O termo 'translacional' é utilizado para descrever transferência de conhecimento e descobertas científicas à aplicações práticas, envolve tradução de descobertas científicas e médicas em novos produtos, terapias, tecnologias e políticas que beneficiam usuários e sociedade. Na medicina, a pesquisa translacional se concentra em levar descobertas do laboratório ao paciente, acelerando desenvolvimento de terapias e medicamentos consistindo em campo interdisciplinar envolvendo cientistas, médicos, engenheiros, profissionais de saúde e governantes visando melhorar saúde e bem-estar. Desempenha papel importante em áreas como ciências sociais, engenharia e tecnologia e, na ciência social, por exemplo, aplica achados de estudos acadêmicos buscando solucionar problemas e melhorar a sociedade em geral podendo envolver implementação de políticas públicas em evidências ou criação de programas de intervenção para lidar com questões sociais complexas. O processo translacional nem sempre é rápido ou direto podendo levar anos ou décadas para que descobertas científicas sejam implementadas na prática, isso ocorre por conta de fatores como necessidade de realizar testes clínicos extensivos, garantir segurança e eficácia dos produtos e superar obstáculos regulatórios e financeiros, sendo crucial o avanço da pesquisa translacional ao progresso científico e tecnológico que permite descobertas acadêmicas aplicadas de modo prático e concreto, melhorando a vida e impulsionando inovação. É fundamental ao desenvolvimento de terapias contra o câncer, doenças cardiovasculares e condições médicas graves permitindo que pesquisadores trabalhem em colaboração com clínicos e pacientes para identificar necessidades médicas não atendidas e desenvolver soluções eficazes através de otimização de processos e tecnologias envolvendo implementação de métodos diagnósticos,técnicas cirúrgicas e abordagens terapêuticas buscando melhorar resultados clínicos, reduzir custos e aumentar acesso aos cuidados médicos. Por fim, de tecnologias incluindo criação de materiais e dispositivos na indústria de manufatura a implementação de soluções sustentáveis para enfrentar desafios ambientais globais iníciam na identificação da doença e conhecimento da fisiopatologia como possíveis alvos terapêuticos,ou seja, do leito à bancada do laboratório.
Pesquisa intitulada 'Uma revisão translacional inserida na Gerociência', de Stephen B. Kritchevsky, PhD1; Steven R. Cummings, MD2, publicada no JAMA, concluiu que terapias que inibem a biologia do envelhecimento como restrição calórica, metformina, senolíticos ou rapalogs podem retardar o desenvolvimento, progressão de doenças e o declínio funcional em humanos. A incidência de derrame,insuficiência cardíaca, demência, câncer, doença arterial coronariana e deficiência física aumentam exponencialmente com a idade, sendo a gerociência disciplina que define e modifica vias biológicas relacionadas ao envelhecimento, buscando retardar deficiência relacionada à idade, prevenir doenças relacionadas e aumentar sobrevida livre de deficiência em contexto que terapias médicas alteram vias biológicas para tratar ou prevenir doenças específicas, por exemplo, estatinas,ou, medicamentos redutores de colesterol para prevenir desenvolvimento e progressão da aterosclerose. Tratamentos focados na doença não alteram efeitos do envelhecimento e o declínio da função sendo que as estatinas não reduzem mortalidade não cardiovascular ou câncer, considerando que, em camundongos, a restrição calórica aumenta a expectativa de vida média de 10% à 40% afetando múltiplas vias celulares implicadas no envelhecimento, incluindo detecção de nutrientes, síntese de proteínas, autofagia e inflamação. Obesidade e diabetes em adultos comparados com grupos de intervenção sem restrição calórica foi associada a redução de 15% na mortalidade e menor incidência de doenças crônicas relacionadas ao peso, no entanto, a rapamicina, medicamento para suprimir rejeição pós-transplante aumentou a expectativa de vida média em camundongos em 249 dias em fêmeas e 154 dias em machos, enquanto análogo da rapamicina, everolimus, melhorou os títulos de anticorpos da vacina contra a gripe em adultos mais velhos. Células senescentes humanas aumentam em abundância com a idade caracterizadas por parada do crescimento e secretoma alterado, ou, conjunto de proteínas secretadas por célula no espaço extracelular e, maior abundância de células senescentes se associa a deficiências físicas e aumento da mortalidade, enquanto a redução dessas células em modelos animais estende expectativa de vida e melhor função física, como força de preensão e mobilidade, e fração de ejeção cardíaca, no entanto, potenciais benefícios à saúde da redução de células senescentes em humanos permanecem obscuros. A gerociência translacional avalia terapias que alteram vias celulares específicas relacionadas ao envelhecimento como autofagia celular e geração de radicais livres e prevenir derrame, insuficiência cardíaca, câncer, doença arterial coronariana, demência e deficiência física, as quais, idade avançada é forte fator de risco, postula que alterar vias relacionadas ao envelhecimento beneficiaria desfechos de saúde relacionados à idade incluindo doenças relacionadas, mobilidade e expectativa de saúde, ou seja, sobrevida sem incapacidades. Por fim, estuda terapias que alteram vias biológicas relacionadas ao envelhecimento para prevenir doenças as quais idade é fator de risco mais forte como acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, cânceres, doença arterial coronariana, demência e deficiência física.
Moral da Nota: projeta-se que entre 2020 e 2050 o número de norte-americanos adultos com mais de 65 anos aumente em 33 milhões associados a aumento nas doenças relacionadas à idade, já que terapias médicas são desenvolvidas para tratar doenças específicas alterando vias biológicas à cada doença. A biologia do envelhecimento pode beneficiar resultados de saúde relacionados à idade, incluindo desaceleração de doenças relativas à idade e deficiência de mobilidade além do aumento da sobrevida livre de deficiência, ao intervir no processo de envelhecimento melhorando problemas de saúde relacionados à idade que não são doenças per se, como complicações cirúrgicas, resiliência à infecção, declínio da mobilidade e fadiga, podendo atenuar efeito de doenças e tratamentos que parecem acelerar o envelhecimento fenotípico, como o HIV, ou, efeitos adversos da quimioterapia e síndrome de Down. O foco à determinada doença não aborda condições de saúde relativas à idade mesmo quando a doença evidente está ausente, como fadiga, limitação de mobilidade, fragilidade e deficiência física, sendo que no Cardiovascular Health Study, estudo epidemiológico com mais de 30 anos de acompanhamento incluindo 5.201 adultos com 65 anos ou mais, 16% eram mais frágeis que o previsto a partir do número de condições médicas, daí, a idade avançada está associada a desfechos adversos de doenças, por exemplo, nos EUA, a taxa de mortalidade por COVID-19 foi 7 vezes maior em pessoas com 85 anos ou mais, 1,6%, comparados às com idade entre 65 e 74 anos, 0,2%. No mundo, mais de 50% dos adultos com 60 anos ou mais têm mais de uma condição médica crônica e a incidência de desenvolvimento de uma terceira doença entre os com 2 condições médicas crônicas é de 5,2% entre aqueles com idade entre 50 e 59 anos e 16% entre aqueles com idade entre 70 e 79 anos, daí, prevenção de doenças adicionais poderia reduzir gastos de saúde. Por fim, Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição dos EUA, mostra que pessoas com HIV com idades entre 18 e 59 anos apresentaram prevalênci por covariáveis de fragilidade e mais dificuldade em realizar atividades da vida diária comparados com participantes HIV-negativos, sendo que a radiação e quimioterápicos como a cisplatina, induzem envelhecimento celular e associam ao processo de envelhecimento.