados ao talco no passado com tribunais de apelação apontando à decisão de 2017 da Suprema Corte dos EUA limitando locais onde ações judiciais por danos pessoais podem ser ajuizadas, quer dizer, das 22 mulheres no julgamento de St. Louis, 17 eram de fora do Missouri, estado considerado favorável aos demandantes e a prática de reunir demandantes em tais jurisdições é criticada como "escolha de foro" pelos réus, contestada em apelação. Para concluir, a maioria dos processos judiciais enfrentados pela Johnson envolve alegações que o talco causou câncer de ovário, no entanto, número menor de casos alega que o talco contaminado causou mesotelioma, câncer de tecido intimamente ligado à exposição ao amianto. A FDA, Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA, encomendou estudo de amostras de talco coletadas entre 2009 e 2010, incluindo o Talco para Bebês da Johnson, afirmando que não foi encontrado amianto em nenhuma das amostras de talco, no entanto, argumentos no tribunal indicaram que usaram métodos falhos que não permitiram detecção adequada de fibras de amianto.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

IA e Saúde

Desde a integração em 1908 de Willem Einthoven na medicina clínica, o eletrocardiograma, ECG,tem sido importante no diagnóstico cardiovascular por mais de um século, não invasivo, de baixo custo e disponível, produzindo informações sobre ritmo cardíaco, condução e isquemia, fundamental, à decisão em cenários agudos e crônicos. Sua interpretação convencional está limitada pela dependência da experiência clínica de diagnósticos afetados pela variabilidade inter observador, particularmente na avaliação de anormalidades sutis ou alterações inespecíficas, em contexto que doenças mais prevalentes e mortais são as cardiovasculares e a ferramenta diagnóstica mais utilizada para investigar fisiologia e função cardiovascular é o eletrocardiograma, apesar da disponibilidade e uso, sujeito à variabilidade interobservador e à sensibilidade abaixo do ideal à doenças assintomáticas ou em estágio inicial. Abordagens de aprendizado profundo fornecem métodos à melhorar utilidade diagnóstica e prognóstica do ECG e a interpretação automatizada habilitada por IA, utilizando redes neurais convolucionais, CNNs, atingiu desempenho ótimo na detecção e classificação de arritmias, demonstrando rendimento diagnóstico à disfunção ventricular esquerda assintomática no ambiente de atenção primária. Apesar da lista de aplicações, obstáculos permanecem devido diferenças no treinamento e populações-alvo com viés relacionado a sexo, raça e comorbidades, fator limitante à implementação equitativa, com preocupações de aprendizado profundo, interpretabilidade e adoção clínica,responsabilidade médico-legal e integração com fluxos de trabalho e infraestrutura, além de privacidade de dados, justiça algorítmica, responsabilização e transparência, importantes, à medida que o IA-ECG seja submetida a escrutínio regulatório e à validação em resultados. Algoritmos automatizados apresentam desempenho diagnóstico inferior à interpretação de especialistas, com sensibilidades variando de 70% a 85% e especificidades de 80% a 90%, dependendo da condição e do algoritmo usados, ao passo que, IA e ML, aprendizado de máquima, são ferramentas que detectam padrões ocultos em conjuntos de dados grandes e complexos e sua evolução avançou na última década. Modelos de DL, aprendizado profundo, como redes neurais convolucionais, CNNs, aproveitam  capacidades analíticas onde podem digerir dados brutos e executar engenharia cada vez mais abstrata por conta própria, sem manipulação humana direta, para serem usados no reconhecimento de padrões em níveis mais altos além da compreensão visual humana. Mostraram prova de conceito ao aprender classificar com precisão arritmias de ECGs de derivação única de modo que estava no mesmo nível de cardiologistas certificados, daí, modelos IA-ECG serem capazes de prever disfunção sistólica ventricular esquerda a partir de ECGs de ritmo sinusal, detectar evidências de fibrilação atrial prévia mesmo em pacientes em ritmo sinusal normal e até triagem de anormalidades metabólicas,como hipercalemia. Em 2023, o primeiro algoritmo IA-ECG foi aprovado pela FDA dos EUA à detecção de baixa fração de ejeção, evento marcante do primeiro algoritmo IA em cardiologia fazer a transição do ambiente de pesquisa ao uso clínico, no entanto, a maioria desses modelos possuem interpretabilidade limitada, prejudicando confiança e responsabilidade médico-legal, cujo desempenho do modelo depende da população que pode levar a viés relacionado a sexo, raça ou comorbidade, por exemplo, modelos aprendizado profundo, DL, treinados em dados de populações masculinas de meia-idade podem apresentar desempenho inferior quando aplicados a mulheres, adultos mais velhos ou indivíduos com diferentes perfis de comorbidade levando à redução da precisão diagnóstica nesses grupos. 

Vale notar que IA no mercado de Diagnóstico de Câncer deverá atingir US$ 2,43 Bilhões até 2032, com relatório da DelveInsight, prevendo crescimento estável de 2025 a 2032, avaliado em US$ 1.049,sendo 18 milhões em 2024, ao lado da necessidade de ferramentas de diagnóstico precisas, rápidas e econômicas, impulsionando a adoção de soluções baseadas em IA em oncologia, com sistemas de saúde priorizando detecção precoce e diagnóstico de precisão. IA, integrada a modalidades de imagem médica como Tomografia, ressonância magnética, mamografia e lâmina de patologia surgiram como ferramentas transformadoras no diagnóstico do câncer, melhorando precisão diagnóstica, minimizando erro e permitindo detecção precoce da doença, fatores essenciais para melhorar taxas de sobrevivência e resultados do tratamento. Grandes players de saúde e tecnologia se concentram em colaborações estratégicas, lançamentos de produtos e aquisições para fortalecer portfólios de diagnóstico de câncer baseados em IA, esperando-se que esses desenvolvimentos expandam o alcance e capacidades tecnológicas IA ​​no cenário do diagnóstico do câncer. De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer, 20 milhões de novos casos foram relatados globalmente em 2022 com projeções indicando aumento à 32,6 milhões de casos até 2045, entre estes, o câncer de mama respondeu por  2,3 milhões de novos casos em 2022 com previsão de atingir 3,36 milhões até 2045, sendo que o crescimento na prevalência ressalta necessidade de tecnologias de diagnóstico aprimoradas. Cada vez mais reconhecida como componente indispensável do tratamento do câncer, IA particularmente na detecção precoce e precisa em que métodos tradicionais como interpretação de imagens e biópsias de tecido são limitados pela subjetividade, restrições de tempo e variabilidade diagnóstica, em contraste, sistemas alimentados por IA alavancam algoritmos de aprendizado profundo e aprendizado de máquina para analisar conjuntos de dados massivos de imagens e diagnósticos moleculares, fornecendo resultados rápidos e precisos. Modelos IA são capazes de detectar padrões complexos invisíveis ao olho humano, reduzindo erros de diagnóstico, podendo diferenciar entre tumores benignos e malignos com alta especificidade, minimizar falsos positivos e reduzir biópsias desnecessárias, além disso, a integração IA ​​em fluxos de trabalho de diagnóstico permite suporte à decisão em tempo real, monitoramento de doenças e previsão da resposta ao tratamento. Plataformas de imagem orientadas por IA, equipadas com tecnologias de visão computacional baseadas em aprendizado profundo são capazes de automatizar tarefas como detecção de lesões, segmentação e classificação de tumores, reduzindo carga e melhorando reprodutibilidade e padronização dos resultados diagnósticos, com modelos avançados IA capazes de avaliar dados de imagem multiparamétricos para detectar tumores em estágio inicial e anormalidades sutis, por exemplo, sistemas IA utilizados em mamografias demonstraram precisão na identificação de microcalcificações indicativas de câncer de mama em estágio inicial, ou, ferramentas de rastreamento de câncer de pulmão habilitadas por IA podendo detectar nódulos com maior sensibilidade que métodos tradicionais de revisão de imagens.Por fim, análise automatizada de lâminas histopatológicas, alimentada por redes neurais, fornece segmentação precisa do tecido e classificação do câncer, além disso, a capacidade IA ​​de integrar dados genômicos, radiômicos e clínicos auxilia oncologistas no desenvolvimento de planos de tratamento personalizados com base em assinaturas moleculares específicas do paciente, com a Roche por exemplo, em setembro de 2024, expandindo sua plataforma de patologia digital integrando mais de 20 algoritmos avançados IA de 8 parceiros em seu software empresarial navify® Digital Pathology, oferecendo acesso direto à análise de imagens com tecnologia IA, aprimorando consistência diagnóstica e acelerando pesquisa em oncologia.

Moral da Nota: persistem desafios e restrições IA no diagnóstico do câncer, com o mercado enfrentando disponibilidade limitada de dados, complexidades regulatórias e viés de modelo com sistemas IA exigindo vastos conjuntos de dados, de alta qualidade e diversos à treinamento e validação eficazes, no entanto, a fragmentação de dados, preocupações com privacidade e inconsistências nas informações clínicas dificultam o processo. A falta de estruturas de validação padronizadas e rigorosos processos de aprovação regulatória à dispositivos médicos baseados em IA podem atrasar a entrada no mercado,  além de questões éticas em torno do uso de dados e natureza de "caixa preta" da tomada de decisão IA ​​continuam sendo áreas-chave de preocupação à autoridades regulatórias e médicos. A indústria continua fazer progressos no tratamento das limitações através de colaborações globais, protocolos padronizados e design algorítmico transparente, em 2024, o segmento de software dominou o mercado e está projetado para continuar liderando no período de previsão, cujas soluções com tecnologia IA estão na vanguarda do diagnóstico de câncer permitindo interpretação precisa de imagens, automação de fluxo de trabalho e análise preditiva. Algoritmos de aprendizado profundo e aprendizado de máquina em que plataformas podem processar com eficiência imagens médicas de alta resolução de TC, RNM, PET e patologia digital, fornecem detecção precoce e classificação precisa da doença, além do uso de soluções IA em nuvem permitindo o compartilhamento de dados em tempo real, colaboração remota e integração com Registros Eletrônicos de Saúde, EHRs, melhorando eficiência geral na tomada de decisões clínicas. Em outubro de 2024, a Owkin, empresa de biotecnologia com IA, lançou o MSIntuit® CRC v2, um software IA de última geração projetado para aprimorar detecção e tratamento do câncer colorretal, CCR, integrada à plataforma navify® da Roche, solução que exemplifica como o software IA está remodelando fluxos de trabalho clínicos, dando informações precisas de microambientes  tumorais e perfis de mutação. 

domingo, 14 de dezembro de 2025

Poluição Fluvial

Um panorama dos rios indianos nos dar ideia sobre o restante do mundo em relação a crise dos rios e, na Índia, buscam indicar empresas para liderar a limpeza, em que padrões, monitoramento e fiscalização podem dar as indústrias cumprirem normas e reduzir poluição fluvial. Rios estratégicos contaminados com águas residuais não tratadas provenientes da indústria têxtil e curtumes, liberando corantes, sais e produtos químicos de difícil tratamento, com agricultores nas regiões da bacia dos rios Noyyal e Jojari perdem terras aráveis enfrentando exposição a substâncias tóxicas e forçados migrar, daí, a simples coleta de dados não basta. Monitoramento em IA, detecção em tempo real, manutenção preditiva e fiscalização podem auxiliar indústrias cumprirem normas e reduzir poluição fluvial já que água é identidade do planeta, cor azul característica que decorre de 71% da superfície coberta por água, o mesmo ocorrendo com o corpo humano composto de água. No caso indiano, o Yamuna, 2º maior afluente do Ganges, poucos reconhecem indústrias que impulsionam parte da poluição, especialmente setores têxtil e de curtumes que afetam rios na Índia com riscos à saúde e economia das populações locais em país que abriga 18% da população mundial com 4% dos recursos hídricos renováveis ​​do planeta, discrepância que agrava degradação pluvial onde efluentes industriais não tratados contaminam o Yamuna, Ganges, Sabarmati e Jojari. Relatórios e estudos locais mostram contaminação por corantes têxteis e sais na bacia do rio Noyyal, em Tamil Nadu, situação similar no rio Jojari, Rajastão, com relatos que terras agrícolas se tornaram improdutivas perto de Balotra onde fábricas têxteis se alinham às margens fluviais, em que escoamento tóxico envenena plantações e força famílias migrar, o país busca instalar sistemas de monitoramento contínuo de efluentes e indústrias já possuem sensores nos pontos de descarga. Em algumas partes da Europa, projetos-piloto têxteis reutilizam a maior parte da água e trabalham para alcançar sistemas automatizados, utilizam dados e automação para reduzir poluição fluvial enquanto a fiscalização em larga escala e em tempo real está em seus estágios iniciais, mas projetos-piloto que utilizam IA e imagens de satélite são promissores. O Tâmisa em Londres, declarado biologicamente morto, foi revitalizado através de regulamentações rigorosas, investimentos em tratamento e monitoramento aprimorado, com IA monitorando de modo inteligente e, quando adicionada redes de sensores, a aprendizagem de máquina pode detectar mudanças no pH ou em outras medidas em tempo real, prever falhas de equipamentos em estações de tratamento antes que causem infrações, identificar ​​despejos conectando imagens de satélite, dados de vazão e histórico e, por fim, a busca por fiscalizar priorizando inspeções onde os problemas são prováveis, fornecimento de painéis de controle públicos que permitam comunidades monitorar qualidade da água.

Estudo utiliza SIG, Sistemas de Informação Geográfica, e técnicas de sensoriamento remoto para prever métricas de qualidade da água no rio Noyyal em que dados de satélite são empregados para construir modelos estatísticos, com pré-processamento envolvendo ajustes a partir de imagens Landsat 8 com o modelo híbrido LASSO demonstrando desempenho superior na previsão de parâmetros de qualidade da água, comprovado por métricas de desempenho. Concentra-se na avaliação da adequação do modelo híbrido LASSO para prever o Índice de Qualidade da Água, IQA, na região de Noyyal, destaca capacidade de lidar com dados de alta dimensionalidade e fornecer resultados interpretáveis cujos modelos de previsão que empregam abordagem LASSO apresentam resultados promissores. Os índices de IQA indicam condições precárias, de julho e agosto de 2022 e abril de 2023, fornecendo informações à aplicação das normas locais de controle da poluição em que a qualidade da água superficial no mundo enfrenta desafios como poluição proveniente da indústria e agricultura e 80% das águas residuais em países em desenvolvimento são lançadas sem tratamento em corpos d'água superficiais ameaçando ecossistemas e saúde humana. O escoamento agrícola de produtos químicos, pesticidas e fertilizantes degrada a qualidade dos rios e da água influenciada por processos naturais e atividades humanas, levando a impactos positivos e negativos nos ecossistemas e na saúde humana sendo que fatores naturais que afetam qualidade da água dos rios incluem caracteres geológicos, padrões climáticos e interações microbianas, por exemplo, formações geológicas podem influenciar pela presença de minerais e nutrientes na água enquanto flutuações de precipitação e temperatura afetam temperatura da água e a dinâmica do fluxo, no entanto, atividades humanas contribuem à deterioração da qualidade da água dos rios. A poluição por efluentes industriais, escoamento agrícola, urbanização e descarte de resíduos introduz metais pesados, pesticidas, fertilizantes e patógenos nos sistemas fluviais além da destruição de habitats, desmatamento e construção de barragens alterando hidrologia dos rios e equilíbrio ecológico, impactando qualidade da água e biodiversidade, no entanto, mudanças climáticas causam desafios, alterando padrões de precipitação e aumentando frequência de eventos climáticos extremos além de exacerbar escassez hídrica. O IQAF, Índice de Qualidade da Água Fluvial, avalia a qualidade da água através da análise de parâmetros como pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, turvidez e níveis de nutrientes e, ao atribuir valores numéricos a cada parâmetro e ponderá-los com base na importância, o IQAF proporciona compreensão da saúde da água fluvial e permite que formuladores de políticas, ambientalistas e interessados monitorem tendências, identifiquem fontes de poluição e priorizem esforços de conservação. Monitoramento e análise contínuos, auxilia gestão sustentável dos recursos hídricos, preservação do ecossistema e proteção da saúde humana em comunidades ribeirinhas enquanto o sensoriamento remoto e Sistemas de Informação Geográfica, SIG, ferramentas ao monitoramento e avaliação da qualidade da água em diversos corpos hídricos. Imagens de satélite de plataformas de sensoriamento remoto oferecem dados sobre parâmetros de qualidade da água, turvidez, concentração de clorofila e temperatura, além de sensores multiespectrais e hiperespectrais que capturam informações em comprimentos de onda permitindo detecção de poluentes e florações de algas. Integração de sensoriamento remoto, SIG e técnicas de qualidade da água permite compreensão da qualidade da água, padrões espaciais e tendências ao longo do tempo, daí, a abordagem integrada facilitar decisões informadas na gestão de recursos hídricos, no controle da poluição e nos esforços de conservação. Efluentes industriais contendo metais pesados, produtos químicos tóxicos e esgoto não tratado são os contribuintes à poluição e indústrias têxteis ao longo das margens lançam corantes e produtos químicos contaminando água e solo ao passo que a urbanização levou a invasões, descarte de resíduos sólidos e lançamento de esgoto no rio, deteriorando a qualidade da água, por fim, práticas agrícolas contribuem ao escoamento de pesticidas e fertilizantes exacerbando níveis de poluição.

Moral da Nota: o rio Noyyal nasce no Tamil Nadu fornecia água à agricultura e comunidades da região, no entanto, ao longo do tempo, sofreu degradação pela poluição industrial, urbanização e atividades agrícolas, enfrenta desafios como escassez de água, poluição e degradação de habitats naturais devido atividades antropogênicas e impactos climáticos. Hidrogeologicamente se caracteriza por aquíferos rasos e rede de rios, incluindo o Noyyal que fornece água à agricultura e uso doméstico sendo que atividades humanas como desmatamento, urbanização e expansão agrícola impactam a bacia do rio em que erosão do solo, sedimentação e depleção de água subterrânea são desafios do ecossistema fluvial com informações geológicas ressaltando importância de práticas de manejo sustentável da terra, conservação da bacia hidrográfica e esforços de restauração para preservar integridade geológica e saúde ecológica da região. Entre 2022 e 2023, 8 parâmetros foram monitorados, ou, temperatura, condutividade, sólidos dissolvidos, STD, pH, turvidez, clorofila-a, cianobactérias e oxigênio dissolvido enquanto a relação entre esses fatores e bandas espectrais do Landsat 8 na captura das imagens foi explorada pela análise de correlação em que modelos de previsão foram desenvolvidos utilizando regressão LASSO, incorporação de índices espectrais como características adicionais melhorando desempenho do modelo e auxiliando identificação de áreas de alta degradação. O índice de qualidade da água indicou baixa qualidade e a deterioração da qualidade  representa riscos à saúde das comunidades que dependem do rio para água potável, irrigação e saneamento, sendo que esforços para solucionar os problemas de qualidade da água incluem iniciativas de tratamento de esgoto, monitoramento da poluição e campanhas de conscientização além da implementação de regulamentações rigorosas sobre descarte industrial, promoção de práticas agrícolas sustentáveis ​​e  restauração da vegetação para mitigar poluição e restaurar a saúde do rio. Em julho e agosto de 2022, o IQA, índice de qualidade da água, variou de 330 a 165, na categoria "ruim", da mesma forma, no verão de 2023, os índices de IQA variaram de 336, muito ruim, a 160, ruim, com resultados destacando importância da utilização da abordagem híbrida LASSO na gestão de recursos e monitoramento ambiental, auxiliando na aplicação de regulamentações e esforços de controle da poluição.

sábado, 13 de dezembro de 2025

Degeneração

No mundo mais de 57 milhões de pessoas vivem atualmente com demência, com cientistas  prevendo aumento de casos agravados pela exposição a microplásticos, muito maior do que se acredita, em que pequenas partículas de plástico, que não conseguimos ver, mas, que inalamos, bebemos e comemos diariamente, podem estar silenciosamente prejudicando o cérebro. Estudo alerta que microplásticos podem alimentar doenças  degenerativas como Alzheimer e Parkinson, adicionando camada alarmante a crise global sanitária já crescente e, caso os microplásticos estejam agravando ou acelerando essas doenças, podem reformular o modo como pensamos sobre riscos ambientais cotidianos. Kamal Dua,professor associado de ciências da Universidade de Tecnologia de Sydney, disse que a exposição é maior que a maioria imagina, avalia que, adultos podem estar ingerindo 250 gramas de microplásticos/ano, suficiente para cobrir um prato inteiro, acrescentando que, “ingerimos microplásticos de  fontes diversas como frutos do mar,  contaminados, sal, alimentos processados, saquinhos de chá, tábuas de corte de plástico, bebidas em garrafas plásticas, alimentos cultivados em solo contaminado, fibras plásticas de carpetes, poeira, roupas sintéticas” e etc. Listou plásticos comuns como polietileno, polipropileno, poliestireno e tereftalato de polietileno ou PET, que contribuem ao problema, dizendo que, “a maioria desses microplásticos é eliminada do nosso corpo, no entanto, estudos mostram que se acumulam nos órgãos, incluindo o cérebro” e a revisão sistemática, publicada na revista Molecular and Cellular Biochemistry, identificou 5 modos pelas quais microplásticos podem danificar o cérebro, ou, ativando células imunológicas, causando estresse oxidativo, enfraquecendo barreira hematoencefálica, atingindo mitocôndrias e danificando neurônios. Por fim, o artigo explorou como microplásticos podem agravar o Alzheimer e contribuir ao Parkinson, com os autores observando necessidade de mais pesquisas para identificar ligação direta, enquanto cientistas da UTS e Universidade de Auburn prosseguem estudos em laboratório sobre como células cerebrais respondem à exposição a microplásticos, no entanto, esperam que as descobertas orientem políticas ambientais mais rigorosas para conter a produção plástica e proteger saúde pública a longo prazo.

Publicação no JAMA On line nos informa que a produção e o uso de plásticos atingiu 435 milhões de toneladas em 2020, aumento em relação aos 234 milhões de toneladas em 2000 e esperando-se que aumentem mais em 70% até 2040, considerando plásticos como materiais sintéticos compostos por polímeros como poliéster, polietileno, copolímeros de polipropileno e poliuretano que variam em composição química e contêm aditivos. Mais de 13 mil substâncias químicas são associadas aos plásticos, 10 grupos são identificados como de preocupação devido toxicidade e potencial de migração ou liberação a partir dos plásticos, incluindo aí, retardantes de chama específicos, estabilizadores, substâncias per e polifluoroalquiladas, PFAS, ftalatos, bisfenóis, alquilfenóis e etoxilatos de alquilfenol, biocidas, metais, metaloides e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Por definição  microplásticos são plásticos com menos de 5 mm que penetram no corpo por inalação ou ingestão após o lixo plástico no ambiente se degradar em fragmentos menores, sendo que partículas inaladas com diâmetro de 2,5 μm ou menor podem entrar nos alvéolos pulmonares e corrente sanguínea acumulando-se nos tecidos. Em consequência, alimentos, bebidas e fontes de água potável contêm microplásticos que podem penetrar no organismo pós ingestão, sendo estudo realizado no México em 2020 avaliou a contaminação por microplásticos em 57 bebidas como refrigerantes, cervejas, chá gelado e bebidas energéticas e, das bebidas avaliadas, 48 ​​amostras apresentaram microplásticos detectáveis, 36 amostras continham menos de 5 partículas de microplástico/L, 9 amostras tinham de 5 a 10 partículas de microplástico/L e 3 amostras continham de 11 a 30 partículas de microplástico/L, com maior abundância de microplásticos, 5,29 partículas/L registrada em amostra de cerveja. Revisão de 2024 de 38 estudos que investigaram 2379 produtos cosméticos e de higiene pessoal relata 16,4% contendo microplásticos, peças de roupa, cosméticos e outros produtos de uso pessoal contêm microplásticos e o uso desses produtos pode levar a exposição por ingestão acidental ou inalação de aerossóis, o esfoliante facial foi o produto mais testado, 46,8% do total de produtos testados e 26,5% dos esfoliantes faciais testados continham microplásticos.

Moral da Nota: os microplásticos atuam como sorventes que absorvem poluentes na superfície por meios hidrofóbicos ou eletrostáticos e interações de preenchimento de poros, enquanto a exposição de organoides hepáticos a microplásticos de poliestireno induziu hepatotoxicidade sugerindo estresse oxidativo e aumento da inflamação. Métodos de detecção como microscopia, espectroscopia, análise do espectro de luz que uma substância emite ou absorve e análise térmica são usados, sendo que a maioria dos estudos se concentra na detecção de poliestireno, no entanto, limitações metodológicas incluem dificuldade de isolamento de amostras ambientais ou biológicas complexas e identificação de cada tipo de microplástico. Estudos relatam a presença de microplásticos em tecidos e órgãos humanos incluindo pulmões, cérebro, sangue, fígado, rins, coração e sistema circulatório, baço, cólon, testículos, fluido folicular ovariano, placenta, leite materno e mecônio, primeiras fezes de bebês, sendo que os níveis de microplásticos foram estatisticamente mais elevados em 24 indivíduos em 2024 comparados com 28 indivíduos em 2016 em tecido cerebral humano post-mortem e tecido hepático. O uso de espectroscopia mostra aumento na frequência e concentração de microplásticos em placenta humana no Havaí de 2006 a 2021, com base na análise de 10 amostras placentárias em cada período sendo microplásticos detectados em 60% em 2006, 90% em 2013 e 100% em 2021. Por fim, estudos mostram associação entre microplásticos e efeitos adversos à saúde, embora  não comprove causalidade, por exemplo, estudo com 257 pacientes com doença da artéria carótida, microplásticos e polietileno foram encontrados na placa da carótida excisada de 58,4% dos pacientes com quantidades ​​de cloreto de polivinila. Estudo post-mortem relatou que tecido cerebral obtido de 12 pacientes  com demência mostraram níveis mais elevados de microplásticos que aqueles obtidos em 52 indivíduos sem demência, no entanto, pesquisas sobre potenciais mecanismos de disfunção orgânica e doenças associadas aos microplásticos estão em andamento.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Dia Zero



O dia que as torneiras secam tal como aconteceu na Cidade do Cabo, na África do Sul, a Cidade do México se encaminha ao Dia Zero, com imprensa global alertando que, em junho de 2024, a Cidade do México, 22 milhões de pessoas, poderiam enfrentar o “Dia Zero”, ou, a perda total de água potável nas torneiras, com Juan Bezaury, ex-diretor associado da Nature Conservancy México, dizendo que a situação no local, embora grave, é mais complexa e que “Dia Zero parece exagerado”. Avalia que a maior cidade da América do Norte, enfrenta esgotamento do sistema de aquedutos de Cutzamala que fornece até 25% da água da metrópole, proveniente de reservatórios do estado do México, com cientistas afirmando que a seca persistente que grande parte do México sofre esgota seus reservatórios, com Sarah Kapnick, cientista-chefe da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, NOAA, dizendo que “as mudanças climáticas estão alterando a probabilidade desses eventos extremos”, considerando que um colapso é exagero, no entanto, a ameaça de escassez de água é alta e aumenta no mundo. No entanto, a Cidade do Cabo, África do Sul, chegou perigosamente próxima do Dia Zero em 2018, enquanto cidades da Colômbia à Índia, correm risco de perder água doce, lembrando entre nós, São Paulo, enquanto Bogotá começou racionamento em resposta à seca. Sabe-se que a maior parte da água restante da Cidade do México é extraída do aquífero sobre o qual a cidade foi construída, trazendo seus próprios riscos, e “quanto mais o aquífero seca, mais a Cidade do México afunda”, chegando em algumas partes a 50 cm/ano, além do fato que a cidade bombeia mais que o dobro da água do aquífero que poderia ser reposta pela infiltração de água superficial, levando a deterioração que não pode ser atribuída apenas ao clima. Aqui um detalhe, durante séculos de desenvolvimento comprometeram recarga do aquífero ao “pavimentar o Vale do México” acarretando a perda da infiltração e a maior parte da água da chuva permanece na superfície e acaba evaporando, sendo que a questão é universal pois há dependência excessiva dos aquíferos que são “recursos finitos”. O diretor do Programa de Direito de Sistemas de Energia, Meio Ambiente e Recursos Naturais da Universidade Texas A&M, Gabriel Eckstein, informa que a construção fragmentada à medida que a cidade cresce criou sistema de água ineficiente e complexo, de difícil reparação e que a manutenção inadequada da infraestrutura levou a sistema que perde até 40% da água devido vazamentos.


Em 2018, 4,5 milhões de habitantes da Cidade do Cabo foram atingidos por seca pior  que qualquer outra no passado, com a cidade se aproximando dos limites de extração de água e dependendo de reservatórios superficiais, com  Barton Thompson, sênior do Instituto Woods ao Meio Ambiente da Universidade Stanford dizendo que “o problema no caso da Cidade do Cabo era ter apenas um tipo de fonte de água que, como resultado das mudanças climáticas, estava em risco maior que antes”. Explica que reservatórios da Cidade do Cabo estavam perigosamente baixos pela falta de chuvas e, mesmo “conservando água” por anos, o crescimento contínuo deixou o sistema incapaz de se ajustar e, para evitar o colapso, a Cidade do Cabo “redobrou os esforços” de conservação que incluíram restrição do uso doméstico e comercial de água e redução do consumo de água pelas fazendas ao redor da cidade, restrições, particularmente onerosas à empresas como restaurantes e hotéis, forçadas encontrar novas fontes  de água. Esforços de conservação adiaram o Dia Zero, evitando esgotamento dos reservatórios até a chegada das chuvas de inverno e, apesar do alívio, a Cidade do Cabo está em situação precária, necessitando "diversificar as fontes de água", e, "à medida que a água se torna mais escassa, as cidades se tornam muito mais criativas no modo como tentam diversificar seu abastecimento". San Diego investiu em dessalinização e reciclagem de água, filtrando sólidos em suspensão e bactérias do esgoto e da água da chuva da comunidade através da luz ultravioleta para esterilizar água filtrada, busca explorar fontes externas além do Rio Colorado, como o Rio San Luis Rey, nas proximidades, e os aquíferos locais. Las Vegas foi "uma das cidades que fez mais com menos", tentando acordos criativos com outras cidades, já que, tem cota de água do Rio Colorado desproporcionalmente pequena em relação à sua população e está financiando projetos de dessalinização e reciclagem de águas residuais em Los Angeles em troca de parte da cota de água do Rio Colorado destinada à cidade. Israel e Singapura investiram em dessalinização e reciclagem de água que fornece 70% da água potável de Israel enquanto o país recicla 90% das águas residuais, superando  níveis de reciclagem de qualquer outro país, além de explorar métodos de irrigação eficientes como irrigação por gotejamento e microgotejamento, significativamente mais eficientes que a irrigação por inundação tradicional. Alguns lugares reduziram a perda de água da chuva construindo infraestrutura com materiais como pavimento permeável que permite que a água se infiltre no solo, pintando telhados de branco para refletir luz solar, reduzindo temperaturas urbanas e, em consequência, a perda de água por evaporação. 


Moral da Nota: o bombeamento intensivo de água subterrânea, antes não reconhecido em sua extensão total, é apontado como responsável pela degradação dos aquíferos e afundamento  do solo no Irã. Levantamento por satélite com resolução de 100 metros, entre 2014 e 2020, buscando avaliar implicações do uso de água subterrânea no país, indicam que aproximadamente 56 mil km² ou 3,5% da área nacional está sujeita a afundamento do solo, devido à irrigação e 3 mil km² dessa área mostram taxas de afundamento superiores a 10 cm/ano. A bacia hidrográfica do planalto central iraniano abriga dois terços dos aquíferos em processo de depleção, com áreas apresentando taxas de afundamento superiores a 35 cm/ano, sugerindo esgotamento anual de 1,7 bilhão de m³, BCM, de água subterrânea em aquíferos confinados e semiconfinados e com compactação de longo prazo da maioria aproximadamente em ordem de magnitude maior que a resposta elástica sazonal, ressaltando perda permanente de aquíferos colocando sustentabilidade dos recursos hídricos do Irã em risco. Por fim, o Irã, nação com 1,6 milhão de km² e população de 84 milhões de habitantes, enfrenta iminente crise de águas subterrâneas de proporções críticas, aqui, fatores como população quadruplicada nas últimas 6 décadas, rápida industrialização e  agricultura extensiva exerceram pressão sobre recursos hídricos do país. Em consequencia, a água subterrânea à um quarto dos habitantes do Irã em regiões áridas e semiáridas, enfrenta desafio paradoxal, ou, demanda por água subterrânea ultrapassando capacidade de reposição perturbando o equilíbrio do ciclo natural da água e o estresse hídrico generalizado colocando em risco comunidades e desencadeando desequilíbrios ecológicos. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Produção de Polímeros

Em 2019, a UNEA , órgão da ONU, adotou resolução, iniciada pela Índia, sobre poluição causada por plásticos de uso único,SUP, em 2021, novamente os indianos impuseram proibição aos SUP, a partir de 1º de julho de 2022, e, em fevereiro de 2022, notificou Regras de Responsabilidade Estendida do Produtor, impondo aos produtores, importadores e proprietários de marcas de produtos que contêm plástico a obrigação de coletar e reciclar resíduos plásticos resultantes, em 2021, Ruanda e Peru, posteriormente Japão, iniciaram projetos-piloto de resoluções solicitando proibição da produção de plásticos. Em março de 2022, em Nairobi, foi decidida a criação do INC, Conselho  de Infraestrutura nos princípios da Conferência do Rio  demonstrando papel desempenhado pela Índia, insistindo nas Responsabilidades Comuns, Diferenciadas e Capacidades Respectivas, CBDR-RC, pedra angular da resolução.

De lá pra cá, muita água passou e a presença de microplásticos, MPs, em suspensão no ar em diferentes ambientes internos, suscita preocupações sobre o grau que inalamos as partículas e o potencial impacto na saúde humana, cujos estudos mais antigos  focaram na faixa de tamanho de 20–200 µm com menor probabilidade de penetrar nos pulmões. Pesquisas de microplásticos suspensos no ar na faixa inalável de 1–10 µm, MP1–10 µm, em residências e cabines de automóveis, com espectroscopia Raman, demonstra que a concentração mediana foi de 528 MPs/m3 no ambiente residencial e  2.238 MPs/m3 no automóvel, ambiente de cabine, com predominância do polietileno,PE, como polímero predominante no ambiente residencial e, a poliamida, PA, no ambiente da cabine do automóvel, daí, fragmentos foram o meio à 97% das micropartículas analisadas, e 94% tinham tamanho inferior a 10 µm, MP1–10 µm, e, seguindo a lei de distribuição de tamanho exponencial, foram combinadas observações de MP1–10 µm com dados publicados sobre MPs em ambientes internos, demonstrando que as estimativas de exposição a MP1–10 µm são 100 vezes maiores que estimativas extrapoladas de tamanhos maiores de MP sugerindo impactos mais significativos na saúde. O estudo, liderado pela pesquisadora Nadiia Yakovenko e equipe da Universidade de Toulouse, conclui que o ar nas casas continha 528 partículas de microplástico por metro cúbico enquanto o ar nos carros tinha 2.238 partículas por metro cúbico, significando que, a cada respiração que damos em ambientes fechados inalamos plástico e 94% são partículas de 10 micrômetros de tamanho que podem penetrar profundamente nos pulmões ou entrar na corrente sanguínea. A combinação dos resultados levam à que um adulto médio pode inalar 3.200 partículas de microplástico/dia, tamanho médio, 10 a 300 micrômetros, e 68 mil partículas de plástico pequenas, 1 a 10 micrômetros, e, diariamente, 100 vezes mais do que os cientistas acreditavam que estávamos inalando, sendo que este novo estudo destaca que as menores partículas de plástico provavelmente representam problema maior.

Moral da Nota: as partículas não são apenas poeira inofensiva, carregam substâncias químicas tóxicas usadas na fabricação do plástico como corantes, conservantes ou plastificantes e, uma vez no corpo, causam inflamação, danificam pulmões, afetam o sistema imunológico, prejudicam digestão e a microbiota intestinal, além de poderem contribuir à doenças crônicas como doenças cardíacas, distúrbios hormonais ou mesmo câncer. Indivíduos com problemas respiratórios podem estar em maior risco, já que seus corpos são mais sensíveis a partículas nocivas no ar, daí, a sugestão de tirar o pó e aspirar regularmente para reduzir o acúmulo de microplásticos em ambientes internos, evitar materiais sintéticos como estofados, carpetes e roupas à base de plástico, limitar uso de embalagens plásticas e optar por materiais naturais ou reutilizáveis, além de manter o veículo ventilado evitando aromatizadores ou sprays de plástico. Em conclusão, o estudo demonstra que a poluição plástica não está apenas nos oceanos ou alimentos e, sim, no próprio ar que respiramos e estamos inalando mais plástico que imaginávamos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Uruguai

A rede elétrica uruguaia é 99% renovável, metade do custo dos combustíveis fósseis,  o criador, o físico Ramon Méndez Galain que liderou transformação, afirma que o mesmo manual de instruções funcionaria em qualquer lugar do mundo, daí, transição energética rápida, barata e real, eletricidade quase 100% renovável, custos pela metade, emprego local, investimento, estabilidade e modelo replicável caso as regras mudem. O Uruguai alcançou o que muitos consideram impossível, ou, sistema elétrico quase inteiramente renovável a custo menor que combustíveis fósseis nos indicando que a transição energética nunca foi apenas questão climática, acima de tudo, questão econômica, com o país demonstrando que a energia limpa pode ser mais barata, mais estável e gerar empregos que petróleo ou gás.  O marco regulatório uruguaio que, por décadas favoreceu combustíveis fósseis, levou a energias renováveis ​​a vencerem em todas as frentes, quer dizer, preços mais baixos, mais empregos e menor vulnerabilidade e a análise do sistema energético evidenciou dilema clássico à um país pequeno, a demanda crescente de eletricidade, disponibilidade quase nula de combustíveis fósseis próprios e dependência cada vez maior de importações, com energia hidrelétrica já explorada ao máximo levando a apagões em residências e indústrias. Com 3,5 milhões de habitantes o Uruguai não possuía grande setor industrial que justifique investimentos em infraestrutura fóssil, no entanto, essa estrutura produtiva permitiu repensar o sistema energético com abordagem orientada à redução de custos e, na década de 2010, o governo reconheceu que dependência ao petróleo importado era insustentável. O mentor do modelo uruguaio oriundo da área da física de partículas, propôs o conceito disruptivo de construir sistema baseado em recursos renováveis ​​nacionais com regras elaboradas para garantir cometição em igualdade de condições com combustíveis fósseis, hoje, o Uruguai gera 99% da energia  a partir de fontes renováveis, com usinas termelétricas entre 1% e 3% entrando em operação quando a energia hidrelétrica, eólica e solar não suprem a demanda. Daí, 45% provém da energia hidrelétrica, eólica 35%, biomassa 15% e energia solar usada para preencher lacunas, o conjunto, levou a queda no custo total da eletricidade a metade comparado a sistema baseado em fósseis, considerando que Honduras, República Dominicana e Chile analisaram os dados nos últimos anos buscando implementar modelos semelhantes. Vale a Nota que o Uruguai atraiu US $ 6 bilhões de investimentos em renovável ao longo de 5 anos gerando 50 mil empregos, significativo à país de seu porte, além de estabilidade liberando o país dos conhecidos choqes do mercado internacional de combustíveis, em consequência, promoveu mercados de longo prazo eliminando subsídios fósseis e criando leilões competitivos à eólica e solar reduzindo preços. Por fim, o modelo uruguaio é avaliado por México, Chile, Colômbia, Holanda e África do Sul cada um com suas prioridades e limitações, considerando que transição na Europa ou Ásia envolvem redes envelhecidas ou demandas industriais intensivas exigindo melhorias na infraestrutura e aumento do armazenamento considerando o caso uruguaio em que a transição energética foca economia e cria empregos, deixando de ser apenas obrigação climática.

Relatório do Observatório Europeu da Seca, EDO, mostra que a Europa e a bacia mediterrânea apresentaram em agosto de 2025, seca histórica atingindo a região mediterrânea com mais da metade, 51,3%, dos solos afetados, em índice não registrado ao período desde o início das observações, em 2012, considerando que desde meados de abril, metade da região foi afetada superando o verão de 2022. O indicador de seca do observatório do programa europeu Copernicus, baseado em satélite, combina nível de precipitações, umidade dos solos e estado da vegetação, dividido em 3 níveis de seca, ou, monitoramento, alerta e alarme e, em agosto, 7,8% da Europa e região mediterrânea em alarme, 38,7% em alerta e 4,9% em monitoramento, com o Cáucaso e o norte dos Bálcãs como regiões mais afetadas Geórgia e Armênia com 97% dos territórios atingidos, assim como Bulgária e Kosovo, enquanto Sérvia, Macedônia do Norte, Albânia, Hungria e Montenegro com três quartos ds áreas em alerta ou alarme. Espanha, Portugal e Itália, foram afetados por incêndios no início do mês e enfrentam seca de forma localizada, considerando dados mais recentes, 69,5% do Reino Unido e 63% da França enfrentam algum nível de seca em monitoramento, alerta ou alarme. Vale a consideração que a umidade dos solos e a vegetação retornaram a condições normais na Alemanha, Suíça, Áustria e República Tcheca, afetadas nos meses anteriores e, com base em estimativas por país fornecidas pelo sistema europeu de informação sobre incêndios florestais, Effis, devastaram um milhão de hectares em 2025 superando em 8 meses o recorde de área queimada em 1 ano inteiro. 

Moral da Nota: o mercado global de veículos elétricos a bateria, BEVs, ultrapassou a marca de 10 milhões de vendas anuais em 2024, com vendas 10% maiores comparadas a 2023 e, em maio de 2025, a China atingiu marco com mais de 1 milhão de carros elétricos vendidos em um único mês, dados do Conselho Internacional de Transporte Limpo, ICCT. Os chineses passam a dominar o mercado global em termos de volume de vendas e, em alguns países europeus lideram em termos de adoção, com participação de BEVs nas vendas de carros novos no primeiro semestre de 2025 em dados compilados pela PwC afirmando que mais de 90% dos carros de passeio recém-registrados eram elétricos. A mobilidade elétrica avança no Norte da Europa, Dinamarca e Holanda com algumas das maiores quotas de mercado, 63,6% e 35,0%, respetivamente, quer dizer, entre 1 e 2 em cada 3 veículos novos vendidos, um detalhe, o mercado norte americano reflete a quota de VE de 7,3%, considerando o fato que medidas políticas da Noruega por exemplo, isenções fiscais, isenções de portagens e outros incentivos mostraram-se eficazes na promoção de carros elétricos sendo que o modelo norueguês não pode ser facilmente transferido à outros países. O caso da Noruega é particular, impõe taxas de importação de veículos e impostos de registro de automóveis tornando os carros mais caros que nos EUA por exemplo, enquanto renunciar taxas à veículos elétricos permite ao país subsidiar compras de VE a nível que qualquer outro país como os EUA por exemplo, não poderia pagar e o fato dos noruegueses serem ricos graças ao Petróleo.  

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Economia Climática

Estudo sobre economia climática superestimou a queda projetada na renda global devido mudanças climáticas, com pesquisadores reconhecendo erros de dados econômicos falhos do Uzbequistão e levando a revista Nature retirar o artigo pós meses de escrutínio sobre os enganos discutidos, quer dizer, pesquisadores do Instituto Potsdam de Pesquisa em seu estudo de abril de 2024 sobre Impacto Climático da Alemanha originalmente projetaram que as mudanças climáticas reduziriam a renda global em 19 % até 2050, ao passo que, análise revisada coloca esse número em 17 %. No entanto, vale dizer que, apesar dos erros, o autor principal Maximilian Kotz avalia que a mensagem fundamental do estudo permanece intacta, ao dizer que, "a mudança climática será enormemente prejudicial à economia mundial se não for controlada e o impacto atingirá com mais força áreas de menor renda que contribuem com menores emissões". Leonie Wenz, coautora, observa que as estimativas revisadas mostram danos globais de US$ 32 trilhões em termos ajustados pelo poder de compra, abaixo dos US$ 38 trilhões originais, enquanto Gernot Wagner, economista climático da Columbia Business School que não participou da pesquisa, avalia que as conclusões principais permanecem significativas independente do valor específico, literalmente diz, "a mudança climática já atinge os lares, cujos prêmios de seguro residencial nos EUA já registraram, em parte, duplicação apenas na última década". Os dados do estudo haviam sido incorporados aos cenários climáticos usados pela Rede ao Esverdeamento do Sistema Financeiro, com bancos centrais do mundo confiando à testes de estresse climático, daí, os autores buscaram revisar e reenviar o artigo. A retratação decorre após economistas da Universidade de Stanford liderados por Solomon Hsiang, descobrirem anomalias nos dados subjacentes do estudo, em que, o conjunto de dados do Uzbequistão mostrava PIB nacional despencando 90% em 2000, em seguida, se recuperando em mais de 90% em regiões até 2010, no entanto, tais números são inconsistentes com dados do Banco Mundial que mostravam crescimento anual real entre -0,2% e 7,7% nesse período, daí, Hsiang dizer, "quando removemos Uzbequistão, tudo mudou". Para finalizar, ao remover um único país da análise reduziu o impacto estimado pelo estudo das mudanças climáticas no PIB mundial de 62% à 23% até 2100 e, de 19% à 6% até 2050, com pesquisadores de Potsdam revisando estimativa que custos dos danos excederiam custos de construção de resiliência reduzindo a probabilidade de 99% à 91%.

Considerando melhores instrumentos visando estimativas e impactos futuros, John Martinis, Prêmio Nobel de Física de 2025 que alcançou supremacia quântica no Google em 2019, falando à Bloomberg News em Tel Aviv, nos alerta que a China fechou o que antes era lacuna de 3 anos na tecnologia da computação quântica estando atrás dos EUA por meros "nanossegundos", quer dizer, "é definitivamente muito competitiva nisso," concluiu. Alerta ainda que "as pessoas devem estar preocupadas que há uma corrida real" e o agora professor na Universidade da Califórnia, Santa Barbara, enquanto ambas as nações competem para construir computadores quânticos com aplicações práticas, marco que, especialistas dizem ainda estar entre 5 e 10 anos de distância, sendo que seus comentários ecoam preocupações similares levantadas pelo CEO da Nvidia, Jensen Huang, ao alertar que a China está "nanossegundos atrás dos EUA em IA". Vale a nota que, Martinis, liderou a equipe de desenvolvimento de computação quântica do Google, esclarecendo que cientistas chineses replicam rapidamente avanços ocidentais e, diz, "eu leio seus artigos, eles entendem o que estão fazendo muito claramente" e, conclui, "quando pessoas no Ocidente publicam artigos sobre avanços recentes, frequentemente em alguns meses publicam artigo com capacidades similares" e o progresso da China é evidente em desenvolvimentos de hardware. Para finalizar, em março de 2025, cientistas chineses revelaram o Zuchongzhi 3.0, processador quântico supercondutor de 105 qubits que supostamente opera 10^15 vezes mais rápido que os principais supercomputadores clássicos à tarefas específicas, daí, as métricas de desempenho do sistema incluindo 99,90% de fidelidade rivalizam de perto com as do chip Willow do Google, anunciado em dezembro de 2024. Quer dizer, a China mobilizou investimento em escala estatal para dominar tecnologias quânticas e, com apoio governamental, totalizou US$ 15,3 bilhões em 2023, mais que o dobro do apoio combinado dos setores público e privado norte americano e já lidera globalmente em comunicações quânticas com rede quântica se estendendo por mais de 10 km através de 17 províncias e 80 cidades.

Moral da Nota: a União Europeia acordou adiar a lei de desmatamento do bloco por um ano, estendendo o prazo à grandes empresas cumprirem até 30 de dezembro de 2026 e, o acordo, entre a Comissão Europeia, Parlamento Europeu e Conselho da UE, marca o 2º adiamento da regulamentação pela pressão da indústria e estados membros em encargos burocráticos e impactos comerciais. Duplica a proposta original da Comissão de um período de carência de 6 meses e elimina necessidade de fase de transição adicional, com pequenas e microempresas tendo até 30 de junho de 2027 para atender requisitos que proíbem venda de produtos vinculados a desmatamento pós dezembro de 2020 com especialistas avaliando que, proteger florestas, deveria ser do interesse de todos, mas as regras da UE sobre desmatamento colocam Estados-membros, ambientalistas e grupos de interesse uns contra os outros e, por enquanto, aqueles que são a favor da simplificação e de regras mais brandas levam vantagem. Para ambientalistas europeus, este é mais um revés pós término da COP30 que não apresentou plano de ação à conter desmatamento, enquanto o Parlamento Europeu votava pela simplificação do regulamento da UE sobre produtos livres de desmatamento, EUDR, apoiado no Partido Popular, PPE, e grupos de extrema-direita, desenvolvimento que repercutirá políticas duradouras. Além do adiamento da lei, requisitos de reporte às empresas serão flexibilizados,  incluindo obrigações em relação à apresentação de declaração de due diligence ao colocar produto no mercado da UE. A Diretiva de Desenvolvimento da UE, EUDR, adotada em 2023, foi saudada por ambientalistas como avanço na luta à proteger a natureza e combater mudanças climáticas, sendo que a lei proíbe produção de bens em áreas desmatadas pós dezembro de 2020 incluindo itens como café, cacau, soja, madeira, óleo de palma, papel de impressão e borracha, além de gado. Por fim, a indecisão em relação às regras irritou defensores do meio ambiente e empresas que já investiram para se adequarem, com a Ferrero e a Nestlé entre as que alertaram que o novo adiamento “prolonga incerteza jurídica e de mercado, penaliza pioneiros e recompensa inação”, com Pierre-Jean Sol Brasier, do grupo ambientalista Fern, dizer que a medida envia “sinal desastroso em todos os níveis”, com as idas e vindas sobre a lei como “caricatura da incompetência política da UE”, alertando que, “estamos criando instabilidade às empresas que investiram milhões” na adequação às normas e acrescentou que agora a porta está aberta “à que legisladores esvaziem” o texto.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Rota Norte Sul

A Pesquisadora e Chefe do Centro Cultural Oriental da Academia Russa de Ciências, ao avaliar o desenvolvimento do corredor de transporte Norte-Sul, informa ser discutido na Rússia devido os benefícios econômicos reorientando a economia russa do Ocidente ao Oriente, além do atalho Rússia/Índia. Utilizado pela 1ª vez por Afanasy Nikitin no século XV e na 2ª Guerra Mundial no fornecimento de suprimentos militares à URSS, além do programa Lend-Lease em que um dos principais países que atravessam a rota, o Irã, mostra grande interesse no projeto à utilizá-lo para melhorar política externa e posição econômica. Desenvolvido em 1999 pela Rússia, Irã e Índia em que empresas de transporte desses países assinaram acordo sobre o transporte de contêineres à importação e exportação ao longo do corredor internacional de transporte Rússia, Mar Cáspio, Irã, Índia e Sri Lanka. O acordo previa o tempo aproximado de trânsito das cargas e tarifas aproximadas, distribuindo responsabilidades entre partes delineando organização do transporte, enquanto a Rússia ratificou em 2002 cujo objetivo era reduzir o tempo de transporte de carga entre Rússia e Índia, desenvolver rota alternativa ao Canal de Suez, no Egito, mais curta e conveniente, dando vantagens do corredor de transporte Norte-Sul emrelação a outras rotas, em particular, à marítima pelo Canal de Suez consideradas a redução das distâncias pela metade ou mais, bem como redução do custo do transporte de contêineres comparados com o custo do transporte marítimo. Países como Cazaquistão, Bielorrússia, Armênia, Azerbaijão, Síria, Omã e Bulgária, como observadores, aderiram o acordo na inauguração do Corredor de Transporte Internacional, sendo que o projeto foi revisto e coordenado por longo período antes do início de sua implementação e, somente na última década, a Rússia delineou sua política de reaproximação com países do Oriente em política externa e econômica colocando o projeto em prática de forma vigorosa. A rota tem 7.200 km de extensão de São Petersburgo ao porto indiano de Mumbai prevendo operação de transporte ferroviário, marítimo e fluvial, envolvendo rotas ao transporte de carga, ou,Transcaspiana através dos portos russos de Astrakhan, Olya e Makhachkala, Oriental conexão ferroviária através do Cazaquistão, Uzbequistão e Turcomenistão, com acesso à rede ferroviária iraniana e Ocidental, Astrakhan, Makhachkala, Samur e, posteriormente, através do Azerbaijão até a estação de Astara e, para esta última rota se tornar operacional, necessita concluir o trecho ferroviário Resht-Astara no Irã considerando que as rotas passam pelo porto iraniano de Bandar Abbas, no Golfo Pérsico. Por fim, o Corredor Norte-Sul representa projeto geoeconômico à Rússia e Irã, no contexto de sanções e reconfiguração do comércio global, sendo que a rota reduz o tempo de transporte entre Rússia e Índia à menos de 25 dias comparados com os 40 dias necessários por via marítima além de diminuir custos logísticos em 30%.

Chama a atenção na Europa o tráfico de lixo à máfias enquanto a descoberta de lixo na Inglaterra expôs atuação de quadrilhas que atuam na Europa e lucram com despejo ilegal e tráfico transfronteiriço de resíduos. Grande pilha de lixo no Reino Unido chamou atenção ao problema do descarte ilegal de resíduos em que organizações criminosas expandem atuação na Europa em negócio lucrativo e de baixo risco, ou, o tráfico de lixo. A Europol, agência policial da UE, alertou em relatório sobre a ameaça do crime organizado em que "o tráfico de resíduos se intensifica com projeção de crescimento maior em escala e sofisticação", ao encontrarem modos de contornar contratos de gestão de resíduos sólidos domésticos e comerciais contando com rede de corrupção em todas etapas do processo, além de falsificarem documentos, explorar ineficiências e lacunas e cruzarem fronteiras para tirar proveito de aplicação mais frouxa da lei. O gabinete antifraude da UE, Olaf, informa que a atividade ilegal cresce por conta de sanções mais brandas que as impostas contra crimes mais "tradicionais" como tráfico de drogas, questão que voltou a chamar atenção com a descoberta de montanha de lixo de 6 metros de altura perto do rio Tâmisa, em Oxfordshire, Inglaterra, com evidências de resíduos de escolas e órgãos públicos locais, sugerindo abuso de contratos de gestão de resíduos com instituições estatais e empresas subcontratadas ilegalmente. Dados oficiais divulgados pelo Olaf estimam que "15% a 30% dos transportes de resíduos podem ser ilegais cujo valor pode atingir até 9,5 bilhões de euros anuais", enquanto a UE transporta 67 milhões de toneladas de resíduos/ano dentro das fronteiras e exporta 35,1 milhões de tonelada. A África é um destino comum de lixo eletrônico europeu, visto em lixão perto de Acra, capital de Gana, com estimativas que o grupo envolvido lucrou 4 milhões de euros sob acusação de usar rede de empresas legais para transportar resíduos que obtêm lucro ao cortar custos e evitar taxas associadas aos resíduos tóxicos. Alexandra Ghenea, da organização sem fins lucrativos romena ECOTECA, informa que "a Romênia possui casos envolvendo redes transfronteiriças com resíduos chegando da Itália, Alemanha, Reino Unido e Bélgica, falsamente declarados como material reciclável", esclarece que, "as redes falsificam documentos, organizam rotas de transporte complexas, usam empresas de fachada e misturam fluxos de resíduos legais e ilegais para evitar detecção". Acontece também do lixo ser descartado da forma menos trabalhosa possível, sem cruzar fronteiras, como em Oxfordshire. Casos assim são comuns na Romênia, como mostrou um incêndio florestal causado pela queima ilegal de materiais recicláveis que se aproximou da capital, Bucareste, em julho. "Essa região é emblemática, com incêndios que se repetem, gerando fumaça tóxica, poluição atmosférica grave e colocando em evidência lacunas no monitoramento, policiamento e gestão local", afirmou Ghenea. "É importante mencionar que o problema da Romênia não é a ausência de legislação cujo quadro jurídico está alinhado com as normas da UE, sendo que a principal fraqueza é a aplicação da lei, em capacidade pessoal, equipamento, conhecimentos especializados como de consistência." A Europol em relatório admite que "autoridades policiais investiram recursos na área apenas em alguns Estados-Membros", esclarecendo que, "grande parte das atividades criminosas ambientais são realizadas por empresas legais, frequentemente rotuladas como crimes corporativos ou crimes de 'colarinho branco' utilizarem empresas o que torna esses crimes menos visíveis", por fim, à medida que a Europa busca se tornar mais verde, encontra-se às voltas com dificuldades no lixo que produz e com pressão de grupos criminosos cada vez mais articulados.  

Moral da Nota: o jornal alemão Bild informa que, segundo o chefe do Departamento Federal de Polícia Criminal da Alemanha, contrabandistas adicionam cocaína a produtos alimentícios para transportá-los à Europa, dizendo que, "temos observado tendência em que grupos criminosos utilizam processos químicos para adicionar cocaína a produtos de exportação legal, como especiarias, sucos de frutas ou plástico, fornecidos da América do Sul à Europa", acrescentando que a droga é misturada de forma a ser impossível detecção sendo a cocaína extraída em laboratórios especializados. Magnus Brunner, Comissário Europeu à Assuntos Internos e Migração, informa que o consumo de cocaína na Europa aumentou 6 vezes em 10 anos ao admitir que "a situação na Europa atinge níveis catastróficos", relata que, de 2013 a 2023, o consumo de metadona triplicou e o consumo de ecstasy dobrou. 

Sem noção: em 24 de novembro, aviões israelenses lançaram bombas GBU-39B fornecidas pelos norte americanos sobre Beirute, uma delas não explodiu e foi recuperada pelos libaneses, com o governo norte americano querendo que o Líbano entregue a arma de origem norte americana usada por Israel para matar libaneses, feito de modo natural exigindo entrega da bomba, ameaçando com represálias caso o Lbano não o faça, com receio que outras nações se apoderem da munição não detonada e façam engenharia reversa.

domingo, 7 de dezembro de 2025

Visita de Estado

O presidente da Rússia visitou a Índia a convite, com o conselheiro presidencial russo, Yuri Ushakov, dizendo "ser um grande sucesso fortalecendo relações amistosas" entre Rússia e Índia, que "já, em ascensão". Inseridos no clima da COP30, vislumbra mais que amizade, busca metas a futuro aquecido e resiliente, valendo considerar que os indianos, aos desatentos, possuem mais que miséria, tem um Brasil, 200 milhões, de pós doutorado, quer dizer, a conversa é outra. Conversam grande, pensam alto, à nós, parceiros no Brics e maiores por aqui, nos leva a pensar como participar. Em conferência de imprensa a Rússia reafirma papel como fornecedor de energia aos indianos, além de hidrocarbonetos, construção de central nuclear e transferência de tecnologia por parte de Moscou à reatores modulares menores e tecnologia nuclear em áreas como agricultura e medicina. Assinaram contrato à criação, na Rússia, de fábrica conjunta de produção de medicamentos de alta qualidade contra o câncer, criação de fábricas conjuntas em território russo à produção de fertilizantes.

Neste ambiente, indianos começam fabricar componentes ao avião de passageiros russo SJ-100, além de livre comércio entre Índia e o mercado comum da União Econômica EuroAsiática, acordando intensificar implementação do Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul que ligará Rússia e Índia através de rede de rotas imunes a abusos logísticos ocidentais, segundo eles, bem como cooperação à utilização da Rota Marítima do Norte, no Ártico, trajeto mais curto entre Ásia e Europa. Acirram competição militar InterBrics com a China, parceira do Paquistão, apontando à compra, por parte da Índia, de caças russos Su-57, avançados sistemas de defesa antimísseis S-400 e equipamentos à Marinha Indiana. O diálogo russo indiano remete à margem da 25ª Cúpula da OCX,Organização de Cooperação de Xangai, na cidade chinesa de Tianjin, "onde tiveram conversa boa e produtiva", além de conversas telefônicas enquanto o presidente russo recebeu o Conselheiro de Segurança Nacional da Índia, Ajit Doval, e o Ministro das Relações Exteriores, Subrahmanyam Jaishankar, em Moscou. Vale a nota que em conversas privadas são "discutidas questões mais relevantes, sensíveis e importantes das relações bilaterais e situação internacional" como a aprovação de programa ao desenvolvimento da cooperação econômica russo-indiana até 2030 além de documentos intergovernamentais, bem como acordos e memorandos entre entidades comerciais. Considera dificuldades populacionais russas no envelhecimento populacional, em pauta, acordo sobre mobilidade laboral entre os países e criação de sistemas de pagamento que poderiam "fornecer alternativa a sistemas que podem ser usados ​​como ferramenta política para exercer pressão". Com relação IA "a parceria com os indianos abrange áreas como exploração espacial, energia, construção naval e aviação" em que empresas russas e indianas estabelecem relações comerciais mesmo antes da situação na Ucrânia e "crucial garantir estabilidade em áreas-chave de cooperação, pois, contribui à alcance de objetivos", assim se expressou o presidente russo. 

Moral da Nota: o comércio bilateral Rússia/Índia atingiu US$ 68,7 bilhões em 2024-2025, com planos de atingir US$ 100 bilhões até 2030, daí, discussões envolvendo expansão de exportações indianas à Rússia, cooperação financeira e introdução do sistema de pagamentos russo “Mir” na Índia, o acordo de mobilidade laboral permite trabalhadores indianos 'qualificados' apoiarem projetos russos em TI, construção e indústria. Na questão militar, 70% do arsenal de defesa indiano é russo, sendo seu inimigo potencial o Paquistão Chinês, inclusive, na ciberguerra, no embate sino iraniano sobre israelenses, com possíveis capacidades de bloquear GPS marítimo no Golfo e em aeronaves civis e militares mundo afora. A India deve ganhar escala na produção conjunta de jatos Su-57, sistemas avançados de defesa aérea S-500 e transferência de tecnologia no âmbito da iniciativa “Make in India”, considerando que na recente guerra relâmpago Índia/Paquistão, houveram restrições aos franceses. Na berlinda a Eurásia com o Corredor Internacional Norte-Sul, ITC, projeto logístico desenvolvido em 1999 pela Rússia, Irã e Índia ao criar rota multimodal ferroviária, marítima e fluvial conectando São Petersburgo ao porto indiano de Mumbai, quer dizer, Eurásia e Sul da Ásia, alternativa mais curta e econômica ao Canal de Suez que realizou sua 1ª remessa em 2022, compreendendo 3 rotas, ou, Transcaspiana, Oriental e Ocidental, permitindo a Rússia acesso aos portos do sul do Irã e, a partir daí, ao Golfo Pérsico e mercados do Sul e Sudeste Asiático. Por fim, em  a linha ferroviária Rasht-Astara atravessa o Irã "ferrovia de 162 km entre as cidades iranianas de Rasht e Astara que permitirá conexão à rota Norte-Sul", conectando portos russos no Mar Báltico e mares do norte com portos iranianos no Golfo Pérsico e costas do Oceano Índico.

sábado, 6 de dezembro de 2025

Microplásticos

A absorção humana de MPs, partículas microplásticas, causa preocupações na saúde com pressão crescente para avaliar riscos associados, embora MPs possam ser ingeridos ou inalados o canal de entrada direto e disponível é a corrente sanguínea, cuja infusão intravenosa procede de frascos plásticos de polipropileno, PP, e filtragem aplicada para limitar contaminação por partículas. Estudo examina o conteúdo de filtrados MPs usando combinação de espectroscopia Raman de superfície aprimorada e microscopia eletrônica de varredura, descobriu que o número de partículas de PP é significativo, 7500 partículas/L, com tamanhos variando de 1 a 62 μm, com media de 8,5 μm, ao passo que 90% das partículas variaram entre 1 e 20 μm em tamanho, com 60% na faixa de 1 a 10 μm. Destaca órgãos à deposição potencial e possíveis efeitos clínicos cujos dados quantitativos são importantes para avaliar riscos de toxicidade associados aos MPs e equilibrar riscos versus benefícios do uso de injeções intravenosas.

O uso plástico quadruplicou nos últimos 30 anos com produção de 380 milhões de toneladas métricas/ano e microplásticos são fragmentos de plástico com 5 mm ou menos de diâmetro e criados à produtos desse tamanho ou resultado da degradação no ambiente encontrados em todos os lugares, da profundidades do oceano a montanhas, ar e água. Metais pesados ​​e contaminantes podem aderir ao microplástico que  bioacumulam nos tecidos animais que os ingerem enquanto água engarrafada, frutos do mar, poeira, frutas e vegetais contém microplásticos e os humanos ingerem 50 mil/120 mil fragmentos plásticos anualmente sendo encontrados no sangue humano, pulmões, rins e placenta onde podem causar efeitos adversos à saúde. Desde a década de 1950 mais de 8,3 bilhões de toneladas de plástico foram produzidas, no total, 9% foram reciclados e o restante incinerado ou jogado em aterros sanitários e, em muitos casos, no ambiente natural, especialmente cursos d'água e oceanos, com os oceanos a caminho de conter mais plástico que peixes em 2050. Nenhum organismo quebra ligações químicas no plástico e quando o lixo plástico acaba no ambiente, não se degrada como papel, matéria orgânica, tecido ou alumínio, que podem se decompor eventualmente e, na presença de sol, calor, água e forças mecânicas de ondas, ventos e marés, os plásticos se quebram em pedaços cada vez menores ou microplásticos sendo encontrados em quase todos os lugares, feitos de polietileno, material da maioria dos sacos e garrafas de plástico, poliestireno, nylon ou PVC. Microplásticos primários já tinham menos de 5 mm de tamanho antes de entrarem em ambientes naturais, pelotas de resina criadas para serem derretidas e fabricar produtos plásticos maiores, microesferas ou fibras têxteis de tecidos sintéticos que apareceram pela primeira vez em produtos de cuidados pessoais há 50 anos e, de acordo com o United National Environment Programme, microfibras parecem com fios de cabelo encontradas em tecidos como roupas, toalhas e pontas de cigarro e, na lavanderia, se desprendem dos tecidos até 700 mil por carga e contaminam águas residuais. Microplásticos Secundários vêm de plásticos maiores, garrafas plásticas de água, canudos plásticos, sacolas plásticas, saquinhos de chá, redes de pesca, pneus de carro, etc. que se degradam respondendo ​​por dois terços dos microplásticos e criados à medida que grandes produtos plásticos se degradam em ambientes naturais como o oceano ao longo do tempo, ou, causados ​​pelo escoamento sobre a terra que carrega fragmentos de aterros sanitários, tintas de estrada, pneus, etc, no entanto, microplásticos podem se quebrar em partículas ainda menores, chamadas nanoplásticos cujo tamanho varia de 1 nanômetro, bilionésimo de metro, a 1 micrômetro, milionésimo de metro, cujos efeitos estão sendo pesquisados. 

Moral da Nota: estudo publicado em Environment & Health informa que bolsas de infusão médica podem liberar microplásticos na corrente sanguínea e uma bolsa de infusão médica de 250 mililitros pode liberar no sangue  7.500 partículas de microplásticos com tamanho de 1 a 62 micrômetros de comprimento. Pesquisas anteriores a década de 1970 descobriram que essas bolsas de infusão podem conter partículas sólidas que levou pesquisadores  investigar se  poderiam ser microplásticos, considerando que são feitas de polipropileno, PP, polietileno, PE, cloreto de polivinila, PVC, elastômeros termoplásticos, TPE, ou etileno vinil acetato, EVA, sendo que o  PP é um dos materiais mais comuns porque veda bem, suporta impactos e resiste corrosão química e ao transparente. Os pesquisadores testaram marcas de bolsas de infusão comerciais feitas de PP contendo soluções salinas intravenosas e, após coletar o líquido, filtrou e condensou as amostras para contar e analisar partículas plásticas detectadas em um microscópio, estimando quantidade de microplásticos à cada bolsa de infusão médica inteira e, com base na análise, a equipe determinou que uma bolsa poderia liberar 7.500 partículas de microplásticos na corrente sanguínea em uma infusão. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Poluição e Saúde

Estudo publicado no JAMA on line sobre 'Rinite Alérgica e Sinusite' avalia que a rinite alérgica afeta nos EUA 1 em cada 6 adultos e a rinossinusite crônica, RSC, 1 em cada 8 adultos, sendo que mudanças climáticas e aumento das temperaturas com consequente liberação de CO2 e demais gases efeito estufa, são preocupações de saúde  afetando sistemas orgânicos principalmente vias aéreas superiores. Alterações no clima afetam diretamente saúde sinonasal aumentando aeroalérgenos e, indiretamente, alteram padrões climáticos resultantes de poeira relacionada à seca, com aumento da concentração e estagnação de poluentes atmosféricos, piora de incêndios e elevação da concentração do ozônio induzido pelo calor com rinite alérgica como 5ª doença crônica mais comum nos EUA e prevalência correlacionada à maior utilização de serviços de saúde. Resposta inflamatória da mucosa nasal mediada por imunoglobulina E, desencadeada pela exposição a alérgenos inalados como pólen e mofo e níveis altos de pólen são associados ao desenvolvimento de rinite alérgica e aumento da compra de medicamentos à alergia e visitas ao pronto-socorro, cujos sintomas incluem congestão e secreção nasal, prurido e espirros, prevalentes, em temperaturas anuais mais altas prolongando período de produção de pólen e temporada de alergia ao pólen, com o detalhe que o aumento do monóxido de carbono, CO, atmosférico aumenta o crescimento da vegetação e produção de pólen. O artigo foca no habitat norte americano dizendo que por lá a temporada de alergia ao pólen aumentou em 20 dias nos últimos 30 anos, além de aumentos nos níveis de pólen de 21% nesse período que dura de março a outubro, variando conforme localização, avalia que, a considerar o ritmo atual das mudanças climáticas, prevê-se, até 2100, a temporada de pólen nos EUA deve aumentear em 19 dias com aumento de 16% a 40% nos níveis totais anuais de pólen. No entanto, considera que eventos climáticos extremos, inundações e furacões, são mais comuns devido mudanças climáticas aumentando risco de mofo e esporos alergênicos em comunidades costeiras de baixa altitude com maior risco de inundações, além disso, poluentes atmosféricos que afetam negativamente rinite alérgica, potencializam inflamação alérgica de vias aéreas com sensibilização a alérgenos e exacerbação da doença alérgica. Por fim, rinossinusite crônica, RSC, definida como inflamação dos seios paranasais por 12 semanas ou mais é caracterizada por congestão nasal, secreção, dor ou pressão facial e disfunção olfativa e, a exposição à poluição, especificamente PM2,5, se associa a probabilidade de diagnóstico de RSC, podendo aumentar a expressão de espécies reativas de oxigênio resultando em estresse oxidativo e inflamação, citotoxicidade e ruptura da função da barreira epitelial. Estudos demonstram associação entre exposição a PM e aumento da incidência de RSC em  análise retrospectiva de pacientes submetidos à cirurgia dos seios paranasais com alta exposição a PM2,5 apresentando chances maiores de RSC e polipose nasal, 94%,  comparados com 69% com baixa exposição a PM2,5, enquanto estudo epidemiológico  utilizando banco de dados ambulatorial dos EUA, 4 bilhões de consultas, descobriu que cada aumento de um micrograma por m³ em PM2,5 se associa a aumento de 10% nas consultas ambulatoriais relacionadas à RSC. Em conclusão, o estudo prevê que rinite alérgica e rinossinusite crônica são condições comuns que devem aumentar com o agravamento das mudanças climáticas e poluição do ar e, que, médicos e pacientes bem informados, podem trabalhar juntos para instituir medidas de prevenção e tratamento de doenças sinonasais.

Dag Hammarskjold, ex-Secretário-Geral da ONU, observou em 1954 com perspicácia que a ONU “não foi criada para levar a humanidade ao paraíso, mas salvá-la do inferno”, isto é dito, recordando o 80º aniversário, com desafios e questões relacionadas à credibilidade e legitimidade como instituição multilateral, enquanto o atual secretário afirma que “8 décadas depois, traçamos linha entre a criação da ONU e prevenção de uma 3ª guerra mundial”. Evoca questões críticas que pedem atenção global à transformação como o fortalecimento do Estado de Direito, da democracia e instituições de justiça, dizendo que a fragilidade do Estado de Direito e erosão da confiança na democracia e instituições de justiça no mundo são desafios que exigem atenção. Relata que no mundo, indicadores de liberdade de imprensa, civis e qualidade democrática estagnaram ou declinaram nas últimas 2 décadas, enquanto democracia constitucional e judiciário independente da Índia, por exemplo, são experimentos em governança democrática na gestão de diversidade, expectativas e divergências, reconhecido como democracia e desenvolvimento caminhando juntas. Nos lembra que construir resiliência climática e priorizar desenvolvimento sustentável, não é problema de amanhã, com mãos à obra através da tecnologia e políticas públicas globais, só eficazes, se acompanhadas de mudanças nos padrões de consumo, uso de recursos e trabalho no desenvolvimento sustentável. Nos informa que as  emissões indianas de CO₂ oriundas de combustíveis/pessoa são um terço da média global, entre as mais baixas em análise per capita, apesar da desigualdade social e, à título de comparação, a Índia, 0,259 toneladas, a China, 8,89 toneladas, os EUA 14,21 toneladas, o Japão 8,66 toneladas, a Alemanha, 8,01 toneladas, coloca os indianos como, em tese, líderes na promoção do crescimento sustentável reconhecendo que financiamento climático, transferência de tecnologia, conhecimento científico e tecnologias verdes não são empreendimentos caritativos e benevolentes, constituem responsabilidade pela justiça climática. Por fim, evoca o futuro não como extensão do passado ou do presente, mas, no enfrentar desafios global e interconectados, algo que pode nos levar à construção de humanidade resiliente.

Moral da Nota: o 1º conjunto de dados global sobre concentrações de partículas ultrafinas desenvolvido por pesquisadores do Instituto do Chipre, revela diferenças entre ambientes naturais limpos e áreas urbanas em que partículas invisíveis a olho nu podem penetrar nos pulmões e corrente sanguínea, ameaça significativa à saúde humana, de acordo o estudo. Em consequência, poluentes com diâmetros inferiores a 10 μm, PM10, e 2,5 μm, PM2,5, se associam a doenças respiratórias e cardiovasculares sugerindo que partículas ultrafinas, PUFs, significativamente menores, com diâmetro inferior a 0,01 μm, representam grande risco à saúde devido sua capacidade de atingir órgãos vitais, como pulmões e corrente sanguínea, ressalvando que, dados globais sobre níveis de PUFs têm sido extremamente limitados. O Centro de Pesquisa Climática e Atmosférica, CARE-C, e o Centro de Pesquisa em Ciência e Tecnologia Baseadas em Computação, CaSToRC, desenvolveram modelo de aprendizado de máquina com medições reais de estações terrestres gerando mapas globais de alta resolução de partículas ultrafinas, PUF, com resolução espacial de 1 km, no período de 2010 a 2019. A pesquisa publicada na Scientific Data da Nature, mostra que ambientes intocados como regiões florestais e desabitadas, contêm milhares de partículas por centímetro cúbico enquanto grandes cidades ultrapassam 40 mil e, que, as partículas ultrafinas representam 91% das partículas em suspensão no ar. No entanto, não existem limites de concentração definidos às PUF e a nova Diretiva da UE sobre a Qualidade do Ar com previsão de implementação a partir de 2026, exige que os Estados-Membros monitorem as PUF no ar ambiente com resultados servindo de base à decisões sobre limites futuros em linha com diretrizes da OMS. O autor principal do estudo, avisa que os dados permitem que cientistas, governos e organizações de saúde pública identifiquem pontos críticos de poluição, avaliem impactos na saúde e desenvolvam intervenções direcionadas e, que, a pesquisa do Instituto do Chipre fornece base para lidar com uma das ameaças mais negligenciadas à saúde humana.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Transição Energética

O relatório World Energy Outlook, a AIE informa que a demanda por carvão deve começar diminuir na maioria dos países após 2030, exceção da Índia e Sudeste Asiático, no entanto, a demanda pelos demais combustíveis fósseis que contribuem ao aquecimento global, inclusive petróleo e gás natural, deve continuar aumentando até 2050 em cenário de “políticas atuais”, impulsionada por mercados emergentes e economias em desenvolvimento em setores de transporte, petroquímica e geração de eletricidade. Avalia que a demanda global por energia na última década cresceu 1,6%/ano, em média, embora deva continuar crescer na próxima década, a taxa de crescimento deverá dimnuir com a maior parte oriunda de mercados emergentes e economias em desenvolvimento, quer dizer, o aumento da demanda por energia coincide com o aumento da implantação de energia solar fotovoltaica, eólica e nuclear, esperando-se que atendam e superem demanda adicional de energia na maioria das regiões entre hoje e 2030, segundo, a Agência Internacional de Energia. Desafios de integração sem políticas governamentais consistentes além de restrições na rede elétrica e armazenamento insuficiente levarão a baixa na implantação, dito, pela AIE, nesse cenário, projeta aumento da temperatura média global de 2°C até 2050 e de 2,9°C até 2100, daí, na próxima década, carvão e gás natural ainda responderão ​​pela maior parte da geração de eletricidade, ao mesmo tempo, energia nuclear deve aumentar 35% em 2035 e mais de 80% até 2050 por apoio de políticas governamentais em mais de 40 países. Energia renovável, solar e eólica, deverão representar metade da geração de eletricidade mundial até 2035 e, nos últimos 5 anos, capacidade instalada aumentou 30%/ano impulsionada pelos chineses, já que, a queima de combustíveis fósseis para gerar eletricidade liberará gases efeito estufa que contribuirão ao aquecimento global resultando mudanças de longo prazo na temperatura e padrões climáticos, do, que é conhecido como mudança climática. Energia solar fotovoltaica e eólica têm potencial para impulsionar transição energética, conforme o relatório World Energy Outlook da AIE, Agência Internacional de Energia, concluindo que, a demanda por carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis e atualmente maior fonte de geração de energia global, deve diminuir antes do fim da década.

Evento da Universidade de Chipre abriu espaço ao explorador Robert Sarmast que apresenta mapas subaquáticos aprimorados por IA, mostrando o que descreve como  estrutura geométrica a meio km abaixo do mar na Cordilheira de Latakia, entre Chipre e Síria, marcando retorno de Sarmast ao Chipre 20 anos pós expedições em águas profundas, 2004 e 2006, que atraíram atenção global à Cordilheira de Latakia como possível local de assentamento antigo. Fundado por Sarmast em 2025, LRRI, Instituto de Pesquisa da Cordilheira de Latakia, em comunicado à imprensa, mostrou modelo de detecção de anomalias por IA a dados batimétricos regionais do Mediterrâneo Oriental com instrução de "encontrar o que não se encaixa na geologia de fundo", ao identificar localização no topo da Cordilheira de Latakia que apresenta bacia retangular plana com bordas bem definidas, taludes perimetrais formando recinto semelhante a trincheira, canal transversal ao sul perpendicular à encosta interna,  canal elevado semelhante a rio que atravessa a bacia e dois montes triangulares espelhados em relação a canal reto, conforme o LRRI em que vários conjuntos de dados independentes confirmaram que os padrões não eram erros de mapeamento, com Sarmast em comunicado à imprensa, dizendo “não estamos anunciando a descoberta de uma cidade perdida”, “estamos anunciando anomalia geométrica específica que não conseguimos explicar e estamos convidando a comunidade científica a nos ajudar testá-la.” Por fim, o LRRI descreve as estruturas representando paisagem artificial em península submersa como uma das questões em aberto mais intrigantes sobre a civilização antiga no Mediterrâneo Oriental, sendo que o sítio recém-identificado fica a vários kms além da área visada em expedições anteriores, em zona que as missões não conseguiram resolver com a tecnologia disponível à época. Sarmast é autor do livro "A Península Submersa: Cidade Subaquática Estonteante na Cordilheira de Latakia", sintetizando 3 décadas de análises geológicas e geofísicas, além de argumentar que, se estruturas da Cordilheira de Latakia forem confirmadas como artificiais, corroboram conclusões apresentadas por geofísicos russos em meados do século XX, em que partes do nordeste do Mediterrâneo podem ter estado acima do nível do mar em período mais recente que o assumido pelas cronologias ocidentais convencionais. Nova expedição científica a partir do Chipre com proposta de verificação física através de amostragem de sedimentos no topo da Dorsal de Latakia, levantamentos de sonar multifeixe de alta resolução e perfilagem do subsolo, além de, imagens visuais da bacia retangular e estruturas associadas e reuniões com a presença de cientistas do Chipre, Síria e Rússia.

Moral da Nota: o MIT, Massachusetts Institute of Technology, divulgou estudo lançando luz sobre a capacidade real IA de deslocar trabalhadores no mercado atual, sendo que a pesquisa, parte do Projeto Iceberg do MIT utilizando modelo avançado de análise aponta que à tecnologia atual automatizar e tomar o lugar de 11,7% dos empregos nos EUA. Particularmente notável por focar na "IA agêntica", Agentic AI, o estudo utiliza modelos capazes de raciocínio de múltiplas etapas e interação complexa com fluxos de trabalho, além das funções simples de chatbots, quer dizer, não se resume apenas à máquina substituindo o humano, mas, um novo e sutil mecanismo de deslocamento impulsionado por custo em que IA substitui o trabalhador local através de trabalhador remoto que a utiliza como ferramenta. O estudo comprova que o custo de implementar sistema IA para automatizar tarefas na empresa é, em muitos casos, mais barato que manter custos salariais e operacionais do trabalhador local, em que tal viabilidade econômica é o motor que impulsiona adoção e deslocamento. Profissões com maior risco de substituição são as que dependem de análise de dados, interações digitais e tarefas estruturadas, como atendimento ao cliente, programação de baixo nível e análise de mercado, por fim, o estudo conclui que a substituição de 11,7% da força de trabalho dos EUA é economicamente atraente às empresas, servindo como alerta à necessidade de requalificação profissional e políticas públicas que abordem impacto IA não apenas como ferramenta tecnológica, mas como fator disruptivo  na economia do trabalho.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

O Relatório

Relatório do CD Howe Institute mede habilidades e conhecimento dos trabalhadores da indústria de petróleo e gás e os combina com ocupações em energia renovável, com  Lin Al-Akkad, autora e analista de políticas, exemplificando que, um engenheiro químico em usina de combustível fóssil compartilharia habilidades e conhecimentos com um engenheiro nuclear, descobriu ainda que, embora trabalhadores tenham habilidades e conhecimento para trabalhar em uma economia descarbonizada, muitos, precisariam aumentar o conhecimento técnico, o pensamento crítico e as habilidades de resolução de problemas. Descobertas sugerem que trabalhadores no setor de energia enfrentariam transição mais difícil, enquanto trabalhadores com empregos na indústria e cadeia de suprimentos, como gerente responsável por armazenagem, teriam transições mais suaves, no relatório, Al-Akkad pede ao governo federal melhoria do banco de dados de habilidades ocupacionais e criação de programas de treinamento específicos à cada setor para ajudar trabalhadores na transição à novos empregos. Hadrian Mertins-Kirkwood, pesquisador da mudança canadense à economia de carbono zero no Centro Canadense de Alternativas Políticas, disse que o estudo foi passo útil à estudar como a descarbonização mudará o mercado de trabalho, esclarecendo que,“é ponto de partida produtivo”, concluindo, “no fim das contas, precisamos conversar com trabalhadores e empregadores e ter ideia de como isso acontece no mundo real.” Voltando a Al-akkad, para medir lacuna de habilidades, disse que precisava encontrar meio de quantificar e pontuar habilidades e conhecimentos necessários ao exercício de ampla gama de ocupações, esclarecendo que, “se tivermos sistema que permita mapear habilidades, poderá colocar esses links em um site aos trabalhadores”, concluindo, “pode facilitar mudança de ocupação e economizar tempo.” Vale a nota que, Al-akkad se baseou no banco de dados da Rede de Informações Ocupacionais dos EUA, ou, O*NET, e no Sistema de Informações Ocupacionais e de Habilidades do Canadá, ou, banco de dados OaSIS, que armazenam informações e dados sobre competências necessárias para trabalhar em 900 ocupações, sendo que o banco de dados O*NET inclui biblioteca de habilidades e conhecimentos necessários à cada trabalho, como escuta ativa, gerenciamento de tempo ou negociação e, para cada trabalho no banco de dados, um painel de analistas classifica em escala de zero a 100 a importância de cada habilidade à cada trabalho e o nível de cada habilidade necessária à cada trabalho. Um juiz, a escuta ativa tem pontuação de importância, 100, e pontuação de nível, 84,  um açougueiro, a escuta ativa tem pontuação de importância, 53, e pontuação de nível, 43, com o OaSIS tem pontuações semelhantes à cada ocupação, classificadas em escala de 1 a 5, sendo que utilizou ambos os bancos para mensurar habilidades e conhecimentos necessários à 19 empregos nos setores de energia, manufatura e distribuição da cadeia de suprimentos, no total, analisou 57 empregos que, segundo sua previsão, poderiam ser afetados pela transição à economia de baixo carbono. Por fim, descobriu que trabalhadores que enfrentam maiores lacunas de qualificação são trabalhadores altamente qualificados no setor de energia, como engenheiros ou geocientistas, necessitam de muita formação em área específica  e, portanto, precisam mais qualificação para transitar de uma usina de petróleo e gás à posição semelhante em usina de energia verde, enquanto funções que exigem diplomas de ensino médio ou certificados pós-secundários apresentam lacuna de habilidades menor, significando que seria mais fácil fazer transição à empregos mais verdes.

Em tempos de mudança, o La Niña é anunciado e considerado em previsões nos próximos meses, com algumas considerações podendo estar equivocadas e levar a conclusões climáticas distantes da realidade, com o CPC, Climate Prediction Center da National Oceanic and Atmospheric Administration, NOAA, dos EUA, divulgando estimativa de 71% de probabilidade de desenvolvimento La Niña, já, a Bureau Of Meteorology, aumentou a probabilidade à formação do fenômeno. Em outubro, a NOAA emitiu um La Niña Advisory, indicando condições típicas do fenômeno presentes e persistentes nos meses a seguir, no entanto, a informação é trabalhada de modo incerto, ignorando metodologia de classificação do fenômeno La Niña e em que momento o resfriamento do Pacífico Equatorial influenciaria padrões climáticos do Brasil, por exemplo. Vale lembrar que La Niña foi previsto em momentos de 2024, decorrente aumento de probabilidade que não se concretizou, no entanto, houve aviso da NOAA sobre atuação do fenômeno entre fins de 2024 e início de 2025, ou, “La Niña de curta duração” não considerada oficialmente pela instituição, daí, pode haver confusão entre o que é La Niña e o que pode trazer padrão climático similar ao fenômeno no Brasil, não sendo qualquer resfriamento que afeta a circulação atmosférica, necessitand intensidade e persistência do padrão mais frio na região do Pacífico Equatorial, daí, a existência de limites definidos à classificação do El Niño e La Niña e consequências. Padrão climático em vigor não se associa ao resfriamento do Pacífico Equatorial denotando pseudo La Niña, enquanto a associação com o padrão climático persitente o fenômeno tem sido frequente mostrando certa confusão sobre impactos no Brasil, considerando que no sul do país há aumento de chuvas no outono e inverno, e redução de em meados da primavera, sem demonstrar período seco, em se tratando de Rio Grande do Sul. Por fim, outros fatores influenciam nas condições atmosféricas se intensificando ou diminuindo conforme condições em vigor, por exemplo, chuvas no sul podem encontrar resposta na Antártida com enfraquecimento do Vórtice Polar em razão do aquecimento mais intenso da atmosfera na região, principalmente estratosfera, resultando em índice de Oscilação Antártida, AAO, negativo, representando aumento da frequência de sistemas de precipitação, na primavera, esses sistemas adquirem maior amplitude, atingem o Brasil Central, sul e leste do Nordeste, daí, variedadees climáticas que podem ter alterações conforme determinadas condições que não são definitivas, a tônica é a variedade.

Moral da Nota: a diretora executiva da Iron & Earth, organização sem fins lucrativos que auxilia trabalhadores do setor de combustíveis fósseis e comunidades indígenas acessarem energia renovável, Luisa da Silva, esclarece em relação a questão da migração da energia fóssil à renovável sob a ótica do trabalho, diz que, “as recomendações são sólidas e refletem muito do trabalho que faz”. Segundo a diretora, grande parte do trabalho da organização inclui treinar pessoas para instalar e manter painéis solares e turbinas eólicas nas comunidades, de 2021 até o momento, a organização treinou mais de 230 pessoas em instalações solares e eólicas, na prática, muitas pessoas nas comunidades com as quais a Iron & Earth trabalha possuem habilidades necessárias instalar e operar infraestrutura de energia renovável, só precisam de experiência prática. A Iron & Earth usa os mesmos bancos de dados ocupacionais para criar a ferramenta chamada Portal de Carreira Climática para ajudar trabalhadores encontrar empregos verdes que corresponda suas habilidades, dizendo que, “não vão se apresentar como especialistas em Red Seal, vão obter informações suficientes para trabalhar como técnicos”. Por fim, a diretora do Iron, pede aos formuladores de políticas que garantam que os trabalhadores canadenses, por exemplo,tenham acesso às habilidades e treinamento necessários para encontrar empregos em renovável, textualmente, “outros países avançam à velocidade da luz comparados ao Canadá” e, conclui, “queremos acompanhar o ritmo e garantir que, como país, não fiquemos para trás, a economia depende disso.”

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Água e Conflito

Garantir acesso à água e ao saneamento à todos é necessidade humana básica à saúde e bem-estar, objetivo 6 da ONU, cuja demanda aumenta com o crescimento populacional,  urbanização e aumento de necessidades hídricas dos setores agrícola, industrial e energético. Daí, o estresse hídrico se mantém em 18% desde 2015, com 1 em cada 10 pessoas vivendo sob alta ou crítica necessidade e diversas regiões ultrapassando 75% de estresse, sendo que escassez de água deve aumentar com elevação de temperaturas globais como resultado das mudanças climáticas. Investimentos em infraestrutura e instalações sanitárias, proteção e restauração de ecossistemas relacionados à água e educação em higiene são medidas para garantir acesso à água potável, segura e acessível à todos até 2030, enquanto melhoria da eficiência no uso é fundamental à reduzir estresse hídrico. Considerando o atual ritmo, o mundo não alcançará gestão sustentável de água antes de 2049 e, atingir cobertura universal dos serviços essenciais, saneamento e higiene nas escolas até 2030 exige dobrar o ritmo atual de progresso, no entanto, há avanços, entre 2015 e 2024, a proporção da população mundial com acesso à água potável gerenciada de forma segura aumentou de 68% para 74%. Em 2024, 2,2 bilhões de pessoas não tinham acesso a água potável gerenciada de modo seguro, 3,4 bilhões não tinham acesso a saneamento básico gerenciado de modo seguro e 1,7 bilhão não tinha acesso a serviços básicos de higiene em casa, em 2022, metade da população mundial sofreu grave escassez de água em pelo menos parte do ano, um quarto enfrentou níveis “extremamente altos” de estresse hídrico com mudanças climáticas agravando o problema representando risco significativo à estabilidade social. A água doce utilizável e disponível representa 0,5% da água na Terra, sendo que a população urbana global que enfrenta escassez de água deve dobrar passando de 930 milhões em 2016 à 1,7 a 2,4 bilhões de pessoas em 2050 e, a poluição da água representa desafio à saúde humana e ao ambiente em muitos países. Por fim, escassez de 40% nos recursos de água doce até 2030 aliada ao crescimento da população, deve levar o mundo a uma crise hídrica global e, reconhecendo o desafio da escassez, a Assembleia Geral da ONU lançou a Década de Ação pela Água em 22 de março de 2018 para mobilizar ações que ajudem transformar o modo como gerenciamos a água.

Atualização da Cronologia de Conflitos Hídricos do Pacific Institute, banco de dados global sobre violência relacionada à água, mostra que aumenta no mundo violência em relação à água com pesquisadores contabilizando recorde de 420 conflitos relacionados à água em 2024, incluindo disputas que resultaram em derramamento de sangue e ataques a sistemas de abastecimento, incidentes violentos ocorrendo na Ucrânia e Gaza, confrontos por água eclodiram na Índia, Irã e México. Na Argélia, a escassez deixou torneiras secas levando manifestante promoverem tumultos e incendiarem pneus,em Gaza pessoas esperavam por água em torneira comunitária e um drone israelense disparou contra elas matando 8, na Ucrânia, foguetes russos atingiram a maior barragem do país lançando fogo sobre a usina hidrelétrica causando apagões generalizados. Houve em 2024 registro recorde de incidentes violentos em águas ao redor do mundo, superando em muito os 355 de 2023, dando continuidade a tendência de crescimento cuja violência mais que quadruplicou nos últimos 5 anos e, em 2024, a maioria dos incidentes ocorreram no Oriente Médio, África Subsaariana, Sul da Ásia e Europa Oriental. Grupo de reflexão sobre água sediado em Oakland mostra que poços de água potável, tubulações e barragens são cada vez mais atacados, com o cofundador e pesquisador sênior do Pacific Institute, dizendo que “em quase todas as regiões do mundo, há cada vez mais relatos de violência relacionada à água”, concluindo, “ressalta necessidade de atenção internacional”. Pesquisadores classificam em 3 categorias de violência, ou, casos que a água foi gatilho à violência, casos em que sistemas de abastecimento foram alvos e casos em que a água foi “vítima” da violência, por exemplo, quando estilhaços de projéteis atingem reservatório de água, sendo o Oriente Médio a região com maior número de incidentes violentos, 138 casos relatados, desse total, 66 ocorreram no conflito sionista-palestino, Cisjordânia e Gaza.

Moral da Nota: o Oriente Médio encabeça a lista com 621 conflitos desde 2014, segue o Sul da Ásia com 339, a África Subsaariana, 312, a América Latina e Caribe, 239, e a Europa Oriental, 150, na Cisjordânia, houveram relatos de colonos israelenses destruindo tubulações e reservatórios de água além de atacar agricultores palestinos, em Gaza, o exército sionista destruiu mais de 30 poços em Rafah e Khan Yunis, no sul da faixa de domínio. Há um detalhe nesta questão, quado o Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de prisão contra líderes sionistas e do Hamas em 2024, acusando-os de crimes contra a humanidade, acusações mencionavam ataques militares sionistas aos sistemas de água de Gaza, “reconhecimento que esses ataques são violações do direito internacional”. No Irã, agricultores enfrentaram forças de segurança exigindo acesso à água dos rios, agravada por décadas de bombeamento excessivo de água subterrânea, a crise tornou-se tão grave que o presidente afirmou que Teerã não pode mais permanecer como capital e que o governo terá que transferi-la à outra cidade, além de tensões entre Irã e Afeganistão em relação ao rio Helmand, com líderes iranianos acusando o vizinho rio acima de impedir  água suficiente ao país. Na guerra entre Rússia e Ucrânia, pesquisadores contabilizaram 51 incidentes violentos em que sistemas de abastecimento de água foram danificados, na Ucrânia, moradores armazenam água em garrafas onde bombardeios russos deixaram civis sem infraestrutura funcional, ataques russos interromperam abastecimento de água em cidades ucranianas e petróleo vazou à rio pós forças russas atacarem depósito. Pesquisadores descobriram que a escassez de água e seca provocam número crescente de conflitos violentos, muitos, ocorreram no sul da Ásia e África subsaariana, na Índia, moradores revoltados com a escassez agrediram funcionário da prefeitura, no Camarões, agricultores de arroz entraram em confronto com pescadores, resultando 1 morto e 3 feridos, no Quênia, no campo de refugiados 3 pessoas morreram em briga por água potável, valendo a nota que, há aumento nos conflitos relacionados à irrigação, disputas entre agricultores e cidades além de violência em locais onde apenas parte da água é potável. Por fim, na América Latina, ocorreram em 2024 incidentes violentos relacionados à água, no estado mexicano de Veracruz manifestantes bloquearam estrada para denunciar fábrica de processamento de carne suína que acusavam usar muita água e poluir o ambiente, quando a polícia abriu fogo matando 2 homens, em Honduras, o ativista ambiental Juan Lopez que se manifestava em defesa da proteção dos rios contra mineração foi assassinado ao sair da igreja,  4º membro de seu grupo a ser morto. Nos EUA em 2024, aconteceram ataques cibernéticos a empresas de abastecimento de água no Texas e Indiana e, em um dos casos, hackers russos reivindicaram responsabilidade por adulterar estação de tratamento de esgoto em Indiana, em outro caso, grupo de manipulou sistemas em instalações de água em cidades do Texas causando transbordamentos.