quarta-feira, 12 de maio de 2021

O Missouri e o carvão

O estado americano do Missouri busca fechar usinas de carvão utilizando ferramenta financeira através da permissão às concessionárias de serviços públicos como Ameren, venderem títulos e cobrir a dívida das usinas com títulos garantidos pelos clientes. Chamada de "securitização" é solução potencial ao problema das concessionárias reguladas que gostariam de fechar as usinas mas não podem, porque necessitam pagar as dívidas. Segundo o St. Louis Post-Dispatch, a Ameren ou outras empresas de serviços públicos, se capacitariam investir em fontes menos caras e menos poluentes de energia levando o benefício líquido aos consumidores. Localizada ao longo da margem sul do rio Missouri no condado de Franklin, a usina elétrica Labadie movida a carvão de Ameren Missouri de 2.372 megawatts inaugurada em 1970 é o maior produtor de eletricidade para Ameren.

O instrumento financeiro poderia acelerar a revolução energética no Missouri permitindo concessionárias construírem rapidamente projetos de energia renovável, gerando eletricidade mais barata e reduzindo taxas cobradas aos consumidores. Se bem-sucedido, permitiria concessionárias como a Ameren de St. Louis se livrar da dívida de décadas de usinas a carvão, abrindo oportunidades de investimento em novos projetos e libertando a empresa e clientes da dependência ao carvão. A securitização funcionaria no caso da Ameren que deve bilhões de dólares nas usinas a carvão, em grande parte por atualizações ao longo dos anos, limitando a capacidade de financiamento e construção de turbinas eólicas, fazendas solares e conjuntos de baterias. Securitizar a dívida significa vender títulos garantidos pelos contribuintes para cobrir o valor remanescente das usinas de carvão, sendo que os investidores pagariam centenas de milhões de dólares de volta à Ameren com a promessa de retornos de 2% a 4% sobre seus investimentos. Livre da dívida, a Ameren construiria projetos de energia renovável, menos caras para operar com clientes pagando menos mesmo cobrindo lucros da Ameren e retornos dos acionistas. No entanto, o conceito requer aprovação do governo finalmente à beira de sucesso em Jefferson City, com legisladores fazendo  pressão intensa ao financiamento.

Moral da Nota: a transição, segundo especialistas, seria benéfica aos consumidores, concessionárias e ao clima. Há visão  que a securitização é a chave para liberar clientes e empresas presos no Missouri ao carvão, que queima mais do que em qualquer outro estado que não o Texas com base em dados governamentais. A Ameren deve US$ 2,1 bilhões nas quatro usinas de carvão que possui, atualmente, os contribuintes estão prestes a pagar esse dinheiro à empresa mais 9% a 10% dos lucros e retornos governados pelos reguladores estaduais de serviços públicos. Os juros sobre os títulos provavelmente entre 2% a 4% seriam menores que a taxa de retorno devida à Ameren, se as fábricas continuassem funcionando conforme o planejado gerando economia de custos. Economias adicionais viriam da mudança às novas fontes de energia e a eliminação dos custos de combustível, porque a energia renovável não requer fornecimento constante de combustível como carvão. No outono passado a Amerem disse que pretendia reduzir emissões de carbono em 85% até 2040, comparadas aos níveis de 2005 e chegar a “zero líquido” em 2050. Segundo especialistas, a securitização permitiria a Ameren alcançar essas metas 10 anos antes.