terça-feira, 11 de maio de 2021

Transição energética

A primeira-ministra da Dinamarca falou na Cúpula do Clima recém terminada sobre a ilha de energia limpa que o país construirá para fornecer 10 gigawatts de energia renovável, suficiente para servir quase toda a Nova Inglaterra em tarde de primavera amena. Com 5,8 milhões de habitantes, o país líder global em energia limpa obtém do vento mais que qualquer outro país a maior parcela eletricidade, com metas de cortar 70% até 2030 emissões de carbono em relação aos níveis de 1990. Localizada a kms da costa, parte essencial do plano consequente ao vento mais forte e constante distante da terra, a ilha artificial receberia eletricidade de parques eólicos offshore próximos, armazenaria em baterias e enviaria através de linhas de energia submarinas aos centros populacionais na Dinamarca e países importadores. 

O projeto preliminar exibe plataforma de concreto do tamanho de 20 campos de futebol, com ancoradouros à navios de manutenção das turbinas eólicas, contêineres em forma de trailer para armazenar baterias e edifícios quadrados de escritórios. O parque eólico adjacente a ilha tem capacidade inicial de 3 gigawatts e expansão posterior à 10 gigawatts, números grandes, considerando que a Dinamarca tinha em 2020 cerca 6 gigawatts de capacidade eólica incluindo projetos onshore e offshore. Atrás da China e EUA na geração de energia eólica, pequena em termos de demanda de eletricidade e no entanto, lidera o mundo com mais de 50% na parcela de eletricidade originária do vento conforme a BP Statistical Review of World Energy, seguida pela Lituânia com 39% e EUA 7%. Em 1991 inaugurou o primeiro parque eólico offshore do mundo e, ao lado dos vizinhos escandinavos, mostra transição adiantada à energia limpa com a Noruega líder global na adoção de veículos elétricos. Tem história de resposta na década de 1970 à crise do petróleo, implementando políticas descentralizadas no sistema de energia melhorando eficiência energética conforme descrito no relatório Agora Energiewende de 2015. Mostrou como integrar altos níveis de energia eólica à rede elétrica confiável em climas extremamente frios, daí, o crescimento da energia eólica transformar a Danish Oil and Natural Gas em líder global de energia eólica offshore vendendo em 2017 as operações de petróleo e gás e mudando o nome à Ørsted.

Moral da Nota: no quesito transição energética, encerrou em 2020 a exploração de novas perfurações de petróleo e gás no Mar do Norte cancelando o licenciamento à novos arrendamentos, sendo que a legislação fala que a produção de petróleo e gás dos arrendamentos existentes no Mar do Norte terminarão até 2050. O plano energético prevê dois projetos, um com ilha artificial no Mar do Norte e outro em ilha existente no Mar Báltico. A ilha artificial custaria US$ 34 bilhões e começaria construção em 2026 conforme acordo no parlamento dinamarquês, com o governo detendo 51% do projeto e recrutando a iniciativa privada como parceira. Se localizará a 50 milhas a oeste de Thorsminde, cidade na costa da Jutlândia, a principal península da Dinamarca.