Relatório do Banco Mundial apresenta quadro da economia paquistanesa examinando redução da pobreza, desigualdade, resiliência, proteção social e governança, identificando a reversão dos ganhos na redução da pobreza e aumento da desigualdade como desafios, abrangendo domínios desde mercados de trabalho a transferências sociais, no entanto, o argumento climático exige atenção já que as soluções propostas demonstram aparência de soluções que carecem conhecimento aprofundado das vulnerabilidades climáticas do país. Classifica mudanças climáticas como potente multiplicador de ameaças, projeta que perdas induzidas pelo clima no país atingirão entre 4% e 8% do PIB até 2050, destaca que os impactos climáticos são suportados de modo desproporcional por pessoas que não possuem reservas financeiras, poupança ou acesso a redes de proteção social, reconhecendo que as mudanças climáticas exacerbam desigualdades existentes corroendo resiliência e forçando famílias mais pobres viverem em áreas de alto risco. Recomenda adaptação através da agricultura inteligente e sistema de proteção social adaptável ao clima, utilizando o Programa de Apoio à Renda Benazir à transferências rápidas de dinheiro em desastres, recomendações valiosas, mas, inseridas em perspectiva que reduz vulnerabilidade climática a choque econômico exigindo melhorias na eficiência, em consequência, a economia política que gera vulnerabilidade em 1º lugar permanece em parte inexplorada. Mercado agrícola e imobiliário operam de modo expulsar os pobres de terras resilientes e de alto valor, forçando-os viver em áreas vulneráveis, além disso, clientelismo leva a que suprimentos de socorro às vítimas das cheias sejam direcionados a grupos com ligações políticas, sendo que a apropriação do financiamento climático pelas elites desvia fundos de adaptação à projetos de fachada que trazem poucos benefícios às comunidades vulneráveis. A construção ou destruição de diques de proteção contra cheias, em muitos casos, é motivada por interesses de famílias com influência econômica ou política sendo que o relatório não demonstra que estes não são meras ineficiências administrativas, mas, resultados deliberados de estruturas enraizadas de poder.
Ameer Abdullah Baloch, doutorando na Universidade Nacional de Defesa, em Islamabad, em pesquisa que explora a relação entre mudanças climáticas, governança e segurança no Paquistão, avalia que compreensão localizada das crises climáticas do país revelam que, para famílias marginalizadas, a questão não é porcentagem da produção nacional mas sobrevivência, no entanto, o relatório do Banco Mundial, segundo o pesquisador paquistanês, enquadra custos climáticos em termos de perdas do PIB, negligenciando aspecto crucial, mudança climática é, antes de tudo, questão de justiça que ameaça segurança alimentar, saúde, dignidade e direito a ambiente habitável, daí, o relatório coloca experiências vividas em estatísticas agregadas diluindo a urgência do problema. O relatório do Banco Mundial segundo o pesquisador paquistanês, enfatiza transferências de renda como principal ferramenta de adaptação e proteção social, afirmação que merece análise, já que, sem dúvida, pagamentos rápidos nas crises ajudam prevenir a fome, no entanto, fatores estruturais da vulnerabilidade permanecem em grande parte intocados, daí, o pesquisador sugere que reformas urgentes devem se concentrar no uso da terra, na gestão da água e no planejamento urbano e, considerando o ritmo decepcionante dos esforços globais de mitigação das mudanças climáticas, é provável que o Paquistão continue sofrer ciclos de inundações, secas e poluição atmosférica e, cada novo choque, empurraria milhões à pobreza, portanto, as redes de proteção social devem ser vistas como amortecedores para mitigar a queda mas não como escada para sair da situação. O País, segundo o pesquisador, precisa de modelo de governança climática baseado no conhecimento local, deve incorporar equidade e garantir que o financiamento à adaptação seja transparente e protegido da apropriação por elites, ao passo que o governo deve integrar avaliações de risco climático ao planejamento do desenvolvimento para que a conveniência política não se sobreponha aos imperativos climáticos. Resiliência em nível comunitário, reflorestamento, gestão de bacias hidrográficas e programas de moradia segura, exigem comunidades locais robustas e empoderadas, já que, dimensão internacional não pode ser ignorada pois a vulnerabilidade nacional está ligada a fluxos de água transfronteiriços e à dinâmica climática regional, considerando complexas relações de segurança do Paquistão com Afeganistão e Índia, ignorar essa dimensão pode transformar a escassez de água no próximo ponto crítico enquanto extremos climáticos se intensificam.
Moral da Nota: o relatório do Banco Mundial, conforme o pesquisador paquistanês, serve como lembrete que mudanças climáticas podem corroer avanços conquistados na redução da pobreza, no entanto, caso a resiliência climática seja reduzida a meras transferências de dinheiro e programas agrícolas fragmentados, o país oscilará de um desastre à outro e, para adquirir prosperidade, o estado deve confrontar interesses que lucram com a vulnerabilidade impedindo distribuição equitativa de recursos e, a menos que governança seja reestruturada para servir aos cidadãos, cada desastre climático arrastará milhões à miséria, daí, o alerta, recuperar a prosperidade por meio da justiça e equidade, ou arriscar recaída permanente na vulnerabilidade climática.